Com isso, o país totaliza 24.535.884 casos oficiais e 624.413 mortes na pandemia até o momento.
Dezenas de pessoas na estação da Luz, em São Paulo; país vive novo pico de casos de covid-19
O Brasil registrou oficialmente mais 224.567 casos de covid-19 nas últimas 24 horas, um novo recorde em infecções diárias, segundo o boletim do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) desta quarta-feira (26/1). Foram registradas 570 mortes nas últimas 24 horas, em mais um crescimento no número de óbitos.
Vale lembrar que, no fim de semana e às segundas-feiras, os números costumam ser mais baixos, pela demora em contabilizar casos. Por conta disso, a média móvel dos últimos sete dias costuma ser um indicador mais fiel do retrato atual da pandemia - embora a escassez de testes e o apagão de dados do Ministério da Saúde apontem que até mesmo esse indicador é inferior à situação real de contágio do país.
A média móvel de casos dos últimos sete dias é de 159.877 mil casos diários, a mais alta de toda a pandemia, e ainda crescendo.
A média móvel de óbitos nos últimos sete dias é de 365 mortes diárias. Esse foi o 15º dia consecutivo de alta na média móvel de óbitos — em comparação, em 11 de janeiro, o valor foi de 122.
Ainda assim, o patamar hoje é mais baixo em relação aos picos da pandemia, distante do números de abril de 2021, quando a média ultrapassou 3,1 mil mortes diárias.
O número de casos desta quarta-feira supera o recorde anterior, registrado em 19 de janeiro, quando foram contabilizados 204.854 casos em 24h.
O crescente índice de novas infecções nos últimos dias tem acendido o alerta em diversas regiões do país, que anunciaram a retomada de medidas sanitárias para tentar conter a propagação do coronavírus.
Desde o início de janeiro, a média e o número de casos da doença estão em franca ascensão, o que é atribuído em grande parte à variante ômicron.
De acordo com o painel da Universidade Johns Hopkins, os Estados Unidos lideram globalmente em número de casos (72,5 milhões) e óbitos (874 mil).
Em relação aos casos oficialmente registrados, em 2ª lugar vem a Índia (40 milhões), e depois o Brasil. Em mortes, o Brasil está, de acordo com dados oficiais, em segundo lugar o mundo — embora a subnotificação de casos e mortes em diversos países (como Brasil, Rússia e Índia) torne as comparações mais complexas.
Após um primeiro semestre de 2021 com um ritmo muito aquém de nossas capacidades, a campanha brasileira de vacinação contra a covid-19 finalmente deslanchou em julho do ano passado — e agosto foi um mês com intenso avanço nessa seara, o que se manteve, de modo geral, em setembro e outubro.
Os últimos dados nacionais disponíveis, de 8 de dezembro (já defasados, portanto), mostram que pouco mais de 138,25 milhões de pessoas já haviam completado o ciclo vacinal com as duas doses ou com a dose única.
Esses dados deixaram de ser atualizados desde que o sistema do Ministério da Saúde sofreu um ataque hacker, de acordo com o governo federal.
Após a imunização da população mais jovem e adolescentes e do início da aplicação de doses de reforço, o país vive um novo desafio: a inclusão de crianças na campanha.
Em 16 de dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a aplicação da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos.
Porém, o Ministério da Saúde somente anunciou o início da vacinação para esse grupo em 5 de janeiro.
Após o aval da Anvisa, crianças a partir de de 6 anos também começaram a ser vacinadas com a CoronaVac.
A pandemia não acabou (Getty Images)
Especialistas alertam: a pandemia não acabou. Em razão disso, recomendam cautela na flexibilização de medidas como o uso de máscara ou distanciamento social.
Ainda exige atenção também a presença das variantes mais agressivas, especialmente a delta e a ômicron, detectadas originalmente na Índia e na África do Sul, respectivamente, que parecem ter uma taxa de transmissibilidade bem superior às demais versões do coronavírus.
O que deve ser feito agora?
Todos os Estados do país já têm casos e óbitos confirmados de coronavírus (EPA)
Diante de um cenário recheado de incertezas sobre o futuro, os especialistas parecem não ter dúvidas sobre quais medidas seriam necessárias neste momento da pandemia no Brasil — algumas delas, inclusive, sequer foram implementadas ao longo dos últimos meses.
Para começo de conversa, o país deveria ter um melhor controle de suas fronteiras, com testagem de passageiros e funcionários em aeroportos, portos e rodovias. Isso dificultaria, inclusive, a entrada de novas variantes de preocupação em nosso território.
O segundo passo seria lançar mão de um amplo programa de testagem, rastreamento de contatos e isolamento dos casos positivos. Políticas desse tipo explicam parte do sucesso que é observado em países como Austrália e Nova Zelândia. Afinal, ao detectar precocemente um paciente infectado e colocá-lo em quarentena, é possível quebrar as cadeias de transmissão do coronavírus na comunidade.
Ainda na seara das análises laboratoriais, o país também requer uma vigilância genômica mais ampla, capaz de fazer sequenciamento genético das amostras de pacientes infectados para saber quais são as variantes mais prevalentes em cada local.
Também precisávamos criar campanhas de comunicação para incentivar o uso de máscaras (especialmente modelos mais confiáveis, como a PFF2) e desencorajar as aglomerações.
Por fim, é vital manter, ou eventualmente até acelerar, o ritmo da campanha de imunização. Quanto mais brasileiros estiverem protegidos, melhor para todo mundo: a experiência de outros países aponta que as internações e as mortes por covid-19 caem de forma significativa quando uma porcentagem considerável da população recebeu as duas doses.
Esse conjunto de estratégias aponta para uma saída segura e efetiva da pandemia — e tem o potencial de evitar novas marcas tristes e negativas num futuro próximo.
Histórico da pandemia
O primeiro registro do coronavírus no Brasil foi em 26 de fevereiro do ano passado.
Um empresário de 61 anos de São Paulo (SP) foi infectado após retornar de uma viagem, entre 9 e 21 de fevereiro, à região italiana da Lombardia.
O novo coronavírus, que teve seus primeiros casos confirmados vindos da China no final de 2019, passou a ser tratado como pandemia pela OMS a partir de 11 de março de 2020.
Estudos apontam que a grande maioria dos casos do novo coronavírus apresenta sintomas leves e pode ser tratado nos postos de saúde ou em casa.
No entanto, novas variantes têm se mostrado mais contagiosas e, na percepção de médicos, algumas têm afetado com mais gravidade também a população mais jovem, em vez de apenas idosos e pessoas com comorbidades.
Publicado originalmente por BBC News Brasil, em 26.01.22.
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