Ao relacionar os atos e falas de Trump ao ataque ao Capitólio em 6 de janeiro, democratas argumentaram que o republicano pode incitar novamente à violência civil no país se não for punido
Depois de duas tardes de argumentação, deputados democratas concluíram a acusação contra Donald Trump no Senado americano, com pedido de condenação do ex-presidente para evitar episódios de violência no futuro. Ao relacionar os atos e falas de Trump ao ataque ao Capitólio em 6 de janeiro, democratas argumentaram que o republicano pode incitar novamente à violência civil no país se não for punido.
"Não tenho medo de Donald Trump concorrer novamente em quatro anos. Tenho medo de que ele concorra de novo e perca, porque ele poderá fazer isso de novo", disse o deputado democrata Ted Lieu. "Impeachment não é para punir, mas para prevenir", disse a democrata Diana DeGette. "Não estamos aqui para punir Trump. Estamos aqui para evitar que as sementes do ódio que ele plantou produzam mais frutos”, afirmou a deputada.
O apelo é também uma forma de dizer aos senadores republicanos, que não estão dispostos a condenar o ex-presidente de seu partido, que eles terão responsabilidade se episódios violentos de extremismo político voltarem a ocorrer.
Vídeo de discurso de Donald Trump é apresentado durante processo de impeachment no Senado Foto: Erin Schaff/The New York Times
Os democratas concluíram os argumentos de acusação por volta das 16h20 (18h20 no horário de Brasília) desta quinta-feira. Os advogados de Trump terão oito horas -- ou dois dias -- para fazer a defesa do ex-presidente. A equipe de defesa de Trump já avisou que não pretende levar mais de um dia para a sustentação e a votação final do impeachment poderá ocorrer no fim de semana.
Os advogados de Trump já apresentaram as linhas prévias de defesa e devem argumentar que, fora do cargo, ele não pode ser condenado no processo de impeachment. Hoje, no entanto, democratas anteciparam parte dos argumentos da defesa e desconstruíram a ideia de que a previsão de impeachment serve essencialmente para remover um presidente. Segundo eles, o impeachment não deve ser usado para punir, mas para evitar que novos atos de violência ocorram.
"Pedimos humildemente que condenem o presidente Trump pelo crime pelo qual ele é totalmente culpado. Se vocês não fizerem isso, se fingirmos que isso não aconteceu, ou pior, se deixarmos ficar sem resposta, quem pode dizer que não vai acontecer de novo?", disse o deputado Joe Neguse.
“Meus queridos colegas, há algum líder político nesta sala que acredita que se o Senado permitir que ele volte ao Salão Oval, Donald Trump pararia de incitar a violência para conseguir o que quer?", questionou o líder da acusação, Jamie Raskin. “Você apostaria a vida de mais policiais nisso? Você apostaria a segurança de sua família nisso? Você apostaria o futuro da sua democracia nisso?", disse o deputado.
Democratas lembraram outros momentos em que Trump consentiu e estimulou atos violentos, como quando disse haver pessoas boas "dos dois lados" durante o ataque de supremacistas brancos em Charlottesville, em 2017. Mais recentemente, lembraram os deputados, Trump mostrou apoio em um tuíte à invasão do legislativo de Michigan por extremistas armados contrários à quarentena imposta pela governadora como medida de contenção do coronavírus. Segundo a acusação, a violência e o estímulo ao ataque do dia 6 de janeiro não foi algo fora da rota no governo Trump, mas um "estado de espírito" estimulado pelo republicano.
Beatriz Bulla / Correspondente, O Estado de São Paulo, em 11 de fevereiro de 2021 | 19h22
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