Cacife político da emedebista cresceu no PT após desempenho nas pesquisas e resposta a Bolsonaro sobre assassinato de Celso Daniel
Simone Tebet e Bolsonaro durante o debate da TV Globo nesta quinta-feira (29) Reprodução
Independentemente da colocação em que Simone Tebet termine a corrida eleitoral – se em terceiro, à frente de Ciro Gomes (PDT), ou em quarto – a candidata do MDB à presidência já se transformou em um ativo político cobiçado pelos petistas.
Nas últimas semanas, emissários de Lula procuraram aliados de Simone para abrir negociações para que ela venha a ocupar um ministério se Lula ganhar no primeiro turno, ou para que ela declare publicamente apoio ao petista em caso de a corrida eleitoral enverede pelo segundo turno.
A candidata até agora não permitiu nenhuma aproximação maior, com medo de que informações a esse respeito pudessem empurrar seu eleitor para o voto útil já no primeiro turno.
Mas interlocutores dela no MDB e no PSDB, além de aliados na campanha, dizem que ela aceita conversar sobre apoio em segundo turno e participação no governo. E apostam inclusive nas pastas que ela gostaria de ocupar, caso o flerte político se transforme em namoro: educação e desenvolvimento social.
Para o núcleo político da campanha de Lula, Simone "mudou de tamanho" nesta campanha e demonstrou que pode ajudar a atrair eleitores de centro para a campanha de Lula, em caso de segundo turno, ou para a base do governo.
A emedebista também cresceu no conceito dos petistas com a resposta a Bolsonaro sobre o assassinato de Celso Daniel durante o debate da Globo.
Como a vice de Tebet, Mara Gabrilli (PSDB), entrou na carreira política acusando lideranças petistas de participação na morte do ex-prefeito de Santo André, o PT já temia que Bolsonaro tentasse uma dobradinha com Simone sobre o tema.
Simone, porém, não acolheu a provocação do presidente da República, e respondeu que faltava a ele coragem para perguntar diretamente a Lula sobre o caso.
"Ela em nenhum momento foi ofensiva e nem agressiva com Lula e agiu de forma muito leal", disse um integrante da coordenação de campanha de Lula que tem trabalhado pela aproximação.
Uma das razões pelas quais o MDB apostou na candidatura de Simone como terceira via, ao invés de compor chapa com algum outro partido, foi o fato de que o MDB rachou na pré-campanha.
Uma ala queria seguir com Lula e outra, com Bolsonaro. Em julho, a ala lulista chegou até a ensaiar uma rebelião. Líderes de 11 diretórios do partido declararam apoio ao ex-presidente e tentaram obrigar a legenda a rifar Simone.
Nos últimos meses, vários dos candidatos a governador do MDB e PSDB fizeram campanha para outros presidenciáveis ou esconderam Simone em em suas campanhas.
Com o resultado das últimas pesquisas (ela apareceu 1 ponto percentual à frente de Ciro no Datafolha e empatada com Ciro no Ipec), Simone encerra a campanha como figura nacionalmente conhecida e moderada - tipo de aliado que interessar muito a Lula a partir da segunda-feira, esteja ele já eleito ou não.
Malu Gaspar, Jornalista, para O Globo. Publicado originalmente em 02.010.22, às 04h03.
Nenhum comentário:
Postar um comentário