sábado, 19 de fevereiro de 2022

Arquivos Nacionais confirmam que Trump levou material confidencial da Casa Branca para sua mansão

O órgão público encaminha o caso das 15 caixas recuperadas de Mar-a-Lago ao Ministério da Justiça

Mansão do ex-presidente Donald Trump em Mar a Lago, Flórida. (Joe Raele, AFP)

Ao deixar o cargo de presidente dos Estados Unidos, Donald Trump levou documentos confidenciais e informações valiosas para a segurança nacional da Casa Branca para sua mansão em Mar-a-Lago, na Flórida, conforme confirmado pela Administração dos Arquivos Nacionais na sexta-feira. NARA). O órgão público encarregado de guardar os registros dos presidentes norte-americanos apontou que o republicano não entregou determinados registros das redes sociais e que encaminhou o caso ao Departamento de Justiça. Trump tentou impedir a divulgação dos documentos, mas a Suprema Corte o obrigou a devolvê-los 

O Comitê de Supervisão da Câmara enviou uma carta ao Arquivo Nacional para descobrir se as 15 caixas que eles recuperaram de Trump continham material classificado. Na carta de resposta, o arquivista dos Estados Unidos, David S. Ferriero, responsável pela agência, responde que sim e ressalta que o governo republicano não mantinha determinados registros das redes sociais. A lei exige que os registros presidenciais sejam de propriedade do governo, não do presidente.

“Em junho de 2018, a NARA soube por um artigo do Politico que o ex-presidente Trump estava rasgando os registros presidenciais e que os funcionários da Casa Branca estavam tentando colá-los”, escreveu Ferriero à congressista democrata Carolyn Maloney, presidente do comitê. Maloney já havia alertado em dezembro de 2020 suas “sérias preocupações” de que o governo republicano não estava “preservando adequadamente os registros” e poderia estar “se livrando deles”.

A agência observou que alguns funcionários da Casa Branca repetidamente conduziram negócios oficiais usando contas pessoais de telefone e mensagens, violando a Lei de Registros Presidenciais. Essa falta é comum entre os funcionários do governo. O próprio Trump atacou Hillary Clinton em 2016, quando eles estavam concorrendo à presidência dos EUA, por ela ter manipulado incorretamente seu e-mail para lidar com questões de segurança nacional.

Entre os documentos estavam cartas do líder norte-coreano Kim Jong-un e a nota deixada para ele por seu antecessor, Barack Obama, em seu último dia no Salão Oval. Trump disse que as 15 caixas continham "cartas, registros, jornais, revistas e itens diversos" que ele pretendia exibir na Biblioteca Presidencial Donald J. Trump aberta ao público.

Antonia Laborde, de Washington, DC, para o EL PAÍS, em 18.02.22. Antonia Laborde é Correspondente em Washington desde 2018. Trabalhou na Telemundo (Espanha), no jornal econômico Pulso (Chile) e no meio online El Definido (Chile). Mestre em Jornalismo pelo EL PAÍS.

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