terça-feira, 1 de março de 2022

Quem são os bilionários russos alvos de sanções dos Estados Unidos e da Europa?

Empresários de diversos setores sentem o peso das proibições internacionais.

As sanções aos bilionários russos não param de chegar. Ontem (28), a União Europeia comunicou cortes a mais de 26 indivíduos, movimentação que se tornou corriqueira nas últimas semanas. Os Estados Unidos também seguem atrás das fortunas dos empresários mais ricos do país.

As sanções incluem o congelamento de bens das personalidades e a proibição de viajar. Com isso, os bilionários sentiram no bolso e começaram a se posicionar a favor do fim da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

No país vizinho, a situação foi levada de outra maneira. Por lá, os bilionários ucranianos uniram forças contra o presidente da Rússia, Vladimir Putin, na tentativa de preservar suas fortunas.

Quem são os bilionários russos afetados pelas sanções?

Alexei Mordashov

Alexei Mordashov é empresário e filantropo. Conhecido como barão de aço, ele é acionista majoritário da OAO Severstal, maior companhia russa do setor, da qual foi CEO por muitos anos.

Mordashov é o homem mais rico da Rússia e ocupa a 51ª posição no ranking de bilionários da Forbes, com uma fortuna de US$ 29,1 bilhões (R$ 150,1 bilhões).

O empresário fez uma declaração ontem pedindo o fim da guerra. Ele chamou a luta de “tragédia de dois povos irmãos” e disse que eles devem fazer tudo que for necessário para sair do conflito e parar o derramamento de sangue.

Gennady Timchenko

Gennady Timchenko tem ações em diversas companhias na Rússia, incluindo a companhia de gás Novatek e a petroquímica Sibur Holding.

Ele é uma das personalidades mais poderosas do país e sempre apoiou Putin, o que o levou a encarar sanções dos Estados Unidos em 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia após disputa com a Ucrânia.

Sua fortuna está avaliada em US$ 21,1 bilhões (R$ 108,8 bilhões). Ele ocupa a 85ª posição no ranking da Forbes.

Alisher Usmanov

Alisher Usmanov tem a maior parte do seu dinheiro investido na empresa que fundou, a Metalloinvest, voltada para o setor de aço, prata e ferro. O empresário fez sua fortuna produzindo sacolas de plástico.

Usmanov já se arriscou em diversos ramos, investindo no Facebook, Xiaomi e outras empresas de mídia. Ele também era acionista no time de futebol Arsenal, mas vendeu sua participação por US$ 700 milhões (R$ 3,6 bilhões) em 2018.

Ele está posicionado na 127ª posição do ranking da Forbes, com fortuna de US$ 15,3 bilhões (R$ 78,9 bilhões)

Roman Abramovich

Roman Abramovich comprou o time inglês de futebol Chelsea há quase 20 anos por US$ 190 milhões (R$ 551 milhões na conversão da época), ficando responsável também pela administração do clube.

Após sanções do Reino Unido, o empresário deixou a direção aos curadores da fundação de caridade do Chelsea.

Além do time, ele conta com participação nas gigantes de aço, Evraz e Norilsk Nickel.

Sua fortuna está avaliada em US$ 13,1 bilhões (R$ 67,5 bilhões ), ocupando a posição de número 157 na lista de bilionários.

Mikhail Fridman

Fridman é um dos fundadores do maior banco privado da Rússia, o Alfa Bank, além da empresa de investimentos LetterOne. Ele é sócio de German Khan e Alexei Kuzmichev desde 1989.

Em 2013, os parceiros ganharam US$ 5,1 bilhões (R$ 26,3 bilhões) com a venda da participação na gigante petrolífera TNK-BP por US$ 14 bilhões (R$ 72,2 bilhões).

Atualmente, a fortuna de Fridman é avaliada em US$ 12,8 bilhões (R$ 66 bilhões), ocupando a posição 163 da lista.

Igor e Dmitry Bukhman

Os irmãos Bukhman começaram a criar jogos online ainda no colégio e hoje são donos da desenvolvedora de videogames Playrix. A companhia é conhecida por aplicativos de jogos para celular grátis, como Homescapes e Fishdom.

Em 2018, a empresa comprou a Nexters Global, companhia de vídeo e mídias sociais. Hoje, a receita anual da Playrix gira em torno de US$ 2,7 bilhões (R$ 13,9 bilhões)

Eles estão posicionados em 297º no ranking da Forbes e têm uma fortuna de US$ 8,1 bilhões (R$ 41,7 bilhões).

Oleg Deripaska

Oleg Deripaska é o fundador da Basic Element, um grupo industrial russo com interesses em alumínio, energia, construção, agricultura, entre outros setores.

Ele era a pessoa mais rica da Rússia e a 9ª mais rica do mundo em 2008, antes de perder quase tudo devido a mercados em queda e dívidas pesadas.

O empresário passou por diversas sanções nos anos seguintes, que prejudicaram a empresa e seu montante pessoal.

Hoje, sua fortuna é avaliada em US$ 3,9 bilhões (R$ 20,1 bilhões) ocupando a 790ª posição na lista da Forbes.

Alexander Ponomarenko

Ponomarenko é o presidente do aeroporto Sheremetyevo, o maior da Rússia. Junto ao seu sócio Alexander Skorobogatko, o empresário começou com portos marítimos e bancos, migrando então para o setor de aeroportos.

A dupla também fundou a TPS Real Estate, que detém mais da metade dos imóveis do Ocean Plaza, o maior shopping center de Kiev.

Ocupando a posição 1.100 da lista da Forbes, o empresário acumula o montante de US$ 2,9 bilhões (R$ 14,9 bilhões)

Boris Rotenberg


Rotenberg é proprietário do banco de investimento russo SMP Bank junto ao seu irmão mais velho.

O empresário também contou com sanções em 2014, durante a batalha pelo território da Crimeia, após estreitar laços com Putin.

Ocupando a posição 2.342 do ranking da Forbes, Rotenberg tem US$ 1,2 bilhão (R$ 6,1 bilhões).

Oleg Tinkov

Oleg fundou o banco Tinkoff em 2006. Atualmente é um dos maiores bancos online do mundo, com cerca de 8 milhões de clientes na Rússia.

Antes de entrar no setor bancário, o empresário fundou a produtora de alimentos congelados Daria, Tinkoff Beer e Tinkoff Restaurants.

Ele também lançou uma cadeia de hotéis de luxo no México, França, Itália e Rússia sob o nome La Datcha.

Tinkov era bilionário até as sanções causarem prejuízos, o que o fez perder US$ 295 milhões (R$ 1,5 bilhão). Hoje, sua fortuna está estimada em US$ 822,2 milhões (R$ 4,2 bilhões).

Leia mais em: https://forbes.com.br/forbes-money/2022/03/quem-sao-os-bilionarios-russos-alvos-de-sancoes-dos-estados-unidos-e-da-europa/

Vitória Fernandes para a Forbes Brasil, em 01.03.21

Ex-bilionário: banqueiro russo perde mais de R$ 25 bilhões em meio à guerra

O banco digital Tinkoff foi uma das histórias de sucesso de tecnologia da Rússia, mas a invasão da Ucrânia e as sanções subsequentes provocaram uma queda de 90% no preço de suas ações, apagando bilhões da fortuna de seu fundador, Oleg Tinkov.

© Sergei Bobylev\TASS via Getty Images

Oleg Tinkov tornou-se um dos homens mais ricos da Rússia depois de pular da venda de cerveja e bolinhos para vender seu banco digital Tinkoff na Bolsa de Valores de Londres. As ações da Tinkoff caíram mais de 90% desde o início do ataque da Rússia à Ucrânia. A fortuna de Tinkov caiu mais de US$ 5 bilhões (R$ 25,8 bilhões) em menos de um mês, e hoje ele perdeu seu status de bilionário.

Tinkov é um dos pelo menos 10 ex-bilionários russos que abandonaram o clube das três vírgulas como resultado da queda das ações russas e de o rublo ter batido recordes de baixa em relação ao dólar em meio a sanções e crescente isolamento da Rússia pelo Ocidente. Outras quedas notáveis ​​incluem Arkady Volozh, CEO e fundador do mecanismo de busca russo Yandex.

A Forbes estima que o patrimônio líquido de Tinkov agora encolheu para cerca de US$ 800 milhões (R$ 4,128 bilhões). Isso porque uma parcela significativa de sua riqueza está vinculada à participação da Rússia no Capital One, o Tinkoff Bank, cujo valor de mercado caiu de US$ 23 bilhões (R$ 118,7 bilhões) em novembro para pouco mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,1 bilhões) hoje.

Embora a Bolsa de Valores de Moscou tenha sido fechada, o Tinkoff Bank e outras empresas russas com listagem dupla em Londres viram os preços de suas ações caírem vertiginosamente. As ações da Lukoil, maior produtora independente de petróleo da Rússia, fundada pelo bilionário Vagit Alekperov, também caíram quase 93%.

Mesmo antes da invasão da Ucrânia pela Rússia e das sanções contra os bancos russos, Tinkov enfrentou muitos problemas. O filho de um mineiro de carvão siberiano, que lançou o banco Tinkoff em 2006, foi preso em Londres em março de 2020 por uma acusação de evasão fiscal federal dos EUA. Tinkov pagou US$ 509 milhões (R$ 2,6 bilhões) para resolver o caso com o Departamento de Justiça dos EUA em outubro de 2021. Um mês após sua prisão, o empresário russo anunciou que deixaria o cargo de presidente do Tinkoff Bank em abril de 2020, depois de revelar que havia sido diagnosticado com leucemia aguda.

Embora sua fortuna tenha diminuído, o ex-bilionário ainda possui a coleção La Dacha, mansões de luxo na Baja California, chalés de esqui nos Alpes franceses e um Dassault Falcon 7X, embora todas as aeronaves russas agora estejam banidas do espaço aéreo britânico e europeu.

Tinkov, que já se gabou ao “Financial Times” de suas conexões com Putin, é um dos poucos super-ricos da Rússia a falar sobre a guerra. Ele disse que durante sua doença teve a oportunidade de ver como a vida humana é frágil e pediu o fim da “operação especial” na Ucrânia. “Pessoas inocentes estão morrendo na Ucrânia agora, todos os dias, isso é impensável e inaceitável! Os Estados deveriam gastar dinheiro no tratamento de pessoas, em pesquisas para derrotar o câncer, e não em guerra”, escreveu ele.

Iain Martin e David Dawkins para a Forbes Brasil, em 29.02.22.

Absolvição criminal e a nova Lei de Improbidade

Se não bastasse toda essa normativa agora expressa, o legislador trouxe o que há tempos era aguardado pela melhor doutrina no sentido que a absolvição criminal deve surtir efeitos na ação de improbidade, independentemente da causa de absolvição. Artigo de Viviane Melo e Valber Melo no Consultor Jurídico.

A recente Lei 14.230/2021, intitulada já por muitos de nova Lei de Improbidade, além das inúmeras e significativas mudanças, contemplou o que há muito já era preconizado pela doutrina e jurisprudência no que tange à aproximação de institutos do Direito Penal para o novo ramo do Direito Administrativo Sancionador.

A intenção do legislador no que concerne a essa aproximação, de praticamente emprestar conceitos do Direito Penal para a esfera da improbidade, foi exatamente impor limites à persecução estatal e à propositura descontrolada de ações de improbidade, sem elementos concretos aptos a aferir justa causa.

Nesse sentido, já tivemos a oportunidade de discorrer [1]: "Com a nova sistemática, ao adotar no âmbito da lei de improbidade os princípios do direito administrativo sancionador, o legislador nada mais fez do que limitar o poder persecutório do estado, ampliando o espectro de garantias constitucionais aos demandados e afastando do intérprete o manejo indevido de ações, notadamente pelo fato da antiga redação possuir conceitos extremamente abertos e nocivos aqueles que figuram no polo passivo da ação de improbidade".

No que tange a essa interface, foi assim por exemplo ao trazer a previsão e o conceito de dolo como elemento subjetivo para tipificação dos atos de improbidade, a exclusão da modalidade de improbidade culposa, a necessária individualização da conduta que se aproxima ao artigo 41 do CPP [2], a prescrição intercorrente que já existia no Direito Penal, bem como outros institutos que passaram a imperar mais forte após a previsão expressa do artigo 1º, §4º: "Aplicam-se ao sistema da improbidade disciplinado nesta Lei os princípios constitucionais do direito administrativo sancionador".

Se não bastasse toda essa normativa agora expressa, o legislador trouxe o que há tempos era aguardado pela melhor doutrina no sentido que a absolvição criminal deve surtir efeitos na ação de improbidade, independentemente da causa de absolvição.

Na antiga sistemática, até por conta do princípio da independência das instancias (artigo 935 CC [3]), bem como pela previsão do artigo 65 do CPP [4], apenas a sentença penal que reconhecesse as excludentes de ilicitude ali mencionadas bem como a inexistência material do fato (interpretação a contrário sensu do artigo 66 do CPP [5]) poderiam fazer coisa julgada no âmbito cível.

Ou seja, as demais causas de absolvição criminal prevista no artigo 386 do CPP [6], embora o sujeito fosse absolvido na esfera criminal, continuava a responder e podendo ser condenado na esfera da ação de improbidade justamente pelo fato da responsabilidade civil ser independente da criminal.

Na prática, isso equivale a dizer por exemplo que várias pessoas que foram absolvidas no âmbito criminal por atipicidade de conduta (artigo 386, III do CPP) pelo mesmo fato que gerou ambas as ações (penal e improbidade), acabavam respondendo eternamente pela ação de improbidade, pois aquela causa específica de absolvição não fazia coisa julgada no âmbito cível. É dizer: o fato não constituía crime, mas poderia configurar improbidade administrativa

Para colocar fim a essa controvérsia, e na linha da aproximação com institutos do Direito Penal, o legislador trouxe a previsão expressa na nova lei do §4º no artigo 21 da LIA, que passou a possuir a seguinte redação: "A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fatos, confirmada por decisão colegiada, impede o trâmite da ação da qual trata esta Lei, havendo comunicação com todos os fundamentos de absolvição previstos no artigo 386 do Decreto-Lei 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal)".

Isso significa dizer que agora, independentemente da causa de absolvição criminal e independentemente do trânsito em julgado, o resultado dessa influencia diretamente na ação de improbidade, desde que a absolvição discuta os mesmos fatos e a decisão seja confirmada pelo tribunal.

Com efeito, malgrado o legislador se refira à confirmação por decisão colegiada, nada obsta que a sentença absolutória seja apenas em primeiro grau, notadamente naqueles casos em que não há recurso por parte do autor da ação. Essa parece ser a melhor a interpretação.

Por fim, ainda nessa direção, o próprio parágrafo 3º do artigo 21 da 14.230/2021 estabelece que "as sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à ação de improbidade quando concluírem pela inexistência da conduta ou pela negativa da autoria", sem fazer qualquer ressalva à decisão colegiada.

[1] https://odocumento.com.br/valber-melo-nova-lei-de-improbidade-e-suas-significativas-mudancas/

[2] "Artigo 41 - A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas".

[3] "Artigo 935 - A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal".

[4] "Artigo 65 - Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito".

[5] "Artigo 66 - Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato".

[6] "Artigo 386 - O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:

I - estar provada a inexistência do fato;

II - não haver prova da existência do fato;

III - não constituir o fato infração penal;

IV - estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

V - não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

VI - existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (artigos 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do artigo 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

VII - não existir prova suficiente para a condenação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)".

Os autores deste artigo, Viviane Melo é especialista em Direito Público, pós-graduada em Direito Eleitoral, pós-graduanda em Direito Minerário e Ambiental e advogada do escritório Valber Melo Advogados Associados; e

Valber Melo é advogado criminalista, professor de Direito Penal e Processual Penal, doutor em direito pela UMSA, especialista em Direito Penal Econômico, especialista em Direito Penal e Processual Penal, especialista em Direito Público, pós-graduado em ciências criminais, autor de livros e artigos jurídicos e conselheiro nacional da Abracrim-MT.

Publicado originalmente no Consultor Jurídico, em 01.03.22.

A guerra cibernética paralela entre Rússia e Ucrânia

Além de tanques e mísseis, os hackers agora são parte integral de ofensivas que visam desmantelar a infraestrutura de um país e gerar choques de efeito psicológico na população.

Ataque cibernético envolveu o envio em massa de mensagens SMS aos celulares da população ucraniana dizendo que todos os caixas eletrônicos no país estavam inoperantes para saque - uma informação falsa (Sopa / Getty Images)

Semanas antes dos ataques militares da Rússia escalarem para a atual intensidade e força de destruição em terra, a Ucrânia já era alvo de ações no ciberespaço. Já é realidade um novo tipo de conflito: a guerra híbrida.

Além de tanques e mísseis, os hackers agora são parte integral de ofensivas que visam desmantelar a infraestrutura de um país e gerar choques de efeito psicológico na população.

No domingo (27/02), o encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, disse que o site oficial da embaixada (que fica sob a estrutura de internet do governo ucraniano) e o e-mail dos funcionários estavam fora de operação devido a "ataques cibernéticos maciços".

Tkach disse que a embaixada está respondendo aos contatos pelas suas páginas nas redes sociais.

Duas semanas atrás, o governo ucraniano informou que quatro importantes websites - dois ligados às forças militares e dois pertencentes ao sistema bancário do país - sofreram um ataque conhecido como DDoS (Distributed Denial of Service ou, em inglês, ataque distribuído de negação de serviço).

Nesse tipo de ação, hackers geram artificialmente uma carga de acesso muito acima da capacidade da página para que ela fique indisponível aos usuários.

Sites e infraestrutura de internet da Ucrânia têm sido alvo de ataques desde a anexação da Crimeia em 2014 (Sergei Konkov / Getty Images)

Ao menos um dos ataques, como revelou a BBC, foi ligado a hackers amadores que se identificavam como "patriotas russos".

Essa comunidade de hackers, a princípio sem ligação com o governo Putin, também enviou 20 mensagens a escolas ucranianas com ameaças de bomba.

Outra investida foi o envio em massa de mensagens SMS aos celulares da população ucraniana dizendo que todos os caixas eletrônicos no país estavam inoperantes para saque - uma informação falsa.

O governo russo negou em comunicado qualquer envolvimento nessas ações e afirmou que nunca conduziu e não conduz nenhuma operação "maliciosa" no ciberespaço.

Rússia investe nesse campo

Para Luca Belli, professor da FGV Direito Rio e coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV, "esses são os últimos de uma longa série de ataques [cibernéticos] russos na Ucrânia".

"É importante destacar que desde a anexação da Crimeia em 2014 os russos vêm desenvolvendo competências de ponta no âmbito de ciberataque e ciberdefesa. Ou seja, ao longo desse tempo eles vêm testando, experimentando e até implementando essas tecnologias em uma escala ampla."

Belli lembra os efeitos do NotPetya, de 2017, considerado o maior ciberataque da história e que também envolve a Rússia (os hackers foram ligados ao setor de inteligência do governo) e a Ucrânia (a companhia nacional de energia e o principal aeroporto do país foram afetados, para destacar alguns dos distúrbios).

"80% da Ucrânia ficou paralisada por causa do NotPetya. Para dar um exemplo concreto: o sistema de monitoramento de radiação em Chernobyl ficou desativado por várias horas. Imagine o componente psicológico desse tipo de ataque, que deixa o alvo completamente perdido", diz o professor da FGV.

Uma estratégia ao longo dos anos tem sido embutir pacientemente dentro da infraestrutura ucraniana portas para explorar vulnerabilidades (Tomohiro Ohsumi / Getty Images).

Outra estratégia ao longo dos anos tem sido embutir pacientemente dentro da infraestrutura ucraniana diversos backdoors - pontos ou portas de acesso para explorar vulnerabilidades e permitir a tomada de controle pelos hackers.

Nos últimos dias, destaca Belli, um tipo de ataque comum no conflito Rússia-Ucrânia tem sido o que usa software do tipo data wiper (apagador de dados).

"É um software malicioso que infecta e apaga bancos de dados. Imagine o caos que pode ser provocado se a infraestrutura de internet das forças militares perder todos os seus arquivos."

"Essa é uma guerra híbrida, uma guerra que combina as táticas bélicas clássicas - invasão com tropas e tanques - às estratégias cibernéticas", afirma o professor da FGV.

Países com pouca infraestrutura tecnológica ou que não desenvolvem de forma eficiente esquemas de defesa online estarão mais vulneráveis nesse novo cenário.

Efeito psicológico da guerra cibernética

A ideia militar de desnortear o adversário vem servindo de base para ofensivas hackers nessa guerra. Derrubar a rede de celular e internet tem como objetivo instaurar pânico ao impedir que a população de um país sob ataque se comunique.

"O objetivo é criar confusão, é fazer com que as pessoas se sintam perdidas. Disparar em massa desinformação é parte de uma guerra psicológica, para minimizar as chances de os ucranianos terem uma reação", afirma Luca Belli.

"Foi o que aconteceu nos últimos dias. Foi difundido que o presidente ucraniano tinha fugido do país e depois ele postou vídeos mostrando que isso não era verdade. Imagine o efeito de espalhar que o próprio presidente já abandonou o país. O efeito psicológico é devastador nas pessoas."

Shin Suzuki, de S. Paulo para a BBC News Brasil, em 29.02.22

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Jair imponderável II

Judiciário e Ministério Público enfrentam operação para desacreditar as eleições, Artigo de William Waack hoje no Estado de S. Paulo

Profissionais em pesquisas e caciques políticos mantêm a suposição de que Jair Bolsonaro (PL) é o candidato mais fácil de ser derrotado. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

A recuperação de Jair Bolsonaro registrada em algumas pesquisas não altera até aqui a forte probabilidade de que ele perderá as eleições. Profissionais em pesquisas e caciques políticos mantêm a suposição de que é o candidato mais fácil de ser derrotado.

Como Bolsonaro pretende reagir? Esferas do Judiciário e do Ministério Público preparam-se para uma contestação dos resultados, baseada na afirmação (falsa) de que o sistema eleitoral é viciado por juízes e pelos equipamentos eletrônicos. 

A operação para desacreditar as eleições está em curso. Há dúvidas sobre a existência de uma ordem de “Estado-Maior” para declarar as eleições como fraudulentas, mas o notável aumento de volume de fake news nessa direção sugere algum tipo de esforço centralmente coordenado.

O subprocurador-geral eleitoral, Paulo Gonet, admitiu que propagar falsidades sobre o sistema eleitoral constitui fake news e, portanto, passível de punição – e é ele quem denuncia. O mesmo dizem o presidente que sai e o presidente que entra no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O próximo na fila, Alexandre de Moraes, preside no Supremo Tribunal Federal (STF) o inquérito sobre fake news, cujo alvo principal é o campo bolsonarista.

Diante do que sempre foi impossível de se coibir – mentir sobre o adversário –, o aparato jurídico de supervisão e controle das eleições brasileiras está se concentrando em proteger a própria instituição. A questão é: o TSE cassaria uma candidatura envolvida diretamente, como a de Bolsonaro, na ampla operação de desacreditar as eleições?

Quando se podia, no caso do julgamento da chapa Bolsonaro-Mourão, e não se cassou a chapa, o argumento dos ministros era o de que não se poderia criar enorme instabilidade institucional. O TSE não cassa figurões, e esse entendimento se mantém. “Só em último caso”, acaba de dizer o novo presidente da Corte, ministro Edson Fachin.

Ocorre que mais de um integrante dos tribunais superiores considera não ser elucubração absurda um cenário no qual Bolsonaro contesta o resultado das urnas, incentiva seguidores a protestar nas ruas, polícias militares estaduais fazem corpo mole, desobedecendo a governadores, e caberia então ao STF chamar as Forças Armadas para uma operação de manutenção de ordem – sendo que o comandante delas é Bolsonaro.

Os conselheiros do Centrão têm recomendado a Bolsonaro comportamento político equivalente a canja de galinha. Para eles, a figura do presidente ainda reúne condições para ajudar a formar bancadas fortes, com as quais se manterão em situação confortável não importa o novo presidente.

Precisa saber se Bolsonaro gosta do prato.

William Waack, o autor deste artigo, é Jornalista e Apresentador do Jornal da CNN. Publicado originalmente n'O Estado de S. Paulo, em 28.02.22

Como Volodmir Zelenski mobilizou os ucranianos e o mundo contra Putin

Com a decisão de permanecer em Kiev e um excelente uso das mídias sociais, presidente ucraniano convenceu lideranças e incentivou nacionais a defender o país

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, caminha pelas ruas de Kiev durante invasão russa Foto: Reprodução Facebook via AFP

Antes de a Rússia invadir a Ucrânia, o presidente Volodmir Zelenski​ era frequentemente tomado como um comediante que se tornou um político improvável. Mas com a ajuda das redes sociais, ele se tornou o líder que a Ucrânia não sabia que precisava.

Vestido com uma camiseta verde de lã do exército, com a barba por fazer e pálido, Zelenski ​inspirou os ucranianos a lutar por seu país - e os europeus a ver a Ucrânia sob uma luz diferente, como uma vítima de agressão que luta bravamente por independência, liberdade e democracia.

A decisão de Zelenski  de permanecer na capital, Kiev, enquanto o país permanece sob ataque russo - e a de sua família de permanecer na Ucrânia - comoveu muitos. É um contraste particular com o presidente afegão, Ashraf Ghani, que fugiu de Cabul assim que o Taleban chegou na periferia da capital, desmoralizando o que restava do exército afegão.

Ele e sua equipe também fizeram um excelente uso das mídias sociais, com discursos apaixonados mostrando sua presença nas ruas de Kiev se tornando virais. Ucranianos comuns estão relatando os eventos na Ucrânia no TikTok. Alguns fazem vídeos saudando Zelensky e mostram ucranianos fazendo o que podem para repelir os russos – enchendo garrafas destinadas a coquetéis molotov, oferecendo-se para lutar, recebendo armas automáticas e prometendo defender seu país.

A resposta de Zelenski a uma oferta americana de tirá-lo da Ucrânia - "preciso de munição, não de uma carona" - provavelmente ficará na história do pais, quer ele sobreviva ou não a esse ataque.

Mas Zelenski também inspirou líderes europeus a fazer mais pela Ucrânia. Aparecendo na tela durante a cúpula de emergência da União Europeia em 24 de fevereiro, ele fez um discurso apaixonado de 10 minutos que levou alguns mandatários relutantes a endossar um pacote mais severo de sanções econômicas à Rússia, disse um alto funcionário europeu.

A sua intervenção vai ficar para a história, disse o responsável que se encontrava na sala. Foi muito emocionante, os líderes foram profundamente afetados, acrescentou. 

O silêncio na sala foi impressionante e o impacto foi claro, acrescentou o funcionário, e deu a impressão de que fez uma grande diferença ao persuadir países mais relutantes, como Alemanha, Itália e Hungria, a concordar com sanções financeiras e bancárias mais duras e entregar armas à Ucrânia.

"Esta pode ser a última vez que vocês vão me ver vivo", disse Zelenski.

As ações de Zelenski e os esforços de resistência de homens e mulheres ucranianos comuns – retardando o avanço russo e se voluntariando para lutar com armas automáticas – também tiveram um impacto importante na opinião europeia, dizem autoridades, facilitando que seus líderes fossem mais ousados e aceitassem os refugiados vindos da Ucrânia.

Steven Erlanger/The New York Times, O Estado de S.Paulo, em 28 de fevereiro de 2022 | 17h58

Da universidade aos militares na Ucrânia: "Tenho que ajudar a proteger meu país contra os terroristas russos"

Milhares de voluntários civis se unem à resistência para repelir o avanço das tropas de Putin.

Civis ucranianos preparam 'coquetéis molotov' no Dnipro, neste domingo. (Foto:STANISLAV KOZLIUK (EFE)

Um mês atrás, Lev Tiskin estava jogando videogames online e saindo com seus amigos para beber quase todo fim de semana. Eu tinha acabado de começar meu primeiro ano na faculdade, escola de negócios, e sonhava com férias de primavera em algum lugar quente e na praia. Hoje, o jovem de olhos azuis acinzentados carrega uma mochila pendurada no ombro com algumas mudas de roupa e espera entre dezenas de pessoas em um prédio da administração do Dnipro por instruções, talvez uma arma, e para partir para o local designado. destino, defender a cidade. "Tenho que ajudar a proteger meu país dos terroristas russos", diz ele.

Enquanto a Rússia intensifica sua ofensiva contra a Ucrânia e aumenta sua ameaça ao colocar suas armas nucleares em alerta, milhares de voluntários em todo o país arregaçaram as mangas e se juntaram a brigadas de defesa territorial, batalhões voluntários ou grupos de proteção. Eles se preparam para a guerra total. As tropas enviadas por Vladimir Putin, que invadiram pelos três flancos - norte, leste e sul - e atacaram por terra, mar e ar , já encontraram resistência não só do Exército ucraniano, que tenta conter seu avanço, mas também de parte de grupos de civis que, com ou sem armas, tentam proteger suas cidades e vilas e repelir o ataque de tropas que dobram o número e a força dos ucranianos. Em quatro dias de guerra, Moscou ainda não conquistou nenhuma cidade importante; embora sitie Kiev e Kharkiv .

Em Dnipro, lar de quase um milhão de pessoas, onde quase todas as entradas da cidade são guardadas por soldados armados, voluntários colocam armadilhas de tanques e sacos de areia. As tropas russas não chegaram à cidade no centro-leste da Ucrânia, com maioria de língua russa e uma grande comunidade judaica. Embora neste domingo os alarmes de ataques antiaéreos soaram fortemente. Também ao lado do Parque da Amizade dos Povos, onde Tiskin e seus amigos esperam.

O alarme troveja acima das vozes com uma indicação clara: "Corra, proteja-se". E uma enxurrada de pessoas corre e se agacha contra as paredes de um prédio próximo ou se amontoa no chão. Os pontos de recrutamento são os principais alvos. Se antes Tiskin, de 18 anos, dizia estar "um pouco assustado", agora ele admite que está com medo. "Meus pais não gostaram nem um pouco. Eles tentaram me impedir, mas eu vim mesmo assim. Tenho que fazer algo. Caso contrário, em alguns dias pode não haver mais Ucrânia”, diz ele.

Olga, vestida de calça de moletom cinza e penas azuis, acaba de receber um rifle. "Sempre fui um pacifista, mas trata-se de proteger os meus", diz ele. Ele tem 33 anos e um filho de nove anos. Ele é economista e trabalha em uma agência. Quando a Rússia reuniu dezenas de milhares de tropas ao longo das fronteiras ucranianas e grupos de defesa territorial , administrados pelo Ministério da Defesa, começaram a se formar, ele se alistou. Mais para proteção, para segurança, para aprender a fazer torniquetes e primeiros socorros. "Achei que no final não seria necessário, mas isso não é um exercício", diz ele. Ele garante que, se tiver que usar, o fará sem hesitação: “É um pesadelo. Putin está atrás de nós. E então ele irá para a Europa.”

Da esquerda para a direita: Danil, Danil, Lev e Sascha, 18 anos, que se alistaram nas forças de Defesa Territorial e esperavam no Dnipro neste domingo para serem mobilizados.

Agora, Olga espera por um carro que a levará para defender um objetivo que ela não pode revelar. As Brigadas de Defesa Territorial, que o Ministério definiu como “força de resistência” e dissuasora, protegem infraestruturas básicas, como pontes, estradas, túneis. O economista gosta desse conceito de resistência. Ele garante que todos em seu ambiente estejam prontos para contribuir para a defesa. “Putin é um idiota. Isso nos uniu mais, se possível. A Ucrânia passará neste teste e sairá mais forte e com honra”, diz ele.

Tutoriais da Internet para preparar um 'coquetel Molotov'

Quando o presidente russo anunciou a "operação militar em Donbas" para "desnazificar" a Ucrânia - um ataque que na verdade se transformou em uma guerra aberta em todo o país - o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu à população que se acalmasse e resistisse. Após um dia de ataques a infraestruturas estratégicas e cerco de cidades-chave como Kiev, a capital, ou Kharkov, Zelensky convocou a população civil para ajudar na defesa com tudo ao seu alcance. como coquetéis molotovque dezenas de pessoas se preparam numa praça do Dnipro, onde se organiza uma maré de pessoas para cortar tiras de poliestireno, preparar garrafas de cerveja, enchê-las com líquido inflamável para fazer uma bomba caseira, embalar caixas, organizar mantimentos e preparar carros de voluntários que reparam explosivos domésticos.

Natalia Valeriovna prepara 'coquetéis molotov', este domingo no Dnipro.

Dois dias atrás, Natalia Valerievna aprendeu a fazer um coquetel molotov usando instruções que encontrou na Internet. Mas agora, na Ucrânia, vários meios de comunicação e até o rádio dão instruções aos civis para preparar o explosivo. Natalia (que prefere dar-lhe o patronímico e não o sobrenome) diz que não pensou —e prefere não pensar— na possibilidade de ter que usá-lo. Significaria o cerco de Dnipro, às margens do rio Dnieper, a chegada de tropas russas e a saída dos sabotadores que, segundo o Governo, se infiltraram em cidades de todo o país prontos para agir a qualquer momento. “Contribuo mais com tarefas organizacionais”, diz o engenheiro de 37 anos, “mas estou preparado para lutar pela minha vida. E se isso significa jogar um explosivo em um tanque ou em alguém, eu o faria."

Em 2014, quando a Rússia invadiu e anexou a Crimeia em um referendo ilegal e a guerra de Donbas eclodiu contra separatistas pró-Rússia apoiados por Moscou, Kiev já recorreu a batalhões voluntários para tentar compensar as deficiências de seu exército desorganizado e mal equipado . Então, grupos paramilitares —alguns com raízes claras da extrema direita e da ideologia neonazista, que pescam tão bem em territórios em conflito— foram lutar no leste.

Desta vez é diferente. A maioria desses grupos passou a formar uma unidade dentro do Exército e a mobilização que está ocorrendo nos dias de hoje no Dnipro e na maioria das cidades ucranianas tem mais a cor da resistência civil em todas as estruturas: de voluntários para levar comida aos soldados, doar sangue para os feridos, preparar material para as barricadas, fazer cumprir o toque de recolher, organizar batalhões de cibervigilância ou sair às ruas nas brigadas de defesa.

Não há lugar no batalhão de Alexander Klasko. Eles preencheram todos os cargos e estão rejeitando pessoas, diz este motorista de 57 anos. Veterano da guerra no Afeganistão, lutou em Cabul e Kandahar em 1982. Com um rifle no ombro, ele explica que se alistou logo após Putin lançar a invasão porque sua experiência militar pode ser útil. "Guerra é guerra, o que posso dizer, mas esta é a nossa casa e não podemos deixar ninguém entrar sem permissão."

Maria R. Sahuquillo, a autora deste artigo, é Correspondente do El País em Moscou, de onde cobre Rússia, Ucrânia, Bielorrússia e o resto do espaço pós-soviético. Anteriormente, foi enviada especial para grande cobertura e tratou com os países da Europa Central e Oriental. Ela passou quase toda a sua carreira no EL PAÍS e, além de questões internacionais, é especializada em questões de igualdade e saúde. Publicado originalmente em 28.02.22.

Lavagem de dinheiro é o calcanhar de Aquiles de Putin

A arma mais poderosa é perseguir as fortunas dos oligarcas no exterior, que respondem por 85% do PIB do país. Artigo de Paul Krugman hoje no El País.

Vladimir Putin, presidente da Rússia, em 24 de fevereiro. (ALEKSEY NIKOLSKYI (EFE)

Os Estados Unidos e seus aliados não vão intervir com suas próprias forças contra a invasão da Ucrânia por Vladimir Putin . Deixarei para outros com experiência no assunto adivinharem se enviaremos mais armas ao governo ucraniano ou, no caso de o ataque russo atingir rapidamente seu objetivo, ajudaremos a armar a resistência ucraniana.

No entanto, a resposta do Ocidente à brutal agressão de Putin consistirá principalmente em sanções financeiras e econômicas . Até que ponto essas sanções podem ser eficazes? A resposta é que podem ser muito assim se o Ocidente estiver disposto e disposto a assumir sua própria corrupção.

Pelos padrões convencionais, o regime de Putin não parece muito vulnerável , pelo menos no curto prazo. É verdade que a Rússia acabará pagando um preço alto. Não haverá mais acordos sobre gasodutos e quase nenhum investimento estrangeiro direto. Afinal, quem iria querer assumir compromissos duradouros com um país cuja liderança autocrática mostrou um desrespeito tão imprudente pelo Estado de direito? Mas essas consequências da agressão de Putin levarão anos para se tornarem visíveis. E quando se trata de sanções comerciais, parece que o escopo é limitado. Por isso podemos e devemos culpar a Europa, que tem muito mais relações comerciais com a Rússia do que os Estados Unidos.

Infelizmente, os europeus permitiram-se desnecessariamente tornar-se extremamente dependentes das importações russas de gás natural. Isso significa que, caso tentassem cortar totalmente as exportações russas, imporiam a si mesmos escassez e preços altíssimos. Se a provocação atingir um nível suficiente, eles poderão fazê-lo; as economias avançadas modernas podem ser incrivelmente resilientes em tempos de necessidade.

Mas mesmo a invasão da Ucrânia pode não ser suficiente para persuadir a Europa a fazer tais sacrifícios. É revelador, e não no bom sentido, que a Itália quer bens de luxo – que a elite russa adora comprar – excluídos do pacote de sanções.

Sanções financeiras, que reduziriam a capacidade da Rússia de levantar e movimentar dinheiro no exterior, são mais fáceis de aplicar e, de fato, na quinta-feira, o presidente Biden anunciou que reprimiria os bancos russos. Mas os efeitos serão limitados, a menos que a Rússia seja excluída do SWIFT, o sistema de pagamentos interbancários com sede na Bélgica. E a exclusão do SWIFT poderia efetivamente significar a interrupção do fornecimento de gás russo, o que nos traz de volta ao problema da vulnerabilidade auto-infligida da Europa.

Mas as democracias avançadas do mundo têm outra arma financeira poderosa contra o regime de Putin, se estiverem dispostas a usá-la: podem ir atrás das vastas fortunas ultramarinas dos oligarcas que cercam Putin e ajudá-lo a permanecer no poder.

Todo mundo já ouviu falar dos gigantescos iates desses personagens, suas franquias esportivas e suas residências incrivelmente caras em vários países. Na Grã-Bretanha há tanto dinheiro russo em exibição que alguns falam de Londongrad. E não são histórias isoladas.

Filip Novokment, Thomas Piketty e Gabriel Zucman apontaram que a Rússia registra enormes superávits comerciais todos os anos desde o início dos anos 1990, o que deveria ter levado a um grande acúmulo de ativos estrangeiros. No entanto, de acordo com estatísticas oficiais, os ativos da Rússia fora de suas fronteiras excedem apenas moderadamente seus passivos. Como é possível? A explicação óbvia é que os russos ricos têm recebido grandes somas e as depositado em outros países.

Os números em questão são impressionantes. Novokment e coautores calculam que, em 2015, as fortunas escondidas no exterior de russos ricos eram equivalentes a cerca de 85% do PIB de seu país. Para colocar as coisas em perspectiva, é como se os comparsas de um presidente americano tivessem conseguido esconder US$ 20 trilhões em contas no exterior. Outro artigo co-assinado por Zucman descobriu que, na Rússia, "a grande maioria das grandes fortunas está no exterior". Até onde sei, a visibilidade da elite russa no exterior não tem precedentes na história e cria uma enorme vulnerabilidade que o Ocidente pode explorar.

Agora, os governos democráticos podem ir atrás desses ativos? Sim. A meu ver, a base legal já existe, por exemplo, no Countering America's Adversaries Through Sanctions Act, e também a capacidade técnica. De fato, a Grã-Bretanha congelou os ativos de três comparsas proeminentes de Putin no início desta semana e pode fazer o mesmo com muitos outros.

Portanto, temos os meios para exercer uma enorme pressão financeira sobre o regime de Putin (e não sobre a economia russa), mas estamos dispostos a fazê-lo? Esta é a pergunta de um trilhão de rublos. Dois fatos desconfortáveis ​​se apresentam neste momento. A primeira é que existem algumas pessoas influentes, tanto nos negócios quanto na política, que compartilham profundas complicações financeiras com cleptocratas russos. Isto é especialmente verdade na Grã-Bretanha. A segunda é que será difícil ir atrás de dinheiro russo lavado sem dificultar a vida de todos que lavam, de onde quer que venham. E enquanto os plutocratas russos podem ser os campeões mundiais neste esporte, eles certamente não são os únicos: os mega-ricos de todo o planeta têm dinheiro guardado em contas offshore.

O que isso significa é que tomar uma ação efetiva contra o ponto mais fraco de Putin exigiria confrontar e derrotar a própria corrupção do Ocidente. O mundo democrático pode enfrentar esse desafio? Veremos nos próximos meses.

Paul Krugman, o autor deste artigo, é Prêmio Nobel de Economia. Publicado originalmente pelo The New York Times. Tradução para o espanhol publicada pelo EL PAÍS, em  26.02.22. 

Zelenski: de humorista a herói nacional

Por muito tempo, Volodimir Zelenski foi visto como um ator cômico que tropeçou na presidência. Durante o confronto com a Rússia, no entanto, o homem de 44 anos amadureceu e se tornou um respeitado estadista.

Um ator, um satirista político, subestimado até por seus apoiadores, decide mudar de carreira e concorrer ao cargo público mais alto do país. É quase inconcebível. E, no entanto, esse homem tem algo que falta a muitos políticos – algo que lhe permite brilhar, especialmente em tempos de crise: ele é um excelente comunicador. Muitas das frases de Volodimir Zelenski, o atual presidente da Ucrânia, serão lembradas por muitos anos e acabarão entrando nos livros de história.

Em 12 de junho de 1987, no Portão de Brandemburgo, em Berlim, o ex-ator de Hollywood Ronald Reagan, então presidente dos Estados Unidos, declamou as palavras que, até hoje, são citadas sempre que alguém se refere ao período que encerrou a Guerra Fria: "Senhor Gorbachev, abra este portão, derrube este muro."

Quase 45 anos depois, um homem com experiência em entretenimento semelhante fala com seus compatriotas em mensagens de vídeo como o líder nacional, dirigindo-se a eles como "Pessoas livres! País livre!".

Zelenski diz coisas como: "Nós, ucranianos, somos uma nação pacífica. Mas se ficarmos calados hoje, amanhã partiremos!". Ele critica ferozmente a falta de apoio do exterior: "Precisamos de uma coalizão antiguerra. Estamos defendendo nosso país sozinhos. As forças mais poderosas de todo o mundo estão apenas assistindo".

De "Servo do Povo" a presidente da Ucrânia

Ronald Reagan morreu há 18 anos, mas muitos nos EUA ainda o reverenciam: para eles, ele é praticamente um santo. Zelenski parece estar construindo um status semelhante na Ucrânia. No entanto, não está totalmente claro o que acontecerá com ele nos próximos dias e semanas. Circulam relatos de que a Rússia pretende matá-lo. O próprio Zelenski especulou que um dos objetivos do ataque russo é derrubá-lo, e disse que o inimigo o declarou seu alvo número um.

Apenas alguns anos atrás, Zelenski era um ator e artista, que satirizou a corrupção e a má administração na Ucrânia ao interpretar o presidente ucraniano na popular série de televisão ucraniana O Servo do Povo. Eleito em 2019 como presidente, ele rapidamente se tornou um estadista sério, que parece capaz de dar o tom certo as suas falas, sem esforço, mesmo em momentos de crise. Talvez seja justamente porque, antes de se tornar presidente, ele era um ator cômico, apresentador e um artista com talento retórico notável, o que lhe permite usar as palavras para obter o maior impacto possível.

Zelenski durante um exercício militar em Rivne, no norte da Ucrânia, em 16 de fevereiro (Foto: AP/picture alliance)

Zelenski como um excelente comunicador

Com a invasão russa, a situação na Ucrânia parece cada vez mais perigosa. E cada um dos apelos de Zelenski tem sido mais urgente e apaixonado do que o anterior. Observadores consideram seu discurso logo após o início da invasão russa como o melhor de sua vida. Emotivo, destemido e resoluto, ele disse às tropas russas: "Se vocês atacarem, verão nossos rostos, não nossas costas!"

O presidente ucraniano também domina perfeitamente a arte de se comunicar via Twitter. A cada poucas horas, escreve declarações concisas para o mundo. Ao meio-dia de sexta-feira, por exemplo, agradeceu a Suécia em ucraniano e inglês por sua assistência militar, técnica e humanitária, concluindo que eles estavam "construindo juntos uma coalizão anti-Putin".

Duelo de mídia com Vladimir Putin

É parte da história paradoxal desta guerra que, enquanto em termos militares a Ucrânia está irremediavelmente atrás dos russos, quando se trata de retórica, Zelenski derrota Putin. Após o discurso confuso de uma hora do presidente russo, no qual ele reconheceu as regiões separatistas do leste da Ucrânia como "independentes", o ucraniano Zelenski assegurou a seus compatriotas: "Não entrem em pânico! Estamos fortes e prontos para qualquer coisa. Vamos derrotar todos, porque nós somos a Ucrânia!" e, ao fazê-lo, evitou o pânico em massa.

Quando o presidente russo fala de alegações infundadas de "genocídio" no leste da Ucrânia e em "desnazificação" como pretexto para a guerra, soa como pura zombaria, especialmente para Zelenski. O chefe de Estado ucraniano – que cresceu em uma família de língua russa – é judeu. Seu avô, que esteve no Exército Vermelho, perdeu três irmãos no Holocausto.

Zelenski, ao lado de Merkel, Macron e Putin em Paris, em 2019 (Foto: picture-alliance/AP Photo/C. Platiau_

No passado, aprovação no fundo do poço

Zelenski provavelmente nunca foi tão popular na Ucrânia quanto agora. No entanto, antes da guerra com a Rússia, muitos de seus compatriotas estavam tudo menos satisfeitos com seu chefe de Estado. Ele foi incapaz de cumprir a promessa ambiciosa que fez há três anos, de acabar com o conflito no leste da Ucrânia.

O progresso previsto nos acordos de Minsk não se concretizou - em vez disso, os acordos gradualmente se desintegraram completamente.

Além disso, o escândalo em torno dos Pandora Papers, nos quais Zelenski e pessoas próximas a ele estariam envolvidos, não passou despercebido. Uma investigação de uma rede internacional de jornalistas revelou que Zelenski possui empresas offshore que foram pagas indiretamente por um oligarca. 

Guerra Fria se aproxima novamente

No final da década de 1970, Ronald Reagan era visto como um homem ultrapassado. Tinha falhado duas vezes em ser o candidato presidencial republicano, perdendo as primárias para Richard Nixon, em 1968, e Gerald Ford, em 1976. Mas então, em 1979, a União Soviética invadiu o Afeganistão, a Guerra Fria estourou novamente e, um ano depois, Reagan venceu a eleição dos EUA contra o então presidente democrata Jimmy Carter.

Mais de quatro décadas depois, após o ataque da Rússia à Ucrânia, o mundo enfrenta uma nova versão da Guerra Fria. E o papel de Volodimir Zelenski ainda não foi determinado.

De Oliver Pieper  para a Deutsche Welle Brasil. Publicado originalmente, em 27.02.22.

Últimas notícias: Ucrânia pede para entrar na UE

País quer ser aceito como membro da UE. Negociação entre Rússia e Ucrânia termina sem avanços. Assembleia-Geral da ONU realiza reunião de emergência sobre a guerra. Acompanhe as últimas notícias.

Negociação entre Rússia e Ucrânia termina sem avanços

Hungria diz que não vai permitir trânsito de armas à Ucrânia em seu território

Suíça adota as mesmas sanções da UE contra a Rússia

Assembleia-Geral da ONU terá reunião de emergência sobre guerra na Ucrânia

UE planeja conceder visto de três anos a ucranianos

Ucrânia pede adesão imediata à UE

Sanções da UE contra Banco Central da Rússia entram em vigor

Google desativa funções em tempo real para proteger população ucraniana

Kiev e Kharkiv amanhecem ao som de explosões


As atualizações estão no horário de Brasília

17:00 – Mônaco anuncia congelamento de ativos de alguns russos

Mônaco, um paraíso fiscal no Mediterrâneo que atrai muitos bilionários, irá congelar ativos e aplicar sanções contra alguns russos, informou o Palácio Real de Mônaco nesta segunda-feira.

Segundo um comunicado, o príncipe Albert ir apoiar os esforços para pressionar a Rússia a retirar suas tropas da Ucrânia. "O Principado adotou e implementou, sem atraso, procedimentos para congelar fundos e [aplicar] sanções econômicas idênticas às adotadas pela maioria dos países europeus", afirma o texto.

O Palácio Real de Mônaco não informou quem seriam os russos afetados pelas medidas.

16:45 – Companhias petrolíferas rompem parcerias com Rússia

Três grandes companhias petrolíferas anunciaram que o rompimento de parcerias com empresas russas do setor.

A primeira foi a BP, que no domingo anunciou que iria se desfazer de sua participação de 19,75% na estatal russa de petróleo Rosneft, como resultado do "ato de agressão na Ucrânia". 

A empresa, que tinha uma parte da estatal russa desde 2013, estava sob pressão do governo britânico para encerrar o vínculo com a Rosneft. O presidente da BP, Bernard Looney, renunciou ao seu assento no conselho da Rosneft "com efeito imediato".

Nesta segunda-feira, a Shell também anunciou que iria se desfazer de suas operações na Rússia, inclusive uma joint venture em uma grande planta industrial de gás natural liquefeito, a Sakhalin 2 LNG, da qual a empresa possui 27,5%. A planta é operada pela gigante russa do gás Gazprom.

A Shell também pretende deixar sua participação no gasoduto Nord Stream 2, que liga a Rússia à Alemanha e já está concluído, mas não chegou a entrar em operação e foi bloqueado após a invasão da Ucrânia por tropas russas.

"Estamos chocados pela perda de vidas na Ucrânia, que deploramos, como resultado de um ato de agressão militar sem sentido que ameaça a segurança europeia", afirmou o presidente da Shell, Ben van Beurden, em um comunicado.

Também nesta segunda, a empresa norueguesa de energia Equinor afirmou que interrompeu novos investimentos na Rússia e que iria se desfazer de suas participações em operações no país. A empresa é parceira da Rosneft desde 2012 e no final de 2012 tinha 1,2 bilhão de dólares em ativos não circulantes na Rússia.

“Estamos todos profundamente preocupados com a invasão da Ucrânia”, declarou o presidente da Equinor, Anders Opeda, em um comunicado.

15:20 – Ucrânia pede para entrar na União Europeia

A Ucrânia pediu oficialmente nesta segunda-feira (28/02) à União Europeia que autorize a sua adesão como país-membro do bloco, em um movimento para tentar consolidar os vínculos entre os ucranianos eo  Ocidente. O presidente Volodimir Zelenski divulgou fotos dele assinando o pedido formal.

A iniciativa é em grande medida simbólica, pois a análise do processo pela União Europeia deve demorar anos, e se opõe à intenção do presidente russo, Vladimir Putin, de manter a Ucrânia sob sua esfera da influência.

16:00 – Ucrânia oferece anistia e dinheiro a soldados russos que baixarem armas

O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, enviou nesta segunda-feira uma mensagem aos soldados russos que estão na Ucrânia, e afirmou que os que voluntariamente baixarem suas armas receberão anistia total e compensação monetária. "Aqueles de vocês que não querem se tornar um assassino e morrerem podem se salvar", escreveu Reznikov em uma rede social.

Na sexta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, também enviou uma mensagem aos soldados ucranianos. Em um pronunciamento, ele os instou a dar um golpe de Estado e assumir o poder em Kiev. "Não deixe que os banderites e os neonazistas tomem como reféns seus filhos e mulheres. Tomem o poder com suas próprias mãos", disse o líder russo.

14:20 – Primeira rodada de negociação entre Rússia e Ucrânia é encerrada

Representantes dos governos da Ucrânia e da Rússia concluíram uma reunião realizada na fronteira de Belarus nesta segunda-feira.

Agora, os representantes retornam às suas respectivas capitais para consultas, antes de uma segunda rodada de conversas, segundo a agência de notícias russa RIA.

Um dos representantes da Ucrânia na reunião, Mykhailo Podolyak, afirmou após o encontro que as negociações são difíceis. 

O governo de Kiev pediu um cessar-fogo imediato e a retirada das forças russas da Ucrânia. 

14:10 - Finlândia e Noruega decidem enviar armas para Ucrânia

A Finlândia, que não integra a Otan e tem cerca de 1,3 mil quilômetros de fronteira com a Rússia, decidiu nesta segunda-feira fornecer armas para a Ucrânia, em meio à invasão do país por forças russas.

A primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, afirmou tratar-se de uma decisão "histórica". "A Finlândia irá fornecer assistência militar à Ucrânia", disse. O país enviará inicialmente 2,5 mil fuzis, 150 mil balas e 1,5 mil armas antitanque.

Em seguida, a Noruega, que integra a Otan, também decidiu enviar armas à Ucrânia. A iniciativa reverte uma política em vigor desde os anos 1950 na Noruega que impedia o envio de armas a países não membros da Otan que estejam em guerra ou sob risco de conflito armado.

13:45 – Putin apresenta a Macron suas condições para acordo sobre Ucrânia

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, apresentou ao presidente da França, Emmanuel Macron, durante uma conversa por telefone nesta segunda-feira, suas condições para encerrar a guerra na Ucrânia.

Putin quer que a Ucrânia declare-se neutra entre a Rússia e o Ocidente e seja "desmilitarizada" e "desnazificada". 

Além disso, o controle da Rússia sobre a península da Crimeia, tomada à força por militares russos da Ucrânia em 2014, precisaria ser formalmente reconhecido. 

Na conversa, Macron disse ser necessário que a Rússia interrompa ataques contra pessoas, edifícios e infraestrutura civis na Ucrânia e pediu um cessar-fogo imediato.

13:30 – Putin amplia o controle sobre fluxo de capitais na Rússia

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, proibiu nesta segunda-feira (28/02) que moradores e empresas na Rússia contraiam empréstimos em moeda estrangeira, e que moradores do país transfiram divisas para fora do país.

O Kremlin afirma que as medidas são uma retaliação às sanções econômicas impostas pelo Ocidente contra a Rússia, que incluem o congelamento de ativos do Banco Central russo na União Europeia e nos Estados Unidos e a exclusão de instituições financeiras russas da rede de comunicações bancárias. 

As novas normas entram em vigor nesta terça-feira, e também constituem uma tentativa de evitar fuga de capitais do país.

O presidente russo sancionou ainda uma lei que obriga as empresas exportadoras na Rússia a venderem no país 80% da moeda estrangeira obtida por elas como receita desde 1º de janeiro. O objetivo é suprir a falta de dólares, euros e outras moedas provocada pelas sanções do Ocidente.

12:50 – Em Colônia, em vez de carnaval, marcha pela paz na Ucrânia

Segundo números divulgados pela polícia local, em torno de 250 mil pessoas marcharam em solidariedade à Ucrânia na cidade alemã de Colônia nesta segunda-feira (28/02). O protesto ocorreu em substituição à tradicional celebração de carnaval Rosenmontag ("segunda-feira de rosas”).

O carnaval de rua de Colônia havia sido mais uma vez cancelado este ano devido à pandemia de coronavírus. Entretanto, os organizadores decidiram realizar uma marcha pela paz por causa do conflito na Ucrânia.

A imagem panorâmica mostra uma grande aglomeração de pessoas em uma rua da cidade alemã de Colônia. A maioria delas veste as cores azul e amarelo, em protesto pela paz na Ucrânia, e também carregam bandeiras do país do Leste Europeu.A imagem panorâmica mostra uma grande aglomeração de pessoas em uma rua da cidade alemã de Colônia. A maioria delas veste as cores azul e amarelo, em protesto pela paz na Ucrânia, e também carregam bandeiras do país do Leste Europeu.

Festa do carnaval de rua foi substituída por uma marcha pela paz na Ucrânia, na cidade de Colônia, AlemanhaFoto: Susan Bonney-Cox/DW

12:30 – COI recomenda que atletas de Rússia e Belarus fiquem fora de competições

O Comitê Olímpico Internacional (COI) recomendou nesta segunda-feira que federações e organizadores de competições "não convidem, nem permitam a participação de atletas ou dirigentes da Rússia ou Belarus".

A medida, de acordo om informações divulgadas pelo Comitê Executivo da entidade, o objetivo é "proteger a integridade das competições esportivas mundiais e a segurança de todos os participantes".

Além disso, a instância máxima do COI decidiu retirar a principal condecoração, a Ordem Olímpica, a todos os membros do governo da Rússia que a receberam, entre eles, o presidente do país, Vladimir Putin, e o vice-primeiro-ministro, Dmitry Chernyshenko.

O Comitê Olímpico Internacional apontou, em comunicado, que o desejo é "não punir atletas pelas decisões do governo, se não participam ativamente delas", no entanto, admite que a guerra na Ucrânia deixa o Movimento Olímpico "em um dilema".

"Enquanto que os esportistas de Rússia e Belarus poderiam seguir participando em competições, muitos da Ucrânia estão impedidos, devido ao ataque ao seu país", indica comunicado do Comitê Executivo. "Trata-se de um dilema que não tem solução", completa a nota.

A recomendação é que russos ou bielorrussos, seja individual ou coletivamente, "devem ser aceitos unicamente como atletas ou equipes neutras. Não devem ser exibidos símbolos, cores, bandeiras ou hinos nacional".

11:55 – Ministra alemã do Exterior comenta ações contra a Rússia

Em uma entrevista coletiva de imprensa nesta segunda-feira (28/02), a ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, disse que "Putin não esperava que estivéssemos tão determinados", enfatizando a resposta unificada e as sanções impostas contra a Rússia pela União Europeia e outros países, como Estados Unidos e Canadá, devido à invasão russa à Ucrânia.

"A guerra de Putin é um ponto de virada e é absolutamente apropriado para nós reavaliar tudo que pensávamos saber com certeza", acrescentou Baerbock.

A ministra ressaltou ainda que a Europa está pronta para receber todos os refugados vindos da Ucrânia, não somente ucranianos, e afirmou que está analisando os problemas relatos por civis, especialmente negros, que estão sendo impedidos de entrar nos países vizinhos.

11:35 – Hungria diz que não vai enviar tropas ou armas para a Ucrânia

O ministro das Relações Exteriores da Hungria, Peter Szijjarto, disse nesta segunda-feira (28/02) que o país não deve enviar tropas ou armamentos para a Ucrânia. Além disso, Szijjarto também anunciou que o governo não vai permitir o trânsito de armas através do território húngaro rumo à Ucrânia.

"A razão para tomar essa decisão é que repasses podem virar alvos de ações militares. Nós temos de assegurar a segurança da Hungria, (mostrar que) não estamos envolvidos nesta guerra", afirmou Szijjarto, após encontro com a ministra das Relações Exteriores de Kosovo, Donika Gervalla.

11:00 – Kiev exige retirada de tropas russas do país

As negociações entre russos e ucranianos começaram na fronteira de Belarus nesta segunda-feira, com o governo de Kiev pedindo um cessar-fogo imediato e a retirada das forças russas da Ucrânia. 

A delegação russa é chefiada pelo enviado especial do Kremlin, Vladimir Medinsky, enquanto o lado ucraniano é representado por Davyd Arakhamia, que lidera o partido do presidente Volodomir Zelenski no parlamento ucraniano.

10:55 – Suíça adota as mesmas sanções da UE contra a Rússia

A Suíça divulgou nesta segunda-feira que vai adotar as mesmas sanções econômicas já aplicadas pela União Europeia contra a Rússia. A decisão ocorreu no Conselho Federal, em Berna, devido à invasão russa à Ucrânia.

As sanções da União Europeia ao Banco Central russo entraram em vigor na madrugada desta segunda-feira. Segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, as restrições incluem a proibição de transações com o instituto financeiro.

Além disso, todos os ativos do banco na UE deverão ser congelados para impedir o financiamento da guerra do presidente Vladimir Putin contra a Ucrânia.

As sanções são consideradas tão pesadas quanto a exclusão de instituições financeiras russas da rede de comunicações bancárias Swift.

Após a resolução, autoridades suíças concluíram que é improvável que a Rússia utilize armas nucleares contra o Ocidente em meio à invasão à Ucrânia. A declaração foi feita pela ministra da Defesa da Suíça, Viola Amherd.

"É claro que estamos observando todos os cenários, mas nossas investigações indicam que a probabilidade de essas armas serem usadas é baixa", disse Amherd, durante entrevista coletiva de imprensa em Berna.

10:15 – Rússia fecha espaço aéreo para ao menos 36 países

A Rússia anunciou que vai fechar o seu espaço aéreo para companhias da Alemanha e outros 35 países. A proibição será aplicada, por exemplo, para França, Espanha, Itália e Canadá. A União Europeia e o Canadá já haviam fechado o espaço aéreo para aeronaves ou linhas aéreas russas no final de semana.

08:55 – Mais de meio milhão de pessoas deixaram a Ucrânia, diz ONU

O alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, Filippo Grandi, informou que mais de 500 mil pessoas já fugiram da guerra na Ucrânia para países vizinhos.

Até agora, a maioria se dirigiu à Polônia, com mais de 281 mil chegadas desde que a guerra estourou, segundo a guarda de fronteira polonesa. Apenas no domingo, quase 100 mil pessoas teriam cruzado a fronteira Ucrânia-Polônia.

O porta-voz do Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Chris Melzer, acrescentou que outras centenas de milhares de pessoas se deslocaram dentro do território ucraniano, mas não foi possível dar um número concreto.

Refugiados da Ucrânia atravessam a fronteira com a Polônia (Foto: Czarek Sokolowski/AP Photo/picture alliance)

08:05 – Começa reunião entre russos e ucranianos

Autoridades russas e ucranianas informaram que teve início nesta segunda-feira a primeira reunião entre os dois lados desde que Moscou invadiu a Ucrânia, na semana passada. O Ministério do Exterior da Rússia publicou fotos de ambas as delegações sentadas à mesa.

O encontro ocorre na cidade de Gomel, em Belarus, perto da fronteira com a Ucrânia.

A Ucrânia disse que seu objetivo nas negociações é um cessar-fogo imediato e a retirada das forças russas de seu território. Já a Rússia tem sido mais cautelosa, com o Kremlin se recusando a comentar suas intenções no diálogo com Kiev.

07:25 – Nigéria condena relatos de racismo na fronteira ucraniana

A Nigéria fez um apelo nesta segunda-feira para que autoridades fronteiriças da Ucrânia e de países vizinhos tratem seus cidadãos de forma igualitária, em meio a uma série de relatos de discriminação racial contra africanos que fogem da invasão russa.

Cidadãos da Nigéria, Gana e outros países africanos, a maioria estudantes, se juntaram às centenas de milhares de pessoas que tentam fugir da Ucrânia por meio das fronteiras terrestres com a Polônia e outras nações.

"Há relatos infelizes de policiais e seguranças ucranianos se recusando a permitir que nigerianos embarquem em ônibus e trens em direção à fronteira Ucrânia-Polônia", afirmou um comunicado do governo nigeriano. "Em um vídeo amplamente divulgado nas redes sociais, uma mãe nigeriana com seu bebê foi filmada sendo fisicamente forçada a ceder seu assento a outra pessoa."

O texto também diz haver relatos separados de autoridades polonesas que negam a entrada de cidadãos nigerianos na Polônia vindos da Ucrânia. "É fundamental que todos sejam tratados com dignidade e sem favores."

A embaixadora da Polônia na Nigéria, Joanna Tarnawska, rejeitou as alegações de tratamento injusto. "Todos recebem tratamento igual. Posso garantir que tenho relatos de que alguns cidadãos nigerianos já cruzaram a fronteira para a Polônia", disse ela à mídia local.

07:02 – UE planeja conceder visto de três anos a ucranianos

A União Europeia (UE) está se preparando para conceder aos ucranianos que fogem da guerra o direito de ficar e trabalhar nos Estados-membros do bloco por até três anos, afirmaram autoridades francesas e europeias.

Ao menos 300 mil refugiados ucranianos entraram na UE desde a invasão russa da Ucrânia na semana passada, e o bloco se prepara para a chegada de outros milhões, segundo as autoridades. 

"É nosso dever receber aqueles que fogem da guerra", disse o ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, em entrevista a uma emissora francesa.

Segundo ele, a Comissão Europeia foi encarregada no domingo de preparar propostas preliminares para conceder proteção a esses ucranianos. Os ministros europeus do Interior deverão se reunir novamente nesta terça-feira para ajustar os detalhes.

"Todos os Estados-membros da UE estão preparados para receber refugiados da Ucrânia", afirmou a ministra alemã do Interior, Nancy Faeser. "Essa é uma forte resposta da Europa ao sofrimento terrível que Putin inflige com sua guerra criminosa de agressão: juntos, nos solidarizamos com o povo da Ucrânia."

Com homens em idade de alistamento militar impedidos de deixar o país, principalmente mulheres e crianças estão chegando às fronteiras dos quatro países-membros que têm fronteiras terrestres com a Ucrânia: Polônia, Romênia, Eslováquia e Hungria.

06:40 – Ucrânia pede adesão imediata à UE

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, pediu nesta segunda-feira a adesão "imediata" da Ucrânia à União Europeia (UE) sob um "novo procedimento especial".

"Nosso objetivo é estar junto de todos os europeus e, mais importante, estar em pé de igualdade. Tenho certeza de que é justo. Tenho certeza de que é possível", afirmou Zelenski em um novo discurso em vídeo.

O presidente também afirmou que 4.500 soldados russos foram mortos até agora durante o ataque de Moscou contra a Ucrânia.

05:52 – Moeda russa tem desvalorização recorde

O rublo, a moeda russa, despencou na manhã desta segunda-feira nos mercados internacionais, perdendo um quarto de seu valor, pressionada pelas sanções internacionais contra Moscou por causa da invasão russa da Ucrânia. 

No início das negociações nos mercados asiáticos, a moeda chegou a perder quase um terço de seu valor em comparação com a sexta-feira passada, uma desvalorização recorde. Logo depois, conseguiu se recuperar ligeiramente.

Para responder à desvalorização do rublo, o Banco Central russo aumentou a taxa básica de juros de 9,5% para 20%.

05:25 – Rússia reivindica cidades, Ucrânia defende aeródromo

As forças russas tomaram as cidades de Berdyansk e Enerhodar, na região de Zaporizhzhya, no sudeste da Ucrânia, bem como a área ao redor da usina nuclear de Zaporizhzhya, afirmou a agência de notícias russa Interfax citando o Ministério da Defesa da Rússia nesta segunda-feira. As operações da usina continuaram normalmente.

Enquanto isso, o Ministério da Defesa do Reino Unido disse que o avanço da Rússia em Kiev foi retardado por falhas logísticas e forte resistência ucraniana.

"A maior parte das forças terrestres de Putin permanece a mais de 30 quilômetros ao norte de Kiev, seu avanço foi retardado pelas forças ucranianas que defendem o aeródromo de Hostomel, um alvo essencial da Rússia no primeiro dia do conflito", disse o ministério britânico. "Falhas logísticas e firme resistência ucraniana continuam frustrando o avanço russo."

Os militares ucranianos ainda acusaram Moscou de lançar um ataque com mísseis contra edifícios residenciais nas cidades de Zhytomyr e Chernigiv, cidades no noroeste e norte do país.

"Ao mesmo tempo, todas as tentativas dos invasores russos de atingir o objetivo da operação militar falharam", afirmaram os militares. "O inimigo está desmoralizado e sofre pesadas perdas."

05:00 – Rússia diz querer acordo interessante para as duas partes

A Rússia tem interesse em chegar a um acordo que seja interessante para ambas as partes nas negociações com a Ucrânia, afirmou o negociador russo Vladimir Medinsky.

Autoridades russas e ucranianas deverão se reunir perto da fronteira ao meio-dia (hora local, 6h em Brasília) desta segunda-feira, segundo Medinsky. 

04:08 – Líder de Belarus conquista mais poder em controverso referendo 

O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, ganhou mais poder após um controverso referendo neste domingo para mudar a Constituição do país.

A comissão eleitoral em Minsk disse que cerca de 65% dos votos foram dados a favor da mudança constitucional, informou a agência de notícias Tass. Apenas 10% teriam votado contra a mudança.

A mudança dá a Lukashenko imunidade vitalícia contra processos e punições. Permite também que ele garanta mais tempo no cargo.

A emenda também permite que tropas e armas nucleares russas sejam estacionadas em Belarus. Lukashenko governa o país desde 1994, sendo conhecido como "o último ditador da Europa". 

03:47 – UE financiará 450 milhões de euros em armas à Ucrânia

A União Europeia (UE) concordou neste domingo em conceder 450 milhões de euros (R$ 2,6 bilhões) para financiar o fornecimento de equipamento militar letal à Ucrânia, e outros 50 milhões de euros (R$ 288 milhões) para equipamento não letal, como combustível e equipamento de proteção.

Segundo o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, o montante será coberto pelo Fundo Europeu para a Paz e pelo fundo intergovernamental, que conta com 5 bilhões de euros para usar entre 2021 e 2027 e é financiado pelos Estados-membros, não pelo orçamento da UE.

O chefe da diplomacia europeia salientou que esta é "a primeira vez na história" que a UE vai financiar conjuntamente esse tipo de equipamento, para o que "todos concordaram ou, pelo menos, não obstruíram esta decisão".

Borrell também disse que a Polônia, país que faz fronteira com a Ucrânia, se ofereceu como centro logístico para montar o equipamento antes de sua entrega aos ucranianos, e acrescentou que nesta segunda-feira os ministros de Defesa do bloco se reúnem para discutir os detalhes.

01:51 – Banco russo Sberbank perto da falência

Segundo informações do Banco Central Europeu (BCE), a filial europeia do banco russo Sberbank e seus braços na Croácia e na Eslovênia estão insolventes ou deverão abrir falência em breve, por causa de saques de depósitos causados pela guerra na Ucrânia e pelas sanções ocidentais. 

Os levantamentos levaram a uma "deterioração da liquidez" do banco e "não há meios disponíveis" que deem uma "oportunidade realista" de regressar aos cofres da instituição, comunicou o organismo de supervisão bancária do BCE, em comunicado.  

Assim, o regulador austríaco FMA impôs "uma moratória" à filial europeia, impedindo "quaisquer levantamentos, transferências ou outras transações" até pelo menos quarta-feira (02/02). Ao abrigo dos regulamentos da UE, os depósitos de particulares são garantidos até 100 mil euros. 

Desde quinta-feira passada (24/02), dia do início da invasão russa à Ucrânia, os dois maiores bancos russos, Sberbank e VTB Bank, têm sido alvo de pesadas sanções dos Estados Unidos para limitar severamente as transações internacionais.  

As sanções contra o sistema bancário russo foram, desde então, reforçadas, com o anúncio, no fim de semana, de que alguns bancos seriam banidos do sistema Swift. 

O Sberbank Europe AG é propriedade exclusiva da matriz russa do banco.

As filiais na Bósnia-Herzegovina, República Checa, Hungria e Sérvia também seriam afetadas por uma falência, mas não são abrangidas pela jurisdição do BCE.

01:42 – Google desativa funções em tempo real para proteger população ucraniana

A empresa Alphabet, dona do Google, anunciou que vai desativar temporariamente algumas funções que fornecem informações em tempo real sobre condições de trânsito e engarrafamentos de diferentes localidades. 

Após coordenação com diversas organizações, incluindo autoridades regionais, a decisão teria sido tomada para proteger a população ucraniana, já que é possível visualizar engarrafamentos pelo Google Maps. As imagens poderiam servir para a vigiar a movimentação de tropas russas e ucranianas, assim como rotas de fuga.

Rússia ataca também com hackers e fake news

01:34 – Preço do petróleo registra alta com invasão russa da Ucrânia

O preço do petróleo mundial registrou forte aumento devido à guerra na Ucrânia. Na madrugada desta segunda-feira, o preço do barril WTI (West Texas Intermediate) subiu mais de 5%, para 96,23 euros. O preço do barril tipo Brent aumentou mais de 4%, para 102,14 dólares. 

Ao mesmo tempo em que países ocidentais impuseram severas sanções a Moscou, a Arábia Saudita reforçou sua aliança com a Rússia no ramo do petróleo, no âmbito da Opep+, uma união dos 13 países-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e de mais dez países, incluindo a Rússia. Os países tentam influenciar o preço do petróleo por meio de acordos. Os 23 membros da Opep+ debaterão sobre um possível aumento da produção nesta segunda-feira.

00:53 – Japão considera impor sanções a Belarus, aliado da Rússia

O Japão considera impor sanções também a Belarus, aliado da Rússia, depois de já ter adotado restrições contra Moscou em linha com as ações de parceiros de Tóquio como os Estados Unidos. 

O Japão também faz parte dos países que excluíram bancos russos do sistema Swift. 

O premiê japonês, Fumio Kishida, afirmou nesta segunda-feira que seu governo deverá tomar uma decisão em breve. 

Belarus, vizinho de Kiev e de Moscou, apoia a invasão russa da Ucrânia e permitiu que tropas de Moscou usassem seu território como base para atacar a Ucrânia pelo norte. 

Em referendo realizado no domingo, 65% dos belarussos que participaram da votação se disseram a favor da eliminação do status de "não nuclear" do país. Se entrar em vigor, a decisão permitirá o estacionamento de armas nucleares em solo belarusso pela primeira vez desde que o país devolveu à Rússia as ogivas que herdou após a queda da União Soviética, em 1991.

00:38 – Sanções da UE contra Banco Central da Rússia entram em vigor

As sanções da União Europeia ao Banco Central russo entraram em vigor na madrugada desta segunda-feira. Segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, as restrições incluem uma proibição de transações com o instituto financeiro. 

Além disso, todos os patrimônios do banco na UE deverão ser congelados para impedir o financiamento da guerra do presidente Vladimir Putin contra a Ucrânia.

As sanções são consideradas tão pesadas quanto a exclusão de instituições financeiras russas da rede de comunicações bancárias Swift.

Publicado originalmente por Deutsche Welle Brasil, em 28.02.22