Carlos Castello Branco, o Castelinho, que durante décadas foi um dos mais respeitados comentaristas políticos do País, não aparecia às segundas - feiras na segunda página do Jornal do Brasil.
Em seu espaço, sob o mesmo título – Coluna do Castello, irradiando talento, despontavam Abdias Silva, Aluizio Flores, Marcos Sá Correa, Dora Kramer.
Morto Castello, Dora assumiu em definitivo a coluna que, em homenagem ao seu criador, ainda manteve por um tempo o título original, passando a chamar-se depois "Coisas da Política".
O colapso do Jornal do Brasil, iniciado com a morte da Condessa Pereira Carneiro e consumado, afinal, com a morte de Nascimento Britto, seu sucessor, esvaziou de brilho e talento o JB e grandes profissionais migraram para outras redações.
Dora Kramer, por exemplo, foi contratada pelo jornal "O Estado de São Paulo", onde é a única jornalista com coluna política diária. É de sua lavra, sob o titulo acima, em sua coluna de hoje, o comentário que segue:
"Há mais de um mês o PMDB tenta produzir uma conversa "sigilosa" e "definitiva" entre Luiz Inácio da Silva e José Sarney. No dizer da cúpula do partido seria uma conversa de "presidente para ex-presidente", com a finalidade de resolver a questão da presidência do Senado.
Questão esta, diga-se, transformada em problema - o primeiro da série "rumo a 2010" - porque o PMDB assim deseja. Se o partido preferisse uma convivência pacífica com o governo, deixaria as coisas no curso natural, disputando a presidência da Câmara com o apoio do PT e apoiando o parceiro para o comando do Senado.
Como investe na desarmonia, inventa obstáculos e transfere para Lula a tarefa de remoção. Se o presidente da República estivesse mesmo interessado em se avistar com Sarney ou se enxergasse nesse encontro a solução de fato, já teria chamado o senador.
O PMDB, da mesma forma. Se visse nisso uma saída real e se quisesse mesmo preservar o sigilo da conversa, não tomaria a iniciativa de manter o assunto vivo no noticiário.
Portanto, o objetivo do partido não é outro senão o de criar dificuldades para depois pôr preço nas facilidades.
O Presidente da República tem clareza do quadro e o PMDB sabe que Lula enxerga a existência de ocultas intenções, mas ambos se fazem de mortos. Até o momento em que um dos dois resolva dar o bote no coveiro".
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