sexta-feira, 3 de abril de 2020

Janaina Paschoal, sobre Bolsonaro: “Falta grandeza”

A parlamentar critica o presidente pela condução da crise e acha que o comportamento ambíguo dele vem do medo de ser ofuscado por seus ministros


A deputada estadual do PSL sobre o ex-aliado Jair Bolsonaro: “É impossível seguir apoiando alguém que se mostra irresponsável e egocêntrico” (Foto - Bruno Santos/Folhapress)

Como a senhora avalia o comportamento do presidente Jair Bolsonaro diante da crise do coronavírus? 

Eu gostaria muito de defender o sucesso dele. Sofri muito para tirar o PT. Mas é impossível seguir apoiando alguém que se mostra irresponsável e egocêntrico.

A senhora pediu que Bolsonaro se afastasse do cargo depois de ele ter estimulado as manifestações de 15 março. Mantém sua posição?

Infelizmente, mantenho. Depois da primeira reação, negacionista, ele aparentemente vem mudando o discurso. O problema é que Bolsonaro tem um comportamento ambíguo. Foi muito bem no último pronunciamento, mas continua fazendo postagens inadequadas para o momento. Enquanto ele permitir que os ministros trabalhem, é possível seguir. Se transformar o discurso equivocado em ações, precisará ser retirado rapidamente. Por enquanto, não foi além do mau exemplo. Entendo que para o país seria melhor que ele saísse logo.

A senhora assinaria um pedido de impeachment contra ele? 

Não pretendo. Contra o PT, não havia ninguém para pedir. Agora é diferente, os formadores de opinião odeiam Bolsonaro.

A senhora vem sendo procurada para falar sobre o assunto? 

Sim, gente que me chamou de golpista tem mandado intermediário para pedir que eu tome providências. Gente que desmereceu meu trabalho, falando uma coisa para o público e outra para mim, também tem me sondado. Entra por um ouvido, sai pelo outro. Que trabalhem!

Muitos não querem falar em afastar o presidente agora porque haveria uma nova crise, que dispersaria a energia no combate ao vírus. Mas qual é o limite para a tolerância? 

Não querem pedir o afastamento porque dá trabalho, nada além disso. Esse povo gosta de não fazer nada e ficar causando em redes sociais. Só quem segurou um processo de impeachment sabe o trabalho que dá.

Por que Bolsonaro se comporta de maneira tão diversa da de outros líderes e de forma tão contraditória com a própria equipe? 

Ele é muito vaidoso. No lugar de se alegrar com a capacidade de seus ministros, se sente ofuscado por eles. Ele deveria liderar a batalha. Mesmo com impactos na economia, sairia fortalecido. Mas lhe falta grandeza.

Até onde é possível que os ministros trabalhem no combate ao coronavírus contra a vontade do presidente? 

Por isso digo que, por ora, dá para tolerar. Bolsonaro erra no discurso, mas sua equipe acerta nos atos. Se ele começar a trocar os ministros, colocando capachos, como são alguns deputados que o aplaudem, a situação vai piorar.

Por Roberta Paduan - Atualizado em 3 abr 2020, 16h08 - Publicado em 3 abr 2020, 06h00
Publicado em VEJA de 8 de abril de 2020, edição nº 2681 (Em circulação nacional  já nesta sexta - feira).


Carga chinesa com 600 respiradores artificiais é retida nos EUA e não será enviada ao Brasil

Segundo a Casa Civil do governo da Bahia, 'operação de compra dos respiradores foi cancelada unilateralmente pelo vendedor', que não deu maiores explicações

Em mais um capítulo da novela dos cancelamentos de suprimentos médicos fornecidos pela China, 600 respiradores artificiais ficaram retidos no aeroporto de Miami, nos EUA, de onde seriam enviados ao Brasil. A informação foi antecipada pela Folha de S.Paulo.

A carga, no valor de R$ 42 milhões, havia sido adquirida pelos estados do Nordeste, por meio de um contrato assinado entre o fornecedor (não identificado) e o governo da Bahia.

China e EUA:Brasil está no meio de uma corrida global por suprimentos médicos

Ao GLOBO, a assessoria de imprensa da Casa Civil do estado disse que “a operação de compra dos respiradores foi cancelada unilateralmente pelo vendedor”, que não deu maiores explicações, apenas que a carga teria outro destino. O valor não chegou a ser desembolsado pelo governo da Bahia.

“Neste momento, estamos buscando novos fornecedores”, afirmou ao GLOBO a Casa Civil, que não quis informar se já está negociando com outros países ou quais fornecedores tem em vista para suprir a demanda.

Apesar de o fornecedor não ter informado o novo destino da encomenda, desconfia-se que os equipamentos sejam redirecionados agora ao combate da crise de coronavírus nos EUA, que registraram o maior número mundial de mortes em um só dia pela doença nesta quinta-feira.

Fornecedores chineses têm sido acusado de cancelar contratos com países como Brasil, França e Canadá, e favorecer os EUA, que teriam acertado pagamentos muito mais altos, já que não existem regras para esse tipo de situação no comércio internacional.

Na quarta-feira, o ministro da Saúde do Brasil, Luiz Henrique Mandetta, já havia feito declaração similar, afirmando que compras brasileiras haviam “caído” depois da confirmação das compras americanas.

Segundo o New York Times, a negociação entre empresas privadas americanas e chinesas foi feita com ajuda da mediação do genro do presidente americano Donald Trump, Jared Kushner. O avião que pousou no domingo em Nova York vindo de Xangai trazia 130 mil máscaras N-95, quase 1,8 milhões de máscaras cirúrgicas e roupas e mais de 10,3 milhões de luvas, além de 70 mil termômetros.

Fonte: O Globo, 03/04/2020 - 12:06 / Atualizado em 03/04/2020 - 12:56

Mais da metade dos tuítes favoráveis a Bolsonaro sobre os atos do dia 15 e o coronavírus foram feitos por robôs

Estudo analisou 1,2 milhão de posts no Twitter entre 1 de janeiro e 15 de março

Mais da metade das  publicações de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro no Twitter durante a pandemia do novo coronavírus no país e da manifestação pró-governo e contra o Congresso Nacional e o Judiciário, no dia 15 deste mês, foram disparadas por robôs.

Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FespSP) mostra que 55% dos 1,2 milhão de posts que usaram a hashtahg #BolsonaroDay foram feitas por robôs, contas automatizadas, como de ciborgues, e contas semiautomatizadas.

Coronavírus: Nas redes, Bolsonaro imita discurso de Trump na crise sanitária

Os pesquisadores coletaram dados sobre as hashtags mais utilizadas pelos grupos de apoio ao presidente no Twitter entre 1 de janeiro a 15 de março. O grupo identificou 22 mil hashtags que foram rankeadas em uma lista das mais frequentemente usadas. Segundo o estudo, foram identificadas 66 mil contas responsáveis pelos cerca de 1,2 milhão de tuítes.

Os robôs que usaram a hashtag #bolsonaroday postaram cerca de 700 tuítes no domingo em que ocorreu os atos pró-governo. Os perfis mais ativos chegaram a publicar uma média 1,2 mil tuítes por dia. O estudo contatou ainda que os usuários reais têm uma média de três a dez tuítes por dia. Os mais ativos chegam até 50 tuítes por dia.

O estudo foi coordenado pelas professoras Rose Marie Santini, da UFRJ, e Isabela Kalil, da Fesp, e reuniu 12 pesquisadores.

Os pesquisadores concluíram que parte das hashtags utilizadas neste perído, como #somostodosbolsonaro, #stfvergonhanacional, #foramaia, #globolixo, #bolsonaro2022, #somostodosmoro, #bolsonaropresidenteate2026, #bolsonaro2026, mantém um volume constante nas redes. A tática, segundo a análise, mostra evidências de uma ação de comunicação planejada, orquestrada e automatizada e se enquadram na estratégia de campanha permanente e na agenda política de Bolsonaro.

O grupo ainda identificou quatro padrões distintos nos tuítes. O primeiro com o STF como alvo; o segundo sobre a mobilização para as manifestações do dia 15 deste mês; contra as medidas de restrição e isolamento social como prevenção da Covid-19 e, por fim, a favor de que a população fosse às ruas, mesmo diante dos perigos de disseminação do novo coronavírus.

Rayanderson Guerra, de O Globo
03/04/2020 - 15:36 / Atualizado em 03/04/2020 - 16:05

Datafolha: aprovação do Ministério da Saúde dispara e é mais do que o dobro da de Bolsonaro

Mandetta: A aliados, ministro diz que 'médico não abandona paciente'

Pesquisa Datafolha divulgada na tarde desta sexta-feira indica que a aprovação do Ministério da Saúde é hoje o dobro da avaliação do presidente Jair Bolsonaro. Segundo o instituto, a pasta é aprovada por 76% da população, enquanto o presidente recebeu aprovação de 33%.

O Datafolha ouviu 1.511 pessoas por telefone entre os dias 1 e 3 de abril.

Na pesquisa anterior, o ministério conduzido por Luiz Henrique Mandetta tinha uma aprovação de 55%. O Datafolha também registrou queda na reprovação da pasta: caiu de 12% para 5%.

Já a aprovação do presidente Bolsonaro oscilou dentro da margem de erro: de 35% para 33%. A avaliação é estável também entre os que consideram o presidente regular: de 26% para 25%.

Bolsonaro, que ainda viu sua reprovação subir de 33% para 39%, segundo Datafolha, vem travando uma disputa interna com o protagonismo de Mandetta à frente do ministério. Nesta quinta-feira, em entrevista a rádio Jovem Pan, o presidente chegou a dizer que falta humildade ao ministro, e que os dois estão "se bicando há tempos".

Isolamento: Bolsonaro diz que tem decreto pronto contra a medida

Mandetta, por sua vez, tem evitado o confronto. Com alta popularidade, o ministro minimizou os ataques do chefe. Disse que continuava trabalhando e que seu foco era o combate à doença.

As críticas do presidente voltaram a trazer à tona especulações sobre a saída de Mandetta do governo. Aliados avaliam que o rompimento definitivo é "questão de tempo", mas o ministro só está disposto a sair se for demitido. Mandetta recebeu o apoio do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que afirmou mais cedo que o presidente não tem coragem de demitir o ministro e de mudar a política de enfrentamento ao coronavírus. O deputado reagiu com críticas aos ataques de Bolsonaro contra o ministro.

Maia disse que o Congresso vai dar todo o respaldo que puder à permanência do ministro da Saúde de Bolsonaro, que, por sua vez, discorda das medidas de distanciamento social adotadas por estados e municípios por orientação do Ministério da Saúde para evitar a propagação da epidemia de coronavírus.

Avaliação do Ministério da Economia

O Datafolha ainda incluiu na pesquisa uma avaliação do Ministério da Economia. Sobre as medidas da equipe de Paulo Guedes para minimizar os impactos da Covid-19 sobre a economia, a maioria dos entrevistados considera o trabalho da pasta bom e ótimo (37%) ou regular (38%). Para 20%, a gestão da economia é ruim ou péssima. A maior aprovação vem de empresários (43%). O pior desempenho, de funcionários públicos (27%).

O instituto também avaliou o desempenho da gestão Bolsonaro por regiões. Segundo o instituto, a rejeição ao trabalho do presidente subiu mais entre moradores do Sudeste (de 34% para 41%) e no Norte/Centro-Oeste (24% para 34%). Uma das figuras de peso político no Centro-Oeste, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), anunciou seu rompimento com Bolsonaro na semana passada. Ainda assim, o Datafolha destaca que a região é a que melhor avalia (41% de ótimo/bom) Bolsonaro, juntamente com o Sul (39%).

Já o Nordeste é a região onde Bolsonaro tem a maior rejeição e a maior taxa de ruim e péssimo: 42%.

Governadores

O Instituto também ouviu os entrevistados sobre a avaliação de governadores no combate ao coronavírus. O presidente enfrenta um embate com os estados e ameaça até baixar um decreto para reabrir o comércio. Entre os que aprovam a gestão dos governadores estão 58% dos brasileiros, ante 55% da pesquisa anterior.

Nesta discussão sobre o fim da quarentena e reabertura do comércio, o governador paulista João Doria chegou a pedir para que os brasileiros não seguissem as orientações do presidente sobre o isolamento social. O Datafolha ouviu os entrevistados sobre essa recomendação de Doria. E, segundo o Instituto, 57% concordam com o governador paulista, contra 32% que acham que ele está errado, e outros 11% que não souberam opinar.

Gustavo Schmitt, de O Globo
03/04/2020 - 13:44 / Atualizado em 03/04/2020 - 15:40

Governo Bolsonaro tem 42% de avaliação 'ruim' ou 'péssima' em abril, diz pesquisa

Tanto no levantamento da XP quanto no do Datafolha também divulgado hoje, Mandetta tem mais aprovação do que o presidente na condução da crise do coronavírus

A reprovação ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) atingiu 42% em abril, ante 36% em março, de acordo com edição extra da "Pesquisa XP com a População", realizada pela instituição em parceria com o instituto Ipespe.

É o maior nível de avaliações ruins ou péssimas desde o início do mandato, mas ainda estável no limite da margem de erro da pesquisa, de 3,2 pontos porcentuais. A proporção da população que avalia o governo como "ótimo ou bom" caiu de 30% para 28% no período, também estável dentro da margem. Nominalmente, é a primeira vez que a taxa fica abaixo do nível dos 30%. 

A pesquisa incluiu um questionário especial sobre a pandemia do coronavírus no País e mostrou que Bolsonaro tem tido aprovação menor que a do ministro da Saúde, Henrique Mandetta, que teve 68% de aprovação. A atuação de Bolsonaro no combate ao vírus foi considerada "ruim ou péssima" por 44% da população, enquanto 29% enxergaram o desempenho do presidente como "ótimo ou bom" e 21%, como "regular".

Ele tem a avaliação mais negativa entre todos os atores pesquisados. A aprovação da atuação do presidente está empatada na margem de erro com a do Congresso (30%), da população (34%), e do Supremo Tribunal Federal (29%), mas abaixo da do ministro de Mandetta (68%), dos governadores (59%), do ministro da Economia, Paulo Guedes (37%) e dos profissionais da saúde (87%).

Aprovação de governadores dispara em meio à pandemia

A proporção de pessoas que considera a administração dos governadores como “ótima ou boa” disparou de 26% em meados de março para 44%.  O crescimento ficou muito acima do limite da margem de erro, de 3,2 pontos porcentuais para cima ou para baixo.

Os governadores da região Sul têm a maior taxa de aprovação, de 54%. Na pesquisa anterior, era de 35%. Em seguida, vêm os chefes de Estados do Nordeste (27% para 50%); do Norte e Centro-Oeste (24% para 44%) e, por último, do Sudeste (22% para 37%).

No mesmo período, a avaliação positiva do Congresso avançou de 13% para 18%, mas estável no limite da margem de erro. No entanto, a avaliação “ruim ou péssima” teve forte queda, de 44% para 32%, enquanto a proporção dos que consideram o Congresso regular avançou de 37% para 45%

Mandato de Bolsonaro

A pesquisa também captou deterioração nas expectativas para o restante do mandato de Bolsonaro. A proporção da população que espera que o governo dele seja "ruim ou péssimo" avançou de 33% para 37%, enquanto a avaliação "ótima ou boa" recuou de 38% para 34%.

"O que estamos vendo é que Bolsonaro mantém esse núcleo de apoio em torno de 30% e isso é o que ele precisa para chegar até 2022. Não esperamos mudança no comportamento dele", disse o head de Macro Sales e Análise Política da XP, Richard Back, em webinário de divulgação da pesquisa.

A pesquisa ouviu 1000 pessoas, por telefone, entre os dias 30 de março e primeiro de abril. A amostragem leva em conta sexo, região, idade, tipo de cidade, religião, porte do município, ocupação, nível educacional e renda.

Datafolha: Mandetta tem que mais que o dobro da aprovação de Bolsonaro

Mais da metade dos brasileiros (51%) julga que o presidente Jair Bolsonaro mais tem atrapalhado do que ajudado durante a crise do coronavírus. É o que revela a pesquisa Datafolha também publicada nesta sexta-feira, 3, que entrevistou 1.511 pessoas, por telefone, entre 1º de abril e hoje. A pesquisa tem margem de erro de três pontos porcentuais, para mais ou para menos.

A pesquisa também mostra que a aprovação dos brasileiros ao Ministério da Saúde, liderado por Mandetta, subiu 21 pontos porcentuais, de 55% na pesquisa anterior, feita entre 18 e 20 março, para 76% na divulgada hoje.

Também cresceu a reprovação à maneira como Bolsonaro tem agido na crise causada pelo coronavírus, que já vitimou 299 pessoas no País. Na pesquisa anterior, 33% reprovavam o trabalho do presidente na crise, parcela que agora é de 39% dos entrevistados, variação no limite da margem de erro. A aprovação de Bolsonaro variou de 35% para 33%, e a avaliação de que o presidente é "regular" foi de 26% para 25%, ambas dentro da margem de erro, indicando estabilidade.

A pesquisa avaliou a gestão dos governadores brasileiros. Os que aprovam as gestões dos chefes dos Executivos estaduais são 58% ante 55% na pesquisa anterior, feita entre 18 e 20 de março. Os que reprovam as gestões dos governadores são os mesmos 16% da pesquisa anterior e os que avaliam o trabalho de seus governadores como regular são 23% agora ante 28% na última rodada. As gestões estaduais mais bem avaliadas são as do Nordeste (64% de aprovação), do Norte e do Centro-Oeste (61% de aprovação nas duas regiões).

De acordo com o Datafolha, 57% dos entrevistados consideram que a campanha do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para que as pessoas fiquem em casa é correta, enquanto 32% entendem as orientações do governador como erradas. 11% não sabem.

A campanha do tucano é mais aprovada entre os moradores do Nordeste (65%), entre jovens dos 16 aos 24 anos de idade (66%) e entre os mais ricos e instruídos (64%). As gestões municipais foram avaliadas como ótimas ou boas por 50%, enquanto 25% consideraram regulares e 22% ruins ou péssimas.

Cícero Cotrim e Gregory Prudenciano, O Estado de S.Paulo
03 de abril de 2020 | 12h39
Atualizado 03 de abril de 2020 | 15h42

Período de isolamento é suficiente, mas requer cuidados

Médicos ensinam a evitar risco de que a doença contamine outras pessoas em casa

O isolamento por 14 dias é, em geral, suficiente para garantir que alguém que tenha sido infectado pelo novo coronavírus não contamine pessoas próximas. A garantia fica ainda maior quando embasada por exames laboratoriais, explicam especialistas consultados pela Agência Brasil. Eles, no entanto, alertam para cuidados que se deve ter nos casos em que o doente isolado mora com outras pessoas e, principalmente, quando entre eles há um idoso.

“O prazo de 14 dias corresponde ao tempo de transmissão do vírus”, explica Heloísa Ravagnani, presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal. Segundo a médica, após esse período, o paciente pode voltar às atividades normais. “A princípio, sem restrições, desde que esteja se sentindo bem, sem sintomas e com os exames voltando à normalidade.”

De acordo com Heloísa, as pessoas costumam confundir quarentena com isolamento. Enquanto a primeira medida é determinada pelo governo, estabelecendo um prazo necessário para que todos fiquem afastados socialmente de forma a evitar a disseminação do vírus, o isolamento é diferente, por ser voltado a pessoas com suspeitas ou que, de fato, estejam contaminadas.

Três maneiras pelas quais o coronavírus está mudando quem somos

“No caso da quarentena, as pessoas só saem de casa para fazer coisas de extrema necessidade, como ir à farmácia, à padaria, ao mercado. Obviamente sob a condição de que não façam disso um evento social. Já os cuidados da pessoa em isolamento são diferentes, pela suspeita de doença”, disse a infectologista à Agência Brasil.

Cuidados durante isolamento

A médica diz que o ideal é que a pessoa fique sozinha em um cômodo, de preferência em um quarto com banheiro. Ela fica dentro desse ambiente, a princípio sem máscara, mas tendo de higienizar com álcool todos os objetos de que fizer uso frequente.

Caso o banheiro seja de uso comum, é importante que a pessoa sob isolamento seja a última a usá-lo e que, sempre após o uso, higienize-o com álcool 70% ou hipoclorito em todos os locais tocados. “E todas as vezes que sair do quarto e tiver contato com outras pessoas na casa, tem de usar máscara para evitar a transmissão. Os objetos que serão descartados – caso dos lenços, por exemplo – devem ser fechados em sacos para depois serem juntados ao lixo da família e, enfim, recolhidos pelos serviços de limpeza.

Heloísa acrescenta que o doente não pode dividir talher, copo ou prato com outras pessoas. “É importante que a pessoa troque a própria roupa de cama, que tem de ser colocada em saco plástico para levar e ser lavada em separado”, explica Heloísa.

Membro da Sociedade Brasileira de Infectologista, José David Urbaez Brito diz ser também indicado que a limpeza do quarto seja feita pelo próprio paciente isolado. Já a higiene das mãos deve ser feita com água e sabão, por pelo menos 1 minuto; ou com álcool gel 70%, por 20 ou 30 segundos.

“Quanto à alimentação, o fornecimento tem de ser feito de forma a não possibilitar o contato com o paciente. Se não tiver outro jeito, quem for cuidar do paciente tem de usar máscara cirúrgica, manter-se a 2 metros do paciente e usar avental impermeável”, disse o médico.

Famílias grandes em casas pequenas

A maior preocupação, segundo os dois especialistas, é com os idosos. Principalmente quando a família mora em casas ou apartamentos de cômodos pequenos. “É comum famílias morando em um ou dois cômodos, e em um ambiente muito pequeno não tem jeito: as pessoas vão acabar sendo expostas ao vírus. A começar pelo fato de ser importante que se tenha um colchão específico para a pessoa com a Covid-19”, explica Heloísa Ravagnani.

A presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal diz que, nessas situações, os cuidados devem ser ainda maiores. “Como vive muito próxima a outros, a pessoa ter de usar a máscara todo o tempo. O problema é que a máscara deve ser trocada depois de ficar úmida ou a cada duas horas.”

Idosos

Brito alerta que, no caso dos idosos, é de extrema importância o isolamento total. “Não pode ter contato com ninguém, e essa é a grande angústia quando se tem, entre os familiares que vivem na mesma casa, uma pessoa contaminada.”

Ele aponta como solução as autoridades adotarem medidas que viabilizem outros locais onde o idoso possa permanecer enquanto algum dos entes com quem mora estiver em situação de isolamento.

Uma das possibilidades sugeridas por ele é aproveitar a baixa movimentação de hotéis e albergues para disponibilizá-los a idosos que moram com pessoas infectadas ou com suspeita de contaminação.

Texto:Pedro Peduzzi | Agência Brasil

Coronavírus dobra o número de enterros em São Paulo


Funcionários estão convencidos de que o coronavírus está matando mais do que dizem as estatísticas oficiais.

Coronavírus faz disparar aprovação ao governo Merkel

Conservadores da chanceler federal avançam sete pontos e se manteriam no poder caso houvesse eleição nesta semana. Populistas de direita da AfD perdem popularidade. Mais de 90% dos eleitores apoiam distanciamento social.

Angela Merkel

População apoia amplamente medidas do governo Merkel para conter o coronavírus, diz pesquisa

Restrições de saída por semanas a fio, perda de liberdades, lojas e restaurantes fechados e um endividamento público sem precedentes – esse cenário até agora só fazia parte de filmes catástrofe. Mas a ficção se tornou realidade. O governo da Alemanha está lutando contra a disseminação do coronavírus com medidas drásticas. E a população apoia amplamente as decisões.

A ação política parece atender às expectativas dos cidadãos alemães durante uma situação excepcional, e isso vai além das fronteiras partidárias. Quase três quartos das pessoas aptas a votar (72%) estão satisfeitas com o gerenciamento de crise de Berlim, e apenas 30% dos entrevistados tecem críticas à ação do governo federal, segundo a última sondagem mensal realizada pelo instituto de pesquisa Infratest Dimap para a emissora estatal ARD.

Enquanto há um mês, um quarto dos alemães temia que pudesse ser infectado ou que membros da família pudessem ser contagiados pelo novo vírus, agora mais da metade (51%) tem esse temor. Existem apenas pequenas diferenças na percepção do risco de infecção entre pessoas de diferentes gerações. Um pouco mais da metade dos que têm mais de 65 anos expressou tal medo (53%). Entre os que têm menos de 40 anos, no entanto, 45% manifestaram o temor.

Distanciamento sim, monitoramento não

As medidas de distanciamento social vigentes em todo o país desde 23 de março são apoiadas por uma grande maioria dos cidadãos alemães: 93% dos entrevistados pensam que elas estão corretas. Uma avaliação que abrange todos os campos políticos.

De acordo com a sondagem, cerca da metade dos alemães instalaria voluntariamente um aplicativo de smartphone que usa informações de infecções por coronavírus e circulação de pessoas para avisar usuários de um possível risco de contrair o patógeno. A outra metade rejeita esse recurso. Muitos temem que a privacidade de dados seja posta em risco.

Apesar das preocupações generalizadas sobre contágio, a confiança no sistema de saúde alemão é alta. Três quartos dos alemães têm um nível de alto a muito alto de confiança de que os serviços de saúde e os médicos vão conseguir lidar com a pandemia.

No entanto, quase quatro em cada dez entrevistados têm dúvidas sobre as capacidades de tratamento disponíveis na Alemanha (37%). Eles se dizem preocupados de que nem todos os doentes consigam receber atendimento médico adequado.

Direitos civis

Independentemente do alto nível de aceitação das restrições, atualmente quatro em cada dez alemães estão preocupados com a possibilidade de os direitos à liberdade poderem ficar restritos a longo prazo devido à pandemia. As maiores parcelas estão entre eleitores do populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) e do A Esquerda. No entanto, 40% dos eleitores dos conservadores União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU) também manifestaram essa preocupação.

Os alemães atualmente estão preocupados com a dimensão econômica da pandemia até muito mais do que com a restrição dos direitos à liberdade e também com a própria infecção. Conforme a pesquisa, 75% dos cidadãos dizem ter preocupações muito grandes de que a situação econômica na Alemanha se deteriorará devido à doença.

A maioria ainda não está se preocupando mais seriamente com a própria situação. Pelo menos um terço dos entrevistados teme que sua situação econômica pessoal se deteriore como resultado da pandemia.

Cresce aprovação do governo

A avaliação positiva do gerenciamento da crise faz aumentar a popularidade do governo alemão. No início de março, 60% dos alemães estavam insatisfeitos com o trabalho do governo federal, e apenas 40% estavam satisfeitos. Um mês depois, a situação se inverteu. O governo de coalizão entre CDU, CSU e SPD alcançou o maior índice de popularidade na pesquisa encomendada pela ARD desde que a emissora começou patrocinar e divulgar a sondagem, em 1997.

O governo não é popular apenas entre os eleitores de CDU, CSU e SPD. Muitos eleitores do Partido Verde e do Partido Liberal Democrático (FDP) também aprovam o gerenciamento de crise em Berlim, assim como pelo menos metade dos apoiadores do socialista A Esquerda, enquanto apenas um em cada seis eleitores da AfD apoiam o governo.

CDU e CSU na ascendente

Caso a eleição parlamentar na Alemanha fosse realizada no próximo domingo, a coalizão governamental teria novamente uma maioria absoluta, pois o bloco formado pela União Democrata Cristã de Angela Merkel (CDU) e a União Social Cristã (CSU) cresceu sete pontos percentuais, obtendo 34%.

O interessante é que o Partido Social-Democrata (SPD), membro da coalizão, parece não se beneficiar tanto da grande aprovação do trabalho do governo. Os social-democratas continuam estacionados em 16%. No que diz respeito aos valores de simpatia para políticos individuais, o ministro alemão das Finanças, Olaf Scholz, é o único dos ministros do SPD a conseguir melhorar seus índices. Com 63% de aprovação (+17 em relação ao mês anterior), ele alcançou um valor quase tão bom quanto o da chanceler federal, que obteve 64% (+11).

Os ministros da CDU Jens Spahn (Saúde; 60%; +9) e Peter Altmaier (Economia; 51%; +13 em relação a janeiro) também alcançaram valores recordes no atual período legislativo. A avaliação do governador da Baviera, Markus Söder, da CSU, mostra que sua ação determinada durante a crise do coronavírus está sendo reconhecida pela população. Ele obteve 58% em todo o país (+16), classificação quase tão boa quando a do ministro da Saúde.

Fonte: Deutsche Welle, a emissora internacional da Alemanha. Produz jornalismo independente em 30 idiomas. 

Um vírus altera o panorama político da América Latina

Líderes com estratégias definidas contra a covid-19 ganham popularidade, populistas que negam a pandemia perdem apoio da população. Mas o maior desafio ainda está por vir: os danos sociais decorrentes da crise econômica.


Sebastian Piñera
   
Sebastian Piñera (d) viu sua popularidade aumentar no Chile depois de medidas restritivas

A América Latina foi uma das últimas regiões do mundo aonde o novo coronavírus chegou, cerca de um mês atrás, e ele já deixa suas marcas nos sistemas políticos. É surpreendente quão rápido aumenta a popularidade de presidentes que investem com estratégias bem definidas contra a doença, como se vê no Peru, Chile e Argentina.

No Peru, o presidente Martín Vizcarra fechou o país em meados de março, logo em seguida aos primeiros contágios, decretando confinamento radical. Desde então, sua popularidade saltou de 52% para 87%.

No Chile, o malquisto Sebastián Piñera introduziu um isolamento social gradual, que agora restringe fortemente a vida pública, e ao mesmo tempo ordenou medidas de ajuda estatal. Até então consideravelmente enfraquecido pelas manifestações contra seu governo e a favor de uma nova Constituição, o líder conservador conseguiu dobrar sua taxa de popularidade, alcançando atualmente 21%.

Na Argentina, Alberto Fernández reforça seu perfil de empreendedor social com uma política clara de quarentena, conquistando o apoio de mais de 80% da população. Ao vencer a eleição presidencial, cinco meses atrás, ele contou com 50% dos votos.

Em contrapartida, os chefes de Estado que negam a crise, a minimizam ou reagem com hesitação perdem rapidamente o respaldo da população. Independentemente do direcionamento político, isso vale para os populistas Jair Bolsonaro, no Brasil, e Andrés Manuel López Obrador, no México.

O populista de direita em Brasília continua instigando os brasileiros a irem trabalhar, contrariando o conselho de seus ministros e de especialistas. Ele afirma que o vírus não é muito pior do que uma gripe e aparece sem proteção entre seus fãs.

Enquanto isso, praticamente todos os governadores estaduais restringiram a vida pública. Todas as noites ocorrem "panelaços" ensurdecedores contra Bolsonaro, também em áreas onde a maioria votou no ex-militar. Sua popularidade caiu para 30%, o nível mais baixo desde a posse, no início de 2019.

No México, até alguns dias atrás o populista de esquerda López Obrador aconselhava os cidadãos a irem aos restaurantes e se abraçarem o máximo possível. De lá para cá, contudo, ele parece ter reconhecido a seriedade da situção: no úlitmo dia de março, impôs abruptamente o estado de emergência nacional. Sua popularidade desceu de 78%, no início de 2019, para 59%.

Porém, o maior desafio para os governos latino-americanos ainda está no começo, pois o coronavírus atinge uma região economicamente debilitada, cuja renda per capita vem caindo desde 2014. Ao contrário do ocorrido na crise financeira de 2009, os países latinos acumularam dívidas elevadas, suas moedas estão fracas, e as exportações retrocedem devido à estagnação da conjuntura mundial.

Os efeitos da crise do coronavírus agravarão marcadamente a crise econômica mundial: a Comissão Econômica das Nações Unidas calcula que cerca de um terço dos 650 milhões de latino-americanos ficarão abaixo da linha da pobreza, e o número de pobres aumentará de 68 milhões para 90 milhões.

Como cerca de 40% dos habitantes da região trabalha no setor informal, fica difícil para os governos chegarem até eles com programas de assistência. A maioria dos Estados não terá alternativa senão imprimir mais dinheiro para financiar programas de distribuição de renda.

Com suas decididas medidas de quarentena, os governos da América Latina podem impedir um alastramento do vírus e as mortes decorrentes. A universidade de ciência, tecnologia e medicina Imperial College London calcula que um isolamento social consequente poderá salvar 2,5 milhões de vidas na região.

O problema, contudo, comenta o semanário The Economist, é que os governos terão que encontrar um meio de manter a sua popularidade recém-conquistada também quando as dificuldades econômicas e sociais aumentarem.

Fonte: Deutsche Welle, a emissora internacional da Alemanha. Produz jornalismo independente em 30 idiomas. 

O papel da China na luta mundial contra a pandemia

País asiático está prestando bem-vinda assistência à Europa na crise do novo coronavírus. Mas o que é necessário, no longo prazo, é a proibição do comércio de animais selvagens.


 Pangolins mortos em caixa engradada

Pangolins mortos em caixa engradada. Usado na medicina tradicional chinesa, mamífero pode estar ter sido origem da covid-19, o popular coranavírus.

Quando a crise da covid-19 começou, em janeiro, a União Europeia (UE) enviou rapidamente 50 toneladas de equipamentos de proteção e médicos a Hubei, a província chinesa onde o vírus surgiu pela primeira vez.

Agora a Europa é um dos principais campos de batalha na guerra contra o novo coronavírus, para ficar na retórica militar muito usada por políticos de todo o mundo. E a Europa não está se saindo bem. É a vez da China enviar suprimentos para a Itália, a Espanha e a Grécia, além de outros países europeus que não são membros da União Europeia.

A ajuda da China é muito bem-vinda onde os sistemas de saúde estão sobrecarregados. Muitos países estão se isolando e fechando suas fronteiras. A solidariedade está sendo severamente testada. Milhares de pessoas estão morrendo, milhões enfrentam a perda de seus meios de subsistência. As liberdades individuais estão sendo reduzidas de maneiras antes inimagináveis.

O presidente chinês, Xi Jinping, disse que solidariedade e cooperação são as armas mais poderosa contra as crises de saúde pública. A ajuda como arma: num período de guerras comerciais e nacionalismo, a assistência como gesto de solidariedade tornou-se uma arma numa guerra de propaganda.

Para o jornal alemão Handelsblatt, "Pequim está se apresentando como um cavaleiro de armadura brilhante. A pandemia de coronavírus está mudando o equilíbrio mundial de poder. A China quer ultrapassar os EUA como potência mundial responsável e generosa".

O diário argumenta que uma nova era na política global está nascendo, e nela o país onde a pandemia começou está reivindicando o papel de líder. "A disposição da China em ajudar está sendo recebida com desconfiança na Europa. Há anos, Pequim procura ampliar sua influência. Agora vê uma oportunidade. As entregas de ajuda destinam-se não apenas a salvar vidas, mas também a formar uma base para parcerias – e ajudar a reescrever a história da pandemia", diz o Handelsblatt.

Pequim reagiu com irritação às alegações polêmicas do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre as supostas falhas da China em lidar com o vírus que surgiu em seu território. Uma foto de um discurso do presidente Trump na Casa Branca mostra que ele riscou a palavra "coronavírus" e a substituiu por "vírus chinês". Depois que sua retórica elevou os ataques a americanos de origem asiática, Trump começou a atenuar suas afirmações racistas.

A atual crise está fazendo com que Estados Unidos e Europa se conscientizem do quão dependentes são da superpotência chinesa, e não apenas em termos econômicos. Pequim respondeu às críticas com rispidez. "Para aqueles que rotulam os produtos fabricados na China de 'contaminados pelo vírus', é melhor não usarem as máscaras, roupas de proteção e aparelhos de respiração fabricados na China", disse um porta-voz do Ministério do Exterior da China.

Outro porta-voz do mesmo ministério foi ainda mais longe, escrevendo no Twitter: "O Exército dos EUA pode ter levado a epidemia a Wuhan".

A verdade é a primeira vítima em todas as guerras, como comprova, mais uma vez, a atual batalha de propaganda. Os EUA têm mais de 143 mil casos documentados e 2,5 mil mortes. É totalmente desnecessário afirmar que o coronavírus Sars-CoV-2 não foi criado num laboratório nos EUA.

Em artigo publicado no Washington Post, o biólogo evolucionário Jared Diamond e o virologista Nathan Wolfe discutem o papel dos mercados de animais selvagens na China e em outros lugares na facilitação da transmissão de doenças de hospedeiros animais para seres humanos. Esse foi o caso da Sars e possivelmente é o caso da covid-19. Na China, animais selvagens, vendidos vivos, são uma fonte de alimentos e de substâncias usadas na medicina tradicional chinesa (MTC).

Transmissão zoonótica

A Sars pode ter atingido os seres humanos através de gatos civet que receberam o vírus dos morcegos. De acordo com um artigo da revista científica Nature, os pangolins são um hospedeiro plausível do Sars-CoV-2, o vírus causador da covid-19. Como observam Diamond e Wolfe, as escamas do pangolim são um ingrediente valioso na medicina tradicional chinesa.

Nas cidades densamente povoadas do mundo globalizado, uma doença zoonótica emergente pode se espalhar rapidamente e se tornar uma pandemia. O mercado de animais selvagens na cidade de Wuhan foi fechado após a identificação do surto de coronavírus.

Mas nem mesmo o todo-poderoso Partido Comunista Chinês ousaria proibir permanentemente o comércio de animais silvestres, que são centrais para a prática da medicina tradicional chinesa.

Como informou a revista National Geographic, a Comissão Nacional de Saúde da China recomendou recentemente o uso de Tan Re Qing, uma "injeção contendo bile de urso, para tratar casos graves e críticos de covid-19".

A fórmula da medicina tradicional chinesa é usada desde o século 18 para tratar bronquites e infecções do trato respiratório superior. A Xinhua, agência nacional de notícias da China, publicou recentemente uma matéria intitulada A medicina tradicional chinesa (MTC) oferece sabedoria oriental na luta contra novos vírus.

O texto diz que "a MTC nunca perdeu uma única luta contra epidemias ao longo da história chinesa. Clássicos da TCM forneceram evidências suficientes de seus poderes curativos na luta contra doenças epidêmicas, como a varíola, nos últimos milhares de anos. A batalha de 2003 contra a Sars foi um exemplo recente. A TCM ofereceu soluções oportunas e eficazes para o tratamento e recuperação de pacientes com a Sars".

O texto também diz que em Wuhan houve "tratamento integrado de MTC e medicina ocidental, especialmente entre pacientes não críticos". Ele cita Zhang Boli, um acadêmico da Academia Chinesa de Engenharia, dizendo que "a medicina ocidental oferece importantes medidas de proteção da vida, como assistência respiratória e circulatória, enquanto a TCM se concentra em melhorar as condições físicas e o sistema imunológico dos pacientes. Elas se complementam."

É improvável que a pandemia de coronavírus acabe com o comércio de animais selvagens como fonte de substâncias para a medicina tradicional chinesa. Afinal, a epidemia de Sars também não pôs fim à prática. A TCM desempenha um papel importante na China e em outros locais. Seus defensores dizem que ela é uma forma holística de medicina que pode tratar enfermidades que não são tratadas adequadamente pela medicina ocidental, que se concentra nos sintomas e não nas causas.

Por esse motivo, Diamond e Wolfe argumentam que é improvável que a covid-19 seja a última pandemia viral. "Haverá outras, já que os animais selvagens são amplamente explorados para alimentação e para outros fins, seja na China, seja em outros lugares."

Mas, não importa quão difícil seja a implementação na prática, uma proibição global do comércio de animais selvagens pode ajudar a reduzir o risco de doenças zoonóticas.

Fonte: Deutsche Welle, a emissora internacional da Alemanha. Produz jornalismo independente em 30 idiomas. 

A ressurreição do irreal

Sabemos, mas não aprendemos e, assim, nunca corrigimos o erro
 
Por Flávio Tavares

A peste já chegou ao palácio, mas só o rei não vê nem acredita que exista.

A pandemia do coronavírus não é comparável a nenhuma das anteriores e é mais trágica do que todas elas. Nem a peste bubônica da Idade Média ou a “gripe espanhola”, cem anos atrás, ao final da Grande Guerra de 1914-18, foram tão terríveis. Agora, tudo facilita a proliferação - das grandes concentrações urbanas aos transportes rápidos (aviões, automóveis e navios), inexistentes antes.

Mais, ainda: antes não havia a poluição ambiental de hoje, nem o horror do monóxido de carbono, que nós incentivamos com nossos carros e viagens.

Por isso o coronavírus nos faz viver a maior crise sanitária da humanidade, num mundo que, paradoxalmente, pensava conhecer “tudo” sobre contaminação e contágio. A conclusão: sabemos, mas não aprendemos e, assim, nunca corrigimos o erro.

Sim, esta é a maior crise sanitária da humanidade. A velocidade das mortes arrebenta todos os padrões de convivência social e nos obriga a voltar (em parte) a ser insociáveis “homens da caverna” e nos isolarmos num gesto solidário.

A realidade nunca é suficiente quando a ignorância predomina. Ou quando menosprezamos a ameaça em si, abrindo caminho à invencionice e propalando a mentira. E toda mentira é um erro que se torna crime ao ser propagada pelo poder político. Mesmo se for cercado do que pareça “boa intenção”, é (no mínimo) crime por ignorância crassa.

A reiterada posição de Bolsonaro de ignorar o perigo do novo coronavírus não soa, apenas, como mero desinteresse por uma situação que une cientistas e estadistas num idêntico diagnóstico. O presidente do Brasil está na contramão de todas as medidas sanitárias que, no passado, os governantes impuseram ao País. Sim, “impuseram”, pois em momentos de crise aguda cabe ao Estado intervir drasticamente para evitar a hecatombe e sanar o horror. Senão, para que servem os governos? Para proibir rinha de galo, jogo do bicho e radar nas estradas?

Em 1904, no auge da epidemia de varíola no Rio de Janeiro, o governo do presidente Rodrigues Alves instituiu a vacina obrigatória (exigida para ter emprego, viajar e até para casar, num tempo em que casamento era regra) por sugestão de Osvaldo Cruz, nosso cientista maior, diretor de Saúde Pública da então capital da República.

Mas a ignorância e o preconceito da época fizeram o populacho protestar, “ofendido” por expor o braço nu a cicatrizes. O protesto chegou às ruas da então maior cidade do país e passou à História como “a revolta da vacina”, com mortos, feridos e presos.

Ignorar e ser ignorante é mais fácil do que entender o novo e, assim, a dimensão da revolta fez o governo suspender a obrigatoriedade da vacina.

Agora o Brasil vive o oposto do distante 1904, mais de um século atrás. Hoje o presidente da República chefia o grupelho que ignora o alerta da ciência e tem incitado o povo a não se proteger da contaminação da nova peste e a desafiá-la em concentrações de rua.

Num esforço de benevolência, podemos entender que Bolsonaro se julgue “livre” da nova peste por ter sido “atleta” na juventude, como ele disse. Não por acaso, sua nota mais alta na Escola Militar foi em Educação Física, não noutras disciplinas, e ajudou a fortalecer seu sistema imunológico. Mas o nível de compreensão, aparentemente, ficou abaixo da capacidade físico-respiratória.

Muitos ao seu redor no Palácio do Planalto contraíram o novo vírus, menos ele. Isso, porém, demonstra apenas um caso individual, que não define a nova peste como “gripezinha”.

Ainda na contramão do ocorrido em 1904, hoje, Bolsonaro faz da pandemia arma da baixa política e, por exemplo, se atira contra o governador de São Paulo (por sugerir precauções e cuidados) sob pretexto de que Doria Jr. busca apenas suceder-lhe na Presidência da República. O presidente imita o grupelho militar que em 1904 tentou um golpe de Estado a pretexto da “revolta da vacina”.

A assertiva de que a História “só se repete como farsa” continua vigente e se adapta ao momento atual do Brasil por tudo o que diz e faz Jair Bolsonaro.

A feitiçaria “milagreira” com que ele encara o novo vírus levou o País à situação inusitada de a Justiça ter de proibir ou interditar atos ou manifestações do presidente da República que põem em risco a saúde, como ocorreu agora. Ou que até o Facebook e o YouTube tenham retirado as postagens de Bolsonaro por contrariarem a defesa da vida.

Em Roma, o papa Francisco pediu que ninguém fosse à Praça de São Pedro para a bênção Urbi et Orbi, que proferiu sem assistentes. Aqui, porém, Bolsonaro inventa que o vírus não chega a igrejas ou outras aglomerações.

As carreatas absurdas em algumas cidades, de apoio à perigosa lenga-lenga do presidente (e que ele mesmo incentivou) mostram um horror superior à peste - a ressurreição do irreal. Os panelaços foram a resposta.

Flávio Tavares, Jornalista e Escritor, é Professor Aposentado da Universidade de Brasília. Este artigo foi publicado originalmente em O Estado de Sã Paulo, edição de 03.04.20.

Governos precisam levar coronavírus 'a sério', diz brasileira ex-assessora de Trump

Radicada nos EUA desde fim da década de 80, Borio diz que governos têm que agir para evitar mortes
A brasileira Luciana Borio ainda trabalhava como assessora da Casa Branca em maio de 2018, quando alertou, durante um simpósio, que uma pandemia de gripe seria a principal ameaça à segurança sanitária nos Estados Unidos.

"Estamos preparados para responder a uma pandemia? Receio que a resposta seja não", afirmou ela durante uma palestra para marcar o aniversário de 100 anos da pandemia de gripe espanhola.


Luciana Borio

Vivendo desde o fim da década de 80 nos EUA, a brasileira era responsável pela política de preparação médica e biodefesa da unidade de segurança global de saúde do Conselho de Segurança Nacional (NSC, na sigla em inglês), órgão ligado à Presidência.

Naquele mês, no entanto, o presidente Donald Trump decidiu fechar o departamento. Alguns de seus integrantes, como Borio, foram remanejados para outras unidades dentro do NSC.

Agora, o alerta da brasileira volta a ganhar destaque, em meio a uma pandemia de coronavírus que está se espalhando pelos Estados Unidos e ameaça saturar o sistema hospitalar de Nova York.

E principalmente depois que Trump disse no início deste mês que "ninguém sabia que haveria uma pandemia ou epidemia dessa proporção".

Por que o novo coronavírus consegue se propagar com tanta eficiência
Brasil tem mais mortes por dia do que Itália desde 1º óbito por coronavírus
Borio renunciou ao cargo de assessora da Casa Branca em março de 2019, mas nega ter feito isso por causa de mudanças internas. Ela alega que ficou tentada por uma oportunidade em trabalhar para a In-Q-Tel, uma empresa de investimento estratégico em tecnologia de ponta para defesa e segurança nacional.

A brasileira trabalhou no Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca entre 2017 e 2019.

Em entrevista à BBC News Mundo, o serviço de notícias em espanhol da BBC, Borio, que tem especialização em doenças infecciosas, afirma que os Estados Unidos e a América Latina devem fazer de tudo para reduzir o número de infectados com covid-19.

"Se os hospitais ficarem sobrecarregados, não vão poder cuidar dos pacientes e as pessoas morrerão desnecessariamente", diz ela, que também foi cientista-chefe da Food and Drug Administration (FDA, na sigla em inglês), a Anvisa americana.

Confira a seguir os principais trechos da entrevista.

BBC News Mundo - A sra. alertou em 2018 que a principal ameaça à segurança sanitária dos EUA seria uma pandemia de gripe, e que o país não estava preparado para isso. A atual crise do coronavírus mostra que estava certa?

Luciana Borio - Acho que sim. No entanto, não fui a única a fazer essa avaliação. Muitas figuras importantes de saú de pública destacaram há muito tempo os perigos de uma pandemia e trabalharam para combatê-los.

Muitas pessoas estavam trabalhando para aumentar a conscientização e melhorar a preparação de nossa nação sobre como responder (a isso).

BBC News Mundo - E qual sua opinião sobre como os EUA estão respondendo a essa pandemia?

Borio - Muitas coisas ainda precisam ser feitas, como o rápido desenvolvimento de testes de diagnóstico, porque ainda precisamos tentar tomar medidas de saúde pública em pontos críticos emergentes.

Ainda precisamos desenvolver um sistema no qual possamos integrar informações sobre os testes, portanto, precisamos encontrar uma maneira de tornar mais fácil a testagem dos pacientes e a disseminação dos resultados para aqueles que precisam saber disso.

Ainda precisamos de um sistema que adeque o suprimento limitado de itens, como equipamentos de proteção individual e respiradores, a quem ou a locais que mais precisam deles, para ter a alocação de recursos mais justa e eficiente.

Precisamos continuar aumentando as capacidades dos testes clínicos, para avaliar mais rapidamente os diferentes tipos de medicamentos experimentais em desenvolvimento.

Trump fechou unidade onde Borio trabalhava em maio de 2018

Precisamos continuar identificando a melhor estratégia de saúde pública para conter a propagação de doenças em áreas que foram duramente atingidas.

E a capacidade pode continuar a ser desenvolvida em hospitais para cuidar de pessoas doentes.

Há muito o que fazer...

BBC News Mundo - Quanto a situação nos EUA pode piorar nas próximas semanas?

Borio -Acho que estamos vendo isso em Nova York, onde a situação é muito difícil: a densidade populacional é maior lá do que em outras áreas.

E acho que o pior cenário é quando a demanda por atendimento excede as capacidades que o sistema de saúde tem para prestar assistência, porque é quando começaremos a perder vidas e seria uma situação muito trágica.

BBC News Mundo - A sra. concorda com a ideia de que o coronavírus expôs a vulnerabilidade dos EUA à guerra biológica?

Borio -A estratégia nacional de biodefesa que desenvolvemos e publicamos exige medidas a serem tomadas para mitigar as ameaças à saúde, independentemente de sua origem.

Portanto, não importa fundamentalmente se é uma infecção natural, ou se um patógeno foi liberado de propósito ou se foi um acidente de laboratório, porque o que importa é preservar a vida, mitigar os impactos na saúde.

Sabíamos que a vulnerabilidade existe, mas os sistemas fundamentais são os mesmos para todos, independentemente da fonte da ameaça.

BBC News Mundo - Os Estados Unidos poderiam estar mais preparados e responder melhor a essa crise se tivessem mantido a unidade de segurança global de saúde no Conselho de Segurança Nacional?

Borio -Acho que ter o talento e a experiência certos nesses níveis de governo para coordenar esforços é mais crítico do que como eles são organizados.

BBC News Mundo - Mas não foi uma decepção para a sra. ver o desmantelamento de sua unidade?

Borio -Não. Sempre estive muito acostumada a reorganizações e nunca deixei isso afetar minha capacidade de trabalhar.

Portanto, não concordo com a narrativa de que a reorganização dessa unidade teve um impacto negativo.

Há muitas pessoas com quem trabalhei e cujas posições respeito que têm uma opinião diferente da minha. Mas eu não compartilho (das opiniões).

BBC News Mundo - Inicialmente, o presidente Trump disse que queria 'reabrir' os Estados Unidos na Páscoa. Era uma previsão realista? (O presidente depois recuou e estendeu as medidas de isolamento até o dia 30 de abril)

Borio -Não acredito. Acredito ser muito importante proteger a saúde pública, a vida de nossos cidadãos.

E é importante que tenhamos uma estratégia para controlar a epidemia, que garantamos que nossos hospitais estejam bem equipados em termos de pessoas e recursos para lidar com o aumento no número de pacientes.

Sabemos muito bem que, quando voltarmos à vida normal, o número de casos aumentará novamente. Então temos que nos preparar para isso.

BBC News Mundo - Qual conselho daria aos governos da América Latina? Está preocupada com o impacto que esse vírus pode ter na região?

Borio -Estou. Esperamos que haja um impacto sazonal benéfico, para que eles possam obter toda a ajuda possível.

Mas não podemos contar com isso. E eles têm a responsabilidade de cuidar de seus pacientes e da população, garantindo uma saúde de qualidade.

Essa é uma doença realmente grave. E existem ferramentas que podem ser implementadas para mitigar seu impacto.

Recomendo que eles realmente sigam os conselhos da OMS e da OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde) em particular, para tomar medidas e ser um exemplo para o restante do mundo sobre como a doença pode ser contida.

É hora de se destacar, não de negar.

BBC News Mundo - O presidente Jair Bolsonaro minimizou a gravidade da pandemia, comparando-a com um 'resfriadinho' e criticando o fechamento de escolas. Qual é a sua opinião sobre isso?

Borio -É realmente importante que os governos tenham a responsabilidade de mitigar a perda de vidas e apoiar a saúde pública.

É importante que eles levem isso a sério.

A coisa mais importante agora é evitar uma situação em que o número de doentes ultrapasse a capacidade de atendimentos dos hospitais. Isso é o mais perigoso, porque é quando começamos a perder vidas desnecessariamente.

Devemos evitar uma situação em que não possamos prestar assistência médica às pessoas que dela necessitam.

Não é uma doença fácil de tratar.

Meus amigos que trabalham em hospitais e em cuidados intensivos dizem que é uma doença longa e séria.

Gerardo Lissardy
Da BBC News Mundo em Nova York

Coronavírus: com número diário recorde, Brasil tem 58 novas mortes e total vai a 299 2 abril 2020

Todos os Estados do país já têm casos confirmados de coronavírus

O Ministério da Saúde divulgou nesta quinta-feira (02/04) que o número de mortos pelo novo coronavírus no Brasil teve um novo recorde diário — foram 58 óbitos confirmados nas últimas 24 horas, contribuindo para um total de 299 mortes.

Os casos confirmados do novo coronavírus no país chegaram a 7.910 — um avanço de 16% em relação ao dia anterior.

Em número de casos confirmados, continuam liderando os Estados de São Paulo (3.506) e Rio de Janeiro (992). A distribuição pelo país é a seguinte:

Sudeste: ES (120); MG (370); RJ (992); SP (3.506)

Nordeste: AL (18); BA (267); CE (550); MA (71); PB (21); PE (106); PI (19); RN (105); SE (23)

Sul: PR (252); RS (334); SC (247)

Centro-Oeste: DF (370); GO (73); MS (53); MT (36)

Norte: AC (43); AM (229); AP (11); PA (46); RO (10); RR (26); TO (12)

Em número de mortes pelo novo coronavírus, também lidera o Sudeste (234); seguido do Nordeste (43); Sul (11); Centro-Oeste (6); e Norte (5). Apenas o Estado de São Paulo tem 188 óbitos registrados e o Rio, 41, segundo os dados reunidos pelo ministério. Em seguida, vem o Ceará, com 20 mortes confirmadas.

Desde 19/03, a pasta deixou de divulgar a quantidade de casos suspeitos. Desde o dia 21, o órgão passou também a considerar que há casos de transmissão comunitária do vírus em todo o país.

A transmissão comunitária ocorre quando há casos em que não é mais possível identificar a cadeia de infecção. Isso significa que o vírus está circulando livremente na população. A situação é diferente de quando há apenas casos importados ou de transmissão local, em que é possível identificar a origem da infecção.

De acordo com uma análise da Organização Mundial da Saúde (OMS) baseada no estudo de 56 mil pacientes, 80% dos infectados desenvolvem sintomas leves (febre, tosse e, em alguns casos, pneumonia), 14% sintomas severos (dificuldade em respirar e falta de ar) e 6% doença grave (insuficiência pulmonar, choque séptico, falência de órgãos e risco de morte).

Nos casos importados, os pacientes se infectaram em viagens ao exterior. Nos casos de transmissão local, os pacientes se infectaram pelo contato próximo com casos do novo coronavírus.

Estados anunciam medidas

Em todo o país, os estados adotaram medidas para atender as recomendações do ministério. Passaram a ser proibidos eventos de lazer, culturais e esportivos para evitar aglomerações.

Diversas universidades e escolas pelo país suspenderam suas atividades nas redes públicas e particulares. Elas devem ser retomadas a partir do momento em que a situação da pandemia melhorar.

Também foram suspensas as visitas a pacientes internados por causa do novo coronavírus em hospitais públicos e privados e a detentos de unidades prisionais, assim como o transporte de presos para a realização de audiências.

Ainda haverá uma redução do atendimento ao público nas repartições públicas.

Pandemia

Em 11 de março, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou uma pandemia de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, que já infectou 292 mil pessoas e causou 12,7 mil mortes (segundo dados de 22 de março da OMS) em todo o mundo.

A OMS estima que 3,4% dos pacientes morrem por causa da Covid-19, a doença causada por este vírus. Mas especialistas estimam que essa taxa de letalidade gire em torno de 2% ou menos.

O Ministério da Saúde informou que estudos apontam que 90% dos casos do novo coronavírus apresentam sintomas leves e podem ser tratados nos postos de saúde ou em casa.

Mas, entre aqueles que são hospitalizados, o tempo de internação gira em torno de três semanas, o que gera um impacto sobre os sistemas de saúde, de acordo com a pasta, já que os leitos de unidades de tratamento intensivo (UTI) ficam ocupados por um longo tempo. Por isso, o governo vai buscar ampliar o número de leitos de UTI disponíveis.

BBC News Brasil

Bolsonaro ataca novamente

O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), disse que tem uma medida provisória pronta para liberar o comércio nos Estados a partir da próxima segunda-feira (06), caso governadores e prefeitos não relaxem as medidas para contenção do novo coronavírus.

"Eu tenho um projeto (uma minuta) de decreto pronto na minha frente, para ser assinado, se preciso for, considerando atividade essencial toda aquela exercida pelo homem ou pela mulher, toda aquela que seja indispensável para ele levar o pão para casa todo dia", disse o presidente da República na tarde desta quinta-feira (02), em entrevista à rádio Jovem Pan.

O presidente Jair Bolsonaro

"Entre morrer de vírus, que uma pequena minoria vai morrer; e uma parcela maior, que poderá morrer de fome, de depressão, de suicídio, de problemas psiquiátricos entre outros, é uma diferença muito grande. E eu, como chefe de Estado, tenho que decidir. Se tiver que chegar a esse momento, eu vou assinar essa medida provisória", disse Bolsonaro.

Bolsonaro também pediu a governadores e prefeitos que mantêm o comércio fechado que "revejam as suas posições".

"Pode, num momento oportuno caso seja necessário fazer um isolamento, lá na frente, você não ter condições de fazê-lo porque a economia da cidade já foi destruída", disse ele.

"Para abrir o comércio, eu posso abrir numa canetada. Enquanto o Supremo ou o Legislativo não suspender os efeitos do meu decreto, o comércio vai ser aberto. É assim que funciona, na base da lei", afirmou o presidente.

"É o meu sentimento, é o que eu penso. Comecem a abrir (o comércio). Se não querem abrir agora, imediatamente, vai abrindo devagar, que ninguém aguenta mais", disse ele.

'Para abrir o comércio, eu posso abrir numa canetada', disse o presidente da República em entrevista
Ao contrário do que comentou Bolsonaro, no entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) já possui uma decisão sobre este assunto em vigor.

No fim de março, o ministro Marco Aurélio Mello decidiu que uma medida provisória anterior editada por Bolsonaro (a MP 926 de 2020) não retirou dos governadores o poder de interromper momentaneamente os serviços de transporte, ainda que as medidas tenham que ser tomadas em consonância com as orientações do Ministério da Saúde.

Segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, os governadores estão autorizados por uma lei sancionada pelo próprio Bolsonaro em fevereiro a tomar medidas como o fechamento do comércio.

Além disso, a decisão de Marco Aurélio indica que o STF entende que medidas como estas estão no campo da saúde pública — tema que é de competência compartilhada da União, dos governadores e dos prefeitos.

Nos últimos dias, alguns governadores já tomaram decisões prorrogando as medidas de quarentena.

No Distrito Federal, o governador Ibaneis Rocha (MDB) determinou que escolas e universidades sigam fechadas até 31 de maio. Outros estabelecimentos comerciais devem continuar fechados até o dia 03 de maio.

No Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB) prorrogou o fechamento dos shopping até o dia 12 de abril — inicialmente, o fechamento iria até esta sexta (03).

No Rio Grande do Sul, o comércio permanecerá fechado pelo menos até 15 de abril.

'Sufocar a economia para prejudicar o governo'

Na entrevista, Jair Bolsonaro disse acreditar que seus adversários políticos estão tentando "sufocar a economia para desgastar o governo". O presidente disse que precisará de "apoio da população" para tomar medidas mais drásticas para conseguir a abertura do comércio.

"Um presidente pode muito, mas não pode tudo. Eu estou esperando o povo pedir mais. Porque o que eu tenho de apoio são alguns parlamentares. Não é a maioria, mas eu tenho o povo do nosso lado. Eu só posso tomar certas decisões com o povo estando comigo", disse Bolsonaro.

"Mas, na semana que vem, se não começar a volta gradativa ao emprego, eu vou ter que tomar uma decisão. E aí, seja não o que Deus quiser, mas aquilo que o povo brasileiro quiser. Acho que, até a semana que vem, os informais, os celetistas que recebem no dia 05 não vão ter dinheiro", afirmou ele.

Mandetta 'precisa de humildade', critica o Presidente

Em entrevista a rádio, presidente fez sua crítica mais direta até agora ao seu ministro da Saúde
Bolsonaro também fez sua crítica mais direta até agora ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM). Isto porque o ministro vem defendendo medidas de distanciamento social e de quarentena, ao contrário do presidente.

Bolsonaro disse que não pretende demiti-lo agora, mas recomendou "humildade" ao ministro, e disse que ele "extrapolou".

"O Mandetta já sabe que a gente está se bicando tem algum tempo. Eu não pretendo demiti-lo no meio da crise, não pretendo. Agora, ele é uma pessoa que em algum momento extrapolou. Ele sabe que tem uma hierarquia entre nós", disse o presidente.

"Eu sempre respeitei todos os ministros. O Mandetta também, porque ele montou um ministério de acordo com a sua vontade. A gente espera que ele dê conta do recado agora", disse Bolsonaro, ressaltando que "não existe ministro indemissível" em sua equipe.

"O Mandetta quer fazer muito a vontade dele. Pode ser que ele esteja certo. Pode ser. Mas está faltando um pouco mais de humildade para ele, para conduzir o Brasil neste momento difícil que encontramos e que precisamos dele para vencer essa batalha", acrescentou o presidente.

"Eu tenho um projeto (uma minuta) de decreto pronto na minha frente, para ser assinado, se preciso for, considerando atividade essencial toda aquela exercida pelo homem ou pela mulher, toda aquela que seja indispensável para ele levar o pão para casa todo dia", disse o presidente da República na tarde desta quinta-feira (02), em entrevista à rádio Jovem Pan.

"Entre morrer de vírus, que uma pequena minoria vai morrer; e uma parcela maior, que poderá morrer de fome, de depressão, de suicídio, de problemas psiquiátricos entre outros, é uma diferença muito grande. E eu, como chefe de Estado, tenho que decidir. Se tiver que chegar a esse momento, eu vou assinar essa medida provisória", disse Bolsonaro.

Bolsonaro também pediu a governadores e prefeitos que mantêm o comércio fechado que "revejam as suas posições".

"Pode, num momento oportuno caso seja necessário fazer um isolamento, lá na frente, você não ter condições de fazê-lo porque a economia da cidade já foi destruída", disse ele.

"Para abrir o comércio, eu posso abrir numa canetada. Enquanto o Supremo ou o Legislativo não suspender os efeitos do meu decreto, o comércio vai ser aberto. É assim que funciona, na base da lei", afirmou o presidente.

"O Mandetta já sabe que a gente está se bicando tem algum tempo. Eu não pretendo demiti-lo no meio da crise, não pretendo. Agora, ele é uma pessoa que em algum momento extrapolou. Ele sabe que tem uma hierarquia entre nós", disse o presidente.

"Eu sempre respeitei todos os ministros. O Mandetta também, porque ele montou um ministério de acordo com a sua vontade. A gente espera que ele dê conta do recado agora", disse Bolsonaro, ressaltando que "não existe ministro indemissível" em sua equipe.

"O Mandetta quer fazer muito a vontade dele. Pode ser que ele esteja certo. Pode ser. Mas está faltando um pouco mais de humildade para ele, para conduzir o Brasil neste momento difícil que encontramos e que precisamos dele para vencer essa batalha", acrescentou o presidente.

BBC News Brasil

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Governo calcula que 24,5 milhões de trabalhadores terão salário reduzido ou contrato suspenso

Programa Emergencial de Manutenção do Emprego permitirá a redução de jornada e salário em 25%, 50% e até 70% por até três meses

O governo calcula que 24,5 milhões de trabalhadores com carteira assinada receberão o benefício emergencial para manutenção do emprego. 

Isso significa que eles serão afetados por medidas de redução de jornada e salários ou suspensão de contratos. Apesar disso, a equipe econômica estima que o programa salvará 8,5 milhões de postos de trabalho ao dar alívio momentâneo às empresas.

Num cenário sem as medidas, o governo estima que as demissões poderiam atingir até 12 milhões de trabalhadores. Com o programa emergencial, as dispensas devem ser menores. Ainda assim, 3,2 milhões de trabalhadores devem perder o emprego – eles receberão todos os benefícios já existentes hoje, como seguro-desemprego e multa de 40% sobre o saldo do FGTS.

O Programa Emergencial de Manutenção do Emprego anunciado hoje pelo governo permitirá a redução de jornada e salário em 25%, 50% e até 70% por até três meses por meio de acordos individuais, entre empregador e empregado, ou coletivos. A medida também permite a suspensão dos contratos por até dois meses. Ao todo, o Ministério da Economia estima que o programa vai custar R$ 51,2 bilhões aos cofres públicos.

O empregado terá estabilidade no emprego por um período igual ao da redução de jornada ou suspensão de contrato.

“Queremos manter empregos e trazer tranquilidade para as pessoas. Criamos um benefício que protege o empregado e também as empresas”, disse o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco. Ele garantiu que as medidas não reduzirão o salário-hora do empregado e, na soma do salário e do benefício emergencial, “sempre será mantido salário mínimo”.

Segundo Bianco, os acordos para redução de jornada ou suspensão de contrato poderão ser individuais nos casos de trabalhadores com remuneração de até três salários mínimos (R$ 3.135), uma vez que nesses casos “haverá pouca redução salarial”.

Empregados que ganham acima disso, mas abaixo de duas vezes o teto do INSS (R$ 12.202,12), só poderão ter redução de jornada acima de 25% ou suspensão de contrato por meio de acordo coletivo. Quem ganha acima dos R$ 12,2 mil é considerado hipersuficiente segundo a última reforma trabalhista e poderá negociar individualmente com a empresa.

O governo pagará uma parte do seguro-desemprego a que o trabalhador teria direito se fosse demitido. Na redução da jornada, o porcentual será equivalente à redução da jornada (25%, 50% ou 70%). Se a empresa e o trabalhador optarem por um corte menor que 25%, o empregado não receberá o benefício emergencial. Acima de 25% e abaixo de 50%, o valor será de 25% do seguro-desemprego. Com redução acima de 50% e abaixo de 70%, a parcela será de 50%. Os valores do seguro-desemprego, que servirão de referência para o cálculo do benefício emergencial, ficam hoje entre R$ 1.045 e R$ 1.813,03.

Os acordos precisarão ser comunicados aos sindicatos das categorias
As empresas poderão oferecer outras vantagens para os trabalhadores aceitem os acordos - o que seria vantajoso, uma vez que a demissão seria mais custosa para a empresa. Essa compensação, porém, será opcional, a não ser no caso das empresas com receita bruta acima de R$ 4,8 milhões, que são obrigadas a pagar uma compensação equivalente a pelo menos 30% do salário.

A ajuda compensatória mensal eventualmente concedida pelo empregador não terá natureza salarial, não integrará a base de cálculo do Imposto de Renda (IRPF), não integrará a base de cálculo da contribuição previdenciária e dos demais tributos incidentes sobre a folha de salários e não integrará a base de cálculo do valor devido ao FGTS.

Idiana Tomazelli, Lorenna Rodrigues e Julia Lindner, O Estado de S.Paulo
01 de abril de 2020 | 19h41

6 mil e 800 infectados e 240 mortes no Brasil

Alemanha prolonga restrições de contato até 19 de abril. Casos na Espanha passam de 100 mil. Infecções na China voltam a subir.

Mundo tem mais de 900 mil casos confirmados, mais de 46 mil mortes e 193 mil pacientes recuperados

EUA temem mais de 240 mil mortes devido ao coronavírus

Número de infecções na China volta a subir

Casos confirmados na Espanha passam de 100 mil

Alemanha prolonga restrições de contato até 19 de abril 

A seguir, a pandemia pelo mundo:

19:30 –  em Glasgow, é adiada

A COP26, cúpula da ONU sobre mudanças climáticas prevista para ocorrer em Glasgow, na Escócia, em novembro, foi adiada para 2021 por conta da pandemia de coronavírus, lançando novas incertezas nas negociações sobre o combate ao aquecimento global.

O encontro de duas semanas visava alcançar um novo compromisso internacional com o Acordo de Paris sobre o clima, de 2015. Contudo, com os anfitriões britânicos e outros países lutando para conter a pandemia de coronavírus, a organização decidiu adiar a cúpula para dar aos governos mais tempo para se preparar.

"Continuaremos a trabalhar incansavelmente com nossos parceiros para apresentar a ambição necessária para enfrentar a crise climática, e estou ansioso para chegar a uma nova data para a conferência", disse o ministro britânico dos Negócios, Alok Sharma, que será presidente da COP26.

18:30 – Brasil confirma primeiro caso de coronavírus em indígena

O Brasil confirmou nesta quarta-feira o primeiro caso de coronavírus entre indígenas. A paciente é uma jovem de 20 anos da etnia kokama, que trabalha como agente de saúde indígena e é moradora da aldeia São José, no município de Santo Antônio do Içá, no oeste do Amazonas.

Ela é uma das 27 pessoas que vinham sendo monitoradas após entrarem em contato com um médico que trabalha no município, que recebeu diagnóstico positivo depois de retornar de férias.

Após a confirmação, duas aldeias inteiras no estado foram colocadas em isolamento, a fim de prevenir a disseminação do vírus entre indígenas: a primeira foi a aldeia Lago Grande e, em seguida, a de São José, onde moram a jovem de 20 anos e outros mais de mil indígenas.

17:30 – Brasil tem 6.836 casos confirmados e 240 mortes por coronavírus

O Ministério da Saúde informou que o Brasil registrou mais 39 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas, elevando para 240 o total de vítimas no país. O número de casos confirmados subiu para 6.836, um aumento de 20% em relação ao dia anterior, quando havia 5.717 casos.

A região Sudeste concentra 60% dos casos confirmados, enquanto o Nordeste tem 15%, o Sul, 12%, Centro-Oeste, 8%, e Norte, 5%. O estado mais afetado é São Paulo, com 2.981 casos e 164 mortes, seguido do Rio de Janeiro, com 832 infecções e 28 mortes, e Ceará, com 444 casos e oito mortes.

17:05 – Japão proíbe entrada de viajantes de 73 países, incluindo Brasil

O Japão reforçou as restrições às chegadas ao país, proibindo a entrada de viajantes provenientes de 73 países e impondo uma quarentena a todos os outros, para combater a propagação do coronavírus. As novas medidas, anunciadas pelo primeiro-ministro Shinzo Abe, entram em vigor na sexta-feira.

Já estava em vigor no Japão a proibição de entrada no país de pessoas que tenham estado nas últimas duas semanas em 24 países, entre os quais Itália, Espanha, França, Alemanha, Austrália e Irã. Abe disse que o nível de alerta foi elevado para 49 outros Estados, entre eles Brasil, Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Coreia do Sul e Chile, abrangendo agora 73 países.

Além disso, todos os viajantes, japoneses ou estrangeiros, que chegarem de outros países excluídos da medida terão de cumprir um período de isolamento de 14 dias, em casa ou num hotel.

O Japão registou um aumento recente de infecções, sobretudo em Tóquio, com dezenas de novos casos todos os dias. O país soma até ao momento mais de 2 mil infecções e 57 mortes, sem contar os 712 casos e 11 mortes no cruzeiro Diamond Princess, ancorado no porto de Yokohama.

16:30 – Wimbledon é cancelado pela 1ª vez desde a Segunda Guerra

O torneio de Wimbledon, que seria disputado de 29 de junho a 12 de julho, foi cancelado devido à pandemia de covid-19, marcando a primeira suspensão desde a Segunda Guerra Mundial. Assim, a 134ª edição do Grand Slam londrino ocorrerá de 28 de junho a 11 de julho de 2021.

"Com a possibilidade de as medidas impostas pelo governo continuarem por vários meses, acreditamos que foi preciso uma ação responsável para proteger o grande número de pessoas necessárias para preparar Wimbledon", informa o torneio em comunicado.

"O cancelamento de Wimbledon é a melhor decisão para o interesse da saúde pública, e ter tomado essa decisão agora, e não daqui a várias semanas, é importante para todos os envolvidos no tênis", acrescentou o texto.

Esta é a 11ª vez na história que o torneio precisa ser cancelado. Foram necessários quatro cancelamentos durante a Primeira Guerra Mundial e seis durante a Segunda. As instalações do torneio foram bombardeadas várias vezes pelas tropas alemãs. Wimbledon é o Grand Slam mais antigo dos quatro (Aberto da Austrália, Roland Garros e US Open), criado em 1888.

16:00 – Argentina proíbe demissões por 60 dias

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, emitiu um decreto proibindo demissões de funcionários pelos próximos 60 dias. A nova regra faz parte das medidas de emergência pública tomadas pelo governo diante da pandemia de coronavírus.

O país está em quarentena total e obrigatória desde o dia 20 de março até pelo menos 13 de abril, podendo ser prorrogada caso o governo entenda ser necessário.

O decreto determina que estão proibidas as demissões e suspensões "sem justa causa ou por conta de redução de trabalho e força maior". Fica definido também que as demissões que violarem o decreto ficarão sem efeito, e as relações trabalhistas existentes seguirão vigentes.

O texto afirma que "é essencial permitir mecanismos para salvaguardar a segurança de renda dos trabalhadores, mesmo quando eles não possam prestar serviços, pessoalmente ou de maneiras alternativas previamente acordadas".

15:20 – Senado do Paraguai aprova adiar eleições para 2021

O Senado paraguaio aprovou nesta quarta-feira o adiamento para 2021 das eleições municipais marcadas para 29 de novembro deste ano, devido à crise do coronavírus. A medida segue agora para aprovação da Câmara dos Deputados.

O texto final dos senadores não define uma nova data para o pleito, apenas estabelece que as eleições municipais "serão adiadas por até um ano", diante "dos riscos do direito à vida [...] como consequência da emergência de saúde declarada pelo vírus", que já deixou 69 infectados e três mortos no Paraguai.

Assim, o mandato dos atuais prefeitos e vereadores, inicialmente eleitos para cinco anos de gestão (2015-2020), também seria prorrogado "por até um ano".

O Senado também definiu que as eleições internas dos partidos e movimentos políticos, de onde sairão os candidatos para os pleitos municipais, ocorrerão "em qualquer domingo entre 90 e 120 dias antes da data indicada" para as novas eleições.

15:00 – Chefe da OMS "profundamente preocupado" com rápida escalada do vírus

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou em coletiva de imprensa nesta quarta-feira que está "profundamente preocupado com a rápida escalada e a disseminação global da infecção" por coronavírus.

"Ao longo das últimas cinco semanas, testemunhamos um crescimento quase exponencial no número de novos casos em quase todos os países, territórios e áreas", disse.

"O número de mortes mais que dobrou na semana que passou. Nos próximos dias, alcançaremos um milhão de casos confirmados e 50 mil mortes", previu o chefe da OMS.

14:30 – Itália registra menor aumento diário de mortes em uma semana

O número de mortos por covid-19 na Itália chegou a 13.155 nesta quarta-feira. Em 24 horas, o país confirmou 727 mortes, marcando o menor registro diário desde 26 de março.

Dados da Defesa Civil italiana mostram, porém, que o número de infecções cresceu mais acentuadamente. Foram 4.782 novos casos desde terça-feira, elevando o total para 110.574.

A Itália é o país com maior número de mortos por coronavírus do mundo, sendo responsável por cerca de 30% de todas as vítimas globais. Em número de pacientes infectados, a nação europeia só perde para os Estados Unidos, com quase 200 mil casos confirmados.

13:00 – Crise do coronavírus dificulta previsão do tempo

A suspensão de grande parte do tráfego aéreo devido à pandemia do coronavírus está dificultando a previsão do tempo e observações meteorológicas. Faltam dados para os modelos meteorológicos, normalmente coletados por sensores de aviões, segundo informou a Organização Mundial de Meteorologia (OMM), com sede em Genebra (Suíça).

A confiabilidade das previsões do tempo poderia diminuir se houver ainda menos dados durante um período mais prolongado de tempo, segundo a OMM. Os modelos de meteorologia precisam de muitos dados sobre a situação atual para fazer previsões. Os sensores dos aviões fornecem informações sobre temperaturas, velocidades e direções dos ventos, umidade do ar e turbulências.

O órgão ainda informou que tempestades são mais difíceis de prever nesse contexto, o que poderia representar um risco para países que precisam de previsões bastante antecipadas para se preparar para desastres climáticos.

12:50 – Alemanha prolonga restrições de contato até 19 de abril

 A Alemanha vai estender as restrições atualmente vigentes no país para conter a disseminação do coronavírus por duas semanas, até o dia 19 de abril. A decisão foi anunciada pela chanceler federal Angela Merkel em coletiva de imprensa por áudio, após uma videoconferência com governadores estaduais.

"Avaliamos a situação hoje e confirmamos que as restrições vão valer até e inclusive no dia 19 de abril", afirmou Merkel. Após ser tratada por um médico diagnosticado com covid-19, a chanceler federal entrou em quarentena em sua casa e passou por três testes para a doença nos últimos dias, e todos deram negativo. O último resultado foi divulgado nesta segunda.

Segundo informações divulgadas por assessores de Merkel, ainda não é possível saber se as medidas, como proibição de reuniões de mais de duas pessoas em público e fechamento de escolas e creches, tiveram efeito na propagação do coronavírus.

"Vamos reavaliar a situação na terça-feira após a Páscoa (14/04)", disse Merkel, mencionando que ainda não há uma data concreta para reabertura das instituições de ensino no país.

Segundo a Universidade Johns Hopkins, a Alemanha tem mais de 74 mil casos de covid-19 confirmados, 821 mortes e 16.100 pacientes recuperados.

12:00 - Bolsonaro apaga vídeo com crítica a governadores

Após a imprensa mostrar que era falso o relato de um homem que aparece em vídeo divulgado por Bolsonaro em redes sociais, denunciando o suposto desabastecimento na Ceasa de Belo Horizonte e culpando governadores e suas medidas de isolamento para conter o coronavírus, o presidente apagou

Petrobrás vai reduzir produção

A petroleira estatal Petrobras anunciou um novo corte em sua produção por causa da "que se configura a pior crise da indústria do petróleo nos últimos 100 anos". A partir desta quarta-feira, a produção de petróleo será reduzida em 200 mil barris diários. A medida foi anunciada em meio à queda da demanda devido à crise do coronavírus.

11:20 - Alemanha pede que seus cidadãos não residentes deixem o Brasil enquanto há voos

A Embaixada da Alemanha no Brasil publicou um comunicado em seu site e redes sociais pedindo que seus cidadãos que estão no Brasil temporariamente – ou seja, que não são residentes, mas estão como turistas ou em contratos de trabalho de curta duração, por exemplo – deixem o país e retornem à Alemanha enquanto há opções de voos.

Em seu site, a representação diplomática destaca que, por conta da pandemia de covid-19, há restrições à entrada de estrangeiros em território brasileiro. "Desde 23 de março, o Brasil proíbe a entrada de [pessoas vindas de] áreas de risco da covid, incluindo a União Europeia", diz o texto. "A entrada de estrangeiros por fronteiras terrestres ou marítimas é agora basicamente proibida e somente possível em casos excepcionais muito limitados."

De acordo com a embaixada, as seguintes conexões do Brasil para a Europa ainda estão disponíveis:

Lufthansa - de São Paulo para Frankfurt: 2, 4 e 6 de abril, às 18h15

KLM/Air France - de São Paulo para Amsterdã/Paris: 3 e 6 de abril, às 14h55; do Rio de Janeiro para Paris: 8 e 15 de abril, às 22h

Alitalia - de São Paulo para Roma: 2 de abril às 14h35

TAP - de São Paulo para Lisboa: 1º de abril, 16h45

A embaixada aponta que "um acordo entre a autoridade brasileira de aviação civil e as companhias aéreas Latam, Gol e Azul garante que voos regulares a partir das capitais de todos os estados brasileiros e 19 outras cidades brasileiras para o resto do país serão mantidos durante o mês de abril".

10:30 - Após defender união, Bolsonaro compartilha vídeo com críticas a governadores

Depois de mudar o tom combativo do seu discurso das últimas semanas e pregar união e colaboração em seu pronunciamento na TV na noite de terça-feira, o presidente da República, Jair Bolsonaro, compartilhou nesta quarta-feira um vídeo com críticas a governadores.

No vídeo, um homem, que não se identifica e afirma estar na Ceasa de Belo Horizonte, aponta um suposto desabastecimento causado por medidas de isolamento social, enquanto culpa governadores e diz que Bolsonaro defende uma "paralisação responsável". Ele ainda fala que  os governadores tentam "ganhar nome e projeção política".

Ao postar o vídeo, Bolsonaro escreveu: "Não é um desentendimento entre o Presidente e ALGUNS governadores e ALGUNS prefeitos. São fatos e realidades que devem ser mostradas. Depois da destruição não interessa mostrar culpados."

Segundo a mídia, Bolsonaro compartilhou uma versão editada do vídeo. Na versão original, o homem fala em "corja de governadores canalhas". O vídeo na íntegra foi publicado pelo site Poder 360.

No pronunciamento de terça-feira, o presidente não repetiu o discurso que vinha sustentando nas últimas semanas de defesa do fim da quarentena horizontal, e defendeu "um grande pacto" entre as autoridades "pela preservação da vida e dos empregos".

10:00 – Casos confirmados na Espanha passam de 100 mil

O número de infecções pelo coronavírus Sars-Cov-2 passaram de 100 mil na Espanha nesta quarta-feira. Segundo monitoramento da Universidade Johns Hopkins, o número de pessoas com resultado positivo para infecção pelo vírus é de, atualmente, 102.136, o que torna o país o terceiro com mais contágios, atrás de Estados Unidos (quase 190 mil) e Itália (mais de 105 mil).

A Espanha é o segundo país com maior número de fatalidades decorrentes da doença covid-19, causada pelo coronavírus: são 9.053. A Itália tem 12.428 mortes.

Segundo o Ministério da Saúde espanhol, 864 pessoas morreram em decorrência do vírus em 24 horas – o maior aumento registrado num dia. Também foi o quinto dia seguido com mais de 800 mortes.

Espanha é o segundo país com mais mortes por covid-19, atrás da Itália

09:50 - Comissão Europeia propõe esquema para redução de jornada de trabalho

A Comissão Europeia propôs, nesta quarta-feira, um esquema de redução de horas de trabalho para evitar perda de empregos, com complementação de salários por parte dos Estados-membros, à medida que a pandemia de coronavírus atinge economias nos 27 países bloco.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou a proposta por vídeo divulgado na internet. Ela não detalhou como o programa seria financiado, dizendo apenas que seria garantido por todos os países da União Europeia. Mais detalhes devem ser dados na quinta-feira.

A ideia é baseada no modelo alemão Kurzarbeit, no qual o governo paga parte do salário de um trabalhador quando as empresas cortam suas horas diante de uma desaceleração, para impedir que haja perda de empregos.

De acordo com Von der Leyen, a Europa pode aprender lições com a crise financeira de 2008, e ficou claro que países que implementaram a medida conseguiram transpor a recessão sem tanta perda de postos de trabalho.

"Empresas estão pagando salários a seus funcionários, mesmo que não estejam ganhando dinheiro. A Europa agora apoiará essas empresas", disse Von der Leyen. "O objetivo é ajudar Itália, Espanha e todos os outros países que foram duramente atingidos [pela pandemia]. Isso poderá ser feito graças à solidariedade de outros Estados-membros", afirmou.

09:00 - No Panamá, homens e mulheres sairão de casa em dias alternados

A partir desta quarta-feira, homens e mulheres no Panamá só poderão sair de suas casas em dias alternados, conforme nova medida anticoronavírus imposta pelo governo federal do país. Mulheres poderão sair às segundas, quartas e sextas-feiras, e homens, às terças, quintas e sábados. Aos domingos, ambos devem ficar em casa.

Segundo o Ministério da Saúde panamenho, a medida pretende reduzir a circulação de pessoas nas ruas pela metade. As regras mais rígidas foram impostas depois que muitas pessoas falharam em seguir a quarentena anunciada pelo presidente Laurentino Cortizo em 25 de março.

Grupos ativistas LGBT manifestaram preocupação com a medida. A Associação de Homens e Mulheres do Panamá argumenta que viola os direitos das pessoas transgênero.

"Que garantia eu tenho de que não serei detido e multado pelas autoridades se eu apresentar uma identidade feminina ou masculina que não corresponda aos meus documentos pessoais?", questiona o chefe da organização, Ricardo Beteta.

Atualmente, o país da América Central tem 1.181 casos confirmados de covid-19 e 30 mortes em decorrência da doença.

05:10 – EUA têm mais de 4 mil mortos por coronavírus

O número de mortes devido a infecções pelo coronavírus Sars-Cov-2 ultrapassou 4 mil nos Estados Unidos. Segundo apuração da Universidade Johns Hopkins na manhã desta quarta-feira (01/04), os EUA têm 189.633 casos confirmados de infecção pelo Sars-Cov-2, quase 4.100 mortes e 7.136 pacientes recuperados.

De acordo com a instituição, o número de mortos pela pandemia mais que dobrou em quatro dias. O número de infecções dos EUA é o maior do mundo.

04:38 – Especialistas esperam entre 100 mil e 240 mil mortes devido a coronavírus nos EUA

Os dois maiores especialistas do governo americano na linha de frente do combate à pandemia do coronavírus Sars-Cov-2 projetaram na terça-feira que o número de mortes devido a infecções pelo vírus podem chegar a até 240 mil. O número mínimo de fatalidades poderá ser de 100 mil, disseram os pesquisadores em coletiva de imprensa na Casa Branca.

Anthony Fauci, especialista em doenças infecciosas, e Deborah L. Birx, que coordena as respostas do governo para a pandemia, disseram que o cálculo de 240 mil mortes é "o nosso número real" , mas pediram que fosse feito todo o possível para reduzi-lo.

Fauci e Birx ainda alertaram que o número de mortes pode vir a ser ainda maior se os cidadãos não cumprirem as severas regras de contenção do avanço do vírus. Os modelos que mostraram na coletiva, segundo o diário The New York Times, apontaram para 2,2 milhões de mortes possíveis se nada tivesse sido feito para impedir a disseminação do Sars-Cov-2, causador da doença respiratória covid-19.

Segundo o jornal, o presidente Donald Trump, que no início da crise havia minimizado a pandemia, ecoou o alerta dos especialistas de levar a sério as medidas restritivas. "Quero que cada americano esteja preparado para os tempos difíceis que virão", disse Trump, que previu "uma luz no fim do túnel", mas alertou que "vamos enfrentar duas semanas muito duras".

02:48 – Número de infecções na China volta a subir com novo método de contagem

O número de casos confirmados de infecção pelo coronavírus na China voltou a subir em comparação com o dia anterior e devido à implementação de um novo método de contagem. Segundo dados da Comissão de Saúde de Pequim, pela primeira vez, as estatísticas oficiais estão contabilizando casos de pessoas que tiveram resultado positivo para o coronavírus Sars-Cov-2, mas que não apresentaram sintomas. Segundo a comissão, houve 130 novos casos desse tipo registrados entre terça-feira e quarta-feira (01/04).

Fonte: Deutsche Welle, a emissora internacional da Alemanha; Produz jornalismo independente em 30 idiomas.