E esse prédio
cinzento? É o Parlamento. Ainda nem é meio dia. Aponto as portas e as janelas
totalmente fechadas. Além do que a semana ainda está no meio.
O taxista não
disfarça o desdém.
Eles trabalham muito. Devem ter saído para o almoço.
Eles trabalham muito. Devem ter saído para o almoço.
E eu cá falando em
silencio o meu português de Portugal me ponho a imaginar.
Apenas concordar com
Churchill para quem a democracia é o pior dos regimes do mundo, à exceção dos
demais, não é o suficiente.
Precisamos estar
atentos para que a democracia possa resistir às
contaminações dos que lentamente a conspurcam e a banalizam e com o
oportunismo dos discursos e das ações populistas acabam empurrando o Povo à vala comum das turbas ignoras e o Estado à demagogia, enfim à desordem
constitucionalizada e à tirania.
O Parlamento
inventado para ser a representação popular verdadeira, por conseguinte
qualificada, tem sido desfigurado em sua razão de ser, e não é de hoje.
Nas primeiras décadas
do ultimo século na Europa, por exemplo, os Parlamentos já não detinham pela
maioria dos que os integravam os conteúdos que os justificassem.
Não perguntem como se
fazem as leis. Nem as salsichas. Disse Bismarck, o maior estadista do seu
tempo.
E assim voltamos, nós
no Brasil, ao que há de mais deplorável e já faz tempo. A péssima qualidade da
representação popular tem atenazado, em muito, a República empurrando o
Executivo a esse presidencialismo de ocasos e de ocasiões.
Estou em Roma, a
antiga capital do mundo, que não se envergonha do Império dos seus Césares, que
se orgulha da sua história e das lições que por seus exemplos, bons ou maus,
tem dado em contributo à civilização.
O Povo demonstrava
sossego quando, para entretê-lo, Vespasiano levou a sério a fórmula – pane et
circenses. Pão e circo que muitos ainda teimam copiar no Brasil.
No Coliseu romano
matavam os opositores à vista.
No coliseu invisível
do atraso político e da pobreza social o poder da incúria no Maranhão mata a
doses homeopáticas, de várias formas, a perder de vista.
Berlusconi, o
multimilionário que controla a maior parte da mídia e parte do parlamento
porque ainda tem sob seu cabresto deputados submissos, foi afinal condenado por
suas falcatruas e desmandos e proibido de ocupar cargos públicos.
Isso só não basta. O
Parlamento quando se reúne produz discursos que não dizem diretamente nada à vida das pessoas. São
falas que não interagem, que não produzem resultados – e no mais ou são
louvaminhas escancaradas ou ofensas exacerbadas aos membros do Governo, tudo no mesmo
figurino da velha politicalha.
Até ontem eram trinta
e dois partidos políticos na Itália e também nisso estamos iguais no Brasil. Quem é que
pode administrar um País numa República democrática tendo que se acertar todo
dia com os donos de trinta e dois partidos?
A vantagem aqui é o
parlamentarismo. A qualquer momento o Presidente Napolitano, um senhor de 82 anos de idade, respeitado e querido no País, pode dissolver o
Parlamento e convocar novas eleições. A cada nova eleição a qualidade da
representação tem melhorado um pouco. Só um pouco, mas tem melhorado. Admite o taxista.
Quanto a nós, não basta trocarmos os nomes que
apenas guardam identidade com o mesmo conteúdo. Ainda vamos ter que progredir muito em educação e cidadania.
Parlamento sem identificação com o Povo em geral e sem compromissos com o progresso e a paz social não tem legitimidade alguma para se impor em representação política em qualquer País.
Ah, temos democracia porque temos um Parlamento com as portas abertas. Pois é, pra que?
A democracia não se afirma apenas porque tenha instituições políticas funcionando formalmente, sem engajamento independente.
A democracia custa caro e dá trabalho. Não apenas aos que são eleitos.
Não é só pagar os impostos ou simplesmente votar, certo ou errado, achando que à parte isso não tem mais nada a fazer. Tem, sim.
Tem que participar intensamente. Acompanhando, sugerindo, criticando, cobrando.
Se não for assim, a democracia não se realiza.
E caímos todos nos fossos da irresponsabilidade populista e da demagogia que só conhece uma trilha - a da devastação dos bons costumes que leva à pobreza moral, que leva à pobreza política que leva à pobreza social que leva à dependência às migalhas do poder que consagra as camarilhas e as oligarquias que consolidam a tirania.
Parlamento sem identificação com o Povo em geral e sem compromissos com o progresso e a paz social não tem legitimidade alguma para se impor em representação política em qualquer País.
Ah, temos democracia porque temos um Parlamento com as portas abertas. Pois é, pra que?
A democracia não se afirma apenas porque tenha instituições políticas funcionando formalmente, sem engajamento independente.
A democracia custa caro e dá trabalho. Não apenas aos que são eleitos.
Não é só pagar os impostos ou simplesmente votar, certo ou errado, achando que à parte isso não tem mais nada a fazer. Tem, sim.
Tem que participar intensamente. Acompanhando, sugerindo, criticando, cobrando.
Se não for assim, a democracia não se realiza.
E caímos todos nos fossos da irresponsabilidade populista e da demagogia que só conhece uma trilha - a da devastação dos bons costumes que leva à pobreza moral, que leva à pobreza política que leva à pobreza social que leva à dependência às migalhas do poder que consagra as camarilhas e as oligarquias que consolidam a tirania.
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