sábado, 22 de janeiro de 2022

Covid-19: Brasil tem 10° dia seguido de alta na média de mortes

O Brasil registrou nas últimas 24 horas 358 mortes por covid-19, chegando a um total de 622.563 óbitos pela doença, segundo o boletim do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) desta sexta-feira (21/1).

Dezenas de pessoas na estação da Luz, em São Paulo; país vive novo pico de casos de covid-19 (Reuters)

A média de óbitos nos últimos 7 dias (indicador chamado de "média móvel") foi de 252 mortes. Esse foi o 10º dia consecutivo de alta na média móvel de óbitos — para comparação, em 11 de janeiro, o valor foi de 122. Ainda assim, o patamar hoje é baixo considerando toda a pandemia, pois está próximo a números de abril de 2020.

Nas últimas 24 horas, foram registrados também 166.539 novos casos de covid-19, levando o total a 23.751.782 casos da doença desde o início da pandemia.

Na quarta-feira (19), houve recorde de novos casos em 24h: 204.854.

A média móvel de casos registrada nesta sexta-feira foi de 117.797.

É bom lembrar que os números podem ser maiores por causa escassez de testes de covid-19 e o apagão recente de dados no Ministério da Saúde. Esses elementos sugerem que o contágio pode ser maior.

O crescente índice de novas infecções nos últimos dias tem acendido o alerta em diversas regiões do país, que anunciaram a retomada de medidas sanitárias para tentar conter a propagação do coronavírus.

Desde o início de janeiro, a média e o número de casos da doença estão em franca ascensão, o que é atribuído em grande parte à variante ômicron.

De acordo com o painel da Universidade Johns Hopkins, os Estados Unidos lideram globalmente em número de casos (70 milhões) e óbitos (864 mil). Em relação aos casos, em 2ª lugar vem a Índia (38,5 milhões), e depois o Brasil. Em mortes, o Brasil está, de acordo com dados oficiais, em segundo lugar o mundo — embora a subnotificação de casos e mortes em diversos países (como Brasil, Rússia e Índia) torne as comparações mais complexas.

Após um primeiro semestre de 2021 com um ritmo muito aquém de nossas capacidades, a campanha brasileira de vacinação contra a covid-19 finalmente deslanchou em julho do ano passado — e agosto foi um mês com intenso avanço nessa seara, o que se manteve, de modo geral, em setembro e outubro.

Os últimos dados nacionais disponíveis, de 8 de dezembro, mostram que pouco mais de 138,25 milhões de pessoas já completaram o ciclo vacinal com as duas doses ou com a dose única. Entretanto, estes dados deixaram de ser atualizados desde que o sistema do Ministério da Saúde sofreu um ataque hacker, de acordo com o governo federal.

Após a imunização da população mais jovem e adolescentes e do início da aplicação de doses de reforço, o país vive um novo desafio: a inclusão de crianças na campanha. Em 16 de dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a aplicação da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. Porém, o Ministério da Saúde somente anunciou o início da vacinação para esse grupo em 5 de janeiro.

A pandemia não acabou

Especialistas alertam: a pandemia não acabou. Em razão disso, recomendam cautela na flexibilização de medidas como o uso de máscara. (Getty Images)

Ainda exige atenção também a presença das variantes mais agressivas, especialmente a delta e a ômicron, detectadas originalmente na Índia e na África do Sul, respectivamente, que parecem ter uma taxa de transmissibilidade bem superior às demais versões do coronavírus.

Por fim, não dá pra ignorar o fato de as estatísticas permanecerem muito altas: falamos de médias de milhares de novos casos diagnosticados e centenas de mortes todos os dias.

O que deve ser feito agora?


odos os Estados do país já têm casos e óbitos confirmados de coronavírus (EPA)

Diante de um cenário recheado de incertezas sobre o futuro, os especialistas parecem não ter dúvidas sobre quais medidas seriam necessárias neste momento da pandemia no Brasil — algumas delas, inclusive, sequer foram implementadas ao longo dos últimos meses.

Para começo de conversa, o país deveria ter um melhor controle de suas fronteiras, com testagem de passageiros e funcionários em aeroportos, portos e rodovias. Isso dificultaria, inclusive, a entrada de novas variantes de preocupação em nosso território.

O segundo passo seria lançar mão de um amplo programa de testagem, rastreamento de contatos e isolamento dos casos positivos. Políticas desse tipo explicam parte do sucesso que é observado em países como Austrália e Nova Zelândia. Afinal, ao detectar precocemente um paciente infectado e colocá-lo em quarentena, é possível quebrar as cadeias de transmissão do coronavírus na comunidade.

Ainda na seara das análises laboratoriais, o país também requer uma vigilância genômica mais ampla, capaz de fazer sequenciamento genético das amostras de pacientes infectados para saber quais são as variantes mais prevalentes em cada local.

Também precisávamos criar campanhas de comunicação para incentivar o uso de máscaras (especialmente modelos mais confiáveis, como a PFF2) e desencorajar as aglomerações.

Por fim, é vital manter, ou eventualmente até acelerar, o ritmo da campanha de imunização. Quanto mais brasileiros estiverem protegidos, melhor para todo mundo: a experiência de outros países aponta que as internações e as mortes por covid-19 caem de forma significativa quando uma porcentagem considerável da população recebeu as duas doses.

Esse conjunto de estratégias aponta para uma saída segura e efetiva da pandemia — e tem o potencial de evitar novas marcas tristes e negativas num futuro próximo.

Histórico da pandemia

O primeiro registro do coronavírus no Brasil foi em 26 de fevereiro do ano passado.

Um empresário de 61 anos de São Paulo (SP) foi infectado após retornar de uma viagem, entre 9 e 21 de fevereiro, à região italiana da Lombardia.

O novo coronavírus, que teve seus primeiros casos confirmados vindos da China no final de 2019, passou a ser tratado como pandemia pela OMS a partir de 11 de março de 2020.

Estudos apontam que a grande maioria dos casos do novo coronavírus apresenta sintomas leves e pode ser tratado nos postos de saúde ou em casa.

No entanto, novas variantes têm se mostrado mais contagiosas e, na percepção de médicos, algumas têm afetado com mais gravidade também a população mais jovem, em vez de apenas idosos e pessoas com comorbidades.

BBC News Brasil, em 22.01.22

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