Por Gaudêncio Torquato
O campo eleitoral se movimenta por ondas. Que circulam de cima para baixo e de baixo para cima, absorvendo climas, circunstâncias, discursos, canalizando esses inputs na direção de potenciais perfis, principalmente candidatos a presidente, razão pela qual figurantes estaduais não ganham tanta projeção.
As ondas ganham o empuxo do momento, exibindo as demandas imediatas da sociedade. Estas, por sua vez, reúnem anseios, expectativas, frustrações com governantes e suas políticas, e contextos que levam em conta heranças do passado e esperanças em relação ao futuro.
No caso do Brasil, a leitura exibe um país que afundou na maior recessão econômica da história; ascensão de novo governante sob a decisão congressual de afastar a presidente; reformas – teto de gastos, trabalho, educação, terceirização etc - não suficientemente explicadas e entendidas pela sociedade; a maior investigação de corrupção em todos os tempos, envolvendo altos empresários, políticos e governantes; prisão do líder mais populista do país; tentativa de um partido de tornar vítima seu líder maior e assim retornar ao poder, após 13 anos de comando do país; indignação social contra a classe política; volta da polarização do discurso “nós e eles”; dispersão do campo político; falência de Estados e Municípios; extrema violência nos quatro cantos do país; e precarização dos serviços públicos.
Essa é a moldura por trás de quem se apresenta como pré-candidato. Sob a influência de traços do cenário, o eleitor faz suas primeiras escolhas. De um lado, um partido organizado, militância aguerrida, que se proclama responsável pelo “melhor governo que o Brasil já teve em todos os tempos”, esquecendo o maior rombo do Tesouro por ele praticado. O “Salvador da Pátria”, mesmo preso, continua sendo elevado aos píncaros da glória. O que explica sua margem histórica em torno de 30% nas pesquisas. De outro lado, emerge o contraponto, perfil de extrema direita, ex-militar com o discurso da ordem contra a bagunça, sob os lemas de “bandido bom é bandido morto”, “soldado bom é aquele que mata”.
Jair Bolsonaro é empurrado para o alto pela temperatura ambiental, enquanto Lula continua impulsionado pela onda petista, apesar das águas que levam o petismo para a profundeza oceânica. Eles sustentariam seus índices até outubro? Lula está praticamente fora do jogo. Mesmo solto, deverá entrar na ficha-suja. O substituto não levaria seus votos. Bolsonaro representa indignação, mas não o voto mais consciente da maior parcela da classe média. Terá poucos segundos de TV.
Outras ondas carregam Joaquim Barbosa, Marina Silva e Ciro Gomes. Assim, é razoável supor que outros perfis poderão ascender na escada eleitoral. A decisão do eleitor muda segundo as circunstâncias. Hoje, os ventos do outono sopram para uns. Aguardemos a ventania do inverno e o sopro do verão.
Gaudêncio Torquato, jornalista, é professor titular da USP, consultor político e de comunicação - Twitter@gaudtorquato
Dependente de uma cadeira de rodas e impedido de falar, ele transmitia grande parte das suas ideias por meio de um sistema de computador que captava o movimento de seus olhos.
Das explicações para a existência do Universo aos aspectos negativos da fama, conheça algumas das mais famosas frases do cientista, que se dedicou a aproximar a Ciência do grande público.
Sobre buracos negros: "Einstein estava errado quando disse que 'Deus não joga dados'. A existência dos buracos negros sugere não apenas que Deus brinca de dados, mas também nos confunde ao jogá-los onde não podem ser vistos"- no livro A Natureza do Espaço e do Tempo, publicado em 1996.
Sobre as razões para a existência do Universo: "Se encontrarmos uma resposta para isso, será o maior triunfo da razão humana, porque conheceríamos a mente de Deus"- no livro Uma Breve História do Tempo, publicado em 1988.
Sobre Deus: "Não é necessário invocar Deus para iniciar uma reação e fazer o Universo funcionar"- no livro O Grande Projeto, publicado em 2010.
Sobre sucesso comercial: "Eu quero que meus livros sejam vendidos em lojas de aeroporto"- em entrevista ao jornal americano The New York Times, em dezembro de 2004.
Sobre a fama: "O aspecto negativo da minha fama é que eu não posso ir a qualquer lugar do mundo sem ser reconhecido. Não adianta eu usar óculos escuros e peruca. A cadeira de rodas me entrega"- em entrevista a um programa de TV israelense em dezembro de 2006.
Sobre a imperfeição do mundo: "Sem imperfeição, você e eu não existiríamos"- no documentário O Universo de Stephen Hawking, transmitido pelo Discovery Channel em 2010.
Sobre eutanásia: "A vítima deve ter o direito de acabar com a própria vida, se ela quiser. Mas eu acho que seria um grande erro. Por pior que a vida pareça, sempre existe algo que você possa fazer e ser bem-sucedido. Enquanto há vida, há esperança"- fala citada no site de notícias People Daily Online, em junho de 2006.
Sobre a possibilidade de contato entre seres humanos e extraterrestres:"Acho que seria um desastre. Os alienígenas provavelmente estão bem mais avançados que nós. A história do encontro entre civilizações mais avançadas com povos primitivos neste planeta não é muito feliz, e eles eram da mesma espécie. Acho que devemos manter a cabeça baixa"- no programa In Naked Science: Alien Contact, do canal National Geographic, em 2004.
Sobre ser diagnosticado com uma doença neuromotora: "Minhas expectativas foram reduzidas a zero quando eu tinha 21 anos. Tudo desde então tem sido um bônus"- em entrevista ao The New York Times, em dezembro de 2004.
Sobre a morte: "Eu tenho vivido com a perspectiva de morrer cedo nos últimos 49 anos. Não tenho medo da morte, mas não tenho pressa para morrer. Eu quero fazer muita coisa antes disso"- em entrevista ao jornal britânico The Guardian, em maio de 2011.
(Texto e foto da BBC Brasil).
(Texto e foto da BBC Brasil).