O Maranhão é, possivelmente, o único lugar hoje no Brasil
onde as diferenças entre ser Governo e estar na Oposição mais se acentuam não
só pelo uso ostensivo, descarado e impune da máquina estatal fazendo escorrer o
dinheiro público para o ralo dos desperdícios com fins eleitoreiros a agregar
ululancias a essas diferenças.
As diferenças
entre estar na Oposição e ser Governo no Maranhão também se acentuam na falsa
convicção com que muitos colocando-se no campo contrário fincam os pés na
vantagem do momento, mas sem perder de vista o que pode ser a vantagem de
amanhã.
Quando a
Oposição, com a minha decidida e forte participação, venceu com o Jackson as
eleições para Governador no segundo turno, em 2006, o grupo derrotado pareceu
minguar tantas as adesoes ao novo Governo. Foram tantos os apoios que o PDT, o
partido do Jackson, passou a ser o maior em numero de Prefeituras no Estado.
Mas tão logo se
consumou o golpe de Estado pela via judicial que cassou o voto de mais de 1
milhão 500 mil maranhenses, assegurando-se a volta dos derrotados ao Governo, a
Oposição foi se igualando a uma árvore frondosa, porém sem verde, desfolhada.
No chão em derredor só folhas secas.
Três
importantes Prefeituras, as de São Luis, Imperatriz e Açailândia, conquistadas
pelo PSDB, e a de Caxias, pelo PDT, foram duramente atingidas pelas retaliações
do grupo politico que voltou ao poder. Convênios foram anulados, verbas
cortadas, perseguições intensas, tudo de modo a que os Prefeitos remanescentes
da resistência se ajoelhassem à soberba do novo Governo.
Aquela cassação
do Jackson ficou travada na garganta do Povo, ninguém engolia as razões
alegadas. O poder de volta, estabelecido, era ilegitimo. O Povo precisava de
uma chance para dar a resposta. O Jackson tinha a obrigação moral de novamente
se candidatar. Só o Povo poderia julgar-lhe. O tira – teima decisivo, o
veredictum definitivo teria que ser o das urnas.
A Oposição, se
novamente unida no mesmo arco de coligações partidárias como no segundo turno
de 2006, venceria também as eleições de 2010. Essa união passaria antes pela
candidatura única do Jackson a Governador.
Houve quem, no entanto,
embora vencido na votação que ocorreu na reunião em Matões, insistisse na tese
de dois candidatos à ùnica vaga de Governador – Jackson por uma coligação e
Dino por outra, e de um só candidato das Oposições, no caso José Reinaldo, para
as duas vagas de Senador.
A segunda vaga
de Senador seria, assim, de logo entregue ao grupo dominante. No segundo turno,
se houvesse, e nem houve, todos se reencontrariam.
A tese das duas
candidaturas tinha o inescondivel propósito de derrotar o Jackson nem que fosse
pela sua retirada da disputa. Razões de saúde foram invocadas na busca de
alguém para substitui-lo. Roberto Rocha chegou a assumir a candidatura, mas
precisava, antes, que fosse esvaziado o acordo que o PDT entabulava com o PSDB.
A estratégia
contra o Jackson funcionou.
Impugnaram-lhe
pela lei da ficha suja e quando o TSE resolveu que os votos dados ao Jackson
não seriam anulados porque ele, enfim, não era mesmo ficha suja, faltavam menos
de 72 horas para as eleições. Nem horário eleitoral havia mais para que a
noticia corresse o Estado.
O mais sujo
nisso tudo é que, enquanto o TSE se manteve silente, a campanha contra o
Jackson foi se ampliando pelo Estado inteiro ao mesmo tempo em que maiorias de
Vereadores de São Luis, Imperatriz e Caxias eram convencidas a deixarem a sua
campanha.
Quase na reta
final, a campanha de Jackson se esvaziava não só pela falta de contribuições
financeiras e de apoios politicos. Seu palanque quase deserto em meio ao sol
quente, às penumbras das noites, às manhãs nas beiras de estradas sem destino
definido, isso tudo era mote para cronicas sobre mortes anunciadas.
Muita gente na
Oposição fingiu apoio ao Jackson, mas facilitando as coisas não diretamente
para a campanha do Flávio, mas para a candidatura da moçoila à reeleição.
Coincidentemente ou não.
Agora, nos
preparatórios para as novas eleições, estamos a assistir aí os mesmos atores em
suas conhecidas e sempre atrozes movimentações.
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