Em discurso para integrantes do MST, o ex-presidente também voltou a criticar a política de preços da Petrobrás.
Lula em visita ao assentamento Eli Vive, em Londrina, para conhecer a produção de alimentos e a agroindústria do MST. Foto: Ricardo Stuckert
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou neste sábado, 19, o Congresso Nacional, a política de preços da Petrobras e o processo de privatização da Eletrobras durante um discurso a membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Segundo o petista, a atual composição da Câmara e do Senado representa "talvez o pior Congresso que tivemos na história do Brasil."
Durante uma visita a um assentamento do MST em Londrina, no Paraná, Lula pediu que seus apoiadores se dediquem à eleição de deputados e senadores que possam dar sustentação a um eventual governo petista. Para Lula, com o esquema do orçamento secreto, a Câmara passou a governar o País no lugar do presidente da República.
Lula questionou ainda o estabelecimento de uma comissão para discutir o semipresidencialismo, defendida pelo presidente da Câmara, Arhtur Lira (Progressistas).
O petista criticou o que chamou de "destruição da Petrobras" e a política de preços da petroleira. "Estamos pagando gasolina em dólar quando recebemos salário em real, os trabalhadores da Petrobras recebem em real, as plataformas são fabricadas em real", disse o ex-presidente. "A Petrobras está tendo lucro exorbitante, não para investir em tecnologia e autossuficiência, mas para dividir entre os acionistas." Lula também afirmou que os deputados deveriam agir para barrar o processo de privatização da Eletrobras, já na sua segunda etapa no Tribunal de Contas da União (TCU).
Corrupção
A Petrobras esteve no centro da Operação Lava Jato, que levou o ex-presidente Lula à prisão em 2018. O esquema bilionário de corrupção na estatal, chamado de petrolão, envolvia, segundo as investigações, cobrança de propina de grandes empreiteiras do País, lavagem de dinheiro e superfaturamento de obras, com o objetivo de abastecer políticos, partidos, além de servidores da Petrobras, durante os governos petistas.
No ano passado, Lula teve todos os seus processos da Lava Jato anulados após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir que o ex-juiz Sérgio Moro, atual pré-candidato à Presidência pelo Podemos, foi parcial na condução das ações.
Na última quinta-feira, 17, o agora rival político provocou o ex-presidente após Lula dizer que a Petrobras é uma empresa que “investe no desenvolvimento do País”. No Twitter, Moro afirmou que “não teria dia mais infeliz” para o comentário do petista. “Há exatos 8 anos, a Lava Jato prendia um diretor da Petrobras que você nomeou e que recolheu propina por uma década”, escreveu o ex-juiz. “Tem certeza que você quer falar disso justo hoje?”
Cícero Cotrim, O Estado de S.Paulo, em 19.03.22, às 16h52
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