segunda-feira, 29 de março de 2021

Fake news bolsonaristas também contribuíram para a saída de ministro da Defesa

A rede de fake news ligada ao presidente Jair Bolsonaro criou uma cadeia de mal-entendidos que também contribuiu para a queda do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva.  

Os deputados federais Bia Kicis e Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, incomodaram os meios militares ao relacionar as medidas de combate à Covid-19 que condenam, assim como o presidente, a um incidente ocorrido na noite de domingo em Salvador, em que um policial militar foi morto depois de atirar contra soldados do Bope da Bahia. 

O soldado, aparentemente, teve um surto psicótico, deu vários tiros para o alto e disparou contra os colegas que o cercavam no Farol da Barra. Em suas redes sociais, os dois deputados disseminaram versões semelhantes sobre o fato. Bia afirmou que o PM morreu porque “se recusou a prender trabalhadores e cumprir as ordens ilegais do governador Rui Costa”.

Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e investigada na CPI das Fake News, a parlamentar chamou o soldado de herói, antes de apagar o post pelas críticas que recebeu. Eduardo Bolsonaro também defendeu o PM morto e disse que “estamos brincando de democracia”. Perfis bolsonaristas nas redes seguiram os dois deputados e começaram a espalhar esta versão para criticar o governador da Bahia, que é do PT.

A Federação dos Policiais Militares da Bahia exigiu uma retratação do governo federal, na pessoa do próprio presidente. Assim como o comando da corporação no estado, que investiga o caso como uma crise pessoal do policial.

Azevedo defendeu que Bolsonaro se desculpasse pelos atos do filho, da aliada e do restante dos seguidores. O presidente reagiu irritado, recusando-se a qualquer retratação. Entre os dois, já havia a instatisfação do presidente com o comandante do Exército, Edson Pujol, que queria substituir, e com o que considerava falta de apoio público das Forças Armadas, como relatou Lauro Jardim

Até agora, o mais cotado para substituir Azevedo é Walter Braga Netto, ex-comandante da intervenção na segurança do Rio de Janeiro que causou insatisfação interna, no comando da Casa Civil, quando tirou férias em meio à crise do governo provocada pelos sucessivos recordes de mortes pela Covid-19 no país. A mudança abrirá espaço ao centrão na articulação política.

Por Maiá Menezes, O Globo online, em 29/03/2021 • 17:55

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