terça-feira, 15 de junho de 2021

PSDB define modelo de prévias que impõe derrota a Doria

Proposta do governador que reforçava peso do votos dos filiados é derrotada em reunião da Executiva Nacional

O governador João Doria durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes Foto: Governo do Estado de São Paulo

A proposta do governador João Doria de reforçar o peso do voto dos filiados nas prévias do PSDB foi derrotada por 21 votos a 11 na reunião Executiva Nacional do partido realizada nesta terça-feira, 15, mas ele se diz confiante de que vai vencer a disputa interna. “Não fui eleito com o voto da máquina, mas do povo”, afirmou o tucano ao Estadão. 

Os aliados do governador queriam eleições diretas, mas diante da derrota iminente fizeram uma tentativa de redução de danos: dividir o colégio eleitoral em dois blocos, sendo que 50% dos peso seriam dos filiados e outros 50% dos mandatários e dirigentes. 

Pela resolução aprovada, o colégio eleitoral será formado por quatro grupos de votantes, com peso unitário de 25% do total de votos. Os grupos são: filiados (grupo 1); prefeitos e vice-prefeitos (grupo 2); vereadores, deputados estaduais e distritais (grupo 3); e governadores, vice-governadores, ex-presidentes e o atual presidente da Comissão Executiva Nacional, deputados federais e senadores.

“Se tem uma coisa que me estimula é quando há dificuldade para se alcançar um resultado. As prévias não dividem, mas estimulam a militância e consolidam a candidatura”, concluiu Doria.

A resolução, que segue a proposta apresentada pela Comissão das Prévias, foi defendida pelo presidente do partido, Bruno Araújo. “Esse modelo prestigia o equilíbrio entre os filiados e detentores de mandato, que são mais de 5.000. Dá chance real a todos”, disse o dirigente ao Estadão. 

Como São Paulo tem 22% dos 1,36 milhão de filiados do PSDB, o modelo que dava peso maior para a base favoreceria o governador. 

Quatro nomes já se apresentaram como presidenciáveis tucanos. 

Além de Doria, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o senador Tasso Jereissati (CE) e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio. As primárias estão marcadas para 21 de novembro. 

De acordo com o novo calendário aprovado pela Executiva, os candidatos farão suas inscrições em 20 de setembro, com início dos debates em 18 de outubro. A comissão das prévias que elaborou o relatório inicial foi formada pela prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro; o presidente do PSDB-SP, Marco Vinholi; o senador Izalci Lucas (DF); os deputados federais Pedro Vilela e Lucas Redecker; e o ex-deputado Marcus Pestana, sob a coordenação do ex-presidente do PSDB, José Aníbal.

A leitura de tucanos ouvidos pela reportagem após a reunião da executiva é que o placar da votação simboliza as dificuldades de Doria na burocracia partidária e nas bancadas. O preferido nestas duas frentes, que representam a maioria do colégio eleitoral, é o senador Tasso Jereissati. O problema, dizem integrantes da cúpula do PSDB, é que Tasso não tem feito movimentos claros de que deseja realmente concorrer. 

Nesse cenário, o governador Eduardo Leite (RS) é visto como um “plano B”. Os “doristas” por sua vez, apostam na vacina como o “Plano Real” do governador paulista e acreditam que ele vai crescer nas próximas pesquisas. Para compensar a desvantagem na máquina, Doria vai fazer uma ofensiva junto aos mandatários do PSDB nos estados: vereadores, prefeitos, vice prefeitos, deputados estaduais, governadores e vices.       

Pedro Venceslau, O Estado de S.Paulo, em 15.06.21, atualizado às 18h14

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