quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Justiça, Galo e Galinhas

Era o galo chamado Natal começar a cantar e ele, César, o vizinho, ficar logo tenso, tão incomodado ao ponto de, um dia, queixar-se à Policia.

De lá foi um pulo para o Juizado Especial Criminal. Registrou? Juizado Especial Criminal.

O galo não é nem de classe média, é do caseiro de um casarão em Copacabana, RJ, o Elson, que agora até se dá por satisfeito com a sentença do Juiz mandando que Natal fique segregado à noite num galinheiro, no quintal, na companhia de duas galinhas.

Tudo isso para ver se o Natal se acalma e cantando menos o César tenha garantida a paz que ele diz perturbada nas horas mais impróprias com o cantar do vizinho, ou seja do galo.

O Nunes, advogado do galo na audiência, chegou a invocar a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, da Unesco, que diz – cada animal tem direito a ser tratado com respeito. Por que não, dignidade?

O Natal não ter sofrido um seqüestro ou até ser levado para alguma panela já deixou o Elson e o Nunes satisfeitos. 


Mas eles acham que a decisão judicial confinando o Natal à noite na companhia de duas galinhas pode ter efeito contrário, não lhe inibindo em nada a compulsão de cantar.

Ao contrário, Natal terá mais motivos para estar mais alegre. Poderá reagir que nem o Belchior naquela canção Galos, Noites e Quintais, - não sou feliz, mas não sou mudo / hoje eu canto muito mais / laraiá, laraiá...

O que não vai dar mesmo, disse Elson, o dono do galo, ao Juiz é fazer um galinheiro com forro acústico para ninguem mais ouvir o canto insistente do Natal, como requereu César, o exigente vizinho.


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