terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Amacord

O Maranhão é, possivelmente, o único lugar hoje no Brasil onde as diferenças entre ser Governo e estar na Oposição mais se acentuam não só pelo uso ostensivo, descarado e impune da máquina estatal fazendo escorrer o dinheiro público para o ralo dos desperdícios com fins eleitoreiros a agregar ululancias a essas diferenças.

As diferenças entre estar na Oposição e ser Governo no Maranhão também se acentuam na falsa convicção com que muitos colocando-se no campo contrário fincam os pés na vantagem do momento, mas sem perder de vista o que pode ser a vantagem de amanhã.

Quando a Oposição, com a minha decidida e forte participação, venceu com o Jackson as eleições para Governador no segundo turno, em 2006, o grupo derrotado pareceu minguar tantas as adesoes ao novo Governo. Foram tantos os apoios que o PDT, o partido do Jackson, passou a ser o maior em numero de Prefeituras no Estado.

Mas tão logo se consumou o golpe de Estado pela via judicial que cassou o voto de mais de 1 milhão 500 mil maranhenses, assegurando-se a volta dos derrotados ao Governo, a Oposição foi se igualando a uma árvore frondosa, porém sem verde, desfolhada. No chão em derredor só folhas secas.

Três importantes Prefeituras, as de São Luis, Imperatriz e Açailândia, conquistadas pelo PSDB, e a de Caxias, pelo PDT, foram duramente atingidas pelas retaliações do grupo politico que voltou ao poder. Convênios foram anulados, verbas cortadas, perseguições intensas, tudo de modo a que os Prefeitos remanescentes da resistência se ajoelhassem à soberba do novo Governo.

Aquela cassação do Jackson ficou travada na garganta do Povo, ninguém engolia as razões alegadas. O poder de volta, estabelecido, era ilegitimo. O Povo precisava de uma chance para dar a resposta. O Jackson tinha a obrigação moral de novamente se candidatar. Só o Povo poderia julgar-lhe. O tira – teima decisivo, o veredictum definitivo teria que ser o das urnas.

A Oposição, se novamente unida no mesmo arco de coligações partidárias como no segundo turno de 2006, venceria também as eleições de 2010. Essa união passaria antes pela candidatura única do Jackson a Governador.

Houve quem, no entanto, embora vencido na votação que ocorreu na reunião em Matões, insistisse na tese de dois candidatos à ùnica vaga de Governador – Jackson por uma coligação e Dino por outra, e de um só candidato das Oposições, no caso José Reinaldo, para as duas vagas de Senador.

A segunda vaga de Senador seria, assim, de logo entregue ao grupo dominante. No segundo turno, se houvesse, e nem houve, todos se reencontrariam.

A tese das duas candidaturas tinha o inescondivel propósito de derrotar o Jackson nem que fosse pela sua retirada da disputa. Razões de saúde foram invocadas na busca de alguém para substitui-lo. Roberto Rocha chegou a assumir a candidatura, mas precisava, antes, que fosse esvaziado o acordo que o PDT entabulava com o PSDB.

A estratégia contra o Jackson funcionou.

Impugnaram-lhe pela lei da ficha suja e quando o TSE resolveu que os votos dados ao Jackson não seriam anulados porque ele, enfim, não era mesmo ficha suja, faltavam menos de 72 horas para as eleições. Nem horário eleitoral havia mais para que a noticia corresse o Estado.

O mais sujo nisso tudo é que, enquanto o TSE se manteve silente, a campanha contra o Jackson foi se ampliando pelo Estado inteiro ao mesmo tempo em que maiorias de Vereadores de São Luis, Imperatriz e Caxias eram convencidas a deixarem a sua campanha.

Quase na reta final, a campanha de Jackson se esvaziava não só pela falta de contribuições financeiras e de apoios politicos. Seu palanque quase deserto em meio ao sol quente, às penumbras das noites, às manhãs nas beiras de estradas sem destino definido, isso tudo era mote para cronicas sobre mortes anunciadas.

Muita gente na Oposição fingiu apoio ao Jackson, mas facilitando as coisas não diretamente para a campanha do Flávio, mas para a candidatura da moçoila à reeleição. Coincidentemente ou não.

Agora, nos preparatórios para as novas eleições, estamos a assistir aí os mesmos atores em suas conhecidas e sempre atrozes movimentações. 
 

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