segunda-feira, 31 de maio de 2021

Comissão do PSDB apresenta modelo de prévias com peso maior para quem tem mandato e contraria Doria

Governador defendia que voto de todos os filiados valesse o mesmo, mas proposta de comissão interna dá mais poder a quem foi eleito


João Doria, Eduardo Leite e Tasso Jereissati Foto: Editoria de Arte

A comissão do PSDB criada para discutir o modelo de prévias para escolha do candidato tucano à Presidência da República em 2022 apresentou nesta segunda-feira (31) sua proposta para a eleição interna. Por maioria, os integrantes do grupo escolheram uma proposta em que os votos daqueles que têm mandato eletivo terá peso maior que o dos filiados, que responderão por 25% do colégio eleitoral. O texto ainda precisa ser aprovado pela Executiva Nacional da sigla, o que deve ocorrer até 8 de junho.

O modelo representa uma derrota para as pretensões do governador de São Paulo, João Doria, que vinha fazendo campanha por uma proposta em que os votos de todos os filiados tivesse o mesmo peso. Dirigentes do partido de outros estados viam com preocupação esse projeto, alegando que quase metade dos filiados ativos do partido estão em São Paulo, onde o PSDB tem cerca de um terço das prefeituras e Doria comanda o diretório estadual.

Já o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que também já manifestou o interesse de disputar as prévias defendia um modelo de "equilíbrio federativo", que acabou prevalecendo.

— A decisão da comissão foi por uma proposta democrática que dá voz aos filiados e a todos que têm mandato eletivo no partido. Não beneficia ninguém — disse ao GLOBO o presidente da comissão que definiu o modelo de prévias, o ex-senador José Anibal. 

Aprovado por maioria absoluta dentro da comissão, o modelo apresentado nesta segunda-feira prevê a divisão do colégio eleitoral do PSDB em quatro grupos, sendo que três deles são formados por detentores de mandato - cada conjunto vale por 25% da votação. Segundo documento encaminhado à direção do partido, os candidatos poderiam se inscrever até 20 de setembro e participariam de debates a partir de 18 de outubro. A eleição aconteceria em 21 de novembro. Se houver necessidade de segundo turno, seria no dia 28.

O primeiro grupo, que terá o peso de 1/4, é formado por filiados que se registraram até 31 de maio deste ano. A sigla estima que tenha cerca de 1,3 milhão de filiados, mas que cerca de 500 mil participem ativamente da vida partidária. O segundo grupo, com igual  peso, é o de prefeitos e vice-prefeitos. O grupo 3 é o Vereadores, deputados estaduais e distritais. Por fim, há um grupo destinado a governadores, vice-governadores, senadores, deputados federais, presidente e ex-presidentes da Executiva Nacional.

Este quarto grupo garante que estados em que o PSDB teve melhor resultado eleitoral, elegendo governadores, senadores e deputados, possam influenciar o debate para a escolha do candidato à Presidência.

Além de Doria e Leite, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto também tem interesse em participar das prévias. Recentemente, ganhou apoio dentro do partido o nome do senador cearense Tasso Jereissati, que tem a simpatia da bancada tucana na Câmara e de integrantes da Executiva. O parlamentar já admitiu que pode disputar a eleição interna, mas disse que a escolha deveria ser feita só no ano que vem.

Gustavo Schmitt, O Globo, em 31/05/2021 - 15:35 / Atualizado em 31/05/2021 - 17:07

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