Governador gaúcho, que tem apoio de sete estados, acredita que influência de senador pode ajudá-lo no Nordeste. Doria tem endosso de cinco diretórios.
Tasso anuncia apoio à pré-candidatura de Eduardo Leite à Presidência pelo PSDB Foto: Divulgação
Anunciado ontem em Brasília, o apoio do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) nas prévias do PSDB ajuda a campanha do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, a ter condições de igualdade na disputa com João Doria.
O governador paulista teve uma vantagem inicial por comandar o maior estado do país, onde está a maior parte dos filiados ao PSDB, um dos quatro grupos do colégio eleitoral tucano. Por outro lado, Leite já conseguiu o apoio de sete diretórios estaduais — seu adversário tem o endosso de cinco.
Como os estados têm números diferentes de filiados e políticos eleitos, que formam os outros três grupos do colégio eleitoral, o apoio conquistado pelos dois candidatos é parecido quando se analisa o peso total dos estados na votação interna.
Os sete estados que declararam apoio a Leite (MG, RS, PR, BA, CE, AL e AP) têm peso de 33,36% nas prévias, segundo levantamento interno do PSDB. Já os cinco diretórios que fecharam com Doria (SP, PA, DF, AC e TO) correspondem a 30,89%. Os outros estados não se posicionaram. A projeção não é totalmente precisa porque há dissidências, para um lado e para outro, dentro de cada estado.
Brasil tucano
Veja como os diretórios estaduais estão divididos na corrida pelas prévias do PSDB
azul escuro, Dória - azul claro, Leite - cinza, indefinido
*Deve apoiar Arthur Virgílio, mas ainda não oficializou
Peso de cada estado dentro do colégio eleitoral do PSDB
Com a influência de Tasso no Nordeste, aliados acreditam que Leite poderia ampliar seu alcance na região. Ontem, durante o ato em que confirmou apoio a Leite, o senador cearense afirmou que se somar seus aliados somados aos de Leite rendem um apoio de 80% dos comandos nos estados.
— Não estou exagerando. Quem conhece sabe bem disso — completou.
Apesar do otimismo de Tasso, a disputa segue aberta. Doria tem apoios encaminhados no Rio Grande do Norte e no Espírito Santo.
Estados onde a cúpula local já tomou lado registram dissidências. Nos próximos dias, Doria terá um evento em Belo Horizonte numa tentativa de conseguir votos mineiros. Controlado por aliados de Aécio, o diretório de Minas apoia o gaúcho.
Já Leite vai a Santa Catarina, onde o diretório tenta adiar a decisão de fechar questão. Aliados do gaúcho fazem pressão com ajuda de caciques da política local. No entanto, o secretário de Turismo de São Paulo, Vinicius Lummertz, que também é de Santa Catarina, afirma que o diretório de Joinville está com Doria.
Nos bastidores, tucanos afirmam que a ascensão de Leite no partido se deve mais à rejeição a Doria do que ao mérito do governador do Rio Grande do Sul, que é considerado jovem para uma disputa nacional. O coordenador da campanha de prévias de Doria, Wilson Pedroso, suavizou o impacto do apoio de Tasso a Leite. “Ainda temos um período grande até a votação interna do partido e articulações são bem-vindas”.
O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), de saída do PSDB, tem ajudado a viabilizar a candidatura de Leite:
— O Alckmin está nos ajudando. Isso com certeza. Ele ainda tem muita influência no partido — disse Tasso.
Ao comentar a possível saída de Alckmin do partido, Leite disse que o respeita:
— Ele tem muito a cumprir pelo seu estado.
Gustavo Schmitt e Eduardo Gonçalves, de São Paulo e Brasília para O Globo, em 29/09/2021 - 04:30 / Atualizado em 29/09/2021 - 10:38
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