Em nome da pureza do processo eleitoral, que deve ser mantido imune a qualquer eiva, livre de qualquer influencia do poder da administração pública ou de favorecimentos, a Justiça Eleitoral do Brasil achou que, em nome desses valores democráticos princípios constitucionais, como o do devido processo legal e da ampla defesa, poderiam ate ser ignorados, como de fato o foram, e que outros preceitos da Constituição poderiam até ser afrontados, como de fato restaram afrontados.
Isso aconteceu de modo mais explícito, quase beirando a crueldade, principalmente nos dois votos mais voluntariosos, o do Relator e o do então ex-Relator, na noite em que cassaram, num processo todo engendrado, sob a acusação de abuso de poder político, o Governador eleito do Maranhão, Jackson Lago, e como se não faltasse mais nada, mandaram, na mesma noite, que fosse entregue o cargo à senhora Roseana Sarney, exatamente ela que havia perdido a eleição após dois turnos de votação, isso tudo independentemente da publicação do Acórdão da decisão.
E por que não se deveria esperar pela publicação do Acórdão, respeitando-se o preceito constitucional do devido processo legal? Para que o Governador cassado não pudesse recorrer imediatamente ao Supremo e lá algum Ministro, diante de tamanhos absurdos, conceder uma liminar sobrestando a execução, até julgamento final do mérito dos recursos, que ainda restam até hoje parados, sem julgamentos.
Fato consumado, a filha do Presidente do Senado recebeu o Diploma de eleita, mesmo sem ter sido eleita e se o tivesse também não o poderia mais porque já deixara o partido sob cuja legenda recebera os votos, isso tudo, e mais provas de abusos de poder político e de poder econômico em favor da candidatura dela, isso tudo instruiu recursos que até hoje não foram julgados.
Agora, estamos assistindo todo tipo de abuso, de pressões, de favorecimentos, de uso escancarado da maquina estatal em favor do seu grupo político, propaganda com dinheiro publico, prefeitos que, mesmo pressionados, ainda não aderiram sendo sufocados pela sonegação de recursos públicos, agora estamos vendo tudo tão claramente, mas a pureza do processo eleitoral ao que parece não está mais interessando a quem, há quase dois anos, o defendeu tão espartanamente.
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