sábado, 19 de março de 2022

Putin e os crimes de guerra

A intervenção do Tribunal Penal Internacional reduz as chances de deixar impunes as ações do líder russo

Manifestação contra a guerra em Londres, em 13 de março. (JOSHUA BRATT (EFE))

Está se tornando um pouco menos verdade que a verdade é a primeira vítima de uma guerra. Hoje, a documentação gráfica e filmada da monstruosidade que desce sobre a Ucrânia é enorme e ingovernável nas redes sociais e enquanto a internet funcionar. A destruição do teatro Mariupol, onde centenas de civis se refugiavam, o bombardeio de uma maternidade ou as imagens com milhares de prédios destruídos pelos impactos da artilharia percorreram telefones celulares e telas em todo o mundo.

Desde quinta-feira, essas imagens e depoimentos começam a engrossar a investigação promovida pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) após sua visita a Lviv na quarta-feira, mesmo dia em que a cidade recebeu o primeiro tiro de artilharia registrado em uma área muito próxima da fronteira polonesa . A delegação chefiada por Karim Kahn, procurador-chefe do tribunal, visitou a Ucrânia no local e realizou uma entrevista telemática com o presidente Zelensky para iniciar formalmente a investigação destinada a processar os supostos crimes de guerra cometidos por Putin. Assim, o TPI deu cumprimento ao anúncio feito a 28 de fevereiro de promover pela primeira vez uma investigação num conflito armado em território europeu.

Um crime de guerra é aquele que submete a sociedade civil a sofrimento humano e material arbitrário e indiscriminado, sem qualquer justificativa militar para isso. O tribunal pretende determinar a responsabilidade criminal individual da pessoa que o cometeu ou ordenou que fosse cometido. A investigação tinha sido solicitada por 39 membros do tribunal, incluindo a Espanha, e na quinta-feira o gabinete do Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, apoiou a acusação dos "autores" dos crimes, "bem como os políticos oficiais e os líderes militares” responsáveis ​​por eles. Numerosos líderes ocidentais acusaram Putin de crimes de guerra nos últimos dias e agora será o tribunal permanente encarregado de julgá-los que coletará os dados para a investigação. Seja como for que esta guerra desumana na Ucrânia termine, Putin terá um futuro mais sombrio porque em vários países membros do TPI ele corre o risco de ser preso. O próprio Zelensky pediu à sua população que mantenha seus vídeos e gravações para documentar crimes de guerra e ontem quase 2.000 queixas por crimes de guerra já haviam sido abertas na Procuradoria-Geral da Ucrânia, de acordo com o Estatuto do tribunal. Eles afetam cerca de 70 posições políticas e militares russas. 000 queixas por crimes de guerra no Gabinete do Procurador-Geral da Ucrânia, de acordo com o Estatuto do tribunal. Eles afetam cerca de 70 posições políticas e militares russas. 000 queixas por crimes de guerra no Gabinete do Procurador-Geral da Ucrânia, de acordo com o Estatuto do tribunal. Eles afetam cerca de 70 posições políticas e militares russas.

Nenhuma guerra foi transmitida ao vivo com a nitidez, drama e instantaneidade desta, e essa pode ser a verdadeira pedra que assombra Putin pelo resto de sua vida. A impunidade de tantos casos julgados em um tribunal que em 20 anos mal obteve nove condenações pode ser substancialmente reduzida pela celeridade do processo de documentação, pela enorme quantidade de provas e pela flagrante violação dos direitos humanos que Putin cometeu sem medo de testemunhos e em total desrespeito ao direito internacional. Desta vez, o Tribunal Penal Internacional tem a oportunidade de julgar diretamente e não a posteriori, nem com sentenças muitas vezes simbólicas, crimes que abalam todos os dias a consciência cívica e democrática europeia.

Editorial do EL PAÍS, em 19.03.22

Porandubas Políticas

Por Gaudêncio Torquato 

Abro a coluna com Albert Einstein.

Certa vez, Einstein recebeu uma carta da Miss New Orleans (EUA) onde ela dizia: "Prof. Einstein, gostaria de ter um filho com o senhor. A minha justificativa se baseia no fato de que eu, como modelo de beleza, teria um filho com o senhor e, certamente, o garoto teria a minha beleza e a sua inteligência". Einstein respondeu: "Querida miss New Orleans, o meu receio é que o nosso filho tenha a sua inteligência e a minha beleza".

Panorama

A III Guerra

Não parece quimera. Basta Putin atacar um país integrado à OTAN para ter uma reação da instituição. Para não ficar desmoralizado, poderia acionar o seu arsenal atômico. E uma reação em cadeia seria a consequência. Claro, essa configuração depende de muitos fatores. Coisa complexa. O fato é que o autocrata Vladimir Putin não esperava reação tão forte da Ucrânia. Censura os meios de comunicação. Os russos imaginam que a "operação especial" na Ucrânia é para livrar aquele país do nazismo. A mentira se propaga. Ora, vejam bem: Zelensky é o único judeu que governa um país da Europa. Desnazificar a Ucrânia....é risível.

Conselheiros

Há um grupo de conselheiros de Trump que caiu no poço da descrença, incluindo o todo poderoso ministro da Defesa, o general Serguei Choigu, que faz muita articulação política, mas não tem experiência no campo de batalha. Os conselheiros do czar diziam que tudo se resolveria rapidamente e de acordo com o planejado. Os russos estão sofrendo e enfrentando muita resistência. Ganharão a guerra porque têm efetivos militares bem superiores aos da Ucrânia. Mas o planejado não está saindo nos conformes. Noutros tempos, esses conselheiros acabariam tremendo de frio na Sibéria.

A cadeia de efeitos

Exportações de fertilizantes sustadas. Brasil sofrerá para suprir as demandas internas. Setembro, mês de plantação, vem aí. A alta do petróleo – podendo chegar aos U$ 120 o barril (brent) – dispara a subida dos preços de alimentos. O exagerado aumento da gasolina pela Petrobras atinge produtores e consumidores de alimentos, impacta a mobilidade urbana e rural, diminui a grana no bolso, produz bolhas de contrariedade. P.S. Os generais da ativa fazem um escudo de proteção ao presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, que, segundo se sabe, apenas endossa a posição do Conselho e cumpre o ajuste da tabela internacional.

Milagre? É possível

Ganhar uma eleição sob esse teto nas alturas é um milagre. O Bolsa Auxílio pagará menos do que aquele adjutório no início da pandemia. As massas pensarão que o governo as engana com o alto preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha. Mas os subsídios virão.

Lula em dúvida?

Luiz Inácio é cauteloso. Todos sabem que será candidato, mas ele mesmo nunca disse isso. E se perceber que o quadro político se complicará para o PT, com a ausência de grandes coligações e apoios, Lula pode até desistir. Ele precisa ganhar no primeiro turno. Ganhar no segundo turno será difícil. Muito mais. Sua trajetória está em jogo. Se perder, adeus à política.

Eduardo Leite

Segundo diz o próprio Gilberto Kassab a este analista, está tudo certo para que o governador do RS, Eduardo Leite, venha para o PSD, deixando o PSDB. E na mira dele, a candidatura à presidência da Republica. Chapa dos sonhos de Kassab: Eduardo Leite para presidente e Simone Tebet, do MDB, para vice. Simone, no entanto, quer a cabeça de chapa. Mais um problema: os senadores do PSD já estão alinhados à Lula e Bolsonaro.

Poder360

O *Poder360* bateu mais uma vez um recorde de audiência em janeiro de 2022. Os dados são da Comscore (o "padrão ouro" na medição de tráfego na internet). No primeiro mês do ano, a audiência do *Poder* superou a de vários sites de veículos respeitados da mídia tradicional. Segundo Fernando Rodrigues, o competente jornalista que chefia a equipe, "tudo é resultado do bom jornalismo profissional praticado diariamente por uma equipe de aproximadamente 80 profissionais que trabalham no *Poder*".

Sem máscara

Os Estados estão amainando o uso de máscaras. Alguns permitem tirar a máscara em ambientes abertos e fechados, outros apenas em ambientes abertos. Brasil, Brasil. Não se surpreendam se, daqui a pouco, voltarem a subir os índices da pandemia do coronavírus. Na China, os casos estão aumentando.

Olaf Scholz

O novo chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, não tem o carisma de Angela Merkel, mas é um bom articulador. Tem estado na linha de frente das articulações Rússia/Ucrânia. Scholz é um advogado que já exerceu o cargo de ministro das Finanças, prefeito de Hamburgo, de 2011 a 2018, e vice-líder do seu partido, Partido Social Democrata da Alemanha, de 2009 a 2019.

E a energia, hein?

São Pedro abriu as torneiras e as chuvas torrenciais caem em todo o país. A crise energética não deve ocorrer, pelo menos com a gravidade anunciada em princípios do ano. Os reservatórios estão com índices razoáveis.

E o PL, hein?

Com a última operação da PF nos terrenos do PL, um grupo de deputados dispostos a entrar no partido de Valdemar da Costa Neto já não exibe tanto entusiasmo para nele ingressar. Valdemar está com receio de perder o mando em sua sigla, que fez história nos tempos do embaixador Álvaro Vale. A abertura do programa do PL com o "Coro dos Escravos Hebreus", do terceiro ato da ópera Nabucco (1842) de Giuseppe Verdi, era um show.

O troca-troca

A mudança de partido levará em conta os recursos destinados a cada ente. O fundão de quase R$ 5 bilhões é o alvo de todos.

Golpe? O Brasil é outro

Um golpe militar em tempos atuais é algo praticamente impossível. Não haveria apoio militar. O mundo mudou. É mais interdependente. As Forças Armadas, em seu conjunto, estão profissionalizadas. Fariam continência a Lula, se este ganhasse. Mas a ignorância teima em aparecer na desinformação. Dá conta de um eventual golpe de Bolsonaro, com apoio militar, caso perca a eleição. Os tempos são outros. E as urnas eletrônicas, como ferramenta da ilegalidade, só mesmo na cabeça de incréus e radicais apaixonados.

Um pouco de história: Sócrates

De corpo franzino e tido como muito feio, Sócrates aceitou de bom humor participar da simulação de um concurso de beleza com seu amigo Critóbulus; era uma brincadeira, com um júri falso. Sócrates tinha certeza de que, por meio da argumentação, conseguiria vencer o amigo:

– Sócrates: "O que é beleza?"

– Critóbulus: "São as coisas boas e belas que são bem-feitas para cumprir respectivas funções para as quais nós as obtemos ou as coisas bem constituídas para servir às nossas necessidades."

Sócrates jogou o anzol e pegou o amigo com a técnica de deixar que o interlocutor discorra para extrair as consequências.

– Sócrates: "Tu sabes a razão por que necessitamos de olhos?"

– Critóbulus: "Ora, obviamente para ver."

– Sócrates: "Nesse caso, parece que meus olhos, sem qualquer esforço de argumentação, são melhores do que os teus."

– Critóbulus: "Como assim?"

– Sócrates: "Porque enquanto os teus só veem o que está na frente, os meus, esbugalhados como são, veem também o que está dos lados."

– Critóbulus: "Quer dizer que um caranguejo está muito bem equipado visualmente, mais do que qualquer outra criatura?"

– Sócrates: Exatamente.

– Critóbulus: "Bem que seja assim, mas de quem é o melhor nariz, o teu ou o meu?"

– Sócrates: "O meu, acho, considerando-se que a Providência fez nossos narizes para cheirar. Pois tuas narinas olham em direção ao chão, enquanto as minhas estão bem abertas e voltadas para fora, de modo que posso captar aromas de todos os lados."

– Critóbulus: "Mas como tu achas possível que um nariz achatado como o teu seja mais bonito que o meu, que é reto?"

– Sócrates: "Pelo fato de não produzir nenhuma barreira entre os olhos, permitindo a eles uma visão desobstruída para que vejam o que querem, enquanto teu nariz reto e afilado, como que para compensar, separa, como uma barreira, um olho do outro."

– Critóbulus: "Já no que diz respeito à boca, até faço uma concessão. Pois se ela foi criada para morder os alimentos, então a tua pode abocanhar muito mais do que a minha pode. E tu não achas que o teu beijo é também mais doce porque os teus lábios são grossos?"

– Sócrates: "Pois não é? Mas, de acordo com os argumentos, parece que minha boca é mais feia do que a de um asno."

– Critóbulus: "É impossível continuar argumentando contigo. Vamos aos votos."

Mesmo com a lógica de Sócrates, os jurados de mentirinha, com pena de Critóbulus, concederam-lhe a vitória.

Política e teatro

O discurso estético tem muito a ver com os recursos teatrais. Com efeito, a teatralização é imanente à política. Os atores políticos contemporâneos procuram aperfeiçoar sua performance com recursos técnicos da mídia eletrônica e do teatro. O ex-ditador de Uganda, o cabo Idi Amin Dada, dizia conversar com Deus tantas vezes quanto necessário. Hitler treinava a voz e os gestos. Mussolini, com sua voz de bronze e máscara imperial, espelhava-se em D'Annunzio, guerreiro-tribuno. A história antiga é cheia de exemplos que mostram os governantes posando de ator, alguns com feições de comediantes, outros encarnando o perfil de estadistas. Luis XIV fazia exibição de danças. O marechal Pétain tomava aulas de dicção para diminuir a timidez. O próprio De Gaulle dizia que "os maiores medem cuidadosamente as suas intervenções, fazendo delas uma arte". Valéry Giscard d'Estaing, o chefe de Estado francês, tocava acordeon nas praças de Paris. Fernando Collor usou um traje de piloto para fazer uma viagem à Amazônia.

O vedetismo

O vedetismo do poder pode ser explicado pela psicologia. As pessoas percebem no ator político estados e situações afetivas que lhe são próprias. Identificam-se com ele. E se satisfazem. Trata-se do fenômeno de autovalorização por meio de um herói interposto. Freud também explica: "a maioria das pessoas experimenta a imperiosa necessidade de admirar uma autoridade, perante a qual possa inclinar-se e pela qual seja dominada e por vezes maltratada".

Os três maiores oradores

Os três maiores oradores da Antiguidade foram: o general Péricles; o tribuno Cícero, mais conhecido pelas Catilinárias; e aquele que é considerado o maior de todos, Demóstenes. Uma figura curiosa. Gago e com muita vontade de superar deficiências. Construiu um lugar para estudo numa caverna, onde ia diariamente treinar oratória e exercitar a voz. Lá permanecia, por vezes por dois ou três meses sem interrupção, raspando o cabelo de metade da cabeça, para que, por vergonha, não conseguisse aparecer em público e se afastar da caverna. Um determinado.

Fecho a coluna com mais uma história de padre.

O bom senso

Uma historinha de Zé Abelha, o nosso contador de causos de Minas. No auge da discussão nacional sobre a lei do divórcio, o então bispo auxiliar de Belo Horizonte, D. Serafim Fernandes de Araújo, reitor da Universidade Católica de Minas Gerais, democrata, liberal, torcedor roxo do Galo, o Clube Atlético Mineiro, foi entrevistado:

– O senhor não acha que o bom senso evitaria muitos divórcios?

– Acho sim, meu filho, e muitos casamentos também.

Torquato Gaudêncio, cientista político, é Professor Titular na Universidade de São Paulo e consultor de Marketing Político.

--------------------------------------------------
Livro Porandubas Políticas
A partir das colunas recheadas de humor para uma obra consagrada com a experiência do jornalista Gaudêncio Torquato.
Em forma editorial, o livro "Porandubas Políticas" apresenta saborosas narrativas folclóricas do mundo político acrescidas de valiosas dicas de marketing eleitoral.
Cada exemplar da obra custa apenas R$ 60,00. Adquira o seu, clique aqui. 

sexta-feira, 18 de março de 2022

Sem culpar a Rússia, Xi diz a Biden que guerra na Ucrânia precisa terminar o quanto antes

Segundo a imprensa estatal chinesa, Xi disse a Biden que a guerra precisa terminar o quanto antes e o conflito não é do interesse de ninguém.

Presidentes dos EUA e China conversaram por quase duas horas, em uma tentativa americana de impedir a que China ajude militar e economicamente a Rússia (Foto: Susan Walsh/AP)

Os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, conversaram nesta sexta-feira, 18, por telefone.  Sem criticar a Rússia de Vladimir Putin, de quem é aliado, Xi ainda disse ao americano que as prioridades agora devem ser o sucesso das negociações entre russos e ucranianos e evitar novos ataques à população civil. A conversa durou mais de duas horas,

Biden, por sua vez, pediu a Xi que a China não envie ajuda militar aos russos. O líder chinês ainda criticou as sanções econômicas impostas pelo Ocidente a Moscou e defendeu que a Otan e a Rússia negociem uma saída que atenda às preocupações de segurança de russos e ucranianos.

O chefe do programa alimentar da ONU demonstrou preocupação com as cidades cercadas, onde comidas e alimentos estão acaband

Mais de mil pessoas estão presas em teatro de Mariupol após bombardeio russo; 130 foram resgatadas

Total de sobreviventes e número de mortos ainda é desconhecido. Ataque aconteceu na última quarta-feira, 16, e local ficou destruído

Rússia ataca Lviv, principal destino dos refugiados da Ucrânia

Pelo menos três explosões foram ouvidas perto do aeroporto da cidade

“Como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e das duas maiores economias do mundo, devemos não apenas liderar o desenvolvimento das relações China-EUA pelo caminho correto, mas também assumir nossas responsabilidades internacionais e fazer esforços para a paz e a tranquilidade mundiais”, disse o dirigente chinês.

“Conflitos e antagonismos não beneficiam ninguém. Paz e segurança são os bens pelos quais a comunidade internacional deveria estar mais interessada”, declarou por sua vez o presidente dos Estados Unidos.

Pressão sobre Pequim

Mais cedo, a vice-secretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman, disse à rede MSNBC que Xi deveria dizer ao presidente russo Vladimir Putin “para acabar com essa guerra de escolha, essa guerra de carnificina” na Ucrânia.

“A China precisa ficar do lado certo da história. Ela precisa garantir que não preencha, financeiramente ou de qualquer outra forma, as sanções que foram impostas à Rússia”, disse ela à CNN americana.

A China afirma reivindica Taiwan como sua, e nos últimos dois anos intensificou sua atividade militar perto da ilha para afirmar suas reivindicações de soberania, alarmando Taipei e Washington.

EUA advertem China sobre risco de apoiar 'agressão russa'

Joe Biden, ameaçará seu par chinês, Xi Jinping, com represálias se a China "apoiar a agressão russa" com uma ajuda militar.

Ajuda direta à Rússia

Falando na quinta-feira, o secretário de Estado Antony Blinken, disse que o governo Biden estava preocupado que a China estivesse considerando ajudar diretamente a Rússia com equipamentos militares para uso na Ucrânia, algo que Pequim negou.

Washington também está preocupado que a China possa ajudar a Rússia a contornar as sanções econômicas ocidentais.

“Pequim fará tudo o que estiver ao seu alcance para evitar ter que tomar partido abertamente, mas seu relacionamento anterior relativamente sem custos com a Rússia tornou-se complicado e agora está expondo a China a crescentes riscos geopolíticos, econômicos e de reputação”, disse Helena Legarda, analista-chefe. no Instituto Mercator para Estudos da China.

Horas antes do telefonema, a China navegou em um porta-aviões pelo sensível Estreito de Taiwan - sombreado por um destroier dos EUA - disse uma pessoa com conhecimento direto do assunto.

A China tem evitado tomar uma posição sobre a guerra na Ucrânia, inclusive sem utilizar o termo "invasão"

A China tem evitado tomar uma posição sobre a guerra na Ucrânia, inclusive sem utilizar o termo "invasão" Foto: Aleksey Druzhinin/Kremlin via Reuters

A invasão da Ucrânia pela Rússia, agora em sua quarta semana, matou centenas de civis, reduziu áreas da cidade a escombros e provocou uma crise humanitária enquanto milhões fogem do país.

A Rússia disparou mísseis em um aeroporto perto de Lviv nesta sexta-feira, uma cidade onde centenas de milhares de pessoas buscaram refúgio longe dos campos de batalha da Ucrânia. O local do ataque fica a poucos quilômetros da fronteira com a Polônia, um país membro da Otan.

Posição chinesa no conflito

A Ucrânia acrescentou uma nova frente em uma relação EUA-China que já está em seu pior nível em décadas, esvaziando ainda mais as esperanças iniciais de Biden de aliviar uma ampla gama de disputas usando uma conexão pessoal com Xi que antecede seu mandato.

Os Estados Unidos e a China são as duas maiores economias do mundo e Washington tem se mostrado ansioso para evitar uma nova “Guerra Fria” entre eles, buscando definir a relação como de coexistência competitiva.

No entanto, a parceria estratégica “sem limites” da China com a Rússia anunciada no mês passado e sua posição sobre a Ucrânia colocou isso em questão.

A China se recusou a condenar a ação da Rússia na Ucrânia ou chamá-la de invasão, e censurou o conteúdo online na China que é pró-Ocidente ou desfavorável à Rússia.

Ataque aéreo russo à cidade de Lviv, no oeste da Ucrânia  Foto: Roman Baluk/Reuters

Pequim, embora diga que reconhece a soberania da Ucrânia, também disse que a Rússia tem preocupações legítimas de segurança que devem ser abordadas. O país pediu uma solução diplomática para o conflito.

Apesar de o governo de Biden ter ameaçado contramedidas se a China ajudar o esforço da Rússia na Ucrânia, ele e seus aliados ainda não decidiram exatamente quais medidas podem tomar, de acordo com uma pessoa envolvida nas conversas.

Atingir Pequim com o tipo de extensas sanções econômicas impostas à Rússia teria consequências potencialmente terríveis para os Estados Unidos e o mundo, já que a China é a segunda maior economia do mundo e o maior exportador.

Analistas dizem que é improvável que a China dê as costas à Rússia por causa do conflito na Ucrânia, mas seus esforços diplomáticos para parecer imparcial estão se tornando mais difíceis de manter e a proximidade com Moscou pode custar a boa vontade de Pequim em muitas capitais mundiais.

No entanto, Zhao Lijian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, desprezou a ideia de Pequim estar desconcertada e, em vez disso, atacou os países ocidentais, acusando-os de alimentar o medo em países como a Rússia.

“Aqueles que realmente se sentem desconfortáveis são aqueles países que pensam que podem dominar o mundo depois de vencer a Guerra Fria, aqueles que continuam impulsionando a expansão da Otan para o leste cinco vezes, desconsiderando as preocupações de segurança de outros países, aqueles que travam guerras em todo o mundo enquanto acusam outros países de serem beligerantes”, disse Zhao na quinta-feira.

O embaixador da China nos Estados Unidos, Qin Gang, disse que a China teria trabalhado para evitar a guerra se soubesse da “crise iminente”. No entanto, de acordo com uma reportagem do New York Times em fevereiro, Washington compartilhou informações com altos funcionários chineses sobre a formação de tropas russas em um esforço para convencer Pequim a intervir com Putin, mas foram rejeitadas.

Uma reunião de sete horas em Roma na segunda-feira entre o conselheiro de segurança nacional dos EUA Jake Sullivan e o principal diplomata da China Yang Jiechi foi descrita como “dura” e “intensa” por autoridades americanas.

O governo de Biden não ofereceu evidências de sua afirmação de que a China sinalizou disposição para ajudar a Rússia. Moscou negou ter pedido ajuda militar à China, e o Ministério das Relações Exteriores da China chamou a ideia de “desinformação”.

No entanto, o ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, disse nesta semana que o país conta com a China para ajudá-lo a suportar o golpe em sua economia ao punir sanções ocidentais destinadas a isolar a economia da Rússia do resto do mundo./AFP e REUTERS

Fogo aéreo russo

Sem avanços por terra, Rússia ataca civis na Ucrânia.

Publicado originalmente pelo O Estado de S. Paulo, em 18.03.22.

Explosões perto da fronteira com a Polônia

Ao menos seis mísseis foram disparados em direção a Lviv. Kiev também é alvo de bombardeios. Acompanhe as últimas notícias.

ONU contabiliza mais de 800 civis mortos

Por telefone, Scholz pede cessar-fogo imediato a Putin

Ministra alemã diz que não é possível ser neutro em relação à invasão russa

Lviv, próximo à fronteira com a Polônia, é alvo de bombardeios

Segundo autoridades locais, 80% das residências de Mariupol já foram atingidas

Japão e Austrália anunciam sanções contra a Rússia

As atualizações estão no horário de Brasília 

15:20 – Xi Jinping diz a Biden que seu país quer o fim da guerra

Os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, conversaram por quase duas horas em videoconferência, em meio a preocupações quanto a um possível apoio chinês à invasão russa à Ucrânia.

Segundo o Ministério chinês do Exterior, Xi disse a Biden que seu pais não possui interesses em jogo no conflito, e que "as prioridades estão na continuação do diálogo e das negociações, evitar mortes de civis e uma catástrofe humanitária, além de cessar os combates e terminar a guerra o mais cedo possível".

O líder chinês afirmou que as nações devem "respeitar umas às outras e rejeitar a mentalidade da Guerra Fria", além de "se abster de confrontos entre os blocos". Na declaração, Xi evitou culpar ou criticar a Rússia pelo conflito na Ucrânia.

Antes da conversa entre os líderes, o secretário de estado americano, Antony Blinken, disse que Washington se preocupa com uma possível assistência direta da China à Rússia na guerra na Ucrânia, inclusive com o envio de equipamentos militares, algo que Pequim nega.

Blinken explicou que a intenção de Biden era deixar claro que a China sofrerá consequências caso apoie as agressões russas.

14:10 – Putin aparece em ato ultrapatriótico em Moscou

Em meio à guerra na Ucrânia, o presidente russo, Vladimir Putin, participou de um ato ultrapatriótico e de propaganda política em comemoração aos oito anos da anexação russa da Península da Crimeia.

O principal estádio de futebol de Moscou foi ocupado por dezenas de milhares de pessoas com bandeiras russas, muitas delas portanto em laços e adereços a letra "Z", que se tornou um símbolo de apoio ao Exército russo. 

O evento foi uma tentativa das autoridades de reforçar sentimentos de patriotismo no país, em resposta ao enorme revés gerado pela invasão russa à Ucrânia e às pesadas sanções impostas pelo Ocidente.

No palco, no centro do estádio, estava uma faixa com os dizeres "por um mundo sem nazismo", em referência à declaração de Putin sobre a "desnazificação" da Ucrânia, utilizada como pretexto para a invasão e os bombardeios ao país vizinho.  

Em seu discurso, Putin disse que Moscou tomou a decisão correta de tirar a Crimeia do "estado de humilhação" que a Península se encontrava sob poder da Ucrânia. Ele disse que seu governo fez melhoras significativas na região, utilizada desde o mês passado para a entrada de tropas russas no território ucraniano.

Em uma de suas raras aparições públicas desde o início da guerra, o líder russo disse que o objetivo agora é "livrar a população [ucraniana] do sofrimento e genocídio". Ele citou passagens bíblicas e disse que os soldados surros travam uma luta "heroica" na Ucrânia. 

A polícia de Moscou avaliou que mais de 200 mil pessoas compareceram ao evento, dentro e fora do estádio. (Reuters)

11:13 – ONU contabiliza mais de 800 civis mortos

Segundo balanço divulgado pelo Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), 816 civis já morreram na guerra na Ucrânia desde 24 de fevereiro, data que marca o início da invasão russa no país.

Outras 1.333 pessoas foram feridas. A maioria das vítimas morreu em decorrência de ataques de artilharia e mísseis.

É um número oficial, mas a quantidade real de mortos é provavelmente maior. Apesar de integrantes do Conselho de Direitos Humanos da ONU estarem presentes na Ucrânia, ainda é difícil contabilizar vítimas em algumas regiões, como em Mariupol, cidade que está sitiada e vive uma catástrofe humanitária.

10:55 – Zelenski diz que buscas em teatro bombardeado continuam

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse nesta sexta-feira que o trabalho de regaste continua no teatro que foi bombardeado na cidade de Mariupol, no sul do país.

Diversos moradores locais escondiam-se no porão do teatro quando o local foi atacado por forças russas. Segundo informações preliminares, ao menos 130 pessoas já teriam sido resgatadas com vida.

Zelenski também acusou os russos de impedirem as autoridades ucranianas de estabelecerem corredores humanitários capazes de evacuar mais civis de Mariupol, que está sitiada e vive escassez de alimentos, água, energia e aquecimento. (Reuters)

10:14 – EUA rechaçam ameaças da Rússia sobre possível adesão da Bósnia à Otan

A embaixada americana em Saravejo classificou como "perigosas, irresponsáveis e inaceitáveis" as ameaças feitas pelo embaixador russo na Bósnia e Herzegovina sobre a possibilidade de o país aderir à Otan.

No início desta semana, o embaixador Igor Kalabukhov disse que se a Bósnia "escolhe ser membro de alguma coisa, isso é assunto interno. Mas há outra coisa, que é a nossa reação. Mostramos o que esperamos no exemplo da Ucrânia. Se houver ameaças, vamos reagir", declarou Kalabukhov.

"Continuaremos a apoiar a Bósnia e Herzegovina e as medidas necessárias para garantir seu lugar na comunidade Euro-Atlântica", divulgou a embaixada dos EUA. (DW)

09:38 – Por telefone, Scholz pede cessar-fogo imediato a Putin

Em uma conversa telefônica que durou menos de uma hora nesta sexta-feira, o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, pediu ao presidente russo, Vladimir Putin, um cessar-fogo imediato na Ucrânia.

Conforme o porta-voz do governo alemão, Scholz pressionou Putin a buscar uma solução diplomática para o conflito e disse que é preciso melhorar a situação humanitária nas áreas de conflito.

Putin, por outro lado, culpou a Ucrânia por atrasar as negociações de paz.

Em um comunicado, o Kremlin disse que "foi observado que Kiev está tentando atrasar o processo de negociação de todas as formas possíveis, apresentando cada vez mais propostas fora da realidade".

Putin também comunicou a Scholz que a Rússia está fazendo tudo o que é possível para salvar vidas civis. (DW)

09:15 – Ministra do Exterior alemã: "Não há como ser neutro"

A ministra do Exterior da Alemanha, Annalena Baerbock, declarou nesta sexta-feira que é preciso instaurar um compromisso internacional ainda maior pela paz e pela segurança.

Baerbock fez referência principalmente às agressões russas na Ucrânia e enfatizou que nem mesmo a Alemanha, apesar da sua história, pode ser neutra neste tema: "Sobre o que é certo ou errado, em questões de guerra e paz, nenhum país, nem mesmo a Alemanha, pode ficar neutro", afirmou a ministra, ao comentar os novos rumos do país quanto à Estratégia de Segurança Nacional.

"Da culpa da Alemanha pela guerra e pelo genocídio, uma responsabilidade peculiar surge para nós, para mim", disse Baerbock, referindo-se à necessidade de "apoiar aqueles cuja vida, liberdade e direitos estão ameaçados".

A ministra também destacou que a guerra promovida pelo presidente russo, Vladimir Putin, confronta diretamente a política de segurança atual. (ots)

08:18 – Rússia segue banida das Eliminatórias da Copa 2022

A Corte Arbitral do Esporte (CAS), com sede na Suíça, confirmou nesta sexta-feira que a seleção russa não poderá disputar jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022, que ocorrerá entre novembro e dezembro, no Catar.

A Federação Russa buscava uma revogação provisória da punição imposta pela Fifa. No entanto, com a decisão, a Rússia não poderá enfrentar a Polônia na próxima quinta-feira. Com isso, a seleção polonesa será declarada vencedora da partida.

Mesmo antes da confirmação da suspensão, além da Polônia, Suécia e República Tcheca já haviam declarado que não jogariam contra a Rússia. (DW)

07:20 – Os bebês deixados para trás em meio à guerra

Clínica em Kiev tem 21 bebês de barriga de aluguel à espera dos pais.

07:00 – Segundo autoridades locais, 80% das residências de Mariupol já foram atingidas

De acordo com o conselho municipal de Mariupol, os constantes ataques aéreos já atingiram 80% das residências da cidade, e 30% delas ficaram completamente destruídas. "Uma média de 50 a 100 bombas são lançadas diariamente na cidade. A devastação é enorme", afirmou.

Um dia após o ataque a um teatro, o número de mortos e feridos ainda não está claro. Centenas de ucranianos, incluindo várias crianças, estavam no porão do prédio no momento do bombardeio. Há relatos de que o abrigo subterrâneo resistiu às bombas. Uma deputada ucraniana disse que 130 pessoas já haviam sido resgatadas com vida. Essas informações não puderam ser verificadas de forma independente. (DW)

06:30 – Lviv, próximo à fronteira com a Polônia, é alvo de bombardeios

A Rússia lançou nesta sexta-feira (18/03) uma série de bombardeios contra cidades ucranianas. A capital Kiev foi alvo dos ataques, assim como Lviv, localizada a cerca de 50 quilômetros da fronteira com a Polônia.

Segundo autoridades ucranianas, as forças russas atingiram com mísseis uma fábrica perto do aeroporto de Lviv, no oeste do país. O prefeito da cidade, Andriy Sadovyi, disse o local era usado na manutenção de aeronaves militares e que o ataque danificou uma instalação de reparo de ônibus. A fábrica tinha suspendido operações antes do ataque e não houve vítimas.

O comando da Força Aérea ucraniana disse que as forças russas lançaram seis mísseis com destino a Lviv, a partir do mar Negro, mas que dois dos mísseis foram abatidos. Um guarda contou que ouviu três explosões por volta das 6h. Um morador próximo do local atingido disse que as explosões fizeram com que os prédios balançassem e causaram pânico.

Após o início da invasão russa em 24 de fevereiro, cerca de 200 mil ucranianos se refugiaram em Lviv. A cidade também tem sido alvo de ataques russos, o pior deles matou quase 30 pessoas, num centro de treinamento em seus arredores, no fim de semana.

A região de Kiev também foi alvo de bombardeios nesta sexta-feira. O ataque deixou ao menos um morto e quatro feridos, segundo serviços de emergência. (AP, Lusa).

Deutsche Welle Brasil, em 18.03.22

Guerra na Ucrânia: os 'presidentes deepfake 'usados na propaganda do conflito

Um vídeo deepfake compartilhado no Twitter, que parece mostrar o presidente russo, Vladimir Putin, declarando a paz, reapareceu.

Enquanto isso, nesta semana a Meta e o YouTube tiraram do ar um vídeo deepfake do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, falando em se render à Rússia

O deepfake apareceu no site da rede de TV ucraniana Ukrayina 24, que foi hackeado (CRÉDITO,OTHER)

Como ambos os lados utilizam mídia manipulada, o que estes vídeos revelam sobre o estado de desinformação no conflito?

E será que as pessoas estão realmente acreditando neles?

A versão pouco convincente do presidente Zelensky foi ridicularizada por muitos ucranianos.

Ele aparece atrás de um pódio, dizendo aos ucranianos para baixarem suas armas. Sua cabeça parece grande demais e mais pixelizada do que seu corpo — e sua voz soa mais grave.

Em um vídeo postado em sua conta oficial do Instagram, o verdadeiro presidente Zelensky chama isso de "provocação infantil".

Mas o Centro Ucraniano de Comunicações Estratégicas alertou que o governo russo pode usar deepfakes para convencer os ucranianos a se renderem.

Uma 'vitória fácil' para as mídias sociais

O vídeo de Putin circulou por algumas semanas e foi classificado como mídia manipulada pelo Twitter (CRÉDITO,OTHER)

Em uma postagem no Twitter, o chefe de política de segurança da Meta, Nathaniel Gleicher, disse que "rapidamente revisou e removeu" o deepfake por violar sua política contra mídia manipulada enganosa.

O YouTube também informou que o conteúdo foi removido por violar as políticas de desinformação.

Foi uma vitória fácil para as empresas de mídia social, avalia Nina Schick, autora do livro Deepfakes, porque o vídeo era tão grosseiro e facilmente identificado como falso até mesmo por "telespectadores não tão sofisticados".

"As plataformas podem fazer um grande barulho ao lidar com isso", diz ela, "quando não estão fazendo mais em relação a outras formas de desinformação".

"Há muitas outras formas de desinformação nesta guerra que não foram desmascaradas."

"Mesmo que este vídeo tenha sido muito ruim e grosseiro, não será esse o caso em um futuro próximo".

E ainda "pode corroer a confiança na mídia autêntica".

"As pessoas começam a acreditar que tudo pode ser falsificado", adverte Schick.

"É uma nova arma e uma forma potente de desinformação visual — e qualquer um pode fazer isso."

As muitas faces da tecnologia deepfake

Uma ferramenta que anima fotos de parentes mortos provou ser popular — e o MyHeritage adicionou agora o recurso de fazer os deepfakes falarem (CRÉDITO,MYHERITAGE)

Uma ferramenta de deepfake que permite aos usuários animar fotos antigas de parentes tem sido amplamente utilizada — e a empresa por trás dela, MyHeritage, agora adicionou o LiveStory, que permite acrescentar vozes.

Mas houve uma reação mista no ano passado, quando a rede de TV sul-coreana MBN anunciou que estava usando um deepfake da apresentadora do jornal Kim Joo-Ha.

Alguns ficaram impressionados com o quão realista era, outros preocupados que a verdadeira Kim Joo-Ha poderia perder o emprego.

A tecnologia deepfake também está sendo usada para criar pornografia, com uma proliferação, nos últimos anos, de sites que permitem aos usuários "nudificar" fotos.

E pode ser usada para fins satíricos — no ano passado, por exemplo, o Channel 4 criou uma versão deepfake da rainha para uma mensagem alternativa de Natal.

O uso de deepfakes na política permanece relativamente raro.

Mas um deepfake do ex-presidente dos EUA, Barack Obama, foi criado para demonstrar o poder da tecnologia.

Quando a detecção dá errado

"O Zelensky foi um problema de deepfake no melhor cenário", diz o diretor do programa Witness.org., Sam Gregory.

"Não foi muito bom, para começar, então foi facilmente detectado."

"E foi desmascarado pela Ucrânia, e Zelensky havia refutado nas mídias sociais, então foi uma remoção de política fácil para o Facebook."

Mas em outras partes do mundo, jornalistas e grupos de direitos humanos temiam que não tivessem as ferramentas para detectar nem a capacidade de desmascarar deepfakes.

As ferramentas de detecção analisam a maneira como uma pessoa se move ou procuram coisas como o processo de machine-learning (aprendizado de máquinas) que criou o deepfake.

Mas no verão passado, um detector online sugeriu que um vídeo genuíno de um político de alto escalão em Mianmar, aparentemente confessando corrupção — o debate permanece sobre se foi uma declaração real ou uma confissão forçada — era um deepfake.

"A falta de 100% de prova de qualquer lado e o desejo das pessoas de acreditar que era um deepfake reflete os desafios dos deepfakes em um ambiente do mundo real", diz Gregory.

"O presidente Putin foi transformado em deepfake algumas semanas atrás e foi amplamente considerado como sátira — mas há uma linha tênue entre sátira e desinformação."



Análise de Shayan Sardarizadeh, BBC Monitoring

A transcrição do deepfake de Zelensky apareceu pela primeira vez no ticker da rede de TV ucraniana Ukrayina 24 durante uma transmissão ao vivo na quarta-feira.

Uma captura de tela e a transcrição completa apareceram posteriormente em seu site.

A Ukrayina 24 confirmou que tanto o site, inacessível durante a maior parte da quarta-feira, quanto o ticker haviam sido hackeados.

O vídeo foi então amplamente compartilhado no Telegram em russo e no VK, equivalente ao Facebook.

A partir daí, chegou a plataformas como Facebook, Instagram e Twitter.

Há alertas de que deepfakes podem ser perigosos, inclusive em um conflito, há algum tempo.

Mas criar um deepfake crível é caro e demorado.

E vídeos antigos e memes adulterados continuam sendo a tática de desinformação mais comum e eficaz nesta guerra.

Nem bem feito, tampouco crível, o deepfake de Zelensky está entre os piores que já vi.

Mas o fato de um deepfake ter sido feito e compartilhado durante uma guerra é notável.

E o próximo pode não ser tão ruim.

Jane Wakefield, da BBC News, em 18.03.22

quinta-feira, 17 de março de 2022

Zelenski pede na Alemanha que derrube o novo "muro" que separa os países livres dos oprimidos na Europa

"Quantas pessoas mais eles têm que matar para a OTAN dizer sim a uma zona de exclusão aérea?"

O presidente ucraniano, Volodímir Zelenski, se dirige ao Parlamento alemão por meio de um vídeo, nesta quinta-feira. (CLEMENS BILAN (EFE))

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pediu ajuda ao chanceler alemão Olaf Scholz para parar a guerra em seu país durante um discurso transmitido ao vivo no início da sessão do Parlamento. Zelenski, que foi recebido com aplausos de alguns deputados do hemiciclo do Bundestag, alertou que "um novo muro de Berlim" está sendo construído na Europa, separando os estados oprimidos dos estados livres. Seu país, disse ele, não quer estar do lado do muro onde "falta a liberdade".

Além de agradecer a ajuda da Alemanha, o presidente ucraniano também fez várias acusações contra políticos alemães, como o atraso nas sanções para interromper a guerra. Ele também se referiu ao controverso gasoduto Nord Stream 2, construído mas sem permissão para operar, e desonrou os líderes alemães que colocaram os interesses econômicos em primeiro lugar durante o planejamento desta infra-estrutura destinada a transportar gás diretamente para a Alemanha da Rússia sem passar por Ucrânia. Zelensky disse que o oleoduto fazia parte dos preparativos de Moscou para a guerra. 

O presidente ucraniano garantiu que a cada nova bomba lançada pela Rússia em território ucraniano, o muro que pretende isolar a Ucrânia continuará sendo construído. As "dúvidas" do Ocidente sobre o desejo de seu país de ingressar na UE e na Otan são outras "pedras" nesse muro, acrescentou. O líder, que começou seu discurso alguns minutos depois do esperado devido aos atentados em Kiev, citou Ronald Reagan, "ator e presidente" dos Estados Unidos, em seu apelo ao chanceler alemão: "Digo também: Sr. , destrua esta parede.” 

As palavras de Zelensky, que ontem também parafraseou Martin Luther King em seu discurso perante o Congresso dos Estados Unidos, lembram aquelas que Reagan pronunciou em junho de 1987 diante de cerca de 30.000 pessoas em Berlim, quando disse:  “Secretário-Geral Gorbachev: se você está procurando por paz, prosperidade para a União Soviética e para a Europa Oriental, se você busca a liberalização, venha a esta porta, abra-a, derrube este muro”.

"A Rússia nos bombardeia constantemente, destrói tudo o que construímos", disse Zelensky, que lembrou que as forças russas não fazem distinção entre alvos civis e militares. Ele ressaltou que milhares de ucranianos caíram, incluindo muitas crianças. “Os ocupantes mataram 108 crianças no meio da Europa, em pleno século XXI”, disse aos deputados, que também se levantaram para aplaudi-lo no final do seu discurso. Elena G. Sevillano reporta de Berlim  .


Uma mulher é evacuada de um prédio após um ataque russo em Kiev na quarta-feira.(Foto: SERVIÇOS DE EMERGÊNCIA DA UCRÂNIA)

Ucrânia denuncia ataque de projétil a escola em Kharkov

As autoridades ucranianas denunciaram esta quinta-feira um ataque de projétil contra um centro de ensino secundário na cidade de Merefa, de cerca de 21.500 habitantes na região de Kharkov, a cerca de 30 quilómetros da fronteira com a Rússia. O Serviço de Emergência do Estado indicou em uma mensagem em sua conta do Telegram que "como resultado do ataque, o prédio de dois andares foi parcialmente destruído" e acrescentou que um incêndio foi registrado nas instalações. "O fogo está se extinguindo. De acordo com dados preliminares, não há vítimas", transferiram. O ataque teria ocorrido por volta das 3h30 de quinta-feira, de acordo com o jornal The Kyiv Independent. (Agências)

A escola destruída em um bombardeio russo em Merefa, na região ucraniana de Kharkov, nesta quinta-feira. (Serviço Estadual de Emergência / Reuters)

Ucrânia afirma que ataques russos em Luhansk deixaram dois civis mortos esta noite

Duas pessoas morreram e outras cinco ficaram feridas em ataques de tropas russas na região leste ucraniana de Lugansk, uma autoproclamada república independente cuja soberania foi reconhecida pela Rússia. Os ataques ocorreram esta noite nas cidades de Rubizhne e Sievierodonetsk, onde um civil foi morto em cada uma delas, conforme relatado na quinta-feira por Serhii Haidai, chefe da administração militar daquela região, em um comunicado publicado no Facebook. "Os russos estão deliberadamente atacando civis! Os moradores de Rubizhne perderam mais de 20 casas durante a noite. Um foi morto, cinco ficaram feridos... Rubizhne foi cinicamente bombardeado durante o dia e a noite passados", escreveu o oficial.

"Ruas inteiras queimaram na cidade. No centro regional de Sievierodonetsk, os ocupantes também tiraram uma vida", escreveu ele. Segundo seu depoimento, "os invasores usam todo tipo de armas para matar os habitantes da região de Luhansk". Combates intensos também foram relatados na cidade vizinha de Popasna, onde várias casas residenciais foram danificadas, acrescentou. "Já é extremamente difícil contar os danos, porque todos os prédios da região sofreram nas mãos dos russos!", postou Haidai na rede social. (Ef)

O governador de Chernigov afirma que 53 civis foram mortos na cidade na quarta-feira pela ofensiva russa

O governador da região de Chernigov (norte da Ucrânia), Viacheslav Chaus, disse quinta-feira que as perdas na cidade de mesmo nome estão aumentando devido à ofensiva das tropas russas. Chaus elevou para 53 o número de civis mortos na cidade apenas durante o dia de quarta-feira. Chernigov está cercada pelas forças de Vladimir Putin desde os primeiros dias da invasão e está sob repetidos bombardeios na semana passada. 

Na quarta-feira, o serviço de emergência da Ucrânia localizou cinco corpos, incluindo os de três crianças, nos escombros de um prédio atacado em Chernigov. As equipes de resgate estavam vasculhando as instalações danificadas pelo bombardeio russo quando encontraram os corpos sem vida nas proximidades de uma residência estudantil, de acordo com um comunicado publicado na conta oficial do Telegram dos serviços de emergência.

Além disso, pelo menos dez pessoas morreram quando faziam fila ontem para comprar pão na cidade quando foram atingidos por um míssil, como pode ser visto em um vídeo transmitido nas redes sociais, cuja geolocalização confirmou o EL PAÍS. A Embaixada dos EUA em Kiev atribuiu este massacre de civis às tropas do Kremlin que cercam a cidade. Mais tarde, porém, o Ministério da Defesa russo negou que ele fosse o responsável pelo ataque.

Chernigov sofre com os bombardeios russos há semanas, muitos deles em bairros habitados por civis. Em 3 de março, um bombardeio nesta cidade matou outras 47 pessoas que também faziam fila para comprar pão, segundo a Anistia Internacional, que alertou que esse tipo de ataque contra civis pode constituir crimes de guerra. (Reuters e EL PAÍS)

https://twitter.com/i/status/1504081210468880387

A capital ucraniana, Kiev, amanheceu nesta quinta-feira, que marca 22 dias desde o início da ofensiva russa com um novo ataque. Pelo menos uma pessoa morreu e três ficaram feridas nas primeiras horas depois que os restos de um míssil caído atingiram um bloco de apartamentos, segundo o serviço de emergência da Ucrânia. O prédio de 16 andares foi atacado por volta das 5h e 30 pessoas foram evacuadas até agora.

Ucrânia espera que nove corredores humanitários sejam abertos hoje, um deles para a população sair de Mariupol

A vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, disse na quinta-feira que espera que nove corredores humanitários possam ser abertos para evacuar a população de cidades sitiadas por tropas russas. Vereshchuk disse que uma das cidades onde as autoridades esperam abrir um caminho seguro para remover civis deve ser Mariupol, uma cidade no sudeste da Ucrânia com acesso ao mar de Azov que tinha cerca de 400.000 habitantes antes da guerra.

Mariupol, precisamente, sofreu um dos piores ataques na quarta-feira com o bombardeio de um teatro onde "centenas de civis" estavam abrigados, segundo as autoridades ucranianas, e que tinha dois grandes letreiros pintados no chão do lado de fora do prédio onde se podia ler a palavra "crianças" em russo, segundo imagens da empresa de satélites Maxar Technologies. A situação na cidade, que pela primeira vez esta semana conseguiu evacuar civis desde o início do cerco pelas tropas russas, há mais de duas semanas, foi descrita como apocalíptica pela Cruz Vermelha devido à falta de suprimentos básicos de que as pessoas precisam. sobreviver.

A cidade é fundamental para o Kremlin, pois é a última grande cidade em mãos ucranianas com acesso ao Mar de Azov e sua captura permitiria criar um corredor da área de Donbas, onde os territórios pró-russos de Donetsk e Lugansk são, à península da Crimeia, anexados ilegalmente pela Rússia em 2014 após um referendo que a comunidade internacional não reconhece (Reuters e EL PAÍS).

A invasão russa da Ucrânia parou em todas as frentes, de acordo com o Ministério da Defesa do Reino Unido. As forças russas fizeram progressos mínimos em terra, mar ou ar nos últimos dias e continuam a sofrer perdas. Segundo os britânicos, a resistência ucraniana é firme e bem coordenada. Os ucranianos controlam a grande maioria do território do país, incluindo as principais cidades.

O exército russo não fez progressos recentes em nenhuma das quatro frentes que mantém abertas: sua tentativa de cercar Kiev, a ofensiva em Kharkov, os avanços em Donetsk e ocupar Mariupol e, finalmente, no sul do país, onde eles estão tentando progredir a oeste de Kherson.

Na quarta-feira, as tropas de Putin realizaram vários ataques mal sucedidos a noroeste de Kiev, mas nenhum a partir do nordeste, de acordo com o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW). Também não houve grandes operações terrestres em Chernigov, Sumi ou Kharkov, três outras cidades que estão tentando cercar, até agora sem sucesso.

Enquanto isso, os russos continuam seus ataques de artilharia contra civis. Segundo as autoridades ucranianas, esta quarta-feira um teatro que servia de refúgio teria sido bombardeado em Mariupol, e pelo menos 10 pessoas teriam morrido numa fila de pão em Chernigov. Nas primeiras horas da quinta-feira, o serviço de emergência da Ucrânia relatou outro ataque a um prédio residencial em Kiev.

Os EUA estimam que 7.000 soldados russos morreram na Ucrânia, segundo informações do The New York Times . Entre 14.000 e 21.000 seriam feridos, de um total de 150.000 soldados russos que participaram da guerra. Isso pode significar que a maioria de suas unidades de combate estão baixas, incapazes de realizar ações de combate.

Por M. Zafra, K. Llaneras, D. Grasso, J. Galán e JA Álvarez  para o EL PAÍS

O que aconteceu nas últimas horas na Ucrânia

No 22º dia da guerra iniciada pela Rússia contra a Ucrânia, estes são os principais dados às 8h00 desta quinta-feira, 17 de março:

Pelo menos uma pessoa foi morta no ataque a um prédio residencial em Kiev . Nas primeiras horas desta quinta-feira, os restos de um míssil caído atingiram um prédio residencial em Kiev e pelo menos uma pessoa morreu e três ficaram feridas, segundo o serviço de emergência da Ucrânia. O prédio de 16 andares foi atacado por volta das 5h e 30 pessoas foram evacuadas até agora. 

A ofensiva russa está paralisada em todas as frentes, de acordo com a inteligência britânica . A maior parte do território do país, incluindo as principais cidades, permanece em mãos ucranianas, disse o Ministério da Defesa do Reino Unido na quinta-feira em seu último relatório, que define a resistência como "firme e bem coordenada". Os avanços das tropas russas nos últimos dias, acrescenta a inteligência britânica, são “mínimos”, ao mesmo tempo que continuam a sofrer pesadas perdas.

Os EUA estimam que 7.000 soldados russos foram mortos na Ucrânia . As agências de inteligência dos EUA estimaram que mais de 7.000 soldados russos morreram nas três semanas da ofensiva militar na Ucrânia, um número que excede o número de militares dos EUA que perderam a vida nas guerras no Iraque e no Afeganistão, segundo o The New York . Tempos . As baixas terão implicações negativas para a eficácia das tropas russas, incluindo aquelas que lutam com tanques, explicaram autoridades norte-americanas a esse jornal. 

Zelensky pede à OTAN mais aviões de guerra . O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pediu mais apoio internacional com sanções e armas, incluindo sistemas de defesa aérea, armas e munições para lidar com o Exército russo. "Quantas pessoas mais ele precisa matar para que os líderes ocidentais digam 'sim' a uma zona de exclusão aérea ou nos dêem caças tão necessários?", disse Trump em seu habitual discurso noturno na televisão ucraniana.

Albares acredita que o cessar-fogo "infelizmente" está longe de ser alcançado . O ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Albares, disse na quarta-feira que desconfia das boas intenções russas. "Não acredito num diálogo sob as bombas. A boa fé da Rússia é muito difícil de demonstrar (...) Não há diálogo credível se não for declarado um cessar-fogo." longe de ser alcançado. 

Um bombeiro no prédio residencial atacado por tropas russas na madrugada desta quinta-feira em Kiev. (Serviço de imprensa do Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia / Reuters) 

A aldeia de Starychi despede o professor que foi para a frente como voluntário e morreu perto de Kiev



Starychi, uma pequena cidade no oeste da Ucrânia, demitiu o professor de educação física que foi para o front como voluntário e morreu perto da capital, Kiev. Esta cidade fica a apenas 20 quilômetros da fronteira com a Polônia e outros 20 quilômetros da base militar de Yavoriv, ​​que foi bombardeada no domingo passado pelo exército russo. Conta-se o enviado especial do EL PAÍS à Ucrânia, Luis De Vega.

Ofensiva russa para em todas as frentes, de acordo com a inteligência britânica

A invasão russa da Ucrânia estagnou em todas as frentes. A maior parte do território do país, incluindo as principais cidades, permanece em mãos ucranianas, disse o Ministério da Defesa do Reino Unido na quinta-feira em seu último relatório, que define a resistência como "firme e bem coordenada". Os avanços das tropas russas nos últimos dias, acrescenta a inteligência britânica, são “mínimos”, ao mesmo tempo que continuam a sofrer pesadas perdas.

Pelo menos uma pessoa morreu no ataque a um edifício residencial esta manhã em Kiev

Pelo menos uma pessoa morreu e três ficaram feridas na quinta-feira, depois que destroços de um míssil caído atingiram um prédio residencial em Kiev, segundo o serviço de emergência da Ucrânia. O prédio de 16 andares, a cerca de 15 quilômetros do centro da cidade, foi atacado por volta das 5h da manhã e 30 pessoas foram evacuadas até agora. As equipes de resgate continuam a procurar pessoas que podem ter ficado presas sob os escombros, indicaram as mesmas fontes. (Agências)

Os EUA estimam que 7.000 soldados russos morreram na Ucrânia

Moradores passam pelo corpo de um soldado russo durante a evacuação de Irpin, ao norte de Kiev, em 10 de março de 2022. (Foto de Aris Messinis / AFP)

As agências de inteligência dos EUA estimam que mais de 7.000 soldados russos morreram nas três semanas da guerra na Ucrânia, um número que supera os militares dos EUA que perderam a vida nas guerras no Iraque e no Afeganistão, segundo o The New York Times . O jornal de Nova York teve acesso a dados de agências de inteligência dos EUA, que consideram conservador o número de 7.000 mortos entre as fileiras do exército russo. As baixas terão implicações negativas para a eficácia das tropas russas, incluindo aquelas que lutam com tanques, disseram autoridades dos EUA ao The New York Times.

Funcionários do Pentágono disseram ao jornal que quando 10% dos membros de uma unidade militar são mortos ou feridos, essa unidade não é mais capaz de ação de combate. Atualmente, mais de 150.000 militares russos estão envolvidos na guerra na Ucrânia e entre 14.000 e 21.000 estão feridos , o que pode significar que a maioria das unidades de combate está no mínimo. Além disso, as Forças Armadas russas perderam pelo menos três generais no campo de batalha, disseram oficiais russos, ucranianos e da OTAN ao NYT.

A Rússia iniciou sua invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro e começou a bombardear grandes cidades, incluindo a capital, causando um número desconhecido de mortes de civis e mais de três milhões de refugiados, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM). EFE

"China nunca atacará a Ucrânia", diz embaixador asiático 

O embaixador chinês na Ucrânia elogiou a unidade e a resiliência dos ucranianos, dizendo que a China "nunca atacará a Ucrânia". Fan Xianrong ainda acrescentou que apoiará financeira e politicamente a reconstrução do país durante uma reunião com a administração militar regional de Lviv, informou o jornal ucraniano Ukrinform, citando o serviço de imprensa do governo. "Nesta situação, que você tem agora, agiremos com responsabilidade", disse o diplomata chinês. "Vimos quão grande é a unidade do povo ucraniano e isso significa sua força."

O governador da Administração Militar Regional de Lviv, Maksym Kozytskiy, confirmou a reunião em um comunicado no início desta semana, observando que a China enviou dois lotes de ajuda humanitária ao povo ucraniano, com um terceiro esperado esta semana. O governador disse que "China e Ucrânia são parceiros estratégicos e este ano marca o 30º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre nossos países".

Por sua vez, o embaixador chinês acrescentou que a China é um "país amigo" do povo ucraniano. "Como embaixador, posso dizer com responsabilidade que a China sempre será uma aliada da Ucrânia, tanto econômica quanto politicamente. Sempre respeitaremos seu Estado e desenvolveremos relações com base na igualdade e no benefício mútuo. Respeitaremos o caminho escolhido pelos ucranianos. porque este é o direito soberano de todas as nações", disse ele. (Foto: AP/Susan Walsh, Arquivo)

Japão, entre apoio à Ucrânia e medo da China 

Ex-ministro da Defesa japonês Taro Kono em entrevista à Reuters em setembro de 2020. REUTERS/Kim Kyung-Hoon

De acordo com o ex-ministro da Defesa do Japão, Taro Kono, as sanções à Rússia impostas por seu país são necessárias,  mesmo que reduzam o fornecimento de energia, "porque Tóquio pode um dia precisar de aliados para combater a China", resumiu Kono em entrevista à Reuters. Segundo o ex-ministro das Relações Exteriores, " os gastos da China com forças são quatro vezes mais do que nosso orçamento de defesa. O Japão sozinho não poderia combater as forças chinesas se elas invadirem o Japão", disse Kono, que no ano passado competiu contra o primeiro-ministro Fumio Kishida em uma corrida para a liderança do Partido Liberal.

"Precisamos dizer às pessoas que, para nos protegermos, devemos ajudar os outros e, se houver alguma agressão em qualquer lugar do planeta, devemos pará-la", disse ele à Reuters em entrevista.

O Japão considera a vizinha China como sua principal ameaça à segurança nacional, seguida pela Coreia do Norte e Rússia. Algumas autoridades em Tóquio, incluindo Kono, temem que o ataque da Rússia à Ucrânia encoraje a China a tentar tomar Taiwan . A ilha de Taiwan é considerada por Pequim como uma província, localizada a cerca de 100 km (62 milhas) da ilha japonesa mais próxima. Uma anexação por Pequim também colocaria a China muito perto das rotas comerciais marítimas que sustentam a economia japonesa.

Kono continua sendo um político influente dentro do partido no poder e tem uma forte presença nas mídias sociais com 2,4 milhões de seguidores no Twitter, mais do que qualquer outro político japonês, observa a Reuters. Por sua parte, o primeiro-ministro Kishida parece ter conseguido apoio para suas sanções à Rússia, embora muitos japoneses exijam medidas adicionais, de acordo com uma pesquisa da emissora pública NHK divulgada na segunda-feira, na qual 42% dos entrevistados apoiam as sanções atuais em comparação com  40% que requer mais força.

Zelensky: Quantas pessoas mais eles precisam matar para a OTAN dizer 'sim' a uma zona de exclusão aérea?

Em seu discurso habitual na televisão ucraniana, o presidente Volodymyr Zelensky contou os ataques russos sofridos nesta quarta-feira, incluindo o bombardeio de Chernihiv, onde morreram dez pessoas, "mortas na fila para comprar pão", e a destruição de um teatro no centro de Mariupol que servia de abrigo para "centenas de pessoas". Segundo o presidente, que disse desconhecer o número final de vítimas, "meu coração está partido pelo que a Rússia está fazendo ao nosso povo" e comparou o ataque a Mariupol "com o cerco de Leningrado".

Em seu dramático resumo do dia, Zelensky novamente pediu ajuda à OTAN. "O que mais os ocupantes têm que fazer? Quantas pessoas mais eles têm que matar antes que os líderes ocidentais, os líderes da OTAN, digam 'sim' a uma zona de exclusão aérea ou nos dêem os caças de que tanto precisamos? ”, perguntou-se em rede nacional depois da meia-noite. 

Zelenskiy pediu mais apoio internacional com sanções e armas, incluindo sistemas de defesa aérea, armas e munições para enfrentar o Exército russo. “A guerra ainda não parou. Os crimes de guerra da Rússia continuam. A economia russa ainda pode manter a máquina militar. É por isso que precisamos de novas sanções contra a Rússia.  O mundo deve finalmente reconhecer oficialmente que a Rússia se tornou um estado terrorista."

O presidente ucraniano pediu aos Estados Unidos que criem um sindicato, chamado 'U-24', para garantir "que cada agressor receba uma rejeição coordenada do mundo" dentro de 24 horas após um ataque. “Não podemos mais confiar nas instituições existentes. Não podemos esperar que os burocratas das organizações internacionais se adaptem tão rapidamente.  Por isso temos que buscar novas garantias, criar novos instrumentos”.

Em seu balanço de guerra, o presidente disse que os corredores humanitários falharam novamente nesta quarta-feira e que "os soldados russos não pararam de bombardear e não garantiram a segurança". Zelensky também se dirigiu aos soldados atacantes em russo, pedindo-lhes que "deixem as armas e vocês terão a chance de sobreviver".

Antiga defesa aérea da Ucrânia surpreende com sua eficácia contra mísseis russos

 Mísseis Patriot dos EUA na Polônia / REUTERS/Fabrizio Bensch

Um relatório publicado na quarta-feira no jornal The Kyiv Independent , intitulado "A velha defesa aérea da Ucrânia se mostra inesperadamente eficaz em combate ", observa que, apesar do fato de que ninguém esperava, após três semanas de guerra a defesa aérea ucraniana superou as expectativas. De acordo com este relatório

A defesa aérea conseguiu sobreviver aos ataques russos nas primeiras horas e depois retomou a luta impedindo que os russos usufruíssem da supremacia total no ar. “Obviamente em menor número e em menor número de armas, a defesa aérea da Ucrânia tem sido particularmente eficaz na defesa de Kiev da maioria dos mísseis balísticos e de cruzeiro. Ao contrário de Kharkiv, Mariupol ou Chernihiv, que são vulneráveis ​​a ataques aéreos, Kiev continua sendo a mais protegida, já que a maioria dos mísseis que atingem a cidade são interceptados com sucesso. Isso ocorre apesar do fato de que a Ucrânia não possui sistemas de defesa antimísseis táticos classe Patriot ou classe Aegis, e não espera receber tal assistência do Ocidente tão cedo  .

“No entanto, como dizem os especialistas, embora a Rússia provavelmente esteja ficando sem mísseis de alta precisão como o Kalibr ou o Iskander, a defesa aérea e antimísseis de Kiev terá que se preparar para um teste severo. Se a Rússia lançar uma nova tentativa completa de cercar e bloquear a capital ucraniana, espera-se que esmague todo o seu poder de mísseis e aviação restante para esmagar sua resistência."

Para a Espanha, o cessar-fogo não está próximo e o ministro Albares "não acredita em diálogo sob as bombas"

Os tímidos avanços nas negociações de paz esbarram no ceticismo das potências ocidentais e no jarro de água fria lançado pela Ucrânia, que dizia que os 15 pontos avançados pelo Financial Times incluem apenas as exigências russas. Nesse sentido, o ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Albares, disse quarta-feira que desconfia das boas intenções russas. “Não acredito em diálogo sob as bombas. A boa-fé da Rússia é muito difícil de demonstrar: declare um cessar-fogo, pelo menos durante as horas que estão sendo negociadas. Não há diálogo credível se não for declarado um cessar-fogo”, disse ele durante entrevista à rede SER .

Segundo o ministro espanhol, o cessar-fogo "infelizmente" está longe de ser alcançado. "Putin esperava uma guerra do século 20 e descobriu que estamos usando todas as armas do século 21 com sanções econômicas que vão sufocá-lo economicamente e uma cerca legal para que ele tenha que responder ao Tribunal Penal Internacional", disse. ele acrescentou da Moldávia. (Foto: EFE)

Sánchez recebe apoio da Eslováquia para promover as interligações de gás entre Espanha e o resto da Europa e reduzir a dependência da Rússia

O Presidente do Governo, Pedro Sánchez, recebeu esta quarta-feira o apoio do seu homólogo eslovaco, Eduard Heger, para a promoção das interligações energéticas entre Espanha e o resto da Europa; especificamente, para o gasoduto Midcat, um projeto de conexão de gás com a França que está atualmente suspenso.

Sánchez se encontrou com Heger na capital eslovaca na primeira viagem por vários países da UE para tentar chegar a um acordo sobre a reforma do mercado comunitário de energia antes do Conselho Europeu de 24 e 25 de março em Bruxelas. Sánchez voltou a pedir uma reforma estrutural do mercado que fixa o preço da eletricidade. Para o chefe do Executivo, esta reforma já era necessária antes do início da ofensiva russa, mas agora considera que é urgente devido à guerra na Ucrânia.

"É aí que a Espanha vai dar um passo em frente", especificou, referindo-se posteriormente à reforma do mercado energético. Sánchez disse que a Espanha pode contribuir de forma mais decisiva do que nunca para o fornecimento de energia a toda a Europa graças capacidade de armazenamento de gás natural liquefeito e regaseificação. Para isso, Sánchez define como "fundamental" a interligação de Espanha com o resto da UE. apoiou a promoção da interligação com os restantes parceiros "Os nossos países podem procurar soluções comuns", afirmou antes de defender que a UE procure outras alternativas para evitar desabastecimentos.

Além disso, Sánchez falou da necessidade de diversificação de fornecedores, de fontes alternativas de energia ao gás e da reforma estrutural do mercado de energia que defende para a União: "Temos que resolver". Sánchez espera ver progressos no Conselho Europeu que se realizará na próxima semana em Bruxelas. (Ef)

Publicado originalmente por EL PAÍS entre 16 e 17 de março de 2020

Com nova alta da Selic, Brasil só perde para Rússia em juros reais

Copom elevou Selic em 1 ponto, para 11,75% ao ano, maior percentual desde 2017

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou novamente nesta quinta-feira (16/3) a taxa básica de juros brasileira. Com a alta de 1 ponto percentual, a Selic chega agora a 11,75% ao ano, maior patamar desde fevereiro de 2017.

Apenas um ano atrás, em março de 2021, a taxa básica de juros estava em 2%, menor patamar da sua história.

Alta da gasolina: o desespero de uma motorista de aplicativo com aumento dos combustíveis

Assim, com uma sequência de nove altas seguidas, a Selic subiu 9,75 pontos em 12 meses, a mais rápida elevação de juros da história recente do país, numa tentativa do Banco Central de conter o forte avanço da inflação.

Com a nova alta dos juros, o Brasil só perde para a Rússia — atualmente em guerra com a Ucrânia e alvo de todo tipo de sanção econômica — em juros reais, num ranking de 40 países elaborado pela gestora de recursos Infinity Asset.

Os juros reais consideram a taxa de juros nominal (aquela definida pelo Copom), menos a inflação do período. São considerados uma medida melhor para comparar os países, já que a inflação é muito diferente entre eles.

Tabela mostra ranking dos juros reais em 40 paíse (CRÉDITO,INFINITY ASSET)

Considerando juros nominais, o Brasil também está entre as maiores taxas do mundo — ocupa o quarto lugar, atrás de Argentina (que tem atualmente uma taxa básica de 42,50% ao ano), Rússia (20%) e Turquia (14%).

Tabela mostra ranking de juros nominais em 40 países (CRÉDITO,INFINITY ASSET)

Antes de invadir a Ucrânia, a Rússia tinha taxa básica de juros de 9,5%, mas o Banco Central russo elevou a taxa em mais de 10 pontos de uma só vez, numa tentativa de conter a rápida desvalorização do rublo após o início da guerra.

No Brasil, mesmo sem guerra, as taxas de juros estão entre as maiores do mundo.

Elevar juros torna mais caro o custo de emprestar dinheiro. Isso reduz a inflação, já que inibe o consumo das famílias e o investimento das empresas.

Mas também prejudica o desempenho da atividade econômica, desacelerando a geração de empregos e o crescimento do PIB.

Também nessa quinta-feira, o Fed (Federal Reserve, banco central americano) elevou os juros em 0,25 ponto percentual, na primeira alta de juros dos Estados Unidos desde 2018, também numa tentativa de conter a inflação.

O Fed projetou que a taxa básica deve atingir um intervalo entre 1,75% e 2% até o fim do ano. A medida é uma má notícia para o Brasil, pois tende a atrair recursos para os Estados Unidos, desvalorizando a moeda de países emergentes.

BBC Brasil News, em 17.03.22

quarta-feira, 16 de março de 2022

O ‘papel social’ do dinheiro público

Políticos cobram responsabilidade social da petrolífera, mas esquecem o papel social dos bilhões queimados no Orçamento

Pode custar R$ 27 bilhões a nova bondade proposta pelo presidente Jair Bolsonaro, o corte de tributos cobrados sobre a gasolina. Dedicado em tempo integral à caça de votos, ele conduz a mais cara campanha eleitoral deste ano, provavelmente a mais cara da história brasileira. Empresas são proibidas de financiar candidaturas, mas limitações desse tipo são dificilmente aplicáveis ao Tesouro público. Parlamentares destinaram R$ 4,9 bilhões ao Fundo Eleitoral, multiplicando por 2,5 o valor aprovado para as últimas eleições. Pode ter sido escandalosa, mas foi uma decisão legal. Ações eleitoreiras de interesse do presidente podem ser ainda mais custosas, tanto pelos efeitos fiscais quanto pelas consequências econômicas mais difusas.

Populismo, irresponsabilidade e imediatismo têm marcado as ações do presidente Bolsonaro e da maior parte dos congressistas, no esforço de sedução de eleitores. Atacar a Petrobras, numa encenação de cuidado com os consumidores, tem sido quase um ritual obrigatório. Depois de manter preços inalterados por 57 dias, a estatal anunciou grandes aumentos, na semana passada, quando os efeitos econômicos da invasão da Ucrânia já atingiam as cotações internacionais do petróleo e de alimentos.

A decisão, normalíssima na atividade empresarial, criou o cenário para novas manifestações populistas. Segundo o presidente da República, faltou sensibilidade aos dirigentes da Petrobras. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, aproveitou a ocasião para se mostrar preocupado com os consumidores, também qualificáveis, nessas ocasiões, como eleitores. O senador cobrou “responsabilidade social” da empresa e criticou seus lucros. A Petrobras, segundo ele, tem tido o triplo da lucratividade das concorrentes e tem distribuído dividendos bilionários.

“Óbvio que é muito bom que isso aconteça, mas não pode acontecer em prejuízo da população brasileira que abastece seus veículos ou que precisa de transporte coletivo”, disse o senador, numa divertida tentativa de equilibrismo.

Ele teria dado uma contribuição mais notável se houvesse explicado o tal “papel social” da Petrobras e os limites desejáveis de sua lucratividade. Poderia, talvez, ter ajudado a entender as condições da correta administração de uma empresa de capital aberto com as características da maior companhia brasileira do setor de petróleo.

O maior acionista da Petrobras é o Estado brasileiro, mas a maior parte das ações pertence, de forma pulverizada, a investidores domiciliados no Brasil e no exterior. Seria bom, talvez, o presidente do Senado explicar a esses acionistas se eles podem torcer legitimamente por altos lucros e gordos dividendos ou se deveriam, em atenção a seus interesses privados, aplicar dinheiro em outra empresa.

O Brasil ganharia muito mais, e perderia muito menos, se o senador Rodrigo Pacheco, seus companheiros e o presidente Bolsonaro cuidassem menos do “papel social” da Petrobras e pensassem mais no "papel social" do governo e do dinheiro público. Seriam muito mais comedidos ao programar o Fundo Eleitoral. Nunca teriam criado o infame orçamento secreto, uma forma de operar fora do controle dos pagadores de impostos e dos mais legítimos credores das atenções do poder estatal. Não destinariam bilhões, por meio de emendas, a interesses particulares, incluídos seus interesses eleitorais, tão privados quanto os de qualquer investidor do mercado de ações, porém às vezes menos legítimos.

Se pensassem mais no valor social do dinheiro público, buscariam, diante do surto inflacionário, formas de ajuda aos mais necessitados, por meio de programas bem desenhados e dirigidos a grupos bem definidos. Evitariam desperdiçar recursos e nunca pensariam em violentar os padrões federativos, interferindo na tributação estadual e na capacidade dos governos de Estados e municípios de prestar os serviços devidos a seu público. Para isso, no entanto, precisariam entender as obrigações, muito mais que as prerrogativas, de quem ocupa cargos públicos em Brasília. Quantos iriam tão longe?

Editorial / Notas&Informações, O Estado de S.Paulo, em 16 de março de 2022