O crime organizado busca se infiltrar nas eleições municipais e pretende formular leis. Por isso, é preciso que a Justiça apresente uma resposta imediata a essa tentativa. Quem diz isso é a presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Cármen Lúcia.
Ministra Carmen Lúcia (Crédito da foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE)
Em entrevista publicada neste domingo (29/9) no jornal O Globo, a ministra diz que o plano das facções é “bastante grave” e não pode ser subestimado. Nesse sentido, segundo ela, a Justiça tem feito um cruzamento de dados para acompanhar o tema.
O trabalho é feito por um grupo de especialistas do Ministério Público e da Polícia Federal para verificar se pedidos de registro de candidatura foram feitos por pessoas envolvidas em processos ligados a organizações criminosas.
Segundo a ministra, existe o risco de que a tentativa de infiltração dos criminosos na política alcance as esferas estaduais e até nacionais. “É grave esse atrevimento criminoso”, disse ela.
Ainda sobre a atuação das facções, a ministra disse que a Justiça traçou uma “estratégia robusta” para garantir a segurança das eleições. O plano envolve todas as polícias estaduais e federais e conta ainda com o reforço das Forças Armadas.
Ela acrescenta que nestas eleições, pela primeira vez, foi determinado que houvesse a presença de um juiz em todos as cidades do país no dia da eleição. “Essa estratégia foi implementada para que os eleitores se sintam seguros e protegidos, tanto física quanto legalmente, em todo o território nacional”, disse.
Pancadaria
Cármen Lúcia também criticou os recentes episódios de violência na campanha eleitoral deste ano. Para ela, candidatos que partirem para a agressão física durante os debates devem ser punidos. “Como pode alguém que se apresenta de forma agressiva ser um pacificador quando assumir o cargo?”, questionou a ministra.
Segundo ela, o ambiente violento é estimulado pelas redes sociais e por aquilo que ela já classificou de “algoritmo do ódio”. Contudo, o impacto dessa tecnologia, nestas eleições, não tem alcançado os níveis observados em pleitos anteriores.
“Tem um algoritmo perigoso. É evidente que alguém está ganhando muito com isso. Mas acho que esse impacto do algoritmo na eleição é muito menos do que se esperava. Os eleitores estão mais preocupados com questões práticas do dia a dia.”
Publicado originalmente pelo Consultor Jurídico, em 30.09.24
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