segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Nós e a Brisa

Variando nas performances os modelos de dominação política alcançam seus ápices quando se resumem à família do dominador numa imitação grosseira das monarquias primitivas que os léxicos com todo o cuidado evitando ofensas pessoais chamam de oligarquias.

Num estágio subseqüente formam-se as camarilhas, onde são presenças obrigatórias os políticos burocratas, os negocistas, os áulicos, e quando inteligentes muito discretamente zelosos parentes nas penumbras. Os léxicos mui respeitosamente ainda não chamam esse estágio de patifaria.

Na Líbia o jovem coronel Kadafi, aos 27 anos de idade, imagine, destronou o Rei interino tomando o poder e só agora 42 anos depois está sendo escorraçado pela brisa libertária que já derrubou Bem Ali na Tunisia e Mubarak no Egito e pela densidade, estima-se, derrubará outros mais.

Kadafi nem quis saber de democracia ainda que só de fachada como no Egito, no Haiti, no Maranhão. Botou para render o petróleo, o País se encheu da grana, a sua família também, nem dando tempo para organizar os papéis que teriam os filhos na continuação.

Não há na Líbia hoje como no Maranhão atualmente instituições operantes. Todo o poder emana de Kadafi e por Kadafi ou em nome de Kadafi é exercido. Não é interessante? Não há um líder de visível respeito na Oposição. Não há um partido de visível credibilidade na Oposição.

Problema maior na Líbia neste instante não é mais a remoção de Kadafi que isso é questão de semanas ou de horas. Problema maior é não ter agora, bem perto dos acontecimentos, um partido ou um grupo de pessoas de bom nível e ficha limpa para liderar o País assumindo as responsabilidades da transição. A qual será muito difícil.

Por isso é que o filho de Kadafi, ou a filha, eles são tantos os consangüíneos e ninguém sabe qual deles, anda agora falando em guerra civil, em Saravejo e outras bobagens típicas dos jovens predadores. Ele não sabe que a brisa libertária já ocupa o território inteiro e só restam alguns arredores da capital.

A Oposição exilada organiza sua volta. Espera-se que seja a porta de entrada para com o apoio da ONU a Líbia emergir no mundo árabe como Nação renascida e determinada a construir um Estado de Direito Democrático, efetivamente democrático. Na teoria e nas práticas.


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