terça-feira, 22 de setembro de 2020

Brasil passa de 138 mil mortes por covid-19; mais 836 óbitos são registrados em 24h

O Brasil chegou a um total de 138.108 mortes e 4.591.604 casos oficialmente confirmados de covid-19, segundo o boletim do Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass) desta terça-feira (22/9).

Desse total, foram registrados nas últimas 24 horas 836 óbitos e 33.536 novos casos da doença.

O Estado com o maior número de óbitos é São Paulo (34.266), seguido pelo Rio de Janeiro (17.798) e Ceará (8.850).

O Brasil ultrapassou a marca de 100 mil mortes por covid-19 no dia 8 de agosto e continua como o segundo país do mundo com maior número de mortes na pandemia do novo coronavírus, depois apenas dos Estados Unidos, que tem mais de 199 mil mortes pela covid-19, segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins.

O Brasil foi superado em número de casos, entretanto, pela Índia, (5,3 milhões), agora em segundo lugar depois dos EUA (6,7 milhões de casos).

Fonte: BBC News / Brasil

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

País tem 136.997 óbitos confirmados e 4.547.150 diagnósticos de Covid-19.

O Brasil tem 136.997 mortes por coronavírus confirmadas até as 13h desta segunda-feira (21), segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde.

Desde o balanço das 20h de domingo (20), 7 estados atualizaram seus dados: BA, CE, GO, MG, MS, RN e RR.

Veja os números consolidados:

136.997 mortes confirmadas

4.547.150 casos confirmados

Às 8h, o consórcio publicou a primeira atualização do dia com 136.923 mortes e 4.544.347 casos.

No domingo, às 20h, o balanço indicou: 136.895 mortes, 330 em 24 horas. Com isso, a média móvel de novas mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 747 óbitos, uma variação de -5% em relação aos dados registrados em 14 dias.

Em casos confirmados, já são 4.544.262 brasileiros com o novo coronavírus desde o começo da pandemia, 15.915 desses confirmados no último dia. A média móvel de casos foi de 30.587 por dia, uma variação de -10% em relação aos casos registrados em 14 dias.

Progressão até 20 de setembro

2 estados apresentaram alta de mortes: RJ e RO.

Estados

Subindo (2 estados): RJ e RO

Em estabilidade, ou seja, o número de mortes não caiu nem subiu significativamente (14 estados): PR, RS, MG, SP, GO, MS, MT, AP, PA, BA, MA, PE, PI e RN

Em queda (10 estados e o DF): SC, ES, DF, AC, AM, RR, TO, AL, CE, PB e SE

Essa comparação leva em conta a média de mortes nos últimos 7 dias até a publicação deste balanço em relação à média registrada duas semanas atrás (entenda os critérios usados pelo G1 para analisar as tendências da pandemia).

Por G1 - 21/09/2020 08h00  Atualizado há 6 horas

Huck fala em desejo de ‘liderar uma geração’ na política; ‘Estou aqui’, diz sobre 2022

Apresentador foi questionado se ‘tem coragem’ de ser candidato a presidente durante reunião em São Paulo

O apresentador de TV Luciano Huck (sem partido), cotado para disputar a Presidência em 2022, chamou para si nesta segunda-feira, 21, o protagonismo em debater e propor medidas para transformações sociais, econômicas e ambientais no País. Em reunião do Conselho Político e Social (Cops) da Associação Comercial de São Paulo da qual o Estadão participou, ele disse querer “mobilizar, liderar e fomentar uma geração”. 

Huck foi questionado por um integrante do Cops se “tem coragem” de ser candidato a presidente. “Estou aqui”, respondeu, antes de ponderar que, por enquanto, se vê como “cidadão ativo” e dizer que atua sem intenções de poder.

“Eu quero mobilizar, liderar, fomentar uma geração para que a gente participe ativamente das transformações que o Brasil precisa. Ninguém vai entregar isso de graça para a gente”, disse Huck em relação a desigualdades sociais no País. “Sobre a questão da coragem (de se candidatar a presidente), estou aqui, não é? Estou aqui conversando sobre temas que não são óbvios para mim, como energia, reformas. Tenho estômago para ouvir opiniões diversas, para estar em cena num momento tão delicado do País. Neste momento, estou sentado aqui como cidadão ativo, que está no debate público.”

O apresentador evitou falar diretamente da próxima eleição presidencial e pediu foco aos temas das cidades em função do pleito deste ano. “(Não quero) personificar ou ‘fulanizar’, em mim ou outra pessoa, um debate eleitoral majoritário que não está em voga neste momento. Isso mais atrapalha que ajuda, e Brasil afora tem gente mais preocupado com a eleição (de 2022) do que em atender as necessidades das pessoas. Temos neste ano um ciclo eleitoral nas cidades e a política começa nas cidades.”  

Entusiasta de movimentos de renovação e formação política como o RenovaBR e o Agora!, Huck disse que o caminho para melhorar a situação do País está na política. “Só o Estado, que é gerido pela política, tem o poder exponencial de transformação. E a política é gerida pelos políticos. Acho importante esta convocação geracional, atrair o que tem de melhor na sociedade civil para chegar perto da política.”

Huck afirmou que vê o Brasil sem lideranças que promovam o debate. “A demonização da política e a não harmonia entre Poderes estão ligadas à questão da liderança. (É preciso) uma liderança que concilie e dialogue, e não que assopre brasa com discursos sectários. Precisamos retomar o diálogo.”   

A participação de Huck na reunião do Cops estava marcada para acontecer em março deste ano, mas foi adiada por causa da pandemia de coronavírus e por isso aconteceu nesta segunda.

‘O lugar do Brasil é como a maior potência verde do planeta’

Huck também falou sobre sustentabilidade e defendeu que o Brasil se torne uma nação agroindustrial sustentável, aliando o potencial da agronegócio à preservação ambiental. Para ele, esta é uma forma de atrair investimentos e transformar o País em uma “potência verde”. 

“O mundo quer investir em economias limpas”, disse. “É uma oportunidade de ouro com o nosso potencial. Precisamos de lideranças que enxerguem com clareza essa oportunidade. O que tem prevalecido nos últimos anos é a visão que endossa o extrativismo predador. A aceleração do desmatamento, a não importância (dada) às queimadas como não as estivéssemos vendo. Essa é a década da bioeconomia, com floresta em pé.”

Huck diz ver convergências entre bandeiras do agronegócio e do ativismo ambiental. “Converso com os dois lados e encontro pontos em comum”, afirmou, sem dar exemplos. “Dá para romper com o litígio. Precisamos romper radicalmente com o debate raso, o litígio entre agricultura e meio ambiente, produção e sustentabilidade.”

Matheus Lara, O Estado de S.Paulo - 21 de setembro de 2020 | 13h39

A aritmética da demagogia

O pensamento mágico pode até iludir alguns eleitores, mas causa mais danos ao País, no longo prazo, do que a pandemia

Visto de Brasília, o Brasil é um paraíso tão pródigo que, nele, as leis da matemática não se aplicam. No pensamento mágico predominante na capital federal, o Orçamento tende ao infinito – nele cabe tudo, fazendo com que a soma das partes supere sempre, de longe, o todo. 

Já se sabe, por exemplo, que, tudo o mais constante, não há dinheiro para produzir um programa de transferência de renda que ao mesmo tempo compense o fim do auxílio emergencial para quem ficou à míngua na pandemia e substitua com vantagens o Bolsa Família, como queria o presidente Jair Bolsonaro, de olho no potencial eleitoral de tal iniciativa.

Quando a equipe econômica sugeriu que o programa fosse bancado com o congelamento das aposentadorias ou com a abolição de outros benefícios sociais, o presidente Bolsonaro foi às redes sociais para desancar seus assessores, acusando-os de falta de compaixão com os mais pobres – como se não fosse ele o presidente da República e, portanto, responsável por tudo de bom e de ruim que seu governo produz. Como Bolsonaro não demitiu até agora nenhum de seus desalmados economistas, presume-se que talvez aceite suas ideias, desde que sejam tratadas com discrição.

Para todos os efeitos, contudo, Bolsonaro anunciou que havia desistido do Renda Brasil, como disse em sua agastada mensagem, acrescentando que o assunto estava “proibido” no governo e que manteria o que já existe – o Bolsa Família – e “ponto final”. Mas eis que o “ponto final”, menos de 24 horas depois, se tornou vírgula.

O relator do Orçamento de 2021, senador Marcio Bittar (MDB-AC), foi a Bolsonaro para lhe propor que o natimorto Renda Brasil fosse revivido. A ideia, segundo disse o parlamentar, é incluir o programa bolsonarista no Orçamento agora, mas sem especificar de onde viria o dinheiro para financiá-lo. O objetivo seria, em suas palavras, “evitar informações desencontradas, que vazam, em que pesem terem lógica, mas acabam abortadas”. Para o senador, “não adianta agora a gente especular do que vai tirar, de onde vai cortar”.

Por esse raciocínio, tudo poderia ser incluído no Orçamento, já que a decisão sobre quais serão as fontes de financiamento, crucial em qualquer planejamento, fica para depois. É espantoso, mas muito característico da fantasia fiscal brasiliense.

Bolsonaro, é claro, esqueceu-se rapidamente de seu peremptório “ponto final” e deu sinal verde ao relator do Orçamento para retomar a ideia de um novo programa de transferência de renda, que teria enorme potencial eleitoral. Autorizado pelo presidente, o senador Marcio Bittar foi conversar com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para tentar encontrar a quadratura do círculo – isto é, criar um novo auxílio sem fazer sacrifícios de qualquer natureza, vedados pelo presidente Bolsonaro.

A promessa é que o tal programa e talvez sua fonte de financiamento sejam revelados nesta semana, mas, a julgar por tudo o que se especulou, a realidade de hoje, de penúria fiscal e falta de alternativas, não terá mudado até lá: “Quero saber de onde o governo vai tirar para dar R$ 300 (valor atual do auxílio emergencial). Sei que nessa questão vamos ter muita dificuldade”, disse o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), designado presidente da Comissão Mista de Orçamento.

O fato, incontornável, é que o fim do auxílio emergencial lançará em breve milhões de brasileiros em angustiante incerteza, uma vez que a economia, embora com alguns sinais de recuperação, está muito longe de prover os empregos e a renda necessários para tanta gente vulnerável. Por isso, é claro que o governo e o Congresso devem se mobilizar para encontrar meios de amparar esses cidadãos enquanto a crise não passa. Mas a emergência não pode servir de pretexto para a irresponsabilidade fiscal eleitoreira travestida de socorro, enquanto se mantêm privilégios e se adiam as reformas que dariam ao Estado condições de fazer frente a crises como essa. O pensamento mágico pode até iludir alguns eleitores, mas causa mais danos ao País, no longo prazo, do que a pandemia.

Editorial / Notas & Informações, O Estado de S. Paulo - 21 de setembro de 2020 | 03h00



sexta-feira, 18 de setembro de 2020

A ostentação da burrice

                                

                              Bolsonaro insiste em fazer propaganda da cloroquina  / Reprodução

Para quem ainda observa de casa e em quarentena o Brasil de Bolsonaro, o mais excruciante é a ostentação da asneira. O presidente e sua corte não disfarçam a ignorância em todos os aspectos da vida, da economia ao meio ambiente, sexo, ciência, educação e cultura. Eles se superam a cada dia. Trombeteiam o desconhecimento. Só isso explica que Bolsonaro tenha dito ontem que as escolas não deveriam ter sido fechadas nem um só dia na pandemia. Nenhum presidente no mundo ousou dizer tal besteira. 

"Nós falamos naquele momento, conforme alguns estudos pelo mundo, que as crianças e os jovens, uma vez acometidos pelo vírus, a chance de partirem para a letalidade era próxima de zero", ressaltou Bolsonaro. "Eu entendo que alguns governadores foram tomados pelo pânico, proporcionado por essa mídia catastrófica que nós temos no Brasil. Não é uma crítica à imprensa, é uma constatação. Me desculpem". 

Além de ser uma mentira, até as crianças perguntariam: “Mas, presidente, e os professores e os serventes, e meus pais, meus avós? O senhor queria que eu fosse egoísta e contaminasse a todos em volta?” Desculpe, presidente, mas sua linguagem é tosca. Morte é “partir para a letalidade”? Seus ataques destemperados à imprensa confirmam sua insegurança. “Catastrófica” não é a mídia, mas sua gestão fake, presidente. Não é uma crítica, mas uma constatação.

Não podemos exigir sensatez e empatia de um ex-capitão nostálgico da ditadura militar, fã de torturadores e expulso do Exército por indisciplina. Seus filhos se apoiam na ressurreição da censura e em privilégios especiais para driblar investigações por corrupção. Na liderança do país e até de seu próprio gabinete ministerial, Bolsonaro é um desastre. Diz e se desdiz. Veta seu próprio veto. Endeusa e frita. Sua ausência de discernimento na diplomacia está destruindo o “made in Brazil”. Nossa marca é corroída. Nossa democracia também. Estamos queimando florestas e nosso filme.

Até aí, nenhuma novidade. Você pode até dizer que a ignorância é tática eleitoral. Não seria uma burrice sincera, mas uma falsificação oportunista e deliberada da verdade. A insistência em afirmações facilmente desmascaradas – sobre a eficiência da cloroquina ou o respeito à Floresta Amazônica – pode ser simplesmente uma obsessão por “fake news” como método.  

“Uma mentira dita mil vezes torna-se verdade”, dizia Joseph Goebbels, ministro da propaganda na Alemanha nazista. Nesse cenário, o jornalismo profissional, que vive da busca da verdade, é mesmo um inimigo. Por isso o presidente quer “encher a boca do repórter de porrada” e sua ameaça é aceita como normal pelo muy amigo da República, nosso procurador-geral, Aras, que desmerece o significado do prenome Augusto, o venerável. 

Como manter a esperança e a sanidade no apocalipse? Como não entrar em pânico diante da mistura de nacionalismo, armas, fanatismo religioso, milícia e desprezo por fatos e números? Alguns se refugiam na fé. Não é meu caso. A saída pode ser o aeroporto. 

A opção mais admirável é resistir e se aferrar à perspectiva histórica dos ciclos da humanidade, com suas pestes, seus êxodos, suas crises e guerras convencionais ou civis. Não sejamos ingênuos. Não vamos melhorar nem renascer após a pandemia. Mas “todo cambia”, como canta Mercedes Sosa. Devemos olhar Bolsonaro como uma “corcova da História” e não como uma tendência. Essa expressão é do economista Sérgio Besserman, um estudioso da tribo global do homo sapiens. Besserman enxerga benefícios na pandemia, entre eles a falência do “mais, mais e mais” e do “ter, ter e ter”. 

“Estamos numa revolução do porte do Iluminismo, do Renascimento. Tudo isso é amendoinzinho (peanuts) comparado com as próximas décadas. Se não fizermos nada, iremos para o pior cenário do aquecimento global. Para a extinção das espécies. O mundo precisa se preocupar com 100 anos à frente. Parecia que estava tudo bem? Metade dos gases estufa da atmosfera foi emitida nos últimos 30 anos, quando a gente já sabia de tudo e não fazia nada. E por isso a adolescente sueca Greta Thunberg tem razão”. 

Em novembro, na eleição presidencial americana, o mundo decidirá se a corcova se prolongará ou não. Se Trump for reeleito, sua vitória dará legitimidade ao discurso de Bolsonaro e de autoritários nacionalistas, populistas e xenófobos, como Orbán na Hungria, Erdogan na Turquia, Maduro na Venezuela, Putín na Rússia, Modi na Índia, Boris na Grã-Bretanha. 

Se Joe Biden derrotar Trump, Bolsonaro ficará sem seu maior aliado na ostentação da mentira e do “bullshit”. Besserman vai além: “Todos esses nacionalistas, ressentidos e saudosistas de ditaduras, de impérios, ou da sharia (a lei islâmica), se tornarão um bando de meia dúzia de malucos com a brocha na mão”. Assim espero. O desejo não move o mundo?

Ruth de Aquino, a autora deste artigo, nasceu no Rio de Janeiro. Jornalista desde 1974. Mestrado em Londres sóbre Ética na imprensa. Foi repórter, editora, diretora de redação, correpsondente em Londres e Paris. Escreve sobre o ser humano e suas contradições. Email; ruth.aquino@globo.com.br. Este artigo foi publicado originalmente por Época, em 19.09.2010.

Mundo chega a 30 milhões de casos de covid-19 e países retomam lockdowns

Novo aumento no número de casos e mortes na Europa já motivam governos a retomar medidas mais severas de isolamento; EUA, Brasil e Índia ainda lideram número de casos e mortes

Os contágios de covid-19 no planeta superaram a marca dos 30 milhões, de acordo com o levantamento em tempo real da Universidade Johns Hopkins. O número de mortes, segundo a mesma instituição, ultrapassou os 945 mil. Apesar do avanço da pandemia, países adotam lockdowns parciais e tentam retomar a 'normalidade' enquanto não há perspectiva de uma vacinação universal a curto prazo. 

Nesta sexta-feira, o governo do Reino Unido advertiu que poderá retomar o confinamento na Inglaterra após observar o aumento do número de casos, com as taxas de hospitalização dobrando a cada oito dias, segundo o Ministério da Saúde.

PIB Reino Unido

Homem usando máscara caminha em rua comercial vazia em Londres. Foto: Tolga Akmen/AFP

"Queremos evitar um confinamento nacional, mas estamos preparados para fazer isso, se necessário", disse o ministro da Saúde, Matt Hancock, à rede BBC. "Estamos preparados para fazer o que for necessário, tanto para proteger vidas, quanto para proteger a economia." 

De acordo com Hancock, novas restrições serão aplicadas a partir desta sexta em partes do nordeste da Inglaterra. Em várias cidades da região, que somam quase dois milhões de habitantes, ficará proibido o encontro entre pessoas que vivam em casas diferentes, e todos os locais de entretenimento terão de permanecer fechados entre 22h e 05h.

Além da Inglaterra, Israel começou a aplicar um segundo lockdown de sua população nesta sexta-feira devido ao ressurgimento da pandemia no país, que tem a maior taxa de contágio das últimas duas semanas.

O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu alertou sobre "um aumento preocupante de infecções e pacientes gravemente doentes" para justificar o confinamento de três semanas, que coincide com alguns dos principais feriados judaicos, como o Yom Kipur. Um lockdown foi imposto no final de março e levantado em maio com a diminuição das contaminações, mas na semana passada os novos casos atingiram máximas diárias de mais de 5 mil diagnósticos positivos.

Israel / Coronavirus


        Judeus ultraortodoxos rezam separados por barreiras de plásticos em sinagoga. Foto: AP                                                                            Photo/Oded Balilty

A lista dos mortos - que já são 946.685 no mundo - é encabeçada pelos Estados Unidos, com 197.633. Na sequência, Brasil e Índia somam 135.031 e 84.372 mortes, respectivamente. Quanto ao número de casos, os três países também ocupam os primeiros lugares do ranking, com Brasil e Índia invertendo de posição.

OMS faz alerta sobre níveis de contágio 

Nesta semana, a Organização Mundial da Saúde alertou que o nível de transmissão da covid-19 na Europa está mais alto do que na primeira onda da pandemia, entre março e abril. A entidade se declarou preocupada com a redução do tempo de quarentena decidida ou planejada por alguns países, como a França. 

Novos surtos da epidemia e a maior quantidade de testes, em comparação com a onda de março-abril, levaram o número diário de casos a algo entre 40 mil e 50 mil. Na primeira onda, o dia 1º de abril registrou o recorde de 43 mil contágios, de acordo com a OMS Europa. O novo recorde absoluto diário foi registrado em 11 de setembro, com 54 mil contágios em 24 horas.

Austria Coronavirus


Em frente ao Palácio de Hofburg, algumas pessoas usam máscara. Foto: Leonhard Foeger

Na Áustria, que vem apresentando números tão altos quanto no primeiro semestre, o premiê Sebastian Kurz admitiu nesta semana que a intensidade dos novos contágios já configura uma segunda onda. O país retomou medidas restritivas. “A partir de agora, eventos em locais fechados não poderão ter mais de 10 pessoas. Estamos diante de um crescimento exponencial de novos casos na Áustria”, afirmou o premiê.

 “Os números de setembro deveriam servir de alerta para todos nós na Europa, onde o número de casos é superior aos registrados em março e abril”, disse o diretor da OMS no continente, Hans Kluge, que pediu atenção com a chegada do outono e com o início do ano escolar.

O governo da Grécia também adotou restrições, fechando bares de música ao vivo por 14 dias e tornando obrigatório o uso de máscaras em locais fechados – públicos e privados. Feiras e mercados abertos só poderão operar com 50% da capacidade. Além disso, diante do aumento dos contágios, Atenas e sua região metropolitana foram colocadas em alerta.

Espanha coronavirus


No centro de Madri, pessoas usam máscaras para tentar conter avanço do novo coronavírus. Foto: AP Photo/Manu Fernandez

Na Espanha, a maior preocupação é com Madri, a capital que responde por quase um terço dos 122 mil novos casos registrados nas últimas duas semanas. O  Ministério da Saúde alertou que a capacidade de alguns hospitais madrilenhos está perto do limite. A velocidade dos contágios também começou a afetar a capacidade de testagem. No país, 13% dos testes têm resultado positivo, cenário agravado na capital, onde o índice de positividade chega a 22%.

Olivier Véran, ministro da Saúde da França, incluiu as cidades de Lyon e Nice na lista de “zonas vermelhas” do país na quinta-feira, 17. O país agora tem 28 departamentos em estado crítico, entre eles Paris, Marselha, Bordeaux e Guadalupe, ilha francesa no Caribe. “Peço que, especialmente nas regiões mencionadas, os esforços sejam redobrados e para reduzir o número de encontros entre as pessoas”, afirmou.

Na América Latina e no Caribe, o coronavírus já provocou mais de 318 mil mortes e 8,5 milhões de contaminações. No Peru, onde há mais de 750 mil casos, o toque de recolher noturno e de domingo será flexibilizado graças a uma melhora recente nos números.  / AFP, Reuters e EFE 

Publicado originalmente por O Estado de S.Paulo, 18.09.20, atualizado às 14,09 hs.

O Brasil tem 135.203 mortes por coronavírus confirmadas até as 13h desta sexta-feira (18)

Desde o balanço das 20h de quinta-feira (17), 8 estados atualizaram seus dados: BA, CE, GO, MG, MS, PE, RN e RR.


Veja os números consolidados:

135.203 mortes confirmadas

4.466.828 casos confirmados

Às 8h, o consórcio de imprensa publicou a primeira atualização do dia com 135.066 mortes e 4.457.569 casos.

Na quinta-feira, às 20h, o balanço indicou: 135.031 mortes, 857 em 24 horas. Com isso, a média móvel de novas mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 779 óbitos, uma variação de -9% em relação aos dados registrados em 14 dias.

Sobre os infectados, já são 4.457.443 brasileiros com o novo coronavírus, 35.757 desses confirmados no último dia. A média móvel de casos foi de 31.097 por dia, uma variação de -22% em relação aos casos registrados em 14 dias.

Progressão até 17 de setembro

No total, 2 estados apresentaram alta de mortes: RO e PE

A BA e o AP, que apresentavam tendência de queda nos óbitos, agora estão estável. O DF e os estados de MT, PI, SE e TO estavam em estabilidade e, hoje, mostram queda.

Estados

Subindo (2 estados): RO e PE.

Em estabilidade, ou seja, o número de mortes não caiu nem subiu significativamente (11): PR, RS, MG, RJ, SP, GO, MS, AP, PA, BA e MA.

Em queda (13 estados e o DF): SC, ES, DF, MT, AC, AM, RR, TO, AL, CE, PB, PI, RN e SE.

Essa comparação leva em conta a média de mortes nos últimos 7 dias até a publicação deste balanço em relação à média registrada duas semanas atrás (entenda os critérios usados pelo G1 para analisar as tendências da pandemia).

Fonte: G1 / O Globo, Globo News

"Monitoramento da Amazônia corre risco real sob Bolsonaro"

Em entrevista, Gilberto Câmara, ex-diretor do Inpe, diz que governo brasileiro inventa inimigos ao atacar instituto e tenta desviar foco, enquanto floresta queima por inação das autoridades.

Floresta destruída nos arredores de Apuí, no Amazonas

Responsável há 30 anos pelo sistema de monitoramento via satélite da Amazônia, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) voltou a ser atacado pelo governo Jair de Bolsonaro.

Após a alta recorde na primeira quinzena de setembro das queimadas na maior floresta tropical e na maior área inundável do mundo, o Pantanal, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que os dados não seriam reais e que "alguém no Inpe é contra o governo".

Para Gilberto Câmara, ex-diretor do Inpe e candidato ao cargo novamente, os ataques demonstram o desespero do governo frente à repercussão internacional e sua incapacidade de resolver o problema.

Em entrevista à DW Brasil, Câmara diz enxergar um risco real de interrupção da divulgação pública dos índices de desmatamento e queimada.

Deutsche Welle: Diante da alta das queimadas na Amazônia e em outros biomas, o vice-presidente Hamilton Mourão voltou a atacar os dados produzidos via observação de satélites pelo Inpe e afirmou que "alguém no Inpe é contra o governo". Como você, ex-diretor da instituição e candidato que concorre ao posto neste momento, olha para essas críticas? Elas têm algum fundamento?os.

Gilberto Câmara: É uma continuação do que já vem acontecendo desde que Jair Bolsonaro atacou Ricardo Galvão (ex-diretor do Inpe, exonerado em agosto de 2019 por rebater os ataques de Bolsonaro sobre taxas de desmatamento na Amazônia).

O Inpe está reproduzindo uma realidade, o Inpe não está fazendo política. E o Inpe mostrou que as queimadas aumentaram muito na Amazônia, apesar da promessa de que o governo agiria. Mas o governo não está agindo, de jeito nenhum. Está acontecendo uma situação em que o governo, na falta de qualquer alternativa, vai atrás de inimigos.

A lógica é: se você não está fazendo nada, tem que arrumar alguma coisa para fazer para justificar a sua falta de ação. Foi exatamente o que aconteceu no ano passado, a repetição dessa ideia de que tem um monte de inimigos no Inpe e que estão trabalhando contra o governo e que, portanto, os dados são ruins porque é o Inpe que produz. Eles não aceitam a realidade de que tudo esteja queimando.

É uma mentira total e deslavada. É uma tentativa meio desesperada, uma tentativa de desviar o foco sobre a própria incompetência do governo de agir. De certa forma é simples de entender, embora seja duro de aguentar.

Você vê riscos reais ao trabalho feito pelo Inpe e ao futuro das pesquisas desenvolvidas no instituto e a divulgação ampla e pública dos dados.

Vejo, claro. Se você admite que o Inpe é uma instituição científica séria, você não pode questionar os dados. O desespero é tal que seria preciso fechar o Inpe, fechar os dados, censurá-los, parar de produzi-los para que não tivéssemos mais os dados da Amazônia. Assim, eles (o governo Bolsonaro) poderiam produzir os próprios dados dizendo mentiras.

É um cenário real. Ele depende, evidentemente, da reação da população. Pelo Mourão, ele já teria feito isso. Mas não fez ainda porque as pessoas, a imprensa, estão preocupadas. Mas, se deixarem, Mourão faz isso.

Eu vejo riscos concretos. Porque ele está desesperado. Quem está desesperado toma decisões desesperadas.

Recentemente, o Ministério da Defesa manifestou o interesse na compra de um novo satélite para produzir dados sobre desmatamento da Amazônia, o que o Inpe faz há 30 anos. Essa decisão teria a ver com esse cenário que citou?

São coisas diferentes. Isso seria um gasto de dinheiro que não vai para lugar algum. É preciso distinguir entre o satélite e a interpretação do satélite. O ministério queria contratar um satélite que não vai servir para nada, porque não tem condição de medir o desmatamento da Amazônia. É um satélite feito para monitorar gelo, no Ártico. Um satélite finlandês, muito bom para gelo, muito ruim para floresta.

Mas isso, de novo, é aquela manobra de fake news. Eu forço uma mentira, ou uma não verdade, para desviar a atenção da realidade. Eles dizem que o que falta é satélite, o que falta é dado, mas o que falta é a fiscalização. Os dados estão aí. O Brasil já reduziu desmatamento em 80% com os mesmos dados do Inpe.

Quais seriam as consequências para o Brasil se, de fato, o governo deixasse de publicar os dados sobre desmatamento e queimada de forma aberta?

Seriam terríveis. Acaba de sair uma carta assinada por embaixadores criticando o Brasil pelo desmatamento.

Acho que o objetivo do governo é criar condições para fechar o Inpe, no sentido de que o instituto deixe de produzir dados, tirar essa função dele. O desespero está muito grande. Nós iremos viver momentos difíceis. Dependemos muito da reação da sociedade. Ano passado foi o Galvão, agora vemos isso de novo.

Consequências óbvias são que o Brasil vai aumentar sua posição de pária. E isso não vai facilitar em nada qualquer acordo comercial. Vários setores exportadores da economia dependem do fato de o governo conseguir baixar o desmatamento. Ações no sentido de prejudicar o Inpe atingem, de fato, muito o instituto, mas prejudicam muito mais o Brasil. Só que esse governo está achando que consegue que a sociedade engula isso. Então haverá muita briga na sociedade.

Como está o processo para a escolha do novo diretor do Inpe, cargo que você já ocupou e ao qual concorre novamente?

Eu não sei o que vai acontecer. Vamos ter que esperar.

Fonte: Deutsche Welle

França reitera oposição ao acordo Mercosul-UE

Após receber relatório de especialistas, governo em Paris diz que continua contra pacto comercial com sul-americanos devido a motivos ambientais, formulando três "exigências", incluindo a contenção do desmatamento.

Queimada em Apuí, no Amazonas

Destruição da Amazônia: relatório diz que pacto com Mercosul pode acelerar o desmatamento na América do Sul

O governo francês anunciou nesta sexta-feira (18/09) que mantém sua oposição ao acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul devido a motivos ambientais e formulou três "exigências", incluindo o respeito ao Acordo de Paris.

Paris anunciou sua posição após receber um relatório encomendado pelo governo francês a uma comissão de especialistas independentes para analisar os riscos ambientais do acordo, enquanto crescem na Europa as vozes reticentes à sua entrada em vigor.

O estudo, que  havia sido adiantado pelo jornal Le Monde nesta quinta-feira, apontou que o pacto tem potencial de acelerar ainda mais o desmatamento na América do Sul e não prevê mecanismos suficientes para assegurar o combate às mudanças climáticas e proteção da biodiversidade.

Na avaliação da comissão de experts, o acordo de livre-comércio deve favorecer a abertura de novas áreas de pastagem no bloco sul-americano, com objetivo suprir o aumento da produção de carne bovina destinada à UE. Segundo os cálculos do painel, o ritmo de desmatamento pode aumentar a uma taxa anual de 5% nos seis anos seguintes à implementação do acordo. A destruição poderia chegar a 700.000 hectares (uma área maior que o Distrito Federal).

O informe estima também que "entre 4,7 milhões e 6,8 milhões de toneladas equivalentes de CO2" seriam geradas pelo acordo. Os especialistas ainda questionam se os "ganhos econômicos" do pacto superam "os custos climáticos", com base em um valor de carbono de 250 euros por tonelada.

O documento, de 184 páginas, também classifica o atual acordo entre a UE e o Mercosul, formalizado em junho de 2019, como uma "oportunidade desperdiçada" por parte do bloco europeu. Segundo os especialistas, não foram obtidas garantias suficientes para fins ambientais e sanitários.

Segundo o comunicado emitido pelo governo nesta sexta, o relatório ressalta "o insuficiente nível de ambição” do projeto do acordo comercial como ferramenta para conseguir que os países do Mercosul tenham mais consideração pela biodiversidade e o problema climático.

"O projeto de acordo não contém nenhuma disposição que permita controlar as práticas dos países do Mercosul em matéria de luta contra o desmatamento. Sobretudo isso é o que falta a esse acordo, e essa é a razão principal pela qual as autoridades francesas se opõem ao projeto em seu estado atual", declarou o governo.

Em nota, o gabinete do primeiro-ministro francês, Jean Castex, apontou que a UE deve continuar negociando com o Mercosul para garantir três pontos: frear o desmatamento; o respeito ao Acordo de Paris sobre o clima; e que os produtos importados dos países do bloco sul-americano cumpram as normas ambientais e sanitárias europeias.

Críticas a Bolsonaro

Para entrar em vigor, o acordo – fechado em junho 2019 após 20 anos de negociações – depende da ratificação de todos os países envolvidos. À época, o governo do presidente Jair Bolsonaro celebrou o desfecho como um triunfo da política externa, mas não parou de se antagonizar em questões ambientais com vários países da UE, reforçando rapidamente a resistência ao pacto.

A França, que nunca demonstrou entusiasmo com a iniciativa por temores em relação ao seu próprio setor agrícola, acabou liderando a reação. No ano passado, o presidente Emmanuel Macron colocou como condição para a implementação do acordo de livre-comércio um reforço da proteção ambiental no Brasil. Em junho, ele explicou que o pacto foi finalmente fechado porque Bolsonaro oferecera garantias de preservação do meio ambiente brasileiro.

No entanto, em julho-agosto do mesmo ano, diante do crescimento dramático do desmatamento e queimadas no Brasil, Macron disse que pretendia bloquear a ratificação do acordo por causa da política ambiental de Bolsonaro. Na ocasião, o francês também acusou o brasileiro de mentir sobre compromissos firmados na área ambiental para garantir o sucesso do acordo.

As acusações provocaram uma reação furiosa e grosseira de Bolsonaro. O brasileiro chegou a endossar uma postagem de um seguidor no Twitter com comentários ofensivos sobre a aparência da primeira-dama Brigitte Macron, sugerindo que o francês teria "inveja" de Bolsonaro. Antes disso, Bolsonaro também cancelou em cima da hora um encontro com o ministro francês Jean-Yves Le Drian, em Brasília, e transmitiu uma live no barbeiro no mesmo horário em que a reunião deveria ocorrer.

Após Macron reagir, outros países europeus seguiram o exemplo diante da falta de ações do governo brasileiro em conter o desmatamento. Três parlamentos na Europa (Áustria, Holanda e o da região da Valônia, na Bélgica) já anunciaram que não darão seu aval ao acordo. O governo da Irlanda também já se manifestou nesse sentido.

Até o mês passado, a Alemanha ainda constava entre os defensores europeus do acordo. No ano passado, a chanceler federal Angela Merkel chegou a defender publicamente o pacto contra as críticas do Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão. 

Mas no fim de agosto, Merkel, em um claro recado ao Brasil, disse ter "sérias dúvidas” sobre a implementação do acordo. Sua ministra da Agricultura já se posicionou contrFrança reitera oposição ao acordo Mercosul-UE

Após receber relatório de especialistas, governo em Paris diz que continua contra pacto comercial com sul-americanos devido a motivos ambientais, formulando três "exigências", incluindo a contenção do desmatamento.

Fonte: Deutsch Welle.

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Com recorde de queimadas no Pantanal, Bolsonaro diz que Brasil 'está de parabéns' na preservação do meio ambiente

Na quarta-feira (16), um grupo de oito países enviou uma carta ao governo brasileiro afirmando que o desmatamento pode prejudicar as compras de produtos brasileiros

O presidente Jair Bolsonaro Foto: Marcos Correa / Divulgação O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (17) que o “Brasil está de parabéns” pela forma como preserva o seu meio ambiente. A declaração foi dada durante a inauguração de uma usina fotovoltaica no interior da Paraíba e acontece em meio ao aumento recorde nas queimadas no Pantanal e um dia depois de um grupo de oito países enviar uma carta ao governo brasileiro afirmando que o desmatamento pode prejudicar as compras de produtos brasileiros.

— O Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente e, não entendo como, é o país que mais sofre ataques no tocante ao seu meio ambiente. O Brasil está de parabéns pela maneira como preserva o seu meio ambiente. — afirmou Bolsonaro durante a cerimônia.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam um aumento de 208% nas queimadas no Pantanal entre 1º de janeiro e 16 de setembro deste ano em relação ao mesmo período de 2019. Neste ano, foram registrados 15.756 focos de incêndio no bioma, o maior número desde que o monitoramento começou. Segundo o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pelo menos 2,9 milhões de hectares do Pantanal já foram destruídos pelo fogo, o equivalente a 19% de toda a sua área. Na Amazônia, o aumento das queimadas é de 12%.

PANTANAL EM CHAMAS: QUEIMADAS CRESCERAM 210% NESTE ANO, SEGUNDO DADOS DO INPI

Onça-pintada macho ferido pelo incêndio caminha à beira de um rio, no Parque Encontros das Águas, na região de Porto Jofre, no Pantanal mato-grossense Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Jacaré morto ao lado da estrada do parque Transpantaneira, no Pantanal, no Mato Grosso, que enfrenta um dos piores incêndios em mais de 47 anos, destruindo vastas áreas de vegetação e causando a morte de animais pegos pelo fogo ou fumaça Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Bombeiros do Mato Grosso trabalham para apagar um incêndio florestal na região de Porto Jofre, no Pantanal próximo à rodovia Parque da Transpantaneira Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Funcionário de um fazenda tenta apagar um incêndio na propriedade em que trabalha no Pantanal, em Pocone, Mato Grosso Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS - 26/008/2020

Um jacaré morto é visto no Pantanal na estrada do parque Transpantaneira, no estado de Mato Grosso. O Pantanal está sofrendo seus piores incêndios em mais de 47 anos, destruindo vastas áreas de vegetação e causando a morte de animais pegos no fogo ou fumaça Foto: MAURO PIMENTEL / AFP - 12/09/2020

Um guia turístico caminha ao lado de uma carcaça de búfalo encontrada dentro de uma área queimada, enquanto busca sinais de uma onça-pintada ferida, na estrada do parque da Transpantaneira) Foto: MAURO PIMENTEL / AFP - 13/09/2020

Um carcará é visto pegando água de uma poça de lama no Pantanal, na estrada do parque da Transpantaneira. Queimadas na região cresceram 210% neste ano, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) Foto: MAURO PIMENTEL / AFP - 13/09/2020

Um voluntário joga água para controlar um incêndio usando um caminhão-pipa para proteger uma ponte de madeira – uma das 119 existentes na Estrada do Parque da Transpantaneira – no Pantanal Foto: MAURO PIMENTEL / AFP - 13/09/2020

Um voluntário joga água para controlar um incêndio usando um caminhão-pipa para proteger uma ponte de madeira – uma das 119 existentes na Estrada do Parque da Transpantaneira – no Pantanal Foto: MAURO PIMENTEL / AFP - 13/09/2020

Uma vista aérea mostra a fumaça subindo ao redor do rio Cuiabá, no Pantanal, em Pocone, Mato Grosso. Número de incêncios no bioma, em relação ao ano passado, saltou de 4.660 para 14.489 no período entre 1º de janeiro e 12 de setembro Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS - 28/08/2020

Um jacaré morto é visto na estrada do parque Transpantaneira. Pantanal é a área ambiental que tem registrado o maior crescimento de incêndios desde o primeiro do governo Bolsonaro Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Vista aérea de uma casa cercada por vegetação queimada no Pantanal, em Pocone, no Mato Grosso. Dados do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) apontam que uma área equivalente a 2,2 milhões de hectares foi consumida pelas queimadas, o equivalente a 15% do bioma Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS - 28/08/2020

Imagem de folheto divulgada pelo Projeto Solos mostra um guaxinim morto durante um incêndio no Pantanal. Satélites do Inpe já detectaram 12.703 focos ativos de incêndio até meados de setembro Foto: IBERE PERISSE / AFP - 27/08/2020

Um voluntário resgata um porco-espinho na estrada do parque da Transpantaneira Foto: MAURO PIMENTEL / AFP - 13/09/2020

Uma onça-pintada caminha em meio à fumaça de um incêndio próximo, no Parque Estadual Encontro das Águas, no Pantanal, bioma que até então é um dos mais preservados do país, abrigando espécies ameaçadas de extinção Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS 

Raposas são vistas comendo uma melancia deixada por protetores de animais no Parque Transpantaneira Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Ariranha come peixe enquanto nada no rio Cuiabá, em meio à fumaça de um incêndio, dentro do Parque Estadual Encontro das Águas Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS

Gado caminha em uma área recentemente queimada do Pantanal na estrada do parque Transpantaneira Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Uma cobra morta é encontrada morta em uma área queimada por um incêndio no Pantanal, maior planície alagada do mundo Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS

Funcionário de uma fazenda Um vê a fumaça de um incêndio subindo no ar no Pantanal. Incêndios que atingem a região há dois meses são os maiores da história Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS

Em relação ao desmatamento na Amazônia, o Inpe detectou um aumento de 34,5% entre agosto de 2019 e julho de 2020 em comparação com o mesmo período dos anos de 2018 e 2019.

Na quarta-feira (16), um grupo composto por Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Itália, Noruega e Reino Unido enviou uma carta ao governo brasileiro dizendo que a alta no desmatamento dificultava investimentos e transações comerciais de empresas desses países com o Brasil.

“Enquanto os esforços europeus buscam cadeias de suprimentos não vinculadas ao desflorestamento, a atual tendência crescente de desflorestamento no Brasil está tornando cada vez mais difícil para empresas e investidores [da Europa] atender a seus critérios ambientais, sociais e de governança”, diz um trecho da carta.

O grupo, que faz parte da Parceria das Declarações de Amsterdã (com exceção da Bélgica), diz que a sociedade civil europeia está preocupada com as taxas de desmatamento registradas recentemente no Brasil.

“Os países que se reúnem através da Parceria das Declarações de Amsterdã compartilham da preocupação crescente demonstrada pelos consumidores, empresas, investidores e pela sociedade civil Europeia sobre as atuais taxas de desflorestamento no Brasil”, disse o grupo.

Na quarta-feira, ao chegar ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro já havia feito críticas aos comentários fora do país sobre o aumento das queimadas no país. Segundo ele, as críticas internacionais são “desproporcionais”.

“(Existem) críticas desproporcionais à Amazônia e ao Pantanal. A Califórnia está ardendo em fogo, a África tem mais foco que o Brasil”, afirmou o presidente.

Publicado originalmente por O Globo, em 17/09/2020 - 13:18 / Atualizado em 17/09/2020 - 15:5.hs

Darwinismo social

O algoz dos pobres não é o teto de gastos, mas a indiferença dos que só pensam em eleição

A cada nova ideia produzida no Ministério da Economia sob o comando de Paulo Guedes para encontrar meios de financiar os projetos encomendados pelo presidente Jair Bolsonaro, fica mais evidente a vocação darwinista social de um governo que se elegeu sob a bandeira do liberalismo.

Liberalismo nada tem a ver com darwinismo social. O verdadeiro liberal jamais consideraria empobrecer a população, reduzindo a capacidade dos mais vulneráveis de usufruir integralmente das liberdades prometidas pela democracia. Ao contrário: o liberalismo digno do nome entende que a interferência estatal se faz necessária justamente para criar condições para que todos e cada um dos cidadãos tenham chances de prosperar. Um Estado que, em vez disso, amplia os obstáculos para os mais pobres, seja qual for o pretexto, não é movido pela razão liberal, e sim pelo mais perverso espírito da lei da selva.

É assustadora a lista de propostas do governo Bolsonaro que castigam os pobres a pretexto de ajudá-los. A mais recente, para ajudar a financiar o Renda Brasil – substituto bolsonarista do petista Bolsa Família –, congelaria as aposentadorias por dois anos, sem a reposição nem mesmo da inflação. Outra ideia do mesmo naipe era taxar o seguro-desemprego com o objetivo de bancar um programa de geração de empregos para jovens. Quem formulou tais propostas ou “não tem um mínimo de coração”, como disse Bolsonaro, ou o fez com o objetivo de chocar a sociedade para demonstrar que afinal é impossível fazer o que exige o presidente: ampliar gastos sem cortar despesas nem mexer com privilégios.

Como se sabe, Bolsonaro quer tudo sem abrir mão de nada. Um exemplo é a reforma administrativa. Sob pressão diante do engessamento orçamentário causado em parte pelas despesas com salários de servidores, o presidente aceitou encaminhar enfim uma proposta de reforma do serviço público, mas exigiu que não valesse para os atuais funcionários. Ou seja, é uma reforma apenas para cumprir tabela.

O mesmo espírito presidiu a conturbada formulação do Renda Brasil. Bolsonaro queria um programa de transferência de renda melhor do que o Bolsa Família, mas, para bancá-lo, não aceitou que se reduzisse nenhum outro programa social nem avalizou discussões sobre corte de subsídios e isenções. Ao contrário, sempre que pode, como no caso da isenção fiscal para igrejas, defende esse tipo de benefício, herança patrimonialista que Bolsonaro não faz questão nenhuma de extinguir, malgrado suas promessas de modernização do País.

A hora da verdade, contudo, se aproxima: no final do ano, o auxílio emergencial para quem perdeu renda na pandemia de covid-19 vai se extinguir, e o presidente, que está em campanha pela reeleição desde que tomou posse, tem todo o interesse em continuar a distribuir dinheiro a esses eleitores, que de muito agradecidos tendem a ficar muito contrariados com o fim da ajuda. O problema é que o pagamento do auxílio emergencial só foi possível porque está enquadrado no chamado “orçamento de guerra”, que, a título de combater a pandemia, permite gastos acima do teto. No ano que vem, salvo alguma manobra irresponsável, essa despesa já não será mais permitida.

Bolsonaro vai criando assim a atmosfera apropriada para a desmoralização do teto de gastos e para a recriação da famigerada CPMF, oferecida pelo ministro Paulo Guedes como fórmula mágica para entregar os programas de emprego e renda bolsonaristas enquanto mantém outros benefícios sociais e desonera a folha de pagamentos.

Se isso prosperar, mais uma vez a conta será paga pelos pobres. A CPMF é eminentemente regressiva, pois afeta toda a cadeia produtiva nas duas pontas da transação financeira, elevando preços. Já a irresponsabilidade fiscal, como está mais do que provado, pode ser muito útil para os demagogos, mas é péssima para o País, pois pressiona a inflação e os juros e inibe investimentos, dificultando a geração de empregos e o crescimento da renda.

Que fique claro de uma vez por todas: o algoz dos pobres não é o teto de gastos, mas a indiferença cruel daqueles que só pensam em eleição.

Editorial / Notas & Informações, O Estado de S.Paulo
17 de setembro de 2020 | 03h00

Brasil tem 134.363 óbitos confirmados e 4.430.227 diagnósticos de Covid-19.

Brasil tem 134.363 mortes por coronavírus, diz consórcio de veículos de imprensa

O Brasil tem 134.363 mortes por coronavírus confirmadas até as 13h desta quinta-feira (17), segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde.

Desde o balanço das 20h de quarta-feira (16), 7 estados atualizaram seus dados: BA, CE GO, MG, MS, PE e RR.

Veja os números consolidados:

134.363 mortes confirmadas

4.430.227 casos confirmados

Às 8h, o consórcio publicou a primeira atualização do dia com 134.198 mortes e 4.422.025 casos

Na quarta-feira, às 20h, o balanço indicou: 134.174 mortes, 967 em 24 horas. Com isso, a média móvel de novas mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 789 óbitos, uma variação de -8% em relação aos dados registrados em 14 dias.

Em casos confirmados, o balanço da noite de quarta registrou 4.421.686 brasileiros com o novo coronavírus desde o começo da pandemia, 37.387 desses confirmados no último dia. A média móvel de casos foi de 31.765 por dia, uma variação de -21% em relação aos casos registrados em 14 dias.

No total, 2 estados apresentaram alta de mortes: RO e PE

Estados

Subindo (2 estados): RO e PE.

Em estabilidade, ou seja, o número de mortes não caiu nem subiu significativamente (13 estados e o DF): PR, RS, MG, RJ, SP, DF, GO, MS, MT, PA, TO, MA, PI e SE.

Em queda (11 estados): SC, ES, AC, AM, AP, RR, AL, BA, CE, PB e RN.

Essa comparação leva em conta a média de mortes nos últimos 7 dias até a publicação deste balanço em relação à média registrada duas semanas atrás (entenda os critérios usados pelo G1 para analisar as tendências da pandemia).

Estados com a média de mortes em alta — Foto: Arte G1



Estados com a média de mortes estável — Foto: Arte G1



Consórcio de veículos de imprensa

Os dados sobre casos e mortes de coronavírus no Brasil foram obtidos após uma parceria inédita entre G1, O Globo, Extra, O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e UOL, que passaram a trabalhar, desde o dia 8 de junho, de forma colaborativa para reunir as informações necessárias nos 26 estados e no Distrito Federal (saiba mais).

Fonte: G1 - 17/09/2020 08h00  Atualizado há 2 horas

Fome volta a se alastrar no Brasil

Dados do IBGE apontam que quatro em cada dez famílias brasileiras vivem em insegurança alimentar – um índice que vinha melhorando desde 2004, e agora piorou. Fome grave atinge 10,3 milhões de pessoas no país

Prato de comida é servido

Situação é mais grave no Norte e Nordeste, mostra pesquisa

Após seguidos recuos por mais de uma década, a fome voltou a crescer no Brasil. Segundo dados do IBGE divulgados nesta quinta-feira (17/09), o percentual de domicílios que gozam de segurança alimentar caiu para 63,3% em pesquisa realizada entre 2017 e 2018, contra 77,4% em 2013 e 65,1% em 2004.

Os dados apontam que quase quatro em cada dez domicílios sofrem com algum grau de insegurança alimentar, sendo que 4,6% do total vive sob escassez grave. É uma situação que atinge 10,3 milhões de pessoas: 7,7 milhões na área urbana e 2,6 milhões na rural. Em relação aos dados de 2013, o número de pessoas nesse estado aumentou em cerca de 3 milhões, um crescimento de 43,7%.

A "Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018: Análise da Segurança Alimentar no Brasil" contempla apenas moradores de domicílios permanentes, excluindo pessoas em situação de rua – o que sugere que o quadro pode ser ainda pior.

Segundo o IBGE, na população de 207,1 milhões de habitantes em 2017-2018, 122,2 milhões eram moradores em domicílios com segurança alimentar, enquanto 84,9 milhões viviam com algum grau de insegurança alimentar. Destes últimos, 56 milhões estavam em domicílios com insegurança alimentar leve, 18,6 milhões, insegurança alimentar moderada, e 10,3 milhões de pessoas em domicílios com insegurança alimentar grave.

De acordo com a Escala Brasileira de Medida Direta e Domiciliar da Insegurança Alimentar, a segurança alimentar está garantida quando a família tem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais.

Na insegurança alimentar grave, há redução quantitativa severa de alimentos também entre as crianças, ou seja, ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre todos os moradores. Nessa situação, a fome passa a ser uma experiência vivida no domicílio.

Segundo o gerente da pesquisa, André Martins, o aumento da insegurança alimentar está relacionado, entre outros motivos, à desaceleração da atividade econômica nos anos de 2017 e 2018.

Menos da metade dos domicílios do Norte (43%) e Nordeste (49,7%) tinham segurança alimentar, isto é, acesso pleno e regular aos alimentos. Os percentuais eram melhores no Centro-Oeste (64,8%), Sudeste (68,8%) e Sul (79,3%). A prevalência de insegurança alimentar grave do Norte (10,2%) era cerca de cinco vezes maior que a do Sul (2,2%).

A pesquisa ainda mostrou que quase metade das pessoas que enfrentam a fome vive na Região Nordeste do país, e pouco mais da metade dos domicílios onde prevalece a insegurança alimentar grave são chefiados por mulheres.

Fonte: Deutsche Welle

Alemanha reconhece dificuldade em cooperar com Bolsonaro

Em resposta a questionamento de deputados alemães, governo Merkel manifesta preocupação com desmatamento e aponta deterioração da proteção de indígenas. Berlim, no entanto, descarta radicalização militar no Brasil.

Merkel e Bolsonaro no G20

Governo Merkel, que sempre adotou postura discreta em relação a Bolsonaro, começa a demonstrar frustração e preocupação com o Brasil

O governo da chanceler federal Angela Merkel voltou a manifestar preocupação com as políticas ambientais e para os povos indígenas de Jair Bolsonaro e admitiu que a cooperação com o governo federal brasileiro nessas áreas está sendo cada vez mais difícil. Como resultado, Berlim tem procurado outros parceiros em governos estaduais, municipais e na sociedade civil brasileira.

Por outro lado, no aspecto político, o governo alemão diz não acreditar que o Brasil esteja sob risco de sofrer um golpe militar e avalia não haver sinais fortes de interferência entre Poderes no país.

As afirmações constam nas respostas a um questionário enviado por deputados da bancada do Partido Verde no Parlamento alemão (Bundestag). Os parlamentares indagaram o governo Merkel sobre aspectos do relacionamento entre Berlim e Brasília e como os ministros do gabinete da chanceler federal encaram a situação ambiental e política no país sul-americano.

O documento é uma espécie de raio-X da postura pública que o governo Merkel vem adotando em relação ao Brasil.

Há muita linguagem diplomática e pouco conteúdo sobre a situação política brasileira, mas as respostas evidenciam a insatisfação de Berlim com as políticas ambientais de Bolsonaro. Há ainda frustração com medidas tomadas unilateralmente pelos brasileiros, como o desmonte da estrutura do Fundo Amazônia e ações que enfraqueceram uma possível implementação do acordo UE-Mercosul.

Para o governo Merkel, "as taxas de desmatamento no Brasil são preocupantes, e as condições para melhorar os direitos territoriais e a proteção dos povos indígenas e grupos tradicionais vêm se deteriorando".

"Desenvolvimentos atuais na agenda climática brasileira, cortes na proteção das florestas tropicais e direitos indígenas são reconhecidos e tratados no diálogo político. Deve-se notar, porém, que a coordenação com o governo brasileiro está se tornando cada vez mais complexa."

"Portanto, [o governo alemão] está diversificando sua estrutura para incluir parceiros dispostos no governo central, estados federais, Ministério Público Federal e sociedade civil", afirmou o governo Merkel, ao tratar da sua cooperação com o governo Bolsonaro. "Como parte das negociações sobre cooperação para o desenvolvimento com o Brasil em 2019, a maioria dos projetos não era mais administrada por meio do governo federal brasileiro, mas sim por meio dos estados brasileiros e outras instituições."

No Brasil, o governo alemão promove ações de cooperação que envolvem, entre outras iniciativas, a promoção de mecanismos de proteção ambiental e regularização fundiária e incentivos para a adoção de energia renovável.

Fundo Amazônia

Um capítulo que vem gerando desgaste nas relações entre Berlim e Brasília envolve o Fundo Amazônia, o programa bilionário de proteção à Floresta Amazônica que conta com doações da Noruega e da Alemanha.

No momento, o mecanismo atravessa sua maior crise desde a criação em 2008. O impasse começou no primeiro semestre de 2019, quando o ministro Ricardo Salles promoveu uma série de mudanças unilaterais na gestão do programa, incluindo a extinção de dois comitês, o que contrariou os alemães e os noruegueses, que não foram consultados previamente sobre a medida.

Como resultado, o fundo segue paralisado, sem previsão de contemplar novos programas. Apenas iniciativas em andamento continuam recebendo financiamento.

Após diversos choques com Salles (o ministro chegou a dizer em dezembro que o impasse havia sido superado, e acabou sendo desmentido pela embaixada alemã), as negociações para a retomada do fundo passaram a ser chefiadas pelo vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão.

No questionário, o governo Merkel mencionou as negociações em andamento, mas apontou que o descongelamento do fundo vai depender de como o governo brasileiro está se portando.  "A evolução dos números do desmatamento será um critério essencial", diz o texto.

O cenário não parece promissor, já que Berlim também apontou que vê "com preocupação" a reforma implementada neste ano no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que extinguiu coordenações e centralizou o comando da entidade. Para Berlim, a medida "pode levar ao enfraquecimento das tarefas essenciais de controle e monitoramento dos recursos naturais a serem protegidos, e ao aumento do desmatamento e da destruição ambiental".

O governo alemão ainda apontou que "continua a apoiar o espírito e a intenção do acordo UE-Mercosul", por entender que ele inclui mecanismos para assegurar sustentabilidade ambiental e a implementação efetiva do Acordo Climático de Paris. No entanto, disse que irá "monitorar as condições estruturais e verificar se o acordo pode ser implementado conforme o pretendido".

"Da perspectiva de hoje, surgem questões sérias com relação aos desenvolvimentos atuais na Amazônia. O governo alemão está, portanto, acompanhando de perto a situação no Mercosul e, em particular, no Brasil", aponta o documento.

Recentemente, a Alemanha, que era de longe a maior defensora do acordo no bloco europeu – em contraste com nações como a França e a Irlanda –, começou a levantar dúvidas sobre sua implementação. Em agosto, a chanceler Merkel afirmou que tinha "sérias dúvidas" sobre o acordo. Poucos dias depois, foi a vez de a ministra alemã da Agricultura, Julia Klöckner, se posicionar abertamente contra o acordo comercial, citando o desmatamento da Amazônia e alertando que, com o pacto, agricultores europeus iriam competir com alimentos produzidos de forma prejudicial para o meio ambiente.

Aspecto político

O governo Merkel também respondeu a questionamentos dos deputados verdes sobre como avalia a situação política no Brasil. Uma das perguntas envolve a possibilidade de uma intervenção militar contra o  Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso, um movimento que é endossado por apoiadores do presidente Bolsonaro. Para Berlim, "não há indicações ou indícios de uma intervenção efetiva nesse sentido".

"A grande maioria das Forças Armadas brasileiras apoia a Constituição. Essa avaliação resulta, entre outras coisas, de discussões com um grande número de interlocutores brasileiros da política, justiça, ciência e meio militar.”

Em resposta a uma pergunta sobre a independência das instituições, o governo Merkel também fez uma avaliação similar.

"A República Federal do Brasil possui um parlamento com numerosos poderes, dividido em uma Câmara dos Deputados e um Senado, além de um Judiciário independente. Do ponto de vista do governo federal, atualmente não há motivos para duvidar da funcionalidade da separação de Poderes", apontou o governo.

Fonte: Deutsche Welle

Porandubas Políticas

Por Gaudêncio Torquato

Abro a coluna com duas historinhas hilárias, uma do PR, outra do RN.

Xaxixo

Antônio Constâncio de Sousa, deputado pelo antigo PSP (PR), pediu um aparte a Armando Queiroz, líder do então governador Ney Braga na Assembleia Legislativa.

- Não dou o aparte, não. V. Exa. não está à altura de participar dos debates. V. Exa. não é capaz de citar uma palavra com 3 x.

- Sou, sim. Xaxixo.

Pensava em salsicha.

Hotel zero Km?

O deputado do Rio Grande do Norte desceu no aeroporto Santos Dumont, no Rio, pegou um táxi:

- Hotel Zero Quilômetro.

- Zero Quilômetro? Não tem esse hotel, não.

- Tem, sim. Em frente ao Hotel Ambassador.

- Ah, Hotel OK. Senador Dantas, não é?

- Não, senhor, Deputado Antônio Bilu, de Natal.

Panorama Corrupção

De tanto ser prato diário na mídia - Lava Jato, Witzel, outros governadores, delações premiadas, ações de busca e apreensão pela PF -, a corrupção vai diminuindo o tamanho do seu território no país. Não é o caso de garantir que vai ser extirpada. O jeitinho brasileiro, os dribles que os espertos costumar usar para cometer ilícitos, a sinuosidade no comportamento integram a alma brasileira. E nessa hora, Deus avisa que não é tão brasileiro, como alguns garantem. Isso é mais coisa pro Belzebu e seus capetas. Mas os crimes contra a administração pública tendem a diminuir. Mais controles, maior transparência, cidadão mais racional e exigente.

Justiça

O acesso à Justiça, ainda difícil para as margens carentes, também avança sob o impulso de uma miríade de entidades intermediárias, que defendem minorias, agrupamentos étnicos, gêneros etc. Um fenômeno muito interessante do Brasil de hoje é a organicidade social, que confere maior autonomia e poder de decisão aos grupamentos que se formam, a cada dia, na sociedade. Esses novos agrupamentos, sob lideranças mais jovens, ganham o status de novos polos de poder. Por isso, a pressão sobre os mecanismos da Justiça é mais forte. O Brasil também avança nessa área.

Educação

Norberto Bobbio também incluiu a educação para a cidadania como uma das promessas não cumpridas pela democracia. Pois bem, o grande filósofo italiano morreu sem ver o início de um ciclo mais cidadão. No Brasil, infelizmente, a Educação não tem sido tratada nos últimos tempos de maneira elevada como merece ser privilegiada a árvore mater de uma Nação. Mas a movimentação de lá para cá, das margens para o centro, vai propiciar a semeadura de uma densa floresta de educadores. Uma questão de tempo. Não há força que resista ao vento dos tempos.

Segurança Pública

Essa é uma área mais complicada. A conflituosidade se expande no mundo, sob a gigantesca teia de gangues, drogas, máfias, competição de grupos armados, enfim, sob a lei da metralhadora. Governos, como o de Trump e o do Bolsonaro, defendem o armamento da população como uma saída pragmática para enfrentar a criminalidade. Erro de ótica. Construir os pilares da Casa das Armas é deixar de lado os fundamentos da Casa da Educação. Nem Trump nem Bolsonaro terão sucesso, com o avanço civilizatório, de sedimentar esta estratégia.

Imagem crescente

Saindo do plano teórico para a nossa realidade, comecemos com a constatação de que o brasileiro começa a se acostumar com o jeito brusco e às vezes estrambótico do governo. A anormalidade, a truculência acabam formando uma camada impermeável sobre o corpo social. Mas essa aceitação só viceja em um terreno adubado com massa, mesmo pequena, de recursos no bolso do cidadão. O auxílio emergencial deu uma sobrevida à imagem positiva do governo. Até quando? O presidente acaba de anunciar a suspensão do Renda Família, programa que iria substituir o Bolsa Família. Então, qual será a marca popular do governo lá para as margens de outubro de 2022? Tenho dúvidas se a economia conseguirá segurar a posição confortável do presidente Jair.

Frentes ideológicas

Teremos na eleição de 2022 três frentes com viés ideológico: uma frente de Direita, capitaneada pelo presidente Jair Bolsonaro que, aliás, poderá puxar um grupo de centristas; um grupo de Centro-Esquerda, a se formar com eventual aliança de partidos comandados pelo PDT e pelo PSB; e uma frente de Centro-Direita, a se formar com a aliança de partidos de esquerda e de centro, sob a égide do PSDB e possivelmente DEM. Alguns grandes partidos, como o PMDB, estarão olhando de soslaio para os dois lados. E poderemos ter ainda uma Frente de Esquerda, sob o comando do PT e apoio do PSOL. O PT, porém, só se aventurará em mais uma campanha se constatar que o clima social de 2022 o empurrará em direção às urnas. Lula, com discurso radical, já começa a dar o tom. Este consultor não acredita que o Brasil de amanhã ainda comportará Lula.

Ciro Gomes

Será o piloto da navegação de centro-esquerda. O problema que eternamente o atordoa: a inteligência emocional. Engolfa-se nas ondas emotivas. Perde o eixo. A seu favor, conta com bom domínio sobre a realidade brasileira, o saber mexer com contas e números. Bom debatedor.

João Doria

Deverá ser o piloto da frente de Centro-Direita. Pode contar a seu favor eventual boa avaliação de desempenho em São Paulo, que governa; o fato de ter boa fluência, apesar de mostrar certa superficialidade nas análises. Tem disposição, garra e recursos para fazer uma campanha eleitoral de grande visibilidade no país. Tem contra ele a imagem de "muito certinho, arrumadinho", como este consultor tem ouvido. Mas exibe uma carreira política ascendente. E um troféu de vitorioso. Vai depender do clima social e econômico de 2022.

Bruno, o primeiro teste

A candidatura do tucano Bruno Covas à reeleição para a prefeitura de São Paulo será o primeiro grande teste em direção ao amanhã. Como é sabido, o PSDB atravessa momentos turbulentos, com as denúncias sobre o senador José Serra e o ex-governador Geraldo Alckmin. FHC já deu o que tinha de dar para ancorar a identidade do partido. Resta, agora, um novo teste pelas urnas.

Campanha fragmentada

A campanha municipal será um painel de cores diferentes. Uma parede de mosaicos diferentes. Partidos serão desprezados em detrimento de nomes. Teremos imensa fragmentação partidária.

Maior interesse

O número de pretendentes será maior que o do último pleito municipal em 2016. A denotar maior interesse de brasileiros em participar da política.

Rio, um desastre

O Rio de Janeiro desce o despenhadeiro da política. E as coisas não vão parar no Palácio das Laranjeiras. Podem pegar candidatos a prefeito. O mais belo cartão postal do Brasil. Lama por todos os lados.

Raposas e porcos-espinhos

Perguntam-me: e aí, quem ganha as eleições deste ano? Governistas ou oposicionistas?0

Valho-me do relato do escritor John Lewis Gaddis, em seu denso livro "As Grandes Estratégias". Fala ele das estratégias de Xerxes, o rei dos reis, e do seu tio, Artabano. Os dois tinham estratégias diferentes e o interesse do rei era derrotar os gregos, como descreveu Heródoto a qualquer custo.

O ano era 480 a.C. Xerxes queria atravessar o Helesponto, atual Dardanelos, e queria porque queria vencer os gregos e, depois, conquistar a Europa. Um imprudente, ou, na imagem de Isaia Berlin, um "porco-espinho", que sabe uma só coisa, mas muito importante, enquanto a raposa sabe muitas coisas.

Artabano alertava: cuidado. Como atravessar o rio? Como alimentar o exército? O que fazer se conseguir chegar lá? Xerxes replicava: se formos levar em consideração tudo, não faremos nada. Mandou amarrar 360 embarcações umas às outras e fez outra ponte com 314 embarcações. Todas curvas para se adaptarem aos ventos e correntes. Transformou, como disse, água em terra. E na área de terra, mandou construir um canal, transformando terra em água. Um feito. Mas Artabano continuava alertando: como essas milhares de pessoas vão suportar a fome e a sede?

Mas o "porco espinho" confia que derrota tudo que aparece à sua frente. Artabano voltou para casa e Xerxes avançou. Em Termópilas, onde Leônidas resistira aos invasores, mas acabou vencido, Xerxes se deparou com o mesmo dilema de Napoleão. Como enfrentar o mau tempo? Resumo: os gregos afundaram sua frota e massacraram os sobreviventes. O rei, derrotado, acabou aceitando o conselho do tio Artabano e voltou para casa. Acabou, aterrorizado por Temístocles, a partir às pressas e abandonar seu exército à própria sorte.

A raposa olha para todos os lados, prós e contras; circunstâncias e oportunidades. O porco-espinho só olha para a frente. Acredita demais em sua vitória.

Resposta à pergunta que me fazem: os candidatos, estilo raposa, terão melhores condições de ganhar.

Gaudêncio Torquato, Professor Titular na USP, é cientista político e consultor de marketing político.

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quarta-feira, 16 de setembro de 2020

O veneno do populismo

A política populista está destruindo os fundamentos das sociedades democráticas. Seus efeitos são tão tóxicos como em países que envenenam seus opositores, opina o jornalista Martin Muno.

 Há regimes em que os membros da oposição são envenenados. São ações assassinas, com um objetivo claro: a voz que desagrada é silenciada, e ao mesmo tempo o medo é despertado entre seus correligionários. Mas também em democracias os governos trabalham com veneno. Neste caso, porém, não são substâncias químicas que fazem vítimas: o veneno em questão é furtivo, não é mortal para os indivíduos, mas destrói a base da coexistência social.

Dois exemplos dos últimos dias mostram o que isso significa: quando confrontado durante visita à área de desastre da Califórnia com comentários de que os incêndios florestais estavam de fato relacionados com o aumento da temperatura e, portanto, com a mudança climática causada pelo homem, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse, laconicamente: "Vai ficar mais frio novamente, você vai ver." Ele não acredita "que a ciência realmente saiba" o que está fazendo.

Enquanto Trump, mentiroso notório, coloca suas crenças particulares à frente das descobertas da ciência, seu filho adotivo em espírito, Boris Johnson, quer distorcer a lei – e de uma forma única, pelo menos na história britânica recente: ele apresentou à Câmara dos Comuns um projeto que violaria as disposições juridicamente vinculativas do acordo de saída da União Europeia. O espanto de grande parte do público e de quatro de seus antecessores ele prefere ignorar.

Mas o que tudo isso tem a ver com veneno? A política populista, para a qual Trump e Johnson são quase paradigmas, está destruindo os fundamentos das sociedades democráticas. Seus efeitos são quase tóxicos.

Pois as democracias se baseiam no discurso racional sobre uma realidade que é reconhecida por todas as partes. Esse discurso leva a decisões legalmente vinculativas em procedimentos reconhecidos – muitas vezes acordos dolorosos para todas as partes envolvidas.

Os populistas combatem esses pilares em todos os níveis: negam a realidade até que um debate argumentativo não seja mais possível. Bibliotecas inteiras de estudos científicos sobre a mudança climática ficam então no mesmo nível da afirmação arrogante de que "vai esfriar novamente". O mesmo método pode ser aplicado na pandemia: a frase "o vírus acabará desaparecendo" segue a mesma lógica insana.

E se nada disso ajudar, basta simplesmente ignorar as leis e tratados. A violação atualmente planejada dos tratados da UE não é a primeira tentativa de Johnson de distorcer a lei. Há cerca de um ano, ele tentou mandar a Câmara dos Comuns, que discordava dele, para uma pausa forçada e só foi contido pela Suprema Corte. Resta saber se a Justiça ou o Parlamento vão impedi-lo de infringir a lei novamente.

Os efeitos tóxicos de anos de governo populista estão sendo vistos atualmente nos EUA. Quando um debate objetivo entre democratas e republicanos se torna cada vez menos possível, quando se pensa seriamente que o resultado das eleições presidenciais de novembro pode não ser reconhecido, quando milícias armadas patrulham as ruas, não se está mais tão longe de uma guerra civil mental.

O populismo está envenenando sociedades inteiras – seja nos EUA, Reino Unido, Polônia, Hungria ou Brasil. E aproxima esses países daqueles onde os membros da oposição são literalmente envenenados.

Martin Muno é jornalista da Deutsche Welle.