quarta-feira, 5 de maio de 2010

Amacord


Dada a largada para a sua sucessão, Juscelino lançou o Marechal Lott.

A coligação PSD-PTB era imbatível.

O PSD reunia a aristocracia rural, os conservadores do capital, os oligarcas do nordeste.

O PTB oxigenava-se nos sindicatos, nas greves por maiores salários, no imposto sindical.

Janio concluíra seu mandato de Governador de São Paulo e saíra Deputado Federal pelo Paraná, sendo o mais votado do País.

Tomou posse, pediu licença e embarcou num navio cargueiro numa quase volta ao mundo.

Jânio desembarcou no porto de Santos já sendo chamado de Presidente.

Candidatos a Presidente, naquele tempo sem televisão, tinham que ralar muito, viajar pelo País inteiro, indo de cidade em cidade.

Por isso a campanha durava, no mínimo, um ano.

Juscelino, que rejeitara antes a idéia da sua reeleição mediante emenda constitucional, sonhava em voltar em 1965. Achava que aquele louco, o Janio, seria eleito.

Na avaliação de Juscelino, Janio acabaria fazendo alguma loucura e fraco, sem sucessor à vista, deixaria limpo o terreno para sua volta em 1965.

A candidatura de Lott, um homem íntegro, um militar legalista, atendia a esse objetivo.

O grande chefe militar que salvara a Democracia de dois duros golpes de Estado não era político. Não sabia nada do ramo. Falava asneira.

Um dia quiseram saber de Janio quando ele divulgaria seu roteiro de campanha. Não preciso, respondeu. O meu roteiro é do General Lott. Onde ele for eu irei atrás.

Janio venceu por maioria absoluta de votos, renunciou 7 meses depois da posse, a loucura que Juscelino previa.

Em 64 veio o golpe militar que derrubou Jango, prendeu a filha de Lott e depois cassou e prendeu o próprio Juscelino, candidato a Presidente em 65 e Senador por Goiás.

A história do Brasil tem provado que o sonho de querer voltar, mesmo depois de ter dado certo, nunca dá certo.

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