segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Brasil registra mais 526 mortes por covid-19

País contabiliza quase 182 mil óbitos em decorrência da doença. Autoridades de saúde reportam 25.193 novos contágios. Total de infectados passa de 6,9 milhões.

Equipe de desinfecção contra coronavírus no Rio de Janeiro

O Brasil registrou oficialmente 25.193 casos confirmados de covid-19 e 433 mortes ligadas à doença nesta segunda-feira (13/12), segundo dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass) e pelo Ministério da Saúde.

Com isso, o total de infectados no país subiu para 6.927.145, enquanto os óbitos chegam agora a 181.835. Ao todo, 5.982.953 pacientes se recuperaram da doença, segundo o ministério. O Conass não divulga número de recuperados.


Diversas autoridades e instituições de saúde alertam, contudo, que os números reais devem ser ainda maiores, em razão da falta de testagem em larga escala e da subnotificação. As cifras também costumam ser mais baixas no fim de semana, já que equipes responsáveis pela notificação trabalham em escala reduzida.

São Paulo é o estado brasileiro mais atingido pela epidemia, com 1.337.016 casos e 44.050 mortes. O total de infectados no território paulista supera os registrados na maioria dos países do mundo, exceto Estados Unidos, Índia, Rússia, França, Reino Unido, Itália, Turquia, Espanha, Argentina, Colômbia e Alemanha.

Minas Gerais é o segundo estado com maior número de casos, somando 469.003, seguido de Bahia (447.126), Santa Catarina (432.050), Rio de Janeiro (389.893) e Rio Grande do Sul (378.893).

Já em número de mortos, o Rio é o segundo estado com mais vítimas, somando 23.740 óbitos. Em seguida vêm Minas Gerais (10.711), Ceará (9.786), Pernambuco (9.299) e Bahia (8.635).

A atual taxa de mortalidade por 100 mil habitantes é de 50,6 no Brasil.

Em números absolutos, o Brasil é o terceiro país do mundo com mais infecções, atrás apenas dos Estados Unidos, que somam mais de 16,4 milhões de casos, e da Índia, com mais de 9,8 milhões. Mas é o segundo em número de mortos, já que mais de 300 mil pessoas morreram nos EUA.

A Índia, que chegou a impor uma das maiores quarentenas do mundo no início da pandemia e depois flexibilizou as restrições, é a terceira nação com mais mortos, somando mais de 143,3 mil.

Ao todo, mais de 72,6 milhões de pessoas já contraíram o coronavírus no mundo, e 1,61 milhão de pacientes morreram em decorrência da doença.

Deutsche Welle, em 14.12.2020

Fachin suspende tarifa zero para importação de revólver e pistola

Decisão marca nova derrota do governo Bolsonaro no Supremo. Ministro do STF atende ação movida pelo PSB, argumentando que isenção contradiz o direito à vida. Regra deveria vigorar a partir de janeiro.

Ações do governo para facilitar acesso a armas são criticadas por especialistas e vão na contramão da opinião pública

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin suspendeu nesta segunda-feira (14/12) a resolução do governo federal que zera a tarifa de importação de revólveres e pistolas. A isenção, anunciada pelo Ministério da Economia na semana passada passaria a valer a partir do próximo dia 1º de janeiro.


Com a decisão, fica mantido o atual imposto de importação de 20% sobre o valor da arma. Fachin também determinou que a decisão individual seja submetida à análise do plenário do Supremo, em data a ser definida.

A suspensão foi determinada atendendo um pedido do PSB, que contestou o ato do governo. O partido afirma que, ao zerar a alíquota, o governo facilita o acesso da população a armas de fogo, "contradizendo não apenas as tendências mundiais de mitigação de conflitos de natureza armada, senão também as próprias políticas públicas nacionais", como o Estatuto do Desarmamento. A ação também criticou a diminuição da arrecadação de impostos para os cofres públicos, em um momento de crise econômica devido à pandemia de coronavírus.

"Contradiz direito à vida"

Em sua decisão, Fachin argumenta que a redução a zero da alíquota de importação sobre pistolas e revólveres "viola o ordenamento constitucional brasileiro", por contradizer o direito à vida e o direito à segurança.

"O risco de um aumento dramático da circulação de armas de fogo, motivado pela indução causada por fatores de ordem econômica, parece-me suficiente para que a projeção do decurso da ação justifique o deferimento da medida liminar", justifica o ministro.

Fachin também avalia que a finalidade da isenção é pouco evidente. "Há razões para entender que seus objetivos podem não se coadunar com os mecanismos de legitimação constitucional e a diligência devida", ressalta.

Acesso a armas é promessa de campanha

Desde o início de seu mandato, Bolsonaro tomou medidas para flexibilizar o acesso a armamentos e munições para a população – uma de suas principais promessas de campanha. Em conversa com aliados, Bolsonaro já lamentou inúmeras vezes não ter conseguido facilitar mais o acesso a armas por depender de apoio do Congresso.

Em agosto, a Polícia Federal (PF) formalizou a autorização para que cada cidadão brasileiro possa comprar até quatro armas. O decreto governamental tinha sido publicado 2019, mas ainda faltava a definição das regras sob quais iriam ser feitos os registro de armas de fogo, cuja expedição é responsabilidade da PF.

Na contramão da opinião pública

Todas as ações do governo para facilitar o acesso a armas de fogo têm sido criticadas por ONGs e especialistas em segurança pública. As medidas vão na contramão da opinião pública. Em dezembro de 2018, pesquisa Datafolha mostrou 61% dos brasileiros querem que posse de armas seja proibida. O levantamento ainda mostrou que 68% são contra facilitar acesso a armas. Em 2019, uma pesquisa Ibope apontou que  que 73% dos brasileiros são contrários à flexibilização de porte.

Até agosto, o número de registros de armas de fogo em poder de colecionadores, atiradores e caçadores no Brasil mais do que duplicou na comparação com o ano anterior. Segundo dados do Exército e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2019 foram registradas 225.276 armas no país. Entre janeiro e agosto deste ano o número de armas de fogo registradas no país disparou para 496.172 unidades.

Deutsche Welle, em 14.12.2020

Agenda profícua, governo indiferente

O governo Bolsonaro não apenas releva os dados relativos à covid-19, como ignora reflexões sobre políticas públicas que surgiram por ocasião da pandemia

Ao expor e potencializar uma série de desafios do Estado em sua tarefa de prover as condições para o desenvolvimento social e econômico do País, a pandemia do novo coronavírus suscitou na sociedade um profícuo debate sobre políticas públicas. Nos últimos meses, surgiram interessantes reflexões e propostas sobre saúde pública, formação e educação das novas gerações, aprimoramento de programas e gastos sociais, caminhos para o reequilíbrio fiscal, entre outros temas. O País viu florescer aquilo que é considerado elemento essencial de uma sociedade madura e responsável: a participação ativa da população, com suas variadas especialidades e capacidades, no debate público.

Na discussão das políticas públicas, é sempre necessário um pluralismo de ideias e perspectivas. Nunca há, tampouco é desejável, consenso absoluto sobre os caminhos a serem seguidos. De toda forma, deve-se reconhecer que existe hoje um panorama claro das prioridades do País que só não é percebido pelo presidente Bolsonaro e vários de seus ministros. Por exemplo, é urgente assegurar a capacidade de investimento do Estado no Sistema Único de Saúde (SUS) e nas redes públicas de ensino, que atendem cerca de 80% das crianças e adolescentes. Por ocasião das eleições deste ano, entidades civis apresentaram propostas consistentes para as próximas gestões municipais sobre saúde e educação; por exemplo, a Agenda Saúde na Cidade, do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde, e o estudo Educação Já Municípios, do Todos Pela Educação.

Outro tema que não apenas foi objeto de muitas discussões e propostas neste ano, mas ganhou, em razão da pandemia, uma nova dimensão foi a desigualdade social. O novo coronavírus gerou restrições e adversidades sobre as famílias de todas as classes e condições sociais, mas ficou evidente que o impacto da pandemia foi desproporcionalmente maior sobre as faixas da população mais vulneráveis.

Logicamente, não se trata de um tema novo. A redução das desigualdades sociais e regionais é, segundo a Constituição, um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. Mas essa mais apurada percepção sobre as disparidades sociais oferece, sem sombra de dúvida, uma importante oportunidade para que o Estado reveja sua atuação. Dada sua transversalidade, o tema da desigualdade joga luzes, por exemplo, sobre a urgência de muitas reformas; como a reforma tributária, a administrativa e a PEC Emergencial. Mas é lamentável que o governo Bolsonaro não desenvolva tais programas.

“Para lidar com isso (o aumento da desigualdade em razão da crise) e ao mesmo tempo manter a regra fiscal, ter credibilidade de que os gastos não vão crescer acima do PIB, o Brasil precisa fazer alguma reforma de curto prazo. Precisa fazer cortes de gastos obrigatórios que permitam aumentar o gasto social. É essa a discussão da PEC Emergencial”, disse Solange Srour, economista-chefe do Credit Suisse no Brasil, ao Estado.

Outro importante ponto, reforçado pela pandemia do novo coronavírus, é a necessidade de revisão dos programas sociais existentes, como Bolsa Família e Seguro-Defeso. “Há uma série de programas que podem ser reformulados para lidarmos com a desigualdade sem aumentar o gasto”, lembrou a economista-chefe do Credit Suisse.

Se é alvissareiro o protagonismo de setores da sociedade em apresentar caminhos e soluções para os grandes problemas sociais e econômicos do País, é inexplicável a ausência do Executivo federal nesse debate. O governo Bolsonaro não apenas releva os dados relativos à covid-19, como ignora as evidências e reflexões sobre políticas públicas que surgiram por ocasião da pandemia.

Estados e municípios podem e devem realizar uma relevante agenda social. No entanto, a atuação do poder público fica muito limitada se o Executivo federal não cumpre seu papel. Como lembrou Solange Srour na entrevista ao Estado, “não vai sair nenhuma revisão de gasto social ou corte de despesa obrigatória se a liderança não for do Executivo”.

Incapaz de formular propostas, o governo Bolsonaro poderia ao menos aproveitar as que lhe são oferecidas pela sociedade. No entanto, até agora, segue alheio à crise e às possíveis soluções.

Editorial - Notas & Informações, O Estado de São Paulo  / 14 de dezembro de 2020

domingo, 13 de dezembro de 2020

O alto custo da desconfiança

O serviço público, como o nome sugere, deve funcionar de maneira exemplar e, sobretudo, impessoal, seja qual for o governo

Nenhum Estado supera suas crises mais profundas sem que haja confiança dos cidadãos tanto no governo como na estrutura burocrática. A crença no serviço público é essencial para que a sociedade respeite as determinações das autoridades em situações críticas como a pandemia de covid-19. 

Foi o que se viu recentemente em países como Nova Zelândia, Coreia do Sul, Alemanha e Taiwan, lembrados pela historiadora norte-americana Anne Applebaum, em entrevista ao Estado, como exemplos de nações com alto grau de “fé na burocracia pública, nos serviços e nos servidores públicos” e que, não por coincidência, foram bem-sucedidas no controle da doença

Os contraexemplos são óbvios: Brasil e Estados Unidos estão entre os países com mais mortes pelo coronavírus justamente porque, entre outras razões, suas autoridades, em diversos níveis do serviço público, não inspiram confiança na sociedade.

No Brasil, não se trata apenas da confusão criada pelo negacionismo do presidente Jair Bolsonaro, que desde o início faz pouco da doença, desrespeita as orientações sanitárias universalmente aceitas como as mais eficientes no combate ao coronavírus e desestimula a vacinação – embora só isso já seja suficiente para minar todos os esforços para convencer a população a aceitar as limitações da vida cotidiana sob uma pandemia. 

Trata-se da sensação mais ou menos generalizada de que o serviço público, no caso do combate à pandemia, está dominado por interesses políticos – sejam os do presidente Bolsonaro, sejam os de seus desafetos, como o governador de São Paulo, João Doria.

Assim, por exemplo, se a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) demorar-se um pouco mais na análise da vacina contra a covid-19 apresentada pelo governo paulista, atrasando sua liberação e prejudicando o calendário de imunização anunciado com estardalhaço pelo governador Doria, não serão poucos a ver nisso um estratagema político do presidente Bolsonaro. Neste caso, pouco importam as razões científicas que a Anvisa possa ter, pois o ambiente já está contaminado de desconfiança a respeito da independência da agência.

Do mesmo modo, não se pode condenar quem interprete o anúncio do calendário de vacinação em São Paulo, feito sem que todos os testes necessários para averiguar sua eficiência tenham sido completados, como um gambito do governador Doria para prejudicar o presidente Bolsonaro – incapaz de apresentar um plano de imunização decente. Aqui também pouco importa se o anúncio de Doria está respaldado por pareceres técnicos e científicos, como é provável que esteja, porque sempre haverá quem desconfie que o serviço público envolvido no plano de imunização pode ter se dobrado aos imperativos políticos do governador.

Numa atmosfera impregnada de suspeitas como essas, o trabalho de mobilização da sociedade na direção do bem comum, difícil por definição, fica praticamente impossível. Não se consegue obter consenso nem mesmo em relação ao que seria, de fato, o bem comum. É algo que transcende a natural divergência política numa democracia.

O serviço público não pode ser confundido com o grupo político que ascendeu ao poder. Como seu próprio nome sugere, deve funcionar de maneira exemplar e, sobretudo, impessoal, seja qual for o governo de turno. Não pode sinalizar inclinações a esta ou àquela agenda partidária, tampouco servir de instrumento de manobras para prejudicar inimigos do governante.

Infelizmente, são muito comuns as tentativas de aparelhamento do serviço público por partidos e políticos, o que colabora decisivamente para manchar sua reputação, muito mais do que sua ineficiência – de resto causada por essa sua relação promíscua com o poder.

Não à toa, portanto, o serviço público no Brasil é objeto de forte desconfiança do público a quem deveria servir. Isso pode ser injusto com milhares de servidores que procuram fazer o melhor que podem, em condições muitas vezes bastante precárias, mas o fato é que essa percepção negativa colabora para deslegitimar as orientações emanadas do Estado aos olhos dos cidadãos – e o preço a pagar por isso é uma soma de desorganização, depauperação e mortes.

Editorial / Notas & Informações, O Estado de S.Paulo, em 12.12.2020


Bolsonaro tem “estupidez assassina” e Pazuello é “fantoche apalermado”, diz Folha

Editorial cobra “vacinação já”

 “Chega de molecagens”, diz

“Círculo de patifes” comanda


Bolsonaro no Planalto em cerimônia de inauguração de exposição do terno que usou em sua posse

O jornal Folha de S.Paulo publicou um editorial em sua edição deste domingo (13.dez.2020) no qual cobra do governo federal providências para vacinação de toda a população.

Com o título “Vacinação já”, o texto afirma que “passou de todos os limites a estupidez assassina do presidente Jair Bolsonaro diante da pandemia de coronavírus”. Para a Folha, “é hora de deixar de lado a irresponsabilidade delinquente, de ao menos fingir capacidade e maturidade para liderar a nação de 212 milhões de habitantes num momento dramático da sua trajetória coletiva”. Em tom exaltado, cobra: “Chega de molecagens com a vacina!”.

A Folha diz que Bolsonaro está “cego por sua ambição política e com olhos apenas em 2022” e “não percebe que o ciclo vicioso da economia prejudica inclusive seus próprios planos eleitorais”.

O jornal afirma que o presidente se engajou numa “cruzada irresponsável contra o governador João Doria esbulhou a confiança dos brasileiros na vacina”. Cita uma pesquisa que fez por telefone, por meio de sua empresa Datafolha, mostrando que apenas 73% dizem ter confiança para tomar alguma vacina contra a covid-19, doença que já matou mais de 180 mil pessoas no Brasil.

A tendência de menos brasileiros estarem confiantes na vacina já havia sido antecipada pelo PoderData, numa pesquisa mais ampla (2.500 entrevistas contra 2.016 do Datafolha) realizada de 23 a 25 de novembro de 2020. Apenas 67% afirmaram ter interesse no imunizante.

Entre outros termos usados para classificar o presidente da República, o jornal usa “sabotador”, afirma que Bolsonaro é protagonista de um “descaso homicida” e afirma que ele tem ao seu lado um “círculo de patifes”.

O ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, é chamado de “fantoche apalermado” que teria ajudado a produzir um “curto-circuito numa máquina acostumada a planejar e executar algumas das maiores campanhas de vacinação do planeta”.

“Não faltarão meios jurídicos e políticos de obrigar Bolsonaro e seu círculo de patifes a adquirir, produzir e distribuir a máxima quantidade de vacinas eficazes no menor lapso temporal”, diz o jornal paulista.

Reprodução da 1ª página do jornal “Folha de S.Paulo” de 13 de dezembro de 2020, com o editorial em que critica a atuação de Jair Bolsonaro.

Fonte: Poder 360.

--------------------------------------------

O Poder360 é uma empresa de jornalismo profissional.

O jornal digital publica textos, fotos, vídeos e newsletters diariamente. Cobre assuntos do poder e da política nacional e internacional a partir da capital da República, Brasília.

O Poder360 começou em 18 de abril de 2000. Foi nessa data que o jornalista Fernando Rodrigues passou a publicar uma página sobre assuntos políticos. Depois de várias reformulações, o Poder360 é a operação jornalística nativa digital sobre política e assuntos do poder mais antiga em atividade contínua na internet brasileira.

Em 25 de maio de 2015, começou a circular o Drive, a mais bem informada newsletter diária sobre os assuntos do poder.

O site de Fernando Rodrigues se transformou no jornal digital Poder360 em 22 de novembro de 2016.

Menos de 2 anos depois, em outubro de 2018, atingiu a marca de 6,4 milhões de visitantes únicos no mês.

No mesmo ano, o Poder360 foi escolhido a Mídia Digital do Ano pela Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial). O júri do prêmio explicou que a escolha se deu porque o jornal digital é “a prova de que é possível, sim, fazer jornalismo sério na internet“. Também em 2018, o Poder360 venceu o prêmio Engenho de melhor site.

O Poder360 é uma empresa de capital fechado, sem sócios ou investidores externos. Seu faturamento provém da comercialização de newsletters, da venda de anúncios e de conteúdo patrocinado no jornal digital, do patrocínio a eventos e da realização de pesquisas de opinião.

Em 2019, a receita do Poder360 provinda de órgãos públicos e governos de todas as esferas foi inferior a 1% do faturamento total no ano.

O Poder360 é um dos veículos adotantes iniciais no Brasil dos parâmetros do Projeto Credibilidade, capítulo brasileiro do Trust Project.

O Trust Project 1 -  consórcio que desenvolveu parâmetros de transparência e credibilidade para a atuação de empresas jornalísticos. Veículos como a revista britânica The Economist, o jornal norte-americano The Washington Post e o italiano La Repubblica integram a iniciativa original.

Entre os indicadores adotados estão protocolos de apuração e edição, além de informações sobre a empresa e os profissionais que estão por trás das notícias. Os indicadores estão reunidos e explicados no Manual da Credibilidade.

Bolsonaro, um genocida

Ninguém mais deve ter dúvida de que Bolsonaro é um maldito genocida

Quanto mais demorarmos a vacinar a população contra a Covid-19, mais gente morrerá. Se antes a responsabilidade de Jair Bolsonaro era subjetiva, no momento em que vários países começam a imunizar seus cidadãos, não resta dúvida: a incompetência, o desdém e a demora do governo, na figura do presidente, serão culpados por cada morte que poderia ser evitada com uma vacina.

Para alguém que tinha tanta pressa de que o país voltasse "à normalidade", um dirigente que se preocupava tanto com a economia, é curioso que Bolsonaro não tenha sido um dos primeiros líderes a garantir a compra de vacina. Senão por causa da vida das pessoas, que fosse pela saúde da economia.

Bem, seria curioso, se fosse alguém razoável e não um idiota, que resolve inaugurar um brechó no Palácio do Planalto quando o mundo vive um acontecimento histórico. Enquanto Jair e a dona "por que Queiroz depositou R$ 89 mil na conta de Michelle?" usavam a estrutura palaciana para seu momento "memorável", eu chorava ao ver gente sendo vacinada no Reino Unido.


Exposição de trajes de Bolsonaro e Michelle virou memes nas redes sociais - Foto: @DeputadoFederal

Bolsonaro completa dois anos na Presidência e continua sem a menor ideia do que faz lá. E quem se ferra de verde e amarelo somos nós. Sua campanha não teve proposta, além de baboseiras, como acabar com a ideologia de gênero, com o comunismo, com o PT, liberar armas, "rasgar e jogar na latrina" o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Ele não sabia o que fazer quando a pandemia chegou a não ser negar sua existência e gravidade, assim como não consegue organizar a claque de incompetentes do seu governo. Nesta quarta (9), o Ministério da Saúde anunciou que o plano de vacinação deve ser apresentado na semana que vem. Alguém me explica, como se eu fosse uma criança de cinco anos: não era para estar pronto? Se alguém tinha alguma dúvida de que Bolsonaro é um maldito genocida, não precisa mais ter.

Mariliz Pereira Jorge é Jornalista e roteirista de TV. Este artigo foi publicado originalmente na Folha de São Paulo, edição de 09.12.2020.

Exclusivo: a Abin paralela dos Bolsonaro

Relatórios para defender Flávio podem ter sido produzidos por Abin paralela dentro própria agência.

Os relatórios produzidos pela Agência Brasileira de Inteligência para alimentar a defesa de Flávio Bolsonaro são um indício de que há um aparato clandestino de espionagem e polícia política funcionando nos porões do governo Jair Bolsonaro.

O colunista Guilherme Amado, da revista Época, publicou reportagem nesta sexta-feira mostrando que a Abin produziu pelo menos dois relatórios. Eles instruíram Flávio Bolsonaro e seus advogados sobre como agir para conseguir documentos capazes de anular o processo judicial a que o senador responde pela acusação de desviar salários de funcionários de gabinete. 

O caso conhecido como o das rachadinhas envolve o ex-assessor Fabrício Queiroz, amigo do presidente da República, preso em junho na casa do advogado Frederick Wassef, que trabalhou para Jair Bolsonaro e para o próprio Flávio.

Nesses dois documentos, segundo a Época, a Abin descreve o que diz ser uma organização criminosa na Receita Federal, de onde partiram as informações que deram início à investigação. O objetivo dos relatórios era contribuir com a tese da defesa de Flávio de que houve uma devassa ilegal dos dados fiscais dele. 

Um dos relatórios traz no campo destinado a esclarecer sua finalidade a descrição “Defender FB no caso Alerj demonstrando a nulidade processual resultante de acessos imotivados aos dados fiscais de FB”, segundo a Época.

A existência de uma Abin clandestina era uma suspeita alimentada há tempos em Brasília. Ela existia publicamente desde que o próprio presidente Bolsonaro revelou ter um "sistema particular de informações" em uma reunião com ministros. Agora, a história ganha um novo caminho para a possível descoberta desse aparato ilegal.

Nesta sexta-feira, o Intercept conversou com uma fonte da Abin, que deu detalhes do caso. A fonte revelou que tanto ela como seus colegas desconfiam da mesma pessoa como sendo a responsável pelo relatório. Trata-se de Marcelo Bormevet, um policial federal cedido à agência que é também um bolsonarista entusiasmado nas redes sociais.


Marcelo Bormevet está na Abin desde 24 de setembro de 2019. Ocupa um posto-chave no Centro de Inteligência Nacional, o CIN, que surgiu formalmente em agosto de 2020, mas vinha sendo estruturado às escondidas desde pelo menos o início do ano. Bormevet é coordenador-geral de Credenciamento de Segurança e Análise de Segurança Corporativa. 

O CIN tem a atribuição de acompanhar "assuntos de inteligência estratégica", aí incluídos segurança pública, crime organizado e manifestações políticas. Goza ainda a prerrogativa de fazer o que, na Abin, se chama de ‘pesquisas sociais’ – a investigação prévia sobre indicados para cargos no governo.

Ex-agente penitenciário no Distrito Federal, Marcelo entrou para a Polícia Federal em 2005. No Twitter, é um bolsonarista típico: retuíta posts de Jair e Carlos Bolsonaro e faz proselitismo para o Aliança pelo Brasil, partido que não saiu do papel. Também compartilha notícias falsas sobre a eficácia da cloroquina no tratamento da covid-19 e lança dúvidas sobre as vacinas que o governo federal se esforça para barrar no Brasil.

Um mistério até mesmo para os colegas

O detalhe é que pouca gente na Abin sabe exatamente o que faz a coordenação tocada por Bormevet. Não há sequer uma descrição das funções dela no organograma da agência, algo incomum mesmo no setor de inteligência.

O detalhe é que pouca gente na Abin sabe exatamente o que faz a coordenação tocada por Bormevet. Não há sequer uma descrição das funções dela no organograma da agência, algo incomum mesmo no setor de inteligência.

A criação do CIN, em agosto passado, causou desconfiança. O deputado Alessandro Molon, do PSB do Rio, tenta sustá-la com um projeto de decreto legislativo que apresentou dias depois do novo departamento da Abin aparecer no Diário Oficial. Na justificativa, ele argumentou que ela "pode dar respaldo para perseguição de opositores políticos". Até agora, porém, o projeto de Molon não saiu do lugar. 

No mesmo decreto que criou o CIN, Bolsonaro também autorizou a Escola de Inteligência, o centro de preparação dos agentes da Abin, a dar treinamento a quem não é servidor da agência. Para a oposição, as mudanças abrem brecha para que a agência funcione como um órgão de governo e não de Estado – justamente o que se vê no caso Flávio Bolsonaro. 

O autor dos relatórios, porém, não parece ter passado pela escola da Abin. Os olhos treinados do pessoal da inteligência de quem levantamos informações estranharam a redação dos relatórios produzidos para Flávio Bolsonaro. A linguagem nada tem em comum com o padrão adotado pela Abin. 

"Todos os analistas de inteligência passam por um treinamento para seguir uma espécie de manual de redação", nos disse a fonte. A ideia é justamente adotar uma linguagem que não identifique quem produziu um determinado papel, uma linguagem neutra e burocrática.

Basta querer para identificar o autor

Chama a atenção, ainda, o fato dos relatórios não terem sido gerados em nenhum dos dois sistemas usados pelos analistas para produzir esse tipo de documento. Não é à toa: por meio deles seria muito fácil identificar o autor. Os documentos foram enviados ao filho 01 do presidente por WhatsApp, segundo a Época.

Ainda assim, uma investigação daria conta de identificar quem usou a estrutura da Abin para salvar o pescoço de Flávio Bolsonaro. "Basta procurar os logs em bases de dados à disposição de analistas da Abin e rastrear pedidos feitos a outros órgãos em nome da agência", nos revelou a fonte. Neste caso, já se sabe até onde procurar – a Receita Federal. Isso, claro, se o governo estivesse disposto a esclarecer alguma coisa. Não está. 

Em nota divulgada hoje, o gabinete do ministro Augusto Heleno, a quem a Abin está subordinada, segue tentando negar suas digitais no caso. "As acusações são desprovidas de veracidade, se valem de falsas narrativas e abordam supostos documentos que não foram produzidos pela Agência Brasileira de Inteligência", diz o texto.

Ocorre que a defesa de Flávio Bolsonaro confirmou à Época que os documentos foram de fato produzidos pela Abin. Enviamos perguntas ao e-mail funcional de Bormevet e à assessoria de comunicação da agência. Ninguém nos respondeu.

A sexta-feira foi um dia de confusão na sede da Abin, em Brasília. O caso Flávio Bolsonaro tem o potencial de colocar uma bomba atômica no colo do presidente da República e de Augusto Heleno, seu ajudante de ordens. Mas, na Abin, são poucos os que veem chance de que o diretor-geral da agência, Alexandre Ramagem, um delegado da PF que é amigo da família presidencial, seja demitido por causa dele. 

Os tempos, afinal, são sombrios.

The Intercept_Brasil, 12.12.2020.

Mandetta: “Estamos sob uma intervenção militar burra”

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante a coletiva de imprensa sobre à infecção pelo novo coronavírus

Luiz Henrique Mandetta voltou a disparar contra o presidente Jair Bolsonaro e criticou a atuação do ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, no enfrentamento do combate à pandemia de Covid-19.

“Se colocar um médico ou um padre para comandar uma guerra, médico e padre não sabem matar. Militar não sabe cuidar, não sabe curar, não sabe promover saúde”, disse em entrevista à GloboNews.

“É um capitão e um general, e ninguém sabe para que lado a saúde pública vai. Estamos sob uma intervenção militar burra.”

O Antagonista, 12.12.2020

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Aliado de Bolsonaro diz que governo pretende confiscar vacina dos estados

Governador Ronaldo Caiado afirma ter ouvido de Pazuello que Bolsonaro vai publicar uma MP para "requisitar" e "centralizar" todos os imunizantes importados e produzidos no país, num recado ao governo de SP.

Bolsonaro e Pazuello. Governo federal ficou para trás na corrida das vacinas, e alguns estados firmaram acordos paralelos para compra e produção com laboratórios internacionais

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, aliado do presidente Jair Bolsonaro, disse nesta sexta-feira (11/12) que o governo federal vai publicar uma medida provisória (MP) visando a centralização e a distribuição igualitária das doses de vacina contra a covid-19 entre os estados.

Segundo o político do DEM, a informação veio do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que esteve em visita a Goiânia nesta sexta-feira.

Caiado afirmou que, com a medida, o governo federal poderá confiscar vacinas importadas ou produzidas no país, como a Coronavac, desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac e que começou a ser fabricada em São Paulo pelo Instituto Butantan nesta semana. No momento, o governo federal vem travando uma disputa com o governo de São Paulo pelo protagonismo da aplicação de vacinas, numa queda de braço que já rendeu ao presidente Jair Bolsonaro acusações de tentativa de sabotagem dos esforços paulistas. 

"Toda e qualquer vacina registrada, produzida ou importada no país será requisitada, centralizada e distribuída aos estados pelo Ministério da Saúde. Pazuello me informou isso aqui em Goiânia, hoje. Nenhum estado vai fazer politicagem e escolher quem vai viver ou morrer de covid", escreveu o governador goiano no Twitter.

Em outra mensagem, ele disse que Pazuello garantiu-lhe que "nenhum goiano, nenhum brasileiro será deixado para trás" no que diz respeito à vacinação contra a covid-19

Na terça-feira, Caiado já havia dito que "não vai ter essa de nenhum estado 'sair na frente'", após uma reunião entre governadores e Pazuello.

Após a fala de Caiado, o governador paulista João Doria reagiu. "Os brasileiros esperam pelas doses da vacina, mas a União demonstra dose de insanidade ao propor uma MP que prevê o confisco de vacinas. Esta proposta é um ataque ao federalismo. Vamos cuidar de salvar vidas e não interesses políticos", escreveu no Twitter. Ele também lembrou que Goiás é um dos 12 Estados brasileiros que já manifestaram interesse na Coronavac.

Supremo já barrou tentativa semelhante

Segundo apurou o jornal O Globo, a MP que trata dessa centralização já está sendo preparada pelo governo Bolsonaro, mas seu texto ainda não foi finalizado.

Há chances, contudo, de tal confisco ser barrado pela Justiça. Em maio, uma decisão semelhante foi tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

À época, o ministro Luís Roberto Barroso decidiu que a União não poderia confiscar respiradores já adquiridos pelos governos estaduais para o enfrentamento da epidemia de coronavírus.

Isso porque o governo federal havia feito a requisição compulsória de todos os equipamentos comprados da empresa de tecnologia médica Magnamed, que incluíam 50 respiradores adquiridos pela Secretaria de Saúde de Mato Grosso.

Em sua decisão, Barroso determinou que todos os ventiladores pulmonares fossem entregues à administração do estado que os comprou, e não ao governo federal.

Segundo o ministro, ao confiscar itens essenciais para o combate à covid-19 nos estados, a União faz "uso abusivo" de suas prerrogativas e compromete a autonomia dos governos regionais, ignorando que eles também têm competência de adotar medidas para proteger a saúde da população.

A declaração de Caiado ocorre no mesmo dia em que o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, foi acusado de usar a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em benefício próprio, uma sincronia que pode ser vista como uma tentativa do governo de tirar a atenção da denúncia.

Segundo reportagem da revista Época, a Abin produziu ao menos dois relatórios para Flávio Bolsonaro com informações e estratégias para a sua defesa no processo em que ele é acusado de receber parte do salário de funcionários de seu gabinete, conhecido como rachadinha.

Vacinas nos estados

Nesta sexta-feira, Caiado afirmou também que, segundo Pazuello, o Ministério da Saúde firmou um acordo para a compra de 70 milhões de doses da vacina desenvolvida pela farmacêutica Pfizer em parceria com o laboratório alemão Biontech. Testado no Brasil, o imunizante já está sendo usado em massa na população do Reino Unido e foi aprovado no Canadá.

No entanto, por enquanto, o único acordo oficialmente divulgado pelo governo federal foi com a anglo-sueca AstraZeneca, que desenvolveu uma vacina com a Universidade de Oxford. E mesmo a empresa Pfizer já informou que só terá capacidade de entregar um número pequeno de doses no primeiro trimestre de 2021.

Paralelamente, governos estaduais firmaram suas próprias parcerias com outros laboratórios. O estado de São Paulo tem um acordo com a chinesa Sinovac para compra e transferência de tecnologia da Coronavac, enquanto a Sputnik V, do laboratório russo Gamaleya, é negociada num acordo à parte com os governos do Paraná e da Bahia.

Aliado de Bolsonaro, o governador de Goiás declarou que o estado não comprará vacinas contra a covid-19 por conta própria e que seguirá o calendário do Ministério da Saúde.

Nesta quinta-feira, o governador paulista, João Doria (PSDB), anunciou o início da produção da Coronavac no Brasil, em uma fábrica do Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo.

Um plano de vacinação também foi apresentado por Doria nesta semana, prevendo o início da campanha no estado já em 25 de janeiro de 2021. O governo federal, por sua vez, ainda não tem previsão de datas para seu programa de imunização.

Disputa política

As declarações desta sexta-feira acirram ainda mais a disputa política que se criou em torno da vacina contra o coronavírus no país, tendo como protagonistas Bolsonaro e Doria, possíveis adversários nas eleições presidenciais de 2022.

Um dos primeiros episódios desse conflito ocorreu no fim de outubro, quando Pazuello anunciou a intenção do governo federal de comprar 46 milhões de doses da Coronavac. Algumas horas após o anúncio, Bolsonaro desautorizou seu ministro da Saúde e disse que o país não compraria a vacina chinesa.

Em meados de novembro, o presidente elevou ainda mais a polêmica em torno do imunizante ao declarar vitória após a suspensão dos testes da Coronavac pela morte de um voluntário. "Mais uma vitória de Jair Bolsonaro. Morte, invalidez, anomalia. Essa é a vacina que Doria queria obrigar o povo paulista a tomar", escreveu Bolsonaro nas redes sociais.

A posição do presidente gerou várias críticas de políticos e de profissionais de saúde, que o acusaram de politizar o imunizante e de festejar a morte de uma pessoa.

A Anvisa autorizou a retomada dos testes no Brasil após as autoridades terem concluído que o óbito não estava relacionado à vacina.

Depois de várias críticas, Bolsonaro recuou e admitiu a possibilidade de adquirir a Coronavac, caso seja aprovada pela Anvisa e pelo Ministério da Saúde, e vendida a um preço que considere adequado.

Na quarta-feira, Pazuello também garantiu que o imunizante chinês fabricado no Butantan será usado no plano nacional de vacinação se for aprovado pela agência reguladora.

No entanto, no mesmo dia, o governador paulista João Doria questionou Pazuello se o governo Bolsonaro menospreza a vacina chinesa por uma "questão ideológica, política ou por falta de interesse".

"O que difere, ministro, a condição e a sua gestão como ministro da Saúde de privilegiar duas vacinas em detrimento de outra vacina? É uma razão de ordem ideológica, é uma razão de ordem política ou é uma razão de falta de interesse em disponibilizar mais vacinas", disse Doria.

Os anúncios do governo de São Paulo sobre o início da produção da sua vacina também têm levado o governo federal a rever sua estratégia. Inicialmente, o governo Bolsonaro não demonstrou interesse na vacina da Pfizer, mas nos últimos dias passou a afirmar que espera que a farmacêutica entregue algumas doses até o fim de dezembro. O governo federal ainda mudou sua estimativa sobre a aprovação de vacinas. Inicialmente, falou em março, depois fevereiro, e agora citou até mesmo janeiro ou dezembro, embora nenhum acordo com a Pfizer tenha sido fechado ainda.

Deutsche Welle, em 11,12,2020


O Brasil confirmou 179. 897 mortes por Covid-19 até as 13h desta sexta-feira (11)

Desde o balanço das 20h de quinta-feira (10), 6 estados atualizaram as informações: CE, GO, MG, MS, PE e TO.

Veja os dados atualizados

179.897 mortes confirmadas

6.794.910 casos confirmados

Às 20h de quinta-feira, o balanço registrou 179.801 óbitos desde o começo da pandemia, 769 em 24 horas. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 642. A variação foi de +35% em comparação à média de 14 dias atrás, indicando tendência de alta nos óbitos pela doença.

Em casos confirmados, desde o começo da pandemia 6.783.543 brasileiros já tiveram ou têm o novo coronavírus, com 53.425 desses confirmados no último dia. A média móvel nos últimos 7 dias foi de 42.290 novos diagnósticos por dia. Isso representa uma variação de +34% em relação aos casos registrados em duas semanas, o que indica tendência de alta também nos diagnósticos.

Brasil, 10 de dezembro

Vinte e um estados e o Distrito Federal apresentaram alta na média móvel de mortes: PR, RS, SC, ES, MG, RJ, SP, DF, GO, MS, MT, AC, RO, RR, TO, BA, CE, PB, PE, PI, RN e SE. É o segundo dia seguido em que tantos estados aparecem simultaneamente com tendência de alta nas mortes pela doença desde que o consórcio começou a acompanhar essas tendências, em 9 de julho. Antes disso, o máximo de estados em alta ao mesmo tempo havia sido de 18.

Estados

Subindo (21 estados + o DF): PR, RS, SC, ES, MG, RJ, SP, DF, GO, MS, MT, AC, RO, RR, TO, BA, CE, PB, PE, PI, RN e SE

Em estabilidade, ou seja, o número de mortes não caiu nem subiu significativamente (3 estados): AP, PA e AL

Em queda (2 estados): AM e MA

Essa comparação leva em conta a média de mortes nos últimos 7 dias até a publicação deste balanço em relação à média registrada duas semanas atrás (entenda os critérios usados pelo G1 para analisar as tendências da pandemia)

Vale ressaltar que há estados em que o baixo número médio de óbitos pode levar a grandes variações percentuais. Os dados de médias móveis são, em geral, em números decimais e arredondados para facilitar a apresentação dos dados.

Por G1 / Em 11.12.2020

'Finalzinho da pandemia'

São absurdos demais, provocações demais... Alguma Bolsonaro está aprontando

 Por Eliane Cantanhêde

Lá atrás, no início da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro tinha um ministro da Saúde competente, informações privilegiadas e todas as condições do mundo para fazer a coisa certa, combater a contaminação do coronavírus e evitar milhões de doentes e milhares de mortes. Bolsonaro, porém, optou por entrar para a história como o presidente que, entre a vida e a morte, ficou com a morte. E, em nenhum momento, reviu, tentou acertar. Começou errado e vai errado até o fim. À custa de vidas.

Entre hoje e amanhã, a realidade confirma a previsão desesperada do então ministro Luiz Henrique Mandetta de 180 mil mortes. E vai aumentar. O número volta ao patamar de 800 a 900 em 24 horas, 21 Estados e DF registram aumento de vítimas e os leitos vão se esgotando na rede pública e privada por toda a parte. Se você for contaminado, o risco é não ter onde cair morto – nem vivo. E vem aí Natal, Ano Novo, festas e viagens.

O erro de Mandetta foi ser realista, transparente, formar uma bela equipe e manter a população bem informada e alerta o tempo todo. Bolsonaro não suportou o sucesso e a popularidade (maior que a dele) do subordinado. Em vez de premiá-lo, demitiu-o. O ciúme e a inveja foram maiores do que a responsabilidade com a população brasileira.

Em vez de Mandetta, Bolsonaro preferiu ouvir ignorantes, negacionistas, terraplanistas, lunáticos que previam no máximo 2.500 mortes, empinavam o nariz para dizer que a covid mataria menos do que a gripe e condenavam isolamento social, máscaras, qualquer cuidado reconhecido pelo mundo inteiro. Mesmo com a confirmação da tragédia, o presidente continuou sempre dobrando a aposta. “E daí?”

Tal qual um tenente abilolado capaz de fazer planos e croquis para explodir quartéis, Jair Bolsonaro não sossegou até nomear um general da ativa sem qualquer brio para fazer tudo o que seu mestre mandar. É para explodir quartel? Exploda-se. Impor cloroquina? Imponha-se. Politizar a vacina? Politize-se. Permitir a morte de milhares? Permita-se. Afinal, “um manda, o outro obedece”.

O Brasil chega ao final de 2020 doente, irritado, estupefato e sem perspectiva, chocando o mundo, enquanto o general-ministro Eduardo Pazuello fala em vacina para março, ou janeiro, ou fevereiro, ou dezembro... E ninguém acredita numa palavra do que ele diz. E que tal ouvir o presidente falar em “finalzinho da pandemia”? Um soco no estômago.

Era uma “gripezinha”, “histeria da mídia”, “e daí?”, “eu não sou coveiro”. Virou aglomeração, manifestação golpista e cloroquina. Enfim, a guerra pessoal contra a “vacina do Dória”, ou “da China”, e agora o delírio de que a pandemia está no “finalzinho” quando o vírus explode por toda a parte e os brasileiros assistem, aterrorizados, à vacinação na Inglaterra e nos países que têm presidente, ministro da Saúde e juízo.

O presidente vive de testar limites, irritar, chocar e o que ainda surpreende é seis ministros fazerem claque para a exposição de trajes do “rei” e da “rainha” e que, enquanto a sociedade só pensa em vacina, o presidente passe sua “boiada” e derrube as alíquotas de importação de armas para comprar a fidelidade de sua base eleitoral e da “bancada da bala”, que só pensam em tiro. A população quer vida, o presidente promove a morte.

Bolsonaro não percebe que ameaça tanto a vida dos brasileiros quanto o próprio mandato. Ou acha que pagar “um preço nunca visto antes na história” (segundo o então ministro do Turismo) basta para evitar o impeachment. Ou... pensa em convocar milicianos e armamentistas para guerrear a favor dele e contra a democracia. O fato é que ele só pode estar aprontando alguma. É erro demais, absurdos demais, provocações demais para ser normal. E ainda faltam dois anos, uma eternidade.

Eliane Cantanhede é Comentarista da Rádio Eldorado, da Rádio Jornal (PE) e do Telejornal Globo News Em Pauta. Este artigo foi publicado originalmente por O Estado de São Paulo, edição de 11.12.2020.

Governo abandona meta flexível e deve propor limite de R$ 232 bi para rombo nas contas em 2021

Mudança acontece depois de alerta do TCU sobre risco de crime de responsabilidade; proposta será enviada ao Congresso para modificação do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do ano que vem, que será votado no dia 16

 O governo Jair Bolsonaro deve propor ao Congresso uma meta de déficit primário de R$ 232 bilhões para 2021, segundo informou ao Estadão/Broadcast uma fonte da equipe econômica. 

Ou seja, esse deve ser o limite do rombo nas contas públicas no ano que vem, quanto as despesas poderão superar as receitas, antes do pagamento dos juros da dívida. Neste ano, o déficit deve ficar em R$ 844,6 bilhões, segundo projeções oficiais, por causa do aumento dos gastos relacionados à pandemia do novo coronavírus. 

O valor da meta de 2021 foi definido em reunião na quinta-feira, 10, da Junta de Execução Orçamentária (JEO), colegiado que decide diretrizes relacionadas às contas públicas.

Palácio do Planalto, sede do poder Executivo federal Foto: Dida Sampaio/Estadão

A proposta de meta fixa será enviada ao Congresso Nacional para modificação do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do ano que vem, que será votado no dia 16.

No envio do projeto da LDO, em abril, o governo decidiu não enviar uma meta fixa e acabou propondo uma meta flexível (que depende apenas do resultado da arrecadação, respeitado o limite de despesas do teto de gastos, a regra que impede que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação). As razões eram as incertezas naquele momento com a pandemia da covid-19.

No mês passado, o Tribunal de Contas da União fez um alerta de que a não fixação de uma meta específica era inconstitucional e feria a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O governo resolveu não correr o risco de ser acusado de crime de responsabilidade e vai enviar a mudança ao Congresso.

Junto com a mudança da meta, o governo também deve rever a grade de parâmetros macroeconômicos. No último boletim da Secretaria de Política Econômica, responsável por essas projeções, a estimativa de crescimento do PIB em 2021 era de 3,2%. Já a previsão do IPCA havia passado de 2,94% para 3,23%.

Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli, O Estado de S.Paulo, em 11.12.2020

A corda e a caçamba

Incapaz de organizar uma base sólida no Congresso, o presidente Jair Bolsonaro depende cada vez mais dos humores do Centrão

 Na superfície, foi apenas a demissão de mais um ministro irrelevante, o 12.º a cair em menos de dois anos. Mas a saída de Marcelo Álvaro Antônio do Ministério do Turismo depois que este denunciou as movimentações palacianas para saciar o apetite do Centrão deu o tom do envolvimento do presidente Jair Bolsonaro na sucessão da presidência da Câmara, muito mais profundo do que recomenda a prudência.

O ministro caiu depois que se tornou público o teor de uma mensagem postada por ele no grupo de WhatsApp de colegas de Esplanada com pesadas críticas ao ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. Álvaro Antônio acusou o ministro Ramos de se dedicar à negociação de cargos do primeiro escalão com o Centrão para arregimentar apoio ao candidato governista à presidência da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL). Um desses cargos seria justamente o de ministro do Turismo, o que enfureceu Álvaro Antônio e o motivou a chamar o colega Luiz Eduardo Ramos de “traíra”.

Depois de dizer que conhece bem o Congresso, pois é deputado pelo PSL-MG, criticou o ministro Ramos por entrar no gabinete do presidente Jair Bolsonaro “comemorando algumas aprovações insignificantes no Congresso, mas não diz o altíssimo preço que tem custado” – em referência à oferta de cargos no governo em troca de votos. O agora ex-ministro Álvaro Antônio escreveu que, apesar dessas negociações – que se deram num volume “nunca antes visto na história”, segundo ele –, o governo “ainda assim” não conseguiu formar “uma base sólida no Congresso Nacional”. Tanto é assim, segue a mensagem, “que o senhor (ministro Ramos) pede minha cabeça para tentar resolver as eleições do Parlamento”, ou seja, “pede minha cabeça para suprir sua própria deficiência”.

As “eleições no Parlamento” a que se refere o defenestrado ministro é justamente a disputa pelas presidências da Câmara e do Senado, em fevereiro do ano que vem. A mensagem de Álvaro Antônio, portanto, escancarou o que todos já intuíam: que o presidente Bolsonaro, por meio de seus articuladores políticos, está fazendo de tudo para ter alguma influência sobre o comando do Congresso e jogou suas fichas no deputado Arthur Lira.

A história recente do País mostra que os presidentes que se intrometeram na sucessão do comando do Congresso foram castigados – o caso mais recente, o de Dilma Rousseff, é uma história bastante conhecida e deveria servir como advertência. Aparentemente, contudo, Bolsonaro julga que vale a pena correr o risco, por motivos evidentes por si mesmos: incapaz de organizar uma base sólida seja para governar, seja para sobreviver no cargo, depende cada vez mais dos humores do Centrão, razão pela qual amalgamou seu governo a esse bloco fisiológico a ponto de praticamente tornarem-se indissociáveis – a corda e a caçamba.

É claro que o governo Bolsonaro, no discurso, vai tentar confundir sua rendição total ao Centrão com o interesse nacional. No Ministério da Economia, por exemplo, já se diz que o deputado Arthur Lira merece o apoio de Bolsonaro porque estaria mais alinhado à agenda de reformas, conforme promessas do candidato. Essa versão vale tanto quanto uma nota de três reais.

Em primeiro lugar, o deputado Arthur Lira tem histórico de defesa do aumento de gastos públicos e votou a favor da retirada de Estados e municípios da reforma da Previdência. Como “reformista”, portanto, é cristão-novo: converteu-se ao discurso das reformas, mas nada garante que tenha renunciado à antiga fé na gastança.

Em segundo lugar, se o presidente Bolsonaro estivesse mesmo tão engajado nas reformas teria aproveitado o clima reformista da Câmara sob a presidência de Rodrigo Maia e encaminhado todos os projetos que prometeu na campanha eleitoral. O que se viu, contudo, foi um excruciante atraso, que muitos atribuíram à falta de articulação política do governo, mas que, hoje está claro, se deve muito mais ao desdém com que Bolsonaro trata as reformas.

O discurso de respeito aos interesses do País na sucessão do comando do Congresso, portanto, é apenas pretexto para que Bolsonaro e o Centrão cuidem de suas conveniências particulares, para surpresa de ninguém.

Editorial / Notas & Informações, O Estado de São Paulo / 11.12.2020

Funcionários da Anvisa afirmam em carta que agência 'não serve aos interesses de governos'

Servidores afirmam que estão 'acima de qualquer pressão'.

Funcionários da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicaram no início da madrugada desta sexta-feira (11) uma carta aberta para afirmar que eles atuam com base em critérios científicos e que não servem "aos interesses de governos, de pessoas, de organizações ou de partidos políticos". Os servidores estão no meio de uma disputa política provocada pela corrida para a obtenção de vacinas contra a Covid-19.

A Associação dos Servidores da Anvisa (Univisa) reforça no texto que o trabalho técnico da autarquia está "acima de qualquer pressão".

"Pressões externas são inerentes ao trabalho desenvolvido por nós, servidores da Anvisa, mas o trabalho técnico está acima de qualquer pressão", diz trecho do documento.

A Anvisa acabou sendo envolvida no embate entre o governador de São Paulo, João Doria, e o presidente Jair Bolsonaro, que divergem sobre os prazos e a forma de liberação das vacinas.

Na carta, os funcionários da Anvisa informam que foi criado um comitê especial durante a pandemia para se dedicar exclusivamente à analise de dados contidos nos pedidos de registros e autorização para uso emergencial de vacinas contra o novo coronavírus.

"Tal comitê tem trabalhado incansavelmente, por meio de avaliação técnica criteriosa, que inclui uma análise rigorosa dos dados laboratoriais, de produção, de estabilidade e clínicos, de forma isenta e sem se submeter a qualquer tipo de pressão política e no menor tempo possível".

Veja abaixo a íntegra da carta dos servidores da Anvisa:

CARTA ABERTA À SOCIEDADE BRASILEIRA EM DEFESA DA AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Nós, servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), reafirmamos, por meio desta carta aberta, o caráter técnico e independente dos trabalhos e das atividades desenvolvidos pelos servidores da Agência na promoção e na proteção da saúde da população. Por se tratar de uma autarquia sob regime especial, conforme define a própria lei de criação da Anvisa, a Agência não serve aos interesses de governos, de pessoas, de organizações ou de partidos políticos.

Pressões externas são inerentes ao trabalho desenvolvido por nós, servidores da Anvisa, mas o trabalho técnico está acima de qualquer pressão. A Anvisa é um órgão do Estado brasileiro e está a serviço do povo brasileiro. Ao longo dos seus 20 anos de existência, a Agência consolidou-se como uma referência no setor de saúde justamente pelo trabalho desenvolvido por seus servidores, que resultou na reconhecida excelência da sua atuação regulatória e na credibilidade de suas ações e decisões, baseadas exclusivamente em critérios técnicos e científicos.

Deve-se destacar que a Anvisa foi classificada como Agência Reguladora Nacional de Referência Regional pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Em 2019, também foi eleita para ocupar a última vaga disponível no Comitê Gestor do Conselho Internacional de Harmonização de Requisitos Técnicos para Registro de Medicamentos de Uso Humano (ICH). O Comitê Gestor do ICH é composto pelos membros permanentes (Estados Unidos, União Europeia, Japão, Canadá e Suíça) e há quatro vagas para membros eleitos, das quais três foram ocupadas em 2018 (Coreia do Sul, China e Singapura) e, agora, pelo Brasil, cujo mandato vai até 2021.

Além disso, em 30 de novembro deste ano, a Anvisa foi formalmente comunicada da conclusão, com sucesso, do processo de adesão da Agência ao Esquema de Cooperação em Inspeção Farmacêutica (PIC/S, do inglês Pharmaceutical Inspection Co-operation Scheme). Assim, a Anvisa se tornou o 54º membro da iniciativa internacional em inspeção farmacêutica, passando a contar com o reconhecimento internacional da excelência das inspeções em Boas Práticas de Fabricação (BPF) de medicamentos e insumos farmacêuticos de uso humano. O cumprimento das Boas Práticas de Fabricação Farmacêuticas por parte das empresas fabricantes é requisito prévio fundamental para a aprovação e a comercialização desses insumos de saúde no Brasil.

É importante ressaltar, ainda, que o corpo técnico da Anvisa é constituído por servidores de carreira. Ademais, o Comitê criado para se dedicar exclusivamente à análise dos pacotes de dados contidos nos pedidos de registro e de autorização para uso emergencial das vacinas contra a Covid-19, doença caracterizada como pandemia pela OMS desde março de 2020 e que já vitimou dramaticamente mais de 178 mil brasileiros, tem seguido e respeitado preceitos técnicos previstos no arcabouço regulatório sanitário vigente no país.

Nesse sentido, tal comitê tem trabalhado incansavelmente, por meio de avaliação técnica criteriosa, que inclui uma análise rigorosa dos dados laboratoriais, de produção, de estabilidade e clínicos, de forma isenta e sem se submeter a qualquer tipo de pressão política e no menor tempo possível, com o objetivo de assegurar que as vacinas contra a Covid-19 que venham a ser registradas pela Agência sejam seguras, eficazes e produzidas com qualidade. Somos sensíveis e solidários a este momento crítico que todos nós estamos atravessando e temos trabalhado de forma ativa no enfrentamento da pandemia desde o início e em diversas frentes, como no controle sanitário de portos, aeroportos e fronteiras, no registro de kits de diagnóstico da doença, na agilização do registro de respiradores, na elaboração de protocolos de segurança em serviços de saúde, na flexibilização de normas para disponibilização de álcool gel e saneantes, entre outros.

Por isso tudo, neste momento de pandemia, ratificamos nosso compromisso com a saúde, com o povo brasileiro e com uma atuação ética, obrigação de todos os servidores públicos, frente a qualquer tipo de pressão ou intervenção política no desenvolvimento de nossas atividades. Estamos cientes da importância e das expectativas em torno das atividades que desenvolvemos na análise da qualidade, da segurança e da eficácia das vacinas para a Covid-19. Sentimos orgulho de contribuir para enfrentar esta situação inédita de pandemia e estamos cientes de que o nosso trabalho irá reverberar em cada família brasileira, inclusive nas nossas próprias. Afinal, também somos cidadãos e somos igualmente afetados pelas decisões da Anvisa.

Por fim, prestamos nossa solidariedade a todos os familiares e pessoas que perderam entes queridos em razão da Covid-19 e prestamos também nossa homenagem aos trabalhadores da saúde que se encontram na linha de frente de atuação no enfrentamento da pandemia. Podem ter certeza de que nós, servidores da Anvisa, não faltaremos ao povo brasileiro e daremos nossas melhores energias e todo o nosso conhecimento técnico para aprovar, com segurança e com a urgência que a situação exige, as vacinas que o país aguarda com tanta ansiedade. Mantemos o nosso compromisso de atuar em prol dos interesses da saúde pública, honrando a missão da Agência de “proteger e promover a saúde da população, mediante a intervenção nos riscos decorrentes da produção e do uso de produtos e serviços sujeitos à vigilância sanitária, em ação coordenada e integrada no âmbito do Sistema Único de Saúde”.

Publicado originalmente por G1, em 11.12.2020

Joe Biden e Kamala Harris são eleitos Personalidades do Ano pela "Time

Revista destaca que presidente e vice eleitos dos EUA foram escolhidos por "mostrar que as forças da empatia são maiores do que as fúrias da divisão e por compartilhar uma visão de cura em um mundo em luto".

Kamala Harris e Joe Biden: dupla venceu as eleição presidencial de 3 de novembro com o maior número de votos da história.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, e a vice-presidente eleita, Kamala Harris, foram nomeados Personalidades do Ano pela revista americana Time, anunciou a publicação nesta sexta-feira (11/12).

O democrata, de 78 anos, que deverá tomar posse como 46º presidente dos Estados Unidos em 20 de janeiro, e Kamala Harris, a primeira mulher a assumir o cargo, deixaram para trás outros três finalistas: Donald Trump; o movimento contra as desigualdades raciais desencadeado pela morte do afro-americano George Floyd; o epidemiologista americano Anthony Fauci e profissionais de saúde que trabalham no combate ao novo coronavírus.

"Mudando a história"

A capa da revista mostra um retrato de Biden e Harris de perfil, com o título "mudando a história dos EUA". Num texto em que explica a escolha, o editor-chefe da publicação, Edward Felsenthal, recorda que todos os presidentes americanos desde Franklin D. Roosevelt foram "em algum momento durante o seu mandato Personalidade do Ano", sublinhando, no entanto, que esta é a primeira vez que um vice-presidente merece a distinção.

"Por mudar a história americana, por mostrar que as forças da empatia são maiores do que as fúrias da divisão, por compartilhar uma visão de cura em um mundo de luto, Joe Biden e Kamala Harris são a Personalidade do Ano de 2020 da Time", destacou Felsenthal.

Ele recordou que Harris é "a primeira mulher eleita para o cargo, filha de pai jamaicano e de mãe indiana", considerando que a escolha "é uma mensagem poderosa", num ano de "luta épica pela justiça racial".

Felsenthal sublinhou ainda que a dupla vencedora das eleições presidenciais de 3 de novembro obteve o maior número de votos da história, derrotando Trump por sete milhões de votos.

Greta Thunberg

No ano passado, a escolhida pela revista foi a ativista do clima Greta Thunberg, que se tornou a pessoa mais jovem a conquistar o título.

Desde 1927 a Time escolhe uma personalidade ou grupo de pessoas que mais tenham marcado o ano, "para o melhor e o pior".

Junto com sua homenagem de Personalidade do Ano, a revista Time nomeou o grupo pop coreano BTS como Artista do Ano e o astro do basquete LeBron James como Atleta do Ano.

Na semana passada, a Time nomeou Gitanjali Rao, inventora americana de 15 anos, como sua primeira.

Deutsche Welle, em 11.12.2020

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Um país no purgatório

Sob o comando do general Eduardo Pazuello, o Ministério da Saúde transformou-se em cidadela do xamanismo bolsonarista

Consta que o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, é especialista em logística. Que a sorte poupe o Brasil de uma guerra em que esse intendente seja o responsável por encaminhar à linha de frente os suprimentos necessários para a batalha. A julgar pelo seu desempenho na guerra contra o coronavírus, seríamos massacrados antes mesmo de chegar o primeiro carregamento de cantis.

Quando o general Pazuello assumiu interinamente o Ministério da Saúde, em 16 de maio passado, o Brasil contabilizava 15.633 mortos pela covid-19; quando se tornou o titular da pasta, em 16 de setembro, o total já chegava a 134.106 mortos; agora, o número caminha velozmente para a marca de 180 mil. Ou seja, sob a gestão do intendente Pazuello, o Brasil viu o número de mortos mais que decuplicar. Uma marca e tanto, com poucos paralelos no mundo.

A progressão geométrica da pandemia no Brasil é resultado direto do modo irresponsável como o governo de Jair Bolsonaro vem lidando com a crise desde o início. Já está gravado nos anais da infâmia nacional o dia em que Bolsonaro qualificou a covid-19 de “gripezinha”, bem como o momento em que o presidente cobrou de seus governados que deixassem de ser “maricas” e que enfrentassem a doença “de peito aberto”.

Mas Bolsonaro não se limitou a ofender os brasileiros. Colaborou decisivamente para reduzir a capacidade do Estado de responder às demandas provocadas pela pandemia, a começar pelo fato de que trocou de ministro da Saúde duas vezes no meio da crise – e tudo porque os anteriores, ambos médicos, insistiam em se socorrer da ciência para poupar vidas em vez de fingirem que a pandemia não existia, como queria Bolsonaro.

O atual ministro da Saúde, que ficou nada menos que quatro meses como interino, ganhou a titularidade, a despeito de sua flagrante falta de qualificação para o cargo, porque deve ter convencido Bolsonaro de que ali estava um soldado raso disposto a fazer tudo o que o chefe mandasse, mesmo que mais alguns milhares de “maricas” morressem no caminho, como de fato aconteceu.

O despreparo técnico e ético do ministro Pazuello ficou explícito quando este voltou atrás do anunciado compromisso de adquirir a vacina que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan, em São Paulo, depois que o presidente Bolsonaro o desautorizou de forma vexatória. Em vez de entregar o cargo, como faria qualquer um com o mínimo de responsabilidade, bom senso e amor próprio, Pazuello aceitou a humilhação: “Um manda, o outro obedece”, explicou o submisso ministro ao lado do presidente.

Assim, sob o comando do general Pazuello, o Ministério da Saúde transformou-se em cidadela do xamanismo bolsonarista, deixando de organizar os esforços nacionais de combate à pandemia. Não fosse a iniciativa isolada de governadores e prefeitos, o País estaria completamente ao deus-dará justamente no momento em que a doença dá sinais de recrudescimento.

Mas o general Pazuello, não contente em descumprir o papel que cabe ao ministro da Saúde na prevenção da doença, parece empenhado também em sabotar os esforços dos que se mobilizam para conseguir imunizar a população, só porque Bolsonaro os considera seus inimigos. A respeito da vacina produzida pelo Instituto Butantan, por exemplo, o ministro disse que a autorização para sua aplicação pode levar até 60 dias, como se não houvesse nenhuma urgência, e que ela só será comprada e distribuída pelo governo federal “se houver demanda”.

O insulto aos brasileiros não parou por aí. O ministro que apresentou um plano pífio de vacinação informou que “compete ao Ministério da Saúde realizar o planejamento e a vacinação em todo o Brasil”, e não aos Estados. Ora, os Estados tomaram a iniciativa de planejar a vacinação justamente porque o governo federal, inspirado na entropia bolsonarista, foi até agora incapaz de fazê-lo.

Para completar, o ministro Pazuello, sem nada a oferecer a não ser a verborreia típica de seu chefe, apelou: “Erguer a cabeça, dar a volta por cima é um padrão brasileiro. É diante de uma crise que criamos soluções para avançar e temos que acreditar que podemos vencer. Vamos ter fé. Tudo isso vai passar”. Vai, mas, se depender do ministro da Saúde e do presidente, teremos ainda uma longa e penosa temporada no purgatório.

Editorial / Notas & Informações, O Estado de S.Paulo - 10.12.2020

Maia diz que ‘preferência’ é por candidato que derrote a ‘pata’ do governo na Câmara

Presidente da Câmara ainda não definiu nome para concorrer à sucessão; Planalto vai apoiar Arthur Lira

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou nesta quinta-feira, 10, o que tem chamado de “interferência” do Palácio do Planalto na disputa pelo comando da Casa e disse esperar que seu candidato derrote a “pata” do governo. Maia não anunciou oficialmente quem escolheu para disputar a sua sucessão, mas até agora o favorito é o deputado Aguinaldo Ribeiro (Progressistas-PB).

"A preferência nunca será pessoal, é sempre uma preferência de quem consegue manter de pé um projeto para derrotar essa pressão, essa pata do governo dentro da Câmara dos Deputados, que vai ser muito ruim para a democracia”, disse ele. Na avaliação de Maia, ao agir assim o Planalto vai colocar em risco o relacionamento com todo o campo da centro-direita “que sempre votou a pauta sem precisar de emenda e cargo”.

Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.  Foto: Najara Araújo/Câmara dos Deputados

O grupo do presidente da Câmara formalizou nesta quarta-feira, 9, um bloco parlamentar com seis partidos para a eleição na Casa, em 1.º de fevereiro de 2021. Além de Aguinaldo, os deputados Baleia Rossi (MDB-SP), Elmar Nascimento (DEM-BA) e Luciano Bivar (PSL-SP) aparecem na lista dos “presidenciáveis” do grupo. “Estamos conversando com os partidos de esquerda, com os deputados individualmente. Agora, os partidos precisam fechar isso para que fique mais fácil essa articulação”, afirmou Maia.

Questionado se o governo tem atuado para atrair apoio à candidatura do deputado Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão, com distribuição de emendas parlamentares, Maia não entrou em detalhes. “Se o orçamento é impositivo, a maior parte dele, espero que o governo não esteja interferindo dessa forma, apesar de os rumores não serem pequenos”, observou. “Cada vez fica mais claro que há um ambiente da candidatura do Bolsonaro e de uma outra candidatura. Vai se consolidar um outro campo que quer, de fato, diálogo”, afirmou.

O plano de Maia é fazer sempre um contraponto com Lira, nome apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro. Contrariado com o que definiu como “jogo jogado”, o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP), deixou o grupo de Maia e fala agora em lançar sua candidatura como “terceira via”. Mas também pode acabar se juntando a Lira. O presidente da Câmara disse que gostaria de ver Pereira em seu bloco e, na tentativa de atraí-lo novamente, fez elogios à sua “capacidade de articulação”

Para Maia, o Planalto não entrou “pesado” na disputa por causa de uma agenda econômica, mas, sim, por pautas de costumes e temas como armamento. “(Bolsonaro) não está tentando interferir pela pauta econômica. Está tentando pela pauta de costumes, armas, meio ambiente, minorias... É muito claro isso”, argumentou.

Anne Warth e Camila Turtelli, de Brasília para O Estado de S.Paulo / 10.12.2020


Brasil se aproxima de 180 mil mortos por Covid-19 com alta nas médias móveis de óbitos e casos

País tem 179.801 óbitos registrados e 6.783.543 diagnósticos de Covid-19 desde o começo da pandemia, segundo balanço do consórcio de veículos de imprensa. Pelo 2º dia seguido 21 estados e o DF aparecem simultaneamente com tendência de alta na média de mortes.

O consórcio de veículos de imprensa divulgou novo levantamento da situação da pandemia de coronavírus no Brasil a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde, consolidados às 20h desta quinta-feira (10).

O país registrou 769 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, chegando ao total de 179.801 óbitos desde o começo da pandemia. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 642. A variação foi de +35% em comparação à média de 14 dias atrás, indicando tendência de alta nos óbitos pela doença.

Em casos confirmados, desde o começo da pandemia 6.783.543 brasileiros já tiveram ou têm o novo coronavírus, com 53.425 desses confirmados no último dia. A média móvel nos últimos 7 dias foi de 42.290 novos diagnósticos por dia. Isso representa uma variação de +34% em relação aos casos registrados em duas semanas, o que indica tendência de alta também nos diagnósticos.

Vinte e um estados e o Distrito Federal apresentaram alta na média móvel de mortes: PR, RS, SC, ES, MG, RJ, SP, DF, GO, MS, MT, AC, RO, RR, TO, BA, CE, PB, PE, PI, RN e SE. É o segundo dia seguido em que tantos estados aparecem simultaneamente com tendência de alta nas mortes pela doença desde que o consórcio começou a acompanhar essas tendências, em 9 de julho. Antes disso, o máximo de estados em alta ao mesmo tempo havia sido de 18.

Brasil, 10 de dezembro

Total de mortes: 179.801

Registro de mortes em 24 horas: 769

Média de novas mortes nos últimos 7 dias: 642 (variação em 14 dias: +35%)

Total de casos confirmados: 6.783.543

Registro de casos confirmados em 24 horas: 53.425

Média de novos casos nos últimos 7 dias: 42.290 por dia (variação em 14 dias: +34%)

(Antes do balanço das 20h, o consórcio divulgou um boletim parcial às 13h, com 179.063 mortes e 6.735.373 casos confirmados.)

Estados

Subindo (21 estados + o DF): PR, RS, SC, ES, MG, RJ, SP, DF, GO, MS, MT, AC, RO, RR, TO, BA, CE, PB, PE, PI, RN e SE

Em estabilidade, ou seja, o número de mortes não caiu nem subiu significativamente (3 estados): AP, PA e AL

Em queda (2 estados): AM e MA

Essa comparação leva em conta a média de mortes nos últimos 7 dias até a publicação deste balanço em relação à média registrada duas semanas atrás (entenda os critérios usados pelo G1 para analisar as tendências da pandemia).

Vale ressaltar que há estados em que o baixo número médio de óbitos pode levar a grandes variações percentuais. Os dados de médias móveis são, em geral, em números decimais e arredondados para facilitar a apresentação dos dados.

Por G1 / 10.12.2020

Com mortes em alta, Bolsonaro diz que 'estamos vivendo um finalzinho de pandemia'

Declaração no RS foi feita no momento em 22 das 27 unidades da federação enfrentam alta de óbitos pelo coronavírus. Vítimas se aproximam de 180 mil. País ainda não tem plano detalhado de vacinação contra a doença.          


‘Estamos vivendo um finalzinho de pandemia’, diz Bolsonaro durante evento em Porto Alegre

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (10) que o Brasil está enfrentando o fim da pandemia.

A declaração foi feita num momento em que 22 das 27 unidades da federação enfrentam alta nas mortes por coronavírus, segundo o consórcio de veículos de imprensa. É a primeira vez que tantos estados aparecem simultaneamente com tendência de alta nas mortes pela doença desde que o consórcio começou a acompanhar essas tendências, em 9 de julho. Desde o início da pandemia, 179.032 pessoas morreram por conta da Covid-19 no Brasil.

"Me permite falar um pouco do governo, que ainda estamos vivendo o finalzinho de pandemia. O nosso governo, levando-se em conta outros países do mundo, foi aquele que melhor se saiu, ou um dos que melhores se saíram na pandemia", disse Bolsonaro durante discurso na inauguração do eixo principal da nova Ponte do Guaíba, na BR-290, em Porto Alegre.

Em visita ao Rio Grande do Sul, o presidente participou ainda da liberação de 27 quilômetros de duplicação da BR-116 em Barra do Ribeiro.

"Devemos levar tranquilidade à população e não o caos. O que aconteceu no início da pandemia não leva à nada. Lamentamos as mortes profundamente e assim sendo, vamos vencendo obstáculos".

O Brasil ainda não tem um plano detalhado de vacinação contra a doença.

Na quarta-feira (9), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que a imunização pode começar ainda este mês se a Pfizer, uma das fabricantes, obtiver autorização emergencial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e conseguir "adiantar" uma entrega de doses.

Segundo a pasta, só uma pequena quantidade de pessoas receberiam a vacina.

No discurso, ele citou um medicamento contra a Covid-19, que não tem eficácia comprovada.

"Não temos notícia dos nosso irmãos da África, abaixo do deserto do Saara, de grande quantidade de óbitos por Covid e todos esperavam justamente o contrário. A pessoa com alguma deficiência alimentar, pessoas mais pobres, fossem ser em boas e quantidade vitimadas. E não foi por quê? Eles tratam lá, muito, infelizmente, a malária", disse.

Durante a cerimônia, o presidente estava acompanhado dos ministros Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), Onyx Lorenzoni (DEM-RS), da Cidadania, Tarcísio Gomes de Freitas, da Infraestrutura, e Ernesto Araújo, das Relações Exteriores. Eles não usavam máscara. O uso é obrigatório no RS desde maio.

Ao chegar, por volta das 9h25 no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, Bolsonaro foi recebido pelo governador Eduardo Leite (PSDB), pelo senador Luís Carlos Heinze (PP-RS) e pelo deputado federal Osmar Terra (MDB-RS). A comitiva cumprimentou os políticos com um aperto de mão.

Primeiro compromisso de Bolsonaro no Rio Grande do Sul é na ponte do Guaíba — Foto: Matheus Felipe/RBS TV

Aumento dos preços

Também durante o discurso, Bolsonaro citou o aumento dos preços, neste ano, em produtos básicos como o arroz e óleo de soja.

"Nós evitamos um colapso da economia. Economia e saúde têm que andar de mãos dadas. O campo não parou, tivemos um aumento anormal em alguns produtos, como óleo de soja, arroz. Melhor, ou menos ruim, ter inflação, do que um desabastecimento", disse.

A alta no preço dos alimentos no ano é a maior desde 2002, segundo dados divulgados na terça-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado de novembro, a alta acumulada de janeiro a novembro alcançou de 12,14%.

Por G1 RS / 10.12.2020

Que mistérios tem Clarice?



Homenagens a Clarice Lispector

Brasil confirma seu primeiro caso de reinfecção pelo novo coronavírus

Análise feita pela Fiocruz e divulgada pelo ministério aponta que uma profissional da saúde de 37 anos, de Natal, teve a doença em junho e se infectou novamente em outubro, 116 dias após o diagnóstico. Outras suspeitas são investigadas

Profissional realiza teste de coronavírus em estudante de Taboão da Serra (SP), em outubro.AMANDA PEROBELLI / REUTERS

O Ministério da Saúde confirmou nesta quinta-feira o primeiro caso de reinfecção pelo novo coronavírus no Brasil. De acordo com a pasta, o caso é de uma profissional da saúde de 37 anos que mora em Natal. Ela contraiu a doença em junho, se curou e teve resultado positivo novamente em outubro —116 dias depois do diagnóstico inicial. Uma análise genética feita pela Fiocruz, referência nacional para a covid-19, permitiu confirmar a reinfecção e identificou a existência de linhagens distintas do vírus nos dois momentos de contaminação.

Outras oito suspeitas de nova infecção por covid-19 foram notificadas no Rio Grande do Norte —cinco estão em investigação e três estão com “inviabilidade de análise”, segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública. A profissional que teve o caso confirmado atua no Estado e também na Paraíba, onde realizou o primeiro teste para a doença, em 17 de junho, após apresentar sintomas como cefaleia, dor abdominal e coriza. Em 11 de outubro, ela voltou a ter um quadro de síndrome gripal, desta vez com alterações no olfato e no paladar, e foi submetida dois dias depois a um novo exame, que também deu positivo. Nas duas ocasiões, o teste realizado foi o PCR, que detecta a presenta do presença de ácido ribonucleico (RNA) do vírus a partir da análise de secreções nasais. Na Fiocruz, as amostras foram submetidas à técnica de sequenciamento genético, que constatou a presença de linhagens distintas do vírus. Ambas as linhagens já haviam sido detectadas no país, segundo a entidade.

Episódios de contágio de pessoas que tinham superado o vírus já foram detectados em outros países, mas são considerados raros. A primeira confirmação ocorreu em 24 de agosto, em Hong Kong. Na América do Sul, o Equador foi o primeiro país a divulgar caso semelhante —um homem de 46 anos que foi diagnosticado com covid-19 em maio voltou a apresentar sintomas mais graves em agosto. Nas investigações dos dois países também foram identificadas cepas diferentes do SARS-CoV-2 entre uma infecção e outra de um mesmo paciente.

Os casos de reinfecção indicam que a imunidade gerada pelo contato com o vírus não impede contágios posteriores. Porém, como ainda não se mostram frequentes, essas ocorrências não eliminam a importância das vacinas, que já começam a ser aplicadas para grupos de risco em algumas partes do mundo.

O Brasil soma 6,7 milhões de casos do novo coronavírus, que já matou quase 178.995 pessoas —é o terceiro no planeta em contágios e o segundo em óbitos. O país vem registrando cerca de 50.000 de novas infecções por dia. O Governo Jair Bolsonaro está sendo cobrado a apresentar um plano de vacinação nacional contra a doença, mas ainda não apresentou nenhuma estratégica clara. Como mostra reportagem do EL PAÍS publicada nesta quarta, depois de divulgar a intenção de iniciar a imunização em março, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, agora considera como “provável” que a vacinação contra a covid-19 no Brasil comece “entre janeiro e fevereiro”. Ele chegou a levantar a possibilidade de iniciar a vacinação em pequena escala já em dezembro, caso o imunizante da Pfizer, que o Governo brasileiro negocia adquirir, obtenha registro emergencial no país.

Em nota, o ministério alerta que o caso de reinfecção reforça a necessidade da adoção do uso contínuo de máscaras, higienização constantes das mãos e o uso de álcool em gel. “O Governo Federal está buscando o mais rápido possível a vacina confiável, segura e aprovada pela Anvisa, para que todos os brasileiros que desejarem possam ser imunizados”, declara

DANIELA MERCIER, de Belo Horizonte para o EL PAÍS. / 10.12.2020

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

PF investiga desvio de R$ 15 milhões de emendas parlamentares da Saúde

 PF diz que possui imagens da entrega de dinheiro desviado ao deputado Josimar de Maranhãozinho

No entanto, a Polícia Federal diz que os vídeos estão sob sigilo, determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que já autorizou o bloqueio de R$ 6 milhões das contas do deputado.

A Polícia Federal afirmou que possui vídeos que mostram a entrega para Josimar de Maranhãozinho (PL) de parte do dinheiro da saúde que teria sido desviado pelo deputado. No entanto, essas imagens estão em sob sigilo determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Ao todo, a PF investiga o desvio de cerca de R$ 15 milhões da saúde entre abril e dezembro de 2020 em uma operação chamada 'Descalabro', por conta da quantidade de dinheiro desviado da saúde em pleno período de pandemia da Covid-19.

Nesta quarta-feira (9), 98 policiais federais cumpriram 27 mandados de busca e apreensão no Maranhão e cidades do interior, incluindo endereços ligados a Josimar de Maranhãozinho. Cerca de R$ 2 milhões foram encontrados (veja no vídeo abaixo).                                                                                                  

PF encontra mais de R$ 2 milhões em endereços ligados ao deputado Josimar Maranhãozinho


Ainda segundo a Polícia Federal, Josimar estaria envolvido em um esquema de corrupção em que ele conseguia verbas da saúde - via emendas parlamentares - para vários municípios, mas parte do dinheiro era desviado e entrega ao próprio deputado.


                                                    
Segundo as investigações, as Prefeituras que recebiam a verba faziam contratos fictícios com empresas de fachada, criadas em nomes de laranjas, mas que na verdade pertenciam ao próprio deputado

Deputado federal Josimar Maranhãozinho (PL) — Foto: Divulgação

O dinheiro depositado nas contas das empresas era sacado em espécie e entregue no escritório parlamentar de Josimar de Maranhãozinho, em São Luís. Em uma investigação iniciada pela Polícia Federal, há quatro meses, a PF fiz que conseguiu constatar os desvios, acompanhar os saques e realizar o registro de áudio e vídeo da distribuição dos valores no escritório regional do deputado.

O outro lado

Em nota, a assessoria de Josimar de Maranhãozinho afirmou que o deputado foi 'surpreendido' com a operação em sua casa. Diz ainda que o parlamentar está tranquilo e se coloca à disposição da Justiça para elucidar os fatos.

Sobre os desvios de recursos, a assessoria do deputado diz que Josimar destinou mais de R$ 15 milhões aos municípios maranhenses, mas os recursos foram distribuídos e aplicados de forma legal. O dinheiro encontrado, segundo o deputado, não ultrapassa o teto informado à Receita, por meio da Declaração do Imposto 2020.

A assessoria conta ainda que o montante em espécie encontrado na casa e escritório do deputado é referente a atividade pecuária e empresarial.

Texto de  Alex Barbosa, TV Mirante — São Luís para o G1 / Globo News