quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Eric Adams, que foi de menor infrator a policial, é eleito prefeito de Nova York

Democrata da ala centrista do partido era favorito na disputa e chega ao governo como o candidato 'da lei e da ordem'; em Boston, cidade será comandada pela primeira mulher de origem asiática

Prefeito eleito de Nova York, Eric Adams, durante discurso de vitória na noite de terça-feira Foto: ANGELA WEISS / AFP

 Em uma noite de eleições regionais marcada por derrotas amargas para aliados do presidente Joe Biden, Nova York escolheu o democrata Eric Adams, um ex-policial da ala centrista do partido, como seu novo prefeito. Ele será o segundo homem negro a comandar a maior cidade dos EUA.

Na disputa contra o republicano Curtis Sliwa — hoje um dos poucos nomes no partido que não apoia o ex-presidente Donald Trump — Adams obteve cerca de 66,5% dos votos, de acordo com os resultados preliminares. As agências de notícias, contudo, projetaram sua vitória pouco mais de dez minutos depois do fechamento das urnas, confirmando o domínio do Partido Democrata na cidade desde 2013.

— Esta noite eu realizei meu sonho e de todo o coração vou remover as barreiras que estão impedindo vocês de realizar os seus — disse o eleito a apoiadores diante de um hotel do Brooklyn, onde celebrou a vitória.

Adams substituirá na prefeitura Bill de Blasio, da ala esquerda do Partido Democrata, que termina seu segundo mandato e ficou conhecido no Brasil pelas críticas públicas ao presidente Jair Bolsonaro.

Nascido em uma área pobre do Brooklyn, Adams se envolveu com uma gangue na adolescência, e chegou a ser detido aos 15 anos, acusado de roubar uma TV e dinheiro com o irmão. Na delegacia, foi agredido pelos policiais e desenvolveu transtorno de estresse pós-traumático após o incidente — contudo, acabou decidindo se juntar à polícia de Nova York anos depois, em parte incentivado por um pastor local. Ao longo de 22 anos na corporação, fez duras críticas a medidas vistas como discriminatórias, mesmo indo contra a posição de seus superiores.

Em 2006, deixou a polícia e entrou para a política, sendo eleito para o Senado estadual de Nova York. Sete anos depois, em 2013, foi eleito administrador do Brooklyn, uma das cinco regiões de Nova York, justamente aquela onde nasceu.

Antes da eleição desta terça-feira, Adams enfrentou as duras primárias democratas, que tiveram, pela primeira vez, um sistema de votação por ranqueamento, com os eleitores escolhendo até cinco candidatos nas cédulas, um modelo visto como favorável a nomes mais centristas, como o novo prefeito.

Logo nos primeiros movimentos de campanha, elese colocou como o candidato da lei e da ordem, prometendo ações concretas para combater a violência armada, que deu um salto no último ano, e defendendo o fortalecimento da polícia. Ao mesmo tempo, seus críticos afirmavam que isso levaria ao retorno de práticas como o perfilamento racial e as revistas aleatórias, conhecidas em inglês como "stop-and-frisk", que eram apontadas como racistas.

Adams ainda se apresentava como o candidato da classe trabalhadora, citando seu passado pobre no Brooklyn e no Queens, o que lhe deu vantagem entre eleitores negros e latinos — ao mesmo tempo, suas posições mais ao centro lhe garantiram sua vitória nas primárias, em julho, e, nesta terça-feira, na eleição principal. O novo prefeito venceu em quatro das cinco regiões da cidade, sendo derrotado apenas em Staten Island, área que não vota em um nome do Partido Democrata desde Ed Koch, em 1985.

Publicado originalmente por O Globo online, às 11:31, em 03/11/2021

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