terça-feira, 22 de setembro de 2020

Veja o que é #FATO ou #FAKE no discurso de Bolsonaro na ONU

Em vídeo gravado, em razão da pandemia, presidente diz que Brasil é vítima de uma campanha brutal de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal.

O presidente Jair Bolsonaro fez um discurso nesta terça-feira (22) na 75ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). A fala foi apresentada por meio de um vídeo gravado. Por causa da pandemia de Covid-19, a reunião da ONU neste ano, baseada na sede da entidade em Nova York, teve de ser virtual.

Bolsonaro disse que o Brasil é "vítima" de uma campanha "brutal" de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal. Segundo ele, a floresta amazônica é úmida e só pega fogo nas bordas e os responsáveis pelas queimadas são “índios” e “caboclos”. Disse também que as orientações para as pessoas ficarem em casa na pandemia “quase” levaram o país ao “caos social”.

A equipe do Fato ou Fake checou as principais declarações de Bolsonaro. Leia:

“Por decisão judicial, todas as medidas de isolamento e restrições de liberdade foram delegadas a cada um dos 27 governadores das unidades da federação. Ao presidente, coube o envio de recursos e meios a todo o país”

#NÃOÉBEMASSIM. Veja o porquê: Em abril, o STF decidiu que os governos estaduais e municipais têm poder para determinar regras de isolamento e quarentena em razão da pandemia. A decisão da Corte reconheceu a autonomia das cidades e dos estados de tomar decisões na pandemia, mas não eximiu o governo federal de responsabilidade sobre a crise de saúde.

“Não eximiu, pelo contrário, reforçou a competência dos Executivos”, afirmou o ministro Luiz Fux em uma live transmitida pelo jornal “O Globo” em junho. “O Supremo não exonerou o Executivo federal das suas incumbências porque a Constituição Federal prevê que, nos casos de calamidade, as normas federais gerais devem existir. Entretanto, como a saúde é direito de todos e dever do estado, num sentido genérico, o estado federativo brasileiro escolheu o estado federado em que os estados têm autonomia política, jurídica e financeira”, disse Fux.

O governo federal, inclusive, tomou medidas sobre a pandemia nos últimos meses. Em julho, por exemplo, Bolsonaro sancionou uma lei que obriga o uso de máscaras em locais públicos de todo o país.

“Concedeu auxílio emergencial em parcelas que somam aproximadamente US$ 1.000 para 65 milhões de pessoas”

#NÃOÉBEMASSIM. Veja o porquê: No anúncio do programa, o governo definiu que o auxílio ia ser pago em três parcelas. Depois, estendeu para mais duas parcelas, todas de R$ 600. O último anúncio, em setembro, incluiu mais quatro parcelas, no valor de R$ 300 cada uma. Com isso, cada trabalhador aprovado no programa pode receber, ao final dos pagamentos, R$ 4,2 mil.

Na cotação mais atualizada do dólar, de 22 de setembro, o valor corresponde a aproximadamente US$ 766, e não US$ 1 mil. O auxílio recebido só é maior no caso de mães que são chefes de família, que recebem dobrado.

De acordo com o governo, as primeiras parcelas do auxílio atingiram, de fato, mais de 65 milhões de pessoas. O texto da prorrogação do benefício de setembro, porém, restringe quem pode receber as novas parcelas. Ele proíbe que alguns dependentes recebam o benefício. Detentos em regime fechado e residentes no exterior – que chegaram a receber parcelas de R$ 600 antes de serem excluídos do programa – também não terão direito.

Por isso, para os pagamentos das parcelas de R$ 300, está prevista a reavaliação dos beneficiários aprovados – tanto para o início dos pagamentos quanto no decorrer dos mesmos.

Ou seja, o número de beneficiários que irão receber as parcelas de R$ 300 será menor que o de beneficiários que receberam as parcelas de R$ 600.

“Mesmo sendo uma das 10 maiores economias do mundo, somos responsáveis por apenas 3% da emissão de carbono”

A declaração é #FATO. Veja o porquê: O país é o sétimo maior emissor do mundo, sexto se desconsiderar a União Europeia. É fato, porém, que é responsável por 3,4% das emissões globais. Os dados estão no Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), com base no CAIT, que é um cômputo de emissões do World Resources Institute.

“Mas 3% é muita coisa, ainda mais considerando que 44% das emissões vêm de desmatamento, que não gera riqueza. 3% é mais do que quase todos os países desenvolvidos emitem. É mais do que todos os países europeus emitem individualmente, mais do que o Japão emite individualmente, mais do que a Austrália emite individualmente”, afirma o Observatório do Clima.

“No tocante às mudanças climáticas, o Brasil não é o maior vilão, mas também não é o mocinho. Ao considerar também as emissões de desmatamento (normalmente fora dos rankings globais), o Brasil é o 4º país que mais contribui para o aquecimento global. Só perde para EUA, China e Rússia”, afirma o professor Raoni Rajão, do Departamento de Engenharia de Produção da UFMG e coordenador do Laboratório de Gestão de Serviços Ambientais.

"Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior. Os incêndios acontecem praticamente nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas"

A declaração é #FAKE. Veja o porquê: A floresta permanece úmida em algumas regiões, mas o avanço do desmatamento e a abertura de estradas levaram à perda de parte de suas características originais, e, assim, a Amazônia se tornou mais suscetível a grandes incêndios, explica o ambientalista Antonio Oviedo, assessor do Instituto Sócio-Ambiental (ISA), ONG presente na Amazônia há 25 anos.

“Afirmar que a floresta é úmida como um todo era algo verdadeiro há 60 ou 70 anos; hoje, com 20% desmatado, isso não é mais um fato. Ela é úmida em áreas como no interior do Rio Solimões ou no alto do Rio Negro, onde não tem muitas estradas, mas mesmo lá o fogo já tem entrado, por conta do desmatamento. Quando se fragmenta a floresta em blocos, vem o efeito de borda. Quanto mais bordas tiver, mais seca fica, e facilita a entrada do fogo”, afirma Oviedo.

Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), ONG que desde 1995 trabalha pelo desenvolvimento sustentável na região, reforça que “o desmatamento, a exploração da madeira e outras atividades humanas mudam a condição da floresta úmida como barreira ao fogo”, e que “a floresta não queima sempre no mesmo lugar”, ao contrário do dito pelo presidente Bolsonaro, mas, sim, onde o incêndio é provocado.

Porta-voz do Greenpeace, Rômulo Batista, há 15 anos na Amazônia, lembra que não se pode mais falar da região como uma floresta primária. “A Amazônia sofre com desmatamento, extração de madeira, clareiras, e isso faz com que mais sol entre no interior da floresta e seque a matéria orgânica, o que favorece quando há incêndio. Ela queima mesmo úmida. De 1º de setembro até hoje, 44% dos focos foram em áreas de floresta já degradadas”, esclarece.

Sobre os focos na área do “entorno leste” da floresta, citada por Bolsonaro, esta não é a região onde se concentra o maior número de incêndios florestais, de acordo com dados de 2019 do IPAM. Nenhum dos dez municípios líderes em focos localiza-se no extremo leste amazônico, nos estados do Maranhão e do Tocantins – as cidades ficam no Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia e Mato Grosso. As regiões da BR-319 (Porto Velho-Manaus), BR-163 (trecho Cuiabá-Santarém) e BR-364 (trecho Porto Velho-Rio Branco) são especialmente críticas.

“O arco do desmatamento vem de Rondônia, no oeste da Amazônia, na região completamente oposta (à da fala de Bolsonaro), passa pelo sul do Amazonas e o norte do Mato Grosso, e sobe pelo leste do Pará”, afirma o porta-voz do Greenpeace.

A respeito da autoria dos incêndios, dados de satélite monitorados pela Nasa mostram que, neste ano, 54% dos focos na Amazônia tiveram como origem o desmatamento. Um novo sistema da agência espacial dos Estados Unidos capaz de apontar em tempo real a localização de queimadas e as razões pelas quais surgem, revelou, em agosto, que as pequenas queimadas para limpeza de pastagem foram responsáveis por 12,81% das ocorrências; já o desmatamento, por 54,34%.

Ainda sobre a relação entre os indígenas e as queimadas, o Observatório do Clima ressalta que uma nota técnica do IPAM também mostrou que apenas 7% das queimadas no ano passado ocorreram em terras indígenas, que correspondem a 25% da região. “Vamos desmistificar essa ideia que os indígenas queimam a Amazônia; 42% do desmatamento amazônico ocorre em terras públicas não destinadas ou sem informação cadastral. Ou seja, são áreas que estão sendo ocupadas por atividades como grilagem, particulares que querem se apossar de terras públicas”, aponta Ane Alencar, do IPAM.

“Não tem a mínima condição de imaginar que uma comunidade indígena é responsável por um incêndio de 200 km². Indígenas, caboclos e ribeirinhos fazem um roçado numa área de 20 x 20 metros, um fogo que não se alastra”, diz Antonio Oviedo, do ISA. “Sobrevoei áreas desmatadas, e depois queimadas, de 4 mil, 5 mil hectares. É inconcebível um pequeno agricultor, um ribeirinho ou uma família indígena fazer isso”, atesta o porta-voz do Greenpeace.

O Observatório do Clima, citando os dados da Nasa, também classifica as afirmações do presidente acerca da origem das queimadas como “mentira”. “As queimadas ocorrem por desmatamento, práticas agrícolas e incêndios que escapam para florestas.”

O ambientalista Raoni Rajão, professor da Universidade Federal de Minas Gerais, também afirma ser incorreto atribuir o fogo na Amazônia à agricultura de subsistência de “índios e caboclos”. “Grande parte das queimadas ocorre em áreas de desmatamento recente (e não em áreas agrícolas consolidadas), e é utilizada para acabar de ‘limpar’ as áreas para formação de pastagens principalmente”, diz Rajão.

O professor cita um estudo da UFMG em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que mostrou que 52% das queimadas de 2019 ocorreram em imóveis médios e grandes. “[Nestes imóveis] também ocorreram 67% do desmatamento de agosto de 2019 até julho de 2020.”

“As grandes queimadas [no Pantanal] são consequências inevitáveis da alta temperatura local, somada ao acúmulo de massa orgânica em decomposição”

A declaração é #FAKE. Veja o porquê: Embora a alta temperatura e a baixa umidade relativa do ar agravem as queimadas e dificultem o combate às chamas no Pantanal, não é verdade que incêndios devastadores como os deste ano sejam inevitáveis ou provocados por fatores naturais. De acordo com Alexandre Martins Pereira, analista ambiental do Prevfogo-Ibama, a única causa natural para os incêndios florestais são as descargas elétricas atmosféricas - ou seja, os raios. Imagens de satélites da Nasa comprovam que o primeiro foco do incêndio que atingiu o Pantanal teve início em uma fazenda no dia 30 de junho, quando não houve ocorrência de raios na região.

Cruzando informações obtidas por essas imagens com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o inquérito da Polícia Federal concluiu que o fogo no Pantanal começou em quatro fazendas vizinhas. Isso reforça a tese de que o incêndio foi criminoso e provocado propositalmente pela ação humana, a partir do uso indevido do fogo para limpar áreas utilizadas para pastagem. As chamas se alastraram, destruindo 3 milhões de hectares do bioma, atingindo áreas de preservação, sua vegetação nativa e matando animais silvestres. Essa é a principal linha de investigação da PF.

Além disso, o monitoramento do Inpe também aponta que o número de focos de incêndios no Pantanal até o dia 21 de setembro deste ano é o maior da série histórica, iniciada em 1998. No período, foram registrados 16.119 focos de queimadas no bioma. O recorde anterior era de 12.536 focos em 2005.

A redução na fiscalização é parte relevante da política ambiental do governo Bolsonaro. Ex-funcionários dos órgãos de preservação relatam forte pressão do presidente e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ao cumprirem as atividades de vigilância. Em 2019, o ex-diretor do Inpe, Ricardo Galvão, foi demitido, mesmo com mandato vigente, após o governo questionar os dados do Inpe sobre a alta do desmatamento na Amazônia. O órgão voltou a ser atacado ao divulgar os dados das queimadas do Pantanal – desta vez, pelo vice-presidente Hamilton Mourão. Na reunião ministerial de 22 de abril, o ministro Ricardo Salles sugeriu que o governo aproveitasse que a cobertura da imprensa estava focada na pandemia para “passar a boiada” e afrouxar regulamentações ambientais.

“O Brasil já participou de mais de 50 operações de paz e missões similares, tendo contribuído com mais de 55 mil militares, policiais e civis, com participação marcante em Suez, Angola, Timor Leste, Haiti, Líbano e Congo”

A declaração é #FATO. Veja o porquê: Segundo o Ministério das Relações Exteriores, os dados são verdadeiros e constam da página oficial do Itamaraty. De acordo com informações do primeiro semestre deste ano, atualmente, o Brasil participa com 258 efetivos em nove missões das Nações Unidas nos seguintes locais: Líbano, Sudão do Sul, Saara Ocidental, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Darfur, Chipre, Abyei e Iêmen.

“No primeiro semestre de 2020, apesar da pandemia, verificamos um aumento do ingresso de investimentos, em comparação com o mesmo período do ano passado. Isso comprova a confiança do mundo em nosso governo”

A declaração é #FAKE. Veja o porquê: Segundo dados do Banco Central, os investimentos diretos no país somam US$ 22,841 bilhões no primeiro semestre deste ano, uma queda de 26,6% na comparação com o mesmo período do ano passado (US$ 31,147 bilhões). É o menor valor, para esse período, desde 2009 (US$ 13,895 bilhões), ou seja, em 11 anos. Naquele momento, a economia mundial sentia o impacto da crise do "subprime", uma crise imobiliária que aconteceu nos Estados Unidos em 2008 e gerou impactos na economia mundial.

Por Clara Velasco, Laís Modelli, Roney Domingos, Alexandro Martello, Hellen Guimarães e Roberta Pennafort, G1, O Globo e CBN / 22/09/2020 18h24  Atualizado há 9 minutos.

Entidades condenam discurso de Bolsonaro na ONU

Para organizações ambientalistas como Greenpeace e Observatório do Clima, presidente "envergonhou" o Brasil mais uma vez com sua fala "delirante" e "irresponsável". Discurso não foi digno de um chefe de Estado, diz WWF.

Jair Bolsonaro aparece em telão na ONU / Nas Nações Unidas, Bolsonaro acusou índios de queimarem Amazônia e disse que a floresta não pega fogo porque é úmida

Organizações não governamentais que lutam pela defesa do meio ambiente condenaram nesta terça-feira (22/09) o discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Geral das Nações Unidas, em que o líder brasileiro voltou a minimizar a crise ambiental que assola o país.

As entidades afirmaram que Bolsonaro "envergonhou" mais uma vez o Brasil perante a ONU, e tacharam o discurso – gravado previamente devido à pandemia de coronavírus – de "delirante", "constrangedor", "negacionista", "irresponsável" e "infundado".

"Em pouco mais de 14 minutos de uma fala calculadamente delirante, o presidente mais uma vez expôs o país de forma constrangedora e confirmou as preocupações dos investidores internacionais que pensam em sair do Brasil", escreveu em nota o Observatório do Clima.

"Ao negar simultaneamente a crise ambiental e a pandemia, o presidente dá a trilha sonora para o desinvestimento e o cancelamento de acordos comerciais no momento crítico de recuperação econômica pós-covid", completa o texto, que ainda acusa Bolsonaro de usar a tribuna das Nações Unidas para fazer campanha à reeleição, em vez de promover o país.

Para a rede composta por 50 organizações não governamentais e movimentos sociais, o discurso "não foi voltado à comunidade internacional, mas sim à claque bolsonarista em casa".

"Não teve o objetivo real de prestar esclarecimentos sobre a situação do Brasil a parceiros comerciais e consumidores preocupados, muito menos de propor uma visão de país, como era a tradição, mas de combater a realidade e inventar inimigos imaginários."

Citado na nota, o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, afirmou que Bolsonaro ameaça a economia brasileira ao "negar a realidade e não apresentar nenhum plano para os problemas que enfrentamos". "O Brasil pagará durante muito tempo a conta dessa irresponsabilidade. Temos um presidente que sabota o próprio país."

Já o Greenpeace chamou atenção para as queimadas que devastam a Amazônia e o Pantanal e batem índices recordes sob o governo Bolsonaro. "O discurso [...] aconteceu enquanto o país arde em chamas e testemunha a destruição de seus biomas e suas riquezas naturais", alerta.

"A política antiambiental do atual governo está derretendo a imagem do Brasil lá fora e prejudicando a economia nacional", insiste a ONG. "O país que antes já foi visto como liderança na questão ambiental foi o que mais destruiu suas florestas no mundo todo, em 2019, segundo dados da Global Forest Watch. Em 2020 os dados mostram que a situação só se agravou."

Mariana Mota, coordenadora de políticas públicas do Greenpeace Brasil, afirmou que o drama ambiental vivido pelo Brasil é resultado da política do governo Bolsonaro, e negar ou minimizar essa realidade só "agrava a difícil situação que o país enfrenta".

"Lamentavelmente, já estamos habituados a ouvir o presidente faltar com a verdade, desqualificar a ciência e buscar culpabilizar terceiros em vez de assumir a responsabilidade constitucional que possui. Entretanto, quando o faz na Assembleia Geral da ONU, diante de centenas de líderes de países, de investidores e do mundo todo, o presidente piora ainda mais a imagem do Brasil e agrava as sérias crises que enfrentamos", disse Mota.

"Ao invés de negar a realidade, em meio à destruição recorde dos biomas brasileiros, o governo deveria cumprir seus deveres constitucionais em prol da proteção ambiental e apresentar um plano eficiente para enfrentar os incêndios que consomem o Brasil", completou.

Por sua vez, a entidade WWF-Brasil considerou que Bolsonaro proferiu "uma fala cheia de acusações infundadas e ilações sem base científica que não condiz com o papel de um chefe de Estado".

"Declarar que as queimadas são provocadas pelos 'índios e caboclos' [povos tradicionais descendentes de indígenas e brancos] é a maior delas", disse Gabriela Yamaguchi, diretora de sociedade engajada da organização.

"Como um roteiro de ficção, o discurso uniu palavras-chaves das Nações Unidas com descrições de um Brasil que não existiu em 2020, em completo negacionismo da realidade do país e desconsiderando a urgência e seriedade dos desafios globais que o secretário-geral da ONU, António Guterres, tão bem descreveu", acrescentou Yamaguchi.

A fala de Bolsonaro

Em seu discurso de abertura da 75ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas nesta terça-feira, o presidente afirmou que o Brasil é vítima de uma campanha de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal, e defendeu sua gestão da pandemia de covid-19.

Em relação ao meio ambiente, ele aproveitou a fala para se defender das críticas à sua política ambiental, proferidas por outros países e uma série de organizações em meio à alta do desmatamento e das queimadas na Amazônia e no Pantanal.

Bolsonaro afirmou que o agronegócio brasileiro segue "pujante" e que o Brasil tem e respeita "a melhor legislação ambiental do planeta".

"Mesmo assim, somos vítimas de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal. A Amazônia brasileira é sabidamente riquíssima. Isso explica o apoio de instituições internacionais a essa campanha escorada em interesses escusos, que se unem a associações brasileiras, aproveitadoras e impatrióticas, com o objetivo de prejudicar o governo e o próprio Brasil", disse, sem nomear qualquer instituição.

O presidente ainda culpou os indígenas e caboclos por incêndios na Amazônia e, sem citar estudos científicos ou especialistas, questionou a ocorrência de queimadas de grande porte.

"Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior. Os incêndios ocorrem sempre nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde o caboclo e o índio queimam o roçado para sua sobrevivência, em áreas já desmatadas."

Bolsonaro também afirmou que o Brasil é líder na conservação de florestas tropicais e tem "a matriz energética mais limpa e diversificada do mundo".

Em razão da pandemia de covid-19, a assembleia da ONU deste ano ocorre de maneira virtual. O Brasil, como é tradição, abriu as intervenções de líderes mundiais.

Publicado originalmente por Deutsch Welle, em 22.09.20

Na ONU, Bolsonaro diz ser vítima de campanha de desinformação

Presidente defende política ambiental do governo e afirma que Amazônia e Pantanal sofrem campanha de desinformação internacional. Ele também elogia sua gestão da epidemia de covid-19, que já matou 137 mil.    

Jair Bolsonaro discursa na ONU / Sobre a pandemia, Bolsonaro disse que implementou várias medidas econômicas que "evitaram o mal maior"

No discurso de abertura da 75ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (22/09) que o Brasil é vítima de uma campanha de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal e defendeu sua gestão da pandemia do novo coronavírus.

Ele também usou o discurso para atacar a imprensa, apelou ao combate à "cristofobia" e elogiou o presidente americano, Donald Trump, na mediação de conflitos no Oriente Médio. Em razão da pandemia de covid-19, a assembleia deste ano ocorre de forma virtual. O Brasil, como é tradicional, abriu as intervenções de líderes.

Bolsonaro começou o discurso afirmando que o "mundo necessita da verdade para superar seus desafios" e lamentou as mortes em decorrência da covid-19. Ele disse que "parcela da imprensa brasileira também politizou o vírus, disseminando o pânico entre a população". Para Bolsonaro, "sob o lema fique em casa e a economia a gente vê depois" a imprensa quase trouxe "o caos social ao país".

Ele acrescentou que o governo dele "de forma arrojada, implementou várias medidas econômicas que evitaram o mal maior". Bolsonaro afirmou que, desde o início da pandemia, o Brasil tinha "dois problemas a resolver, o vírus e o desemprego, e ambos deveriam ser tratados simultaneamente e com a mesma responsabilidade".

Ao longo do ano, Bolsonaro reiteradamente minimizou a gravidade da pandemia de covid-19, doença que chamou de gripezinha. Ele se mostrou contra as medidas de isolamento social e participou de eventos públicos nos quais abraçou e cumprimentou apoiadores. Dois ministros da Saúde deixaram o governo por causa de divergências com o presidente.

Bolsonaro, porém, destacou que "estimulou, ouvindo profissionais de saúde, o tratamento precoce da doença, destinou 400 milhões de dólares para pesquisa, desenvolvimento e produção da vacina de Oxford no Brasil" e frisou que "não faltaram, nos hospitais, os meios para atender os pacientes de covid-19".

As declarações do presidente contrariam dados do Ministério da Saúde e das secretarias estaduais da Saúde. O Brasil registrou 4,6 milhões de casos do novo coronavírus, com mais de 137 mil mortes confirmadas pelas autoridades brasileiras. O número de mortos é inferior apenas ao dos Estados Unidos.

Meio ambiente

O presidente também usou parte do seu discurso para se defender das críticas à sua política ambiental. O governo dele vem sendo criticado por outros países e por organizações não governamentais devido à alta do desmatamento e das queimadas na Amazônia e no Pantanal.

O desmatamento na Amazônia brasileira chegou a 1.359 km2 em agosto e foi o segundo maior registrado para o mês nos últimos cinco anos, segundo dados do Inpe. Entre agosto de 2019 e julho de 2020, 9.216 km2 foram desmatados na região, uma área quase duas vezes maior do que a do Distrito Federal. Esse foi o maior valor dos últimos cinco anos. Houve um aumento de 35% na destruição da floresta em relação ao registrado entre agosto de 2018 e julho de 2019, quando 6.844 km2 foram desmatados.

No Pantanal, mais de 16 mil focos de incêndios foram detectados pelos bombeiros de janeiro a setembro deste ano, mais do que o triplo do mesmo período do ano passado, também segundo dados do Inpe.

Bolsonaro afirmou que o agronegócio brasileiro segue "pujante" e que o Brasil tem e respeita "a melhor legislação ambiental do planeta". "Mesmo assim, somos vítimas de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal. A Amazônia brasileira é sabidamente riquíssima. Isso explica o apoio de instituições internacionais a essa campanha escorada em interesses escusos, que se unem a associações brasileiras, aproveitadoras e impatrióticas, com o objetivo de prejudicar o governo e o próprio Brasil", afirmou, sem nomear qualquer instituição ou associação.

Bolsonaro culpou os indígenas e caboclos por incêndios na Amazônia e, sem citar estudos científicos ou especialistas, questionou que haja queimadas de grande porte. "Nossa floresta é úmida e não permite a propagação do fogo em seu interior. Os incêndios ocorrem sempre nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde o cabloco e o índio queimam o roçado para sua sobrevivência, em áreas já desmatadas." O presidente também afirmou que, em seu governo, "os focos criminosos são combatidos com rigor e determinação".

Bolsonaro afirmou que o Brasil é líder na conservação de florestas tropicais e tem "a matriz energética mais limpa e diversificada do mundo". Ele pontuou que o país preserva 66% da sua vegetação nativa e que, apesar de ser uma das dez maiores economias do mundo, é responsável por apenas 3% das emissões mundiais de carbono.

Publicado originalmente por Deutsche Welle, em 22.09.20

Brasil passa de 138 mil mortes por covid-19; mais 836 óbitos são registrados em 24h

O Brasil chegou a um total de 138.108 mortes e 4.591.604 casos oficialmente confirmados de covid-19, segundo o boletim do Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass) desta terça-feira (22/9).

Desse total, foram registrados nas últimas 24 horas 836 óbitos e 33.536 novos casos da doença.

O Estado com o maior número de óbitos é São Paulo (34.266), seguido pelo Rio de Janeiro (17.798) e Ceará (8.850).

O Brasil ultrapassou a marca de 100 mil mortes por covid-19 no dia 8 de agosto e continua como o segundo país do mundo com maior número de mortes na pandemia do novo coronavírus, depois apenas dos Estados Unidos, que tem mais de 199 mil mortes pela covid-19, segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins.

O Brasil foi superado em número de casos, entretanto, pela Índia, (5,3 milhões), agora em segundo lugar depois dos EUA (6,7 milhões de casos).

Fonte: BBC News / Brasil

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

País tem 136.997 óbitos confirmados e 4.547.150 diagnósticos de Covid-19.

O Brasil tem 136.997 mortes por coronavírus confirmadas até as 13h desta segunda-feira (21), segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde.

Desde o balanço das 20h de domingo (20), 7 estados atualizaram seus dados: BA, CE, GO, MG, MS, RN e RR.

Veja os números consolidados:

136.997 mortes confirmadas

4.547.150 casos confirmados

Às 8h, o consórcio publicou a primeira atualização do dia com 136.923 mortes e 4.544.347 casos.

No domingo, às 20h, o balanço indicou: 136.895 mortes, 330 em 24 horas. Com isso, a média móvel de novas mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 747 óbitos, uma variação de -5% em relação aos dados registrados em 14 dias.

Em casos confirmados, já são 4.544.262 brasileiros com o novo coronavírus desde o começo da pandemia, 15.915 desses confirmados no último dia. A média móvel de casos foi de 30.587 por dia, uma variação de -10% em relação aos casos registrados em 14 dias.

Progressão até 20 de setembro

2 estados apresentaram alta de mortes: RJ e RO.

Estados

Subindo (2 estados): RJ e RO

Em estabilidade, ou seja, o número de mortes não caiu nem subiu significativamente (14 estados): PR, RS, MG, SP, GO, MS, MT, AP, PA, BA, MA, PE, PI e RN

Em queda (10 estados e o DF): SC, ES, DF, AC, AM, RR, TO, AL, CE, PB e SE

Essa comparação leva em conta a média de mortes nos últimos 7 dias até a publicação deste balanço em relação à média registrada duas semanas atrás (entenda os critérios usados pelo G1 para analisar as tendências da pandemia).

Por G1 - 21/09/2020 08h00  Atualizado há 6 horas

Huck fala em desejo de ‘liderar uma geração’ na política; ‘Estou aqui’, diz sobre 2022

Apresentador foi questionado se ‘tem coragem’ de ser candidato a presidente durante reunião em São Paulo

O apresentador de TV Luciano Huck (sem partido), cotado para disputar a Presidência em 2022, chamou para si nesta segunda-feira, 21, o protagonismo em debater e propor medidas para transformações sociais, econômicas e ambientais no País. Em reunião do Conselho Político e Social (Cops) da Associação Comercial de São Paulo da qual o Estadão participou, ele disse querer “mobilizar, liderar e fomentar uma geração”. 

Huck foi questionado por um integrante do Cops se “tem coragem” de ser candidato a presidente. “Estou aqui”, respondeu, antes de ponderar que, por enquanto, se vê como “cidadão ativo” e dizer que atua sem intenções de poder.

“Eu quero mobilizar, liderar, fomentar uma geração para que a gente participe ativamente das transformações que o Brasil precisa. Ninguém vai entregar isso de graça para a gente”, disse Huck em relação a desigualdades sociais no País. “Sobre a questão da coragem (de se candidatar a presidente), estou aqui, não é? Estou aqui conversando sobre temas que não são óbvios para mim, como energia, reformas. Tenho estômago para ouvir opiniões diversas, para estar em cena num momento tão delicado do País. Neste momento, estou sentado aqui como cidadão ativo, que está no debate público.”

O apresentador evitou falar diretamente da próxima eleição presidencial e pediu foco aos temas das cidades em função do pleito deste ano. “(Não quero) personificar ou ‘fulanizar’, em mim ou outra pessoa, um debate eleitoral majoritário que não está em voga neste momento. Isso mais atrapalha que ajuda, e Brasil afora tem gente mais preocupado com a eleição (de 2022) do que em atender as necessidades das pessoas. Temos neste ano um ciclo eleitoral nas cidades e a política começa nas cidades.”  

Entusiasta de movimentos de renovação e formação política como o RenovaBR e o Agora!, Huck disse que o caminho para melhorar a situação do País está na política. “Só o Estado, que é gerido pela política, tem o poder exponencial de transformação. E a política é gerida pelos políticos. Acho importante esta convocação geracional, atrair o que tem de melhor na sociedade civil para chegar perto da política.”

Huck afirmou que vê o Brasil sem lideranças que promovam o debate. “A demonização da política e a não harmonia entre Poderes estão ligadas à questão da liderança. (É preciso) uma liderança que concilie e dialogue, e não que assopre brasa com discursos sectários. Precisamos retomar o diálogo.”   

A participação de Huck na reunião do Cops estava marcada para acontecer em março deste ano, mas foi adiada por causa da pandemia de coronavírus e por isso aconteceu nesta segunda.

‘O lugar do Brasil é como a maior potência verde do planeta’

Huck também falou sobre sustentabilidade e defendeu que o Brasil se torne uma nação agroindustrial sustentável, aliando o potencial da agronegócio à preservação ambiental. Para ele, esta é uma forma de atrair investimentos e transformar o País em uma “potência verde”. 

“O mundo quer investir em economias limpas”, disse. “É uma oportunidade de ouro com o nosso potencial. Precisamos de lideranças que enxerguem com clareza essa oportunidade. O que tem prevalecido nos últimos anos é a visão que endossa o extrativismo predador. A aceleração do desmatamento, a não importância (dada) às queimadas como não as estivéssemos vendo. Essa é a década da bioeconomia, com floresta em pé.”

Huck diz ver convergências entre bandeiras do agronegócio e do ativismo ambiental. “Converso com os dois lados e encontro pontos em comum”, afirmou, sem dar exemplos. “Dá para romper com o litígio. Precisamos romper radicalmente com o debate raso, o litígio entre agricultura e meio ambiente, produção e sustentabilidade.”

Matheus Lara, O Estado de S.Paulo - 21 de setembro de 2020 | 13h39

A aritmética da demagogia

O pensamento mágico pode até iludir alguns eleitores, mas causa mais danos ao País, no longo prazo, do que a pandemia

Visto de Brasília, o Brasil é um paraíso tão pródigo que, nele, as leis da matemática não se aplicam. No pensamento mágico predominante na capital federal, o Orçamento tende ao infinito – nele cabe tudo, fazendo com que a soma das partes supere sempre, de longe, o todo. 

Já se sabe, por exemplo, que, tudo o mais constante, não há dinheiro para produzir um programa de transferência de renda que ao mesmo tempo compense o fim do auxílio emergencial para quem ficou à míngua na pandemia e substitua com vantagens o Bolsa Família, como queria o presidente Jair Bolsonaro, de olho no potencial eleitoral de tal iniciativa.

Quando a equipe econômica sugeriu que o programa fosse bancado com o congelamento das aposentadorias ou com a abolição de outros benefícios sociais, o presidente Bolsonaro foi às redes sociais para desancar seus assessores, acusando-os de falta de compaixão com os mais pobres – como se não fosse ele o presidente da República e, portanto, responsável por tudo de bom e de ruim que seu governo produz. Como Bolsonaro não demitiu até agora nenhum de seus desalmados economistas, presume-se que talvez aceite suas ideias, desde que sejam tratadas com discrição.

Para todos os efeitos, contudo, Bolsonaro anunciou que havia desistido do Renda Brasil, como disse em sua agastada mensagem, acrescentando que o assunto estava “proibido” no governo e que manteria o que já existe – o Bolsa Família – e “ponto final”. Mas eis que o “ponto final”, menos de 24 horas depois, se tornou vírgula.

O relator do Orçamento de 2021, senador Marcio Bittar (MDB-AC), foi a Bolsonaro para lhe propor que o natimorto Renda Brasil fosse revivido. A ideia, segundo disse o parlamentar, é incluir o programa bolsonarista no Orçamento agora, mas sem especificar de onde viria o dinheiro para financiá-lo. O objetivo seria, em suas palavras, “evitar informações desencontradas, que vazam, em que pesem terem lógica, mas acabam abortadas”. Para o senador, “não adianta agora a gente especular do que vai tirar, de onde vai cortar”.

Por esse raciocínio, tudo poderia ser incluído no Orçamento, já que a decisão sobre quais serão as fontes de financiamento, crucial em qualquer planejamento, fica para depois. É espantoso, mas muito característico da fantasia fiscal brasiliense.

Bolsonaro, é claro, esqueceu-se rapidamente de seu peremptório “ponto final” e deu sinal verde ao relator do Orçamento para retomar a ideia de um novo programa de transferência de renda, que teria enorme potencial eleitoral. Autorizado pelo presidente, o senador Marcio Bittar foi conversar com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para tentar encontrar a quadratura do círculo – isto é, criar um novo auxílio sem fazer sacrifícios de qualquer natureza, vedados pelo presidente Bolsonaro.

A promessa é que o tal programa e talvez sua fonte de financiamento sejam revelados nesta semana, mas, a julgar por tudo o que se especulou, a realidade de hoje, de penúria fiscal e falta de alternativas, não terá mudado até lá: “Quero saber de onde o governo vai tirar para dar R$ 300 (valor atual do auxílio emergencial). Sei que nessa questão vamos ter muita dificuldade”, disse o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA), designado presidente da Comissão Mista de Orçamento.

O fato, incontornável, é que o fim do auxílio emergencial lançará em breve milhões de brasileiros em angustiante incerteza, uma vez que a economia, embora com alguns sinais de recuperação, está muito longe de prover os empregos e a renda necessários para tanta gente vulnerável. Por isso, é claro que o governo e o Congresso devem se mobilizar para encontrar meios de amparar esses cidadãos enquanto a crise não passa. Mas a emergência não pode servir de pretexto para a irresponsabilidade fiscal eleitoreira travestida de socorro, enquanto se mantêm privilégios e se adiam as reformas que dariam ao Estado condições de fazer frente a crises como essa. O pensamento mágico pode até iludir alguns eleitores, mas causa mais danos ao País, no longo prazo, do que a pandemia.

Editorial / Notas & Informações, O Estado de S. Paulo - 21 de setembro de 2020 | 03h00



sexta-feira, 18 de setembro de 2020

A ostentação da burrice

                                

                              Bolsonaro insiste em fazer propaganda da cloroquina  / Reprodução

Para quem ainda observa de casa e em quarentena o Brasil de Bolsonaro, o mais excruciante é a ostentação da asneira. O presidente e sua corte não disfarçam a ignorância em todos os aspectos da vida, da economia ao meio ambiente, sexo, ciência, educação e cultura. Eles se superam a cada dia. Trombeteiam o desconhecimento. Só isso explica que Bolsonaro tenha dito ontem que as escolas não deveriam ter sido fechadas nem um só dia na pandemia. Nenhum presidente no mundo ousou dizer tal besteira. 

"Nós falamos naquele momento, conforme alguns estudos pelo mundo, que as crianças e os jovens, uma vez acometidos pelo vírus, a chance de partirem para a letalidade era próxima de zero", ressaltou Bolsonaro. "Eu entendo que alguns governadores foram tomados pelo pânico, proporcionado por essa mídia catastrófica que nós temos no Brasil. Não é uma crítica à imprensa, é uma constatação. Me desculpem". 

Além de ser uma mentira, até as crianças perguntariam: “Mas, presidente, e os professores e os serventes, e meus pais, meus avós? O senhor queria que eu fosse egoísta e contaminasse a todos em volta?” Desculpe, presidente, mas sua linguagem é tosca. Morte é “partir para a letalidade”? Seus ataques destemperados à imprensa confirmam sua insegurança. “Catastrófica” não é a mídia, mas sua gestão fake, presidente. Não é uma crítica, mas uma constatação.

Não podemos exigir sensatez e empatia de um ex-capitão nostálgico da ditadura militar, fã de torturadores e expulso do Exército por indisciplina. Seus filhos se apoiam na ressurreição da censura e em privilégios especiais para driblar investigações por corrupção. Na liderança do país e até de seu próprio gabinete ministerial, Bolsonaro é um desastre. Diz e se desdiz. Veta seu próprio veto. Endeusa e frita. Sua ausência de discernimento na diplomacia está destruindo o “made in Brazil”. Nossa marca é corroída. Nossa democracia também. Estamos queimando florestas e nosso filme.

Até aí, nenhuma novidade. Você pode até dizer que a ignorância é tática eleitoral. Não seria uma burrice sincera, mas uma falsificação oportunista e deliberada da verdade. A insistência em afirmações facilmente desmascaradas – sobre a eficiência da cloroquina ou o respeito à Floresta Amazônica – pode ser simplesmente uma obsessão por “fake news” como método.  

“Uma mentira dita mil vezes torna-se verdade”, dizia Joseph Goebbels, ministro da propaganda na Alemanha nazista. Nesse cenário, o jornalismo profissional, que vive da busca da verdade, é mesmo um inimigo. Por isso o presidente quer “encher a boca do repórter de porrada” e sua ameaça é aceita como normal pelo muy amigo da República, nosso procurador-geral, Aras, que desmerece o significado do prenome Augusto, o venerável. 

Como manter a esperança e a sanidade no apocalipse? Como não entrar em pânico diante da mistura de nacionalismo, armas, fanatismo religioso, milícia e desprezo por fatos e números? Alguns se refugiam na fé. Não é meu caso. A saída pode ser o aeroporto. 

A opção mais admirável é resistir e se aferrar à perspectiva histórica dos ciclos da humanidade, com suas pestes, seus êxodos, suas crises e guerras convencionais ou civis. Não sejamos ingênuos. Não vamos melhorar nem renascer após a pandemia. Mas “todo cambia”, como canta Mercedes Sosa. Devemos olhar Bolsonaro como uma “corcova da História” e não como uma tendência. Essa expressão é do economista Sérgio Besserman, um estudioso da tribo global do homo sapiens. Besserman enxerga benefícios na pandemia, entre eles a falência do “mais, mais e mais” e do “ter, ter e ter”. 

“Estamos numa revolução do porte do Iluminismo, do Renascimento. Tudo isso é amendoinzinho (peanuts) comparado com as próximas décadas. Se não fizermos nada, iremos para o pior cenário do aquecimento global. Para a extinção das espécies. O mundo precisa se preocupar com 100 anos à frente. Parecia que estava tudo bem? Metade dos gases estufa da atmosfera foi emitida nos últimos 30 anos, quando a gente já sabia de tudo e não fazia nada. E por isso a adolescente sueca Greta Thunberg tem razão”. 

Em novembro, na eleição presidencial americana, o mundo decidirá se a corcova se prolongará ou não. Se Trump for reeleito, sua vitória dará legitimidade ao discurso de Bolsonaro e de autoritários nacionalistas, populistas e xenófobos, como Orbán na Hungria, Erdogan na Turquia, Maduro na Venezuela, Putín na Rússia, Modi na Índia, Boris na Grã-Bretanha. 

Se Joe Biden derrotar Trump, Bolsonaro ficará sem seu maior aliado na ostentação da mentira e do “bullshit”. Besserman vai além: “Todos esses nacionalistas, ressentidos e saudosistas de ditaduras, de impérios, ou da sharia (a lei islâmica), se tornarão um bando de meia dúzia de malucos com a brocha na mão”. Assim espero. O desejo não move o mundo?

Ruth de Aquino, a autora deste artigo, nasceu no Rio de Janeiro. Jornalista desde 1974. Mestrado em Londres sóbre Ética na imprensa. Foi repórter, editora, diretora de redação, correpsondente em Londres e Paris. Escreve sobre o ser humano e suas contradições. Email; ruth.aquino@globo.com.br. Este artigo foi publicado originalmente por Época, em 19.09.2010.

Mundo chega a 30 milhões de casos de covid-19 e países retomam lockdowns

Novo aumento no número de casos e mortes na Europa já motivam governos a retomar medidas mais severas de isolamento; EUA, Brasil e Índia ainda lideram número de casos e mortes

Os contágios de covid-19 no planeta superaram a marca dos 30 milhões, de acordo com o levantamento em tempo real da Universidade Johns Hopkins. O número de mortes, segundo a mesma instituição, ultrapassou os 945 mil. Apesar do avanço da pandemia, países adotam lockdowns parciais e tentam retomar a 'normalidade' enquanto não há perspectiva de uma vacinação universal a curto prazo. 

Nesta sexta-feira, o governo do Reino Unido advertiu que poderá retomar o confinamento na Inglaterra após observar o aumento do número de casos, com as taxas de hospitalização dobrando a cada oito dias, segundo o Ministério da Saúde.

PIB Reino Unido

Homem usando máscara caminha em rua comercial vazia em Londres. Foto: Tolga Akmen/AFP

"Queremos evitar um confinamento nacional, mas estamos preparados para fazer isso, se necessário", disse o ministro da Saúde, Matt Hancock, à rede BBC. "Estamos preparados para fazer o que for necessário, tanto para proteger vidas, quanto para proteger a economia." 

De acordo com Hancock, novas restrições serão aplicadas a partir desta sexta em partes do nordeste da Inglaterra. Em várias cidades da região, que somam quase dois milhões de habitantes, ficará proibido o encontro entre pessoas que vivam em casas diferentes, e todos os locais de entretenimento terão de permanecer fechados entre 22h e 05h.

Além da Inglaterra, Israel começou a aplicar um segundo lockdown de sua população nesta sexta-feira devido ao ressurgimento da pandemia no país, que tem a maior taxa de contágio das últimas duas semanas.

O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu alertou sobre "um aumento preocupante de infecções e pacientes gravemente doentes" para justificar o confinamento de três semanas, que coincide com alguns dos principais feriados judaicos, como o Yom Kipur. Um lockdown foi imposto no final de março e levantado em maio com a diminuição das contaminações, mas na semana passada os novos casos atingiram máximas diárias de mais de 5 mil diagnósticos positivos.

Israel / Coronavirus


        Judeus ultraortodoxos rezam separados por barreiras de plásticos em sinagoga. Foto: AP                                                                            Photo/Oded Balilty

A lista dos mortos - que já são 946.685 no mundo - é encabeçada pelos Estados Unidos, com 197.633. Na sequência, Brasil e Índia somam 135.031 e 84.372 mortes, respectivamente. Quanto ao número de casos, os três países também ocupam os primeiros lugares do ranking, com Brasil e Índia invertendo de posição.

OMS faz alerta sobre níveis de contágio 

Nesta semana, a Organização Mundial da Saúde alertou que o nível de transmissão da covid-19 na Europa está mais alto do que na primeira onda da pandemia, entre março e abril. A entidade se declarou preocupada com a redução do tempo de quarentena decidida ou planejada por alguns países, como a França. 

Novos surtos da epidemia e a maior quantidade de testes, em comparação com a onda de março-abril, levaram o número diário de casos a algo entre 40 mil e 50 mil. Na primeira onda, o dia 1º de abril registrou o recorde de 43 mil contágios, de acordo com a OMS Europa. O novo recorde absoluto diário foi registrado em 11 de setembro, com 54 mil contágios em 24 horas.

Austria Coronavirus


Em frente ao Palácio de Hofburg, algumas pessoas usam máscara. Foto: Leonhard Foeger

Na Áustria, que vem apresentando números tão altos quanto no primeiro semestre, o premiê Sebastian Kurz admitiu nesta semana que a intensidade dos novos contágios já configura uma segunda onda. O país retomou medidas restritivas. “A partir de agora, eventos em locais fechados não poderão ter mais de 10 pessoas. Estamos diante de um crescimento exponencial de novos casos na Áustria”, afirmou o premiê.

 “Os números de setembro deveriam servir de alerta para todos nós na Europa, onde o número de casos é superior aos registrados em março e abril”, disse o diretor da OMS no continente, Hans Kluge, que pediu atenção com a chegada do outono e com o início do ano escolar.

O governo da Grécia também adotou restrições, fechando bares de música ao vivo por 14 dias e tornando obrigatório o uso de máscaras em locais fechados – públicos e privados. Feiras e mercados abertos só poderão operar com 50% da capacidade. Além disso, diante do aumento dos contágios, Atenas e sua região metropolitana foram colocadas em alerta.

Espanha coronavirus


No centro de Madri, pessoas usam máscaras para tentar conter avanço do novo coronavírus. Foto: AP Photo/Manu Fernandez

Na Espanha, a maior preocupação é com Madri, a capital que responde por quase um terço dos 122 mil novos casos registrados nas últimas duas semanas. O  Ministério da Saúde alertou que a capacidade de alguns hospitais madrilenhos está perto do limite. A velocidade dos contágios também começou a afetar a capacidade de testagem. No país, 13% dos testes têm resultado positivo, cenário agravado na capital, onde o índice de positividade chega a 22%.

Olivier Véran, ministro da Saúde da França, incluiu as cidades de Lyon e Nice na lista de “zonas vermelhas” do país na quinta-feira, 17. O país agora tem 28 departamentos em estado crítico, entre eles Paris, Marselha, Bordeaux e Guadalupe, ilha francesa no Caribe. “Peço que, especialmente nas regiões mencionadas, os esforços sejam redobrados e para reduzir o número de encontros entre as pessoas”, afirmou.

Na América Latina e no Caribe, o coronavírus já provocou mais de 318 mil mortes e 8,5 milhões de contaminações. No Peru, onde há mais de 750 mil casos, o toque de recolher noturno e de domingo será flexibilizado graças a uma melhora recente nos números.  / AFP, Reuters e EFE 

Publicado originalmente por O Estado de S.Paulo, 18.09.20, atualizado às 14,09 hs.

O Brasil tem 135.203 mortes por coronavírus confirmadas até as 13h desta sexta-feira (18)

Desde o balanço das 20h de quinta-feira (17), 8 estados atualizaram seus dados: BA, CE, GO, MG, MS, PE, RN e RR.


Veja os números consolidados:

135.203 mortes confirmadas

4.466.828 casos confirmados

Às 8h, o consórcio de imprensa publicou a primeira atualização do dia com 135.066 mortes e 4.457.569 casos.

Na quinta-feira, às 20h, o balanço indicou: 135.031 mortes, 857 em 24 horas. Com isso, a média móvel de novas mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 779 óbitos, uma variação de -9% em relação aos dados registrados em 14 dias.

Sobre os infectados, já são 4.457.443 brasileiros com o novo coronavírus, 35.757 desses confirmados no último dia. A média móvel de casos foi de 31.097 por dia, uma variação de -22% em relação aos casos registrados em 14 dias.

Progressão até 17 de setembro

No total, 2 estados apresentaram alta de mortes: RO e PE

A BA e o AP, que apresentavam tendência de queda nos óbitos, agora estão estável. O DF e os estados de MT, PI, SE e TO estavam em estabilidade e, hoje, mostram queda.

Estados

Subindo (2 estados): RO e PE.

Em estabilidade, ou seja, o número de mortes não caiu nem subiu significativamente (11): PR, RS, MG, RJ, SP, GO, MS, AP, PA, BA e MA.

Em queda (13 estados e o DF): SC, ES, DF, MT, AC, AM, RR, TO, AL, CE, PB, PI, RN e SE.

Essa comparação leva em conta a média de mortes nos últimos 7 dias até a publicação deste balanço em relação à média registrada duas semanas atrás (entenda os critérios usados pelo G1 para analisar as tendências da pandemia).

Fonte: G1 / O Globo, Globo News

"Monitoramento da Amazônia corre risco real sob Bolsonaro"

Em entrevista, Gilberto Câmara, ex-diretor do Inpe, diz que governo brasileiro inventa inimigos ao atacar instituto e tenta desviar foco, enquanto floresta queima por inação das autoridades.

Floresta destruída nos arredores de Apuí, no Amazonas

Responsável há 30 anos pelo sistema de monitoramento via satélite da Amazônia, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) voltou a ser atacado pelo governo Jair de Bolsonaro.

Após a alta recorde na primeira quinzena de setembro das queimadas na maior floresta tropical e na maior área inundável do mundo, o Pantanal, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que os dados não seriam reais e que "alguém no Inpe é contra o governo".

Para Gilberto Câmara, ex-diretor do Inpe e candidato ao cargo novamente, os ataques demonstram o desespero do governo frente à repercussão internacional e sua incapacidade de resolver o problema.

Em entrevista à DW Brasil, Câmara diz enxergar um risco real de interrupção da divulgação pública dos índices de desmatamento e queimada.

Deutsche Welle: Diante da alta das queimadas na Amazônia e em outros biomas, o vice-presidente Hamilton Mourão voltou a atacar os dados produzidos via observação de satélites pelo Inpe e afirmou que "alguém no Inpe é contra o governo". Como você, ex-diretor da instituição e candidato que concorre ao posto neste momento, olha para essas críticas? Elas têm algum fundamento?os.

Gilberto Câmara: É uma continuação do que já vem acontecendo desde que Jair Bolsonaro atacou Ricardo Galvão (ex-diretor do Inpe, exonerado em agosto de 2019 por rebater os ataques de Bolsonaro sobre taxas de desmatamento na Amazônia).

O Inpe está reproduzindo uma realidade, o Inpe não está fazendo política. E o Inpe mostrou que as queimadas aumentaram muito na Amazônia, apesar da promessa de que o governo agiria. Mas o governo não está agindo, de jeito nenhum. Está acontecendo uma situação em que o governo, na falta de qualquer alternativa, vai atrás de inimigos.

A lógica é: se você não está fazendo nada, tem que arrumar alguma coisa para fazer para justificar a sua falta de ação. Foi exatamente o que aconteceu no ano passado, a repetição dessa ideia de que tem um monte de inimigos no Inpe e que estão trabalhando contra o governo e que, portanto, os dados são ruins porque é o Inpe que produz. Eles não aceitam a realidade de que tudo esteja queimando.

É uma mentira total e deslavada. É uma tentativa meio desesperada, uma tentativa de desviar o foco sobre a própria incompetência do governo de agir. De certa forma é simples de entender, embora seja duro de aguentar.

Você vê riscos reais ao trabalho feito pelo Inpe e ao futuro das pesquisas desenvolvidas no instituto e a divulgação ampla e pública dos dados.

Vejo, claro. Se você admite que o Inpe é uma instituição científica séria, você não pode questionar os dados. O desespero é tal que seria preciso fechar o Inpe, fechar os dados, censurá-los, parar de produzi-los para que não tivéssemos mais os dados da Amazônia. Assim, eles (o governo Bolsonaro) poderiam produzir os próprios dados dizendo mentiras.

É um cenário real. Ele depende, evidentemente, da reação da população. Pelo Mourão, ele já teria feito isso. Mas não fez ainda porque as pessoas, a imprensa, estão preocupadas. Mas, se deixarem, Mourão faz isso.

Eu vejo riscos concretos. Porque ele está desesperado. Quem está desesperado toma decisões desesperadas.

Recentemente, o Ministério da Defesa manifestou o interesse na compra de um novo satélite para produzir dados sobre desmatamento da Amazônia, o que o Inpe faz há 30 anos. Essa decisão teria a ver com esse cenário que citou?

São coisas diferentes. Isso seria um gasto de dinheiro que não vai para lugar algum. É preciso distinguir entre o satélite e a interpretação do satélite. O ministério queria contratar um satélite que não vai servir para nada, porque não tem condição de medir o desmatamento da Amazônia. É um satélite feito para monitorar gelo, no Ártico. Um satélite finlandês, muito bom para gelo, muito ruim para floresta.

Mas isso, de novo, é aquela manobra de fake news. Eu forço uma mentira, ou uma não verdade, para desviar a atenção da realidade. Eles dizem que o que falta é satélite, o que falta é dado, mas o que falta é a fiscalização. Os dados estão aí. O Brasil já reduziu desmatamento em 80% com os mesmos dados do Inpe.

Quais seriam as consequências para o Brasil se, de fato, o governo deixasse de publicar os dados sobre desmatamento e queimada de forma aberta?

Seriam terríveis. Acaba de sair uma carta assinada por embaixadores criticando o Brasil pelo desmatamento.

Acho que o objetivo do governo é criar condições para fechar o Inpe, no sentido de que o instituto deixe de produzir dados, tirar essa função dele. O desespero está muito grande. Nós iremos viver momentos difíceis. Dependemos muito da reação da sociedade. Ano passado foi o Galvão, agora vemos isso de novo.

Consequências óbvias são que o Brasil vai aumentar sua posição de pária. E isso não vai facilitar em nada qualquer acordo comercial. Vários setores exportadores da economia dependem do fato de o governo conseguir baixar o desmatamento. Ações no sentido de prejudicar o Inpe atingem, de fato, muito o instituto, mas prejudicam muito mais o Brasil. Só que esse governo está achando que consegue que a sociedade engula isso. Então haverá muita briga na sociedade.

Como está o processo para a escolha do novo diretor do Inpe, cargo que você já ocupou e ao qual concorre novamente?

Eu não sei o que vai acontecer. Vamos ter que esperar.

Fonte: Deutsche Welle

França reitera oposição ao acordo Mercosul-UE

Após receber relatório de especialistas, governo em Paris diz que continua contra pacto comercial com sul-americanos devido a motivos ambientais, formulando três "exigências", incluindo a contenção do desmatamento.

Queimada em Apuí, no Amazonas

Destruição da Amazônia: relatório diz que pacto com Mercosul pode acelerar o desmatamento na América do Sul

O governo francês anunciou nesta sexta-feira (18/09) que mantém sua oposição ao acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul devido a motivos ambientais e formulou três "exigências", incluindo o respeito ao Acordo de Paris.

Paris anunciou sua posição após receber um relatório encomendado pelo governo francês a uma comissão de especialistas independentes para analisar os riscos ambientais do acordo, enquanto crescem na Europa as vozes reticentes à sua entrada em vigor.

O estudo, que  havia sido adiantado pelo jornal Le Monde nesta quinta-feira, apontou que o pacto tem potencial de acelerar ainda mais o desmatamento na América do Sul e não prevê mecanismos suficientes para assegurar o combate às mudanças climáticas e proteção da biodiversidade.

Na avaliação da comissão de experts, o acordo de livre-comércio deve favorecer a abertura de novas áreas de pastagem no bloco sul-americano, com objetivo suprir o aumento da produção de carne bovina destinada à UE. Segundo os cálculos do painel, o ritmo de desmatamento pode aumentar a uma taxa anual de 5% nos seis anos seguintes à implementação do acordo. A destruição poderia chegar a 700.000 hectares (uma área maior que o Distrito Federal).

O informe estima também que "entre 4,7 milhões e 6,8 milhões de toneladas equivalentes de CO2" seriam geradas pelo acordo. Os especialistas ainda questionam se os "ganhos econômicos" do pacto superam "os custos climáticos", com base em um valor de carbono de 250 euros por tonelada.

O documento, de 184 páginas, também classifica o atual acordo entre a UE e o Mercosul, formalizado em junho de 2019, como uma "oportunidade desperdiçada" por parte do bloco europeu. Segundo os especialistas, não foram obtidas garantias suficientes para fins ambientais e sanitários.

Segundo o comunicado emitido pelo governo nesta sexta, o relatório ressalta "o insuficiente nível de ambição” do projeto do acordo comercial como ferramenta para conseguir que os países do Mercosul tenham mais consideração pela biodiversidade e o problema climático.

"O projeto de acordo não contém nenhuma disposição que permita controlar as práticas dos países do Mercosul em matéria de luta contra o desmatamento. Sobretudo isso é o que falta a esse acordo, e essa é a razão principal pela qual as autoridades francesas se opõem ao projeto em seu estado atual", declarou o governo.

Em nota, o gabinete do primeiro-ministro francês, Jean Castex, apontou que a UE deve continuar negociando com o Mercosul para garantir três pontos: frear o desmatamento; o respeito ao Acordo de Paris sobre o clima; e que os produtos importados dos países do bloco sul-americano cumpram as normas ambientais e sanitárias europeias.

Críticas a Bolsonaro

Para entrar em vigor, o acordo – fechado em junho 2019 após 20 anos de negociações – depende da ratificação de todos os países envolvidos. À época, o governo do presidente Jair Bolsonaro celebrou o desfecho como um triunfo da política externa, mas não parou de se antagonizar em questões ambientais com vários países da UE, reforçando rapidamente a resistência ao pacto.

A França, que nunca demonstrou entusiasmo com a iniciativa por temores em relação ao seu próprio setor agrícola, acabou liderando a reação. No ano passado, o presidente Emmanuel Macron colocou como condição para a implementação do acordo de livre-comércio um reforço da proteção ambiental no Brasil. Em junho, ele explicou que o pacto foi finalmente fechado porque Bolsonaro oferecera garantias de preservação do meio ambiente brasileiro.

No entanto, em julho-agosto do mesmo ano, diante do crescimento dramático do desmatamento e queimadas no Brasil, Macron disse que pretendia bloquear a ratificação do acordo por causa da política ambiental de Bolsonaro. Na ocasião, o francês também acusou o brasileiro de mentir sobre compromissos firmados na área ambiental para garantir o sucesso do acordo.

As acusações provocaram uma reação furiosa e grosseira de Bolsonaro. O brasileiro chegou a endossar uma postagem de um seguidor no Twitter com comentários ofensivos sobre a aparência da primeira-dama Brigitte Macron, sugerindo que o francês teria "inveja" de Bolsonaro. Antes disso, Bolsonaro também cancelou em cima da hora um encontro com o ministro francês Jean-Yves Le Drian, em Brasília, e transmitiu uma live no barbeiro no mesmo horário em que a reunião deveria ocorrer.

Após Macron reagir, outros países europeus seguiram o exemplo diante da falta de ações do governo brasileiro em conter o desmatamento. Três parlamentos na Europa (Áustria, Holanda e o da região da Valônia, na Bélgica) já anunciaram que não darão seu aval ao acordo. O governo da Irlanda também já se manifestou nesse sentido.

Até o mês passado, a Alemanha ainda constava entre os defensores europeus do acordo. No ano passado, a chanceler federal Angela Merkel chegou a defender publicamente o pacto contra as críticas do Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão. 

Mas no fim de agosto, Merkel, em um claro recado ao Brasil, disse ter "sérias dúvidas” sobre a implementação do acordo. Sua ministra da Agricultura já se posicionou contrFrança reitera oposição ao acordo Mercosul-UE

Após receber relatório de especialistas, governo em Paris diz que continua contra pacto comercial com sul-americanos devido a motivos ambientais, formulando três "exigências", incluindo a contenção do desmatamento.

Fonte: Deutsch Welle.

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Com recorde de queimadas no Pantanal, Bolsonaro diz que Brasil 'está de parabéns' na preservação do meio ambiente

Na quarta-feira (16), um grupo de oito países enviou uma carta ao governo brasileiro afirmando que o desmatamento pode prejudicar as compras de produtos brasileiros

O presidente Jair Bolsonaro Foto: Marcos Correa / Divulgação O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (17) que o “Brasil está de parabéns” pela forma como preserva o seu meio ambiente. A declaração foi dada durante a inauguração de uma usina fotovoltaica no interior da Paraíba e acontece em meio ao aumento recorde nas queimadas no Pantanal e um dia depois de um grupo de oito países enviar uma carta ao governo brasileiro afirmando que o desmatamento pode prejudicar as compras de produtos brasileiros.

— O Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente e, não entendo como, é o país que mais sofre ataques no tocante ao seu meio ambiente. O Brasil está de parabéns pela maneira como preserva o seu meio ambiente. — afirmou Bolsonaro durante a cerimônia.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam um aumento de 208% nas queimadas no Pantanal entre 1º de janeiro e 16 de setembro deste ano em relação ao mesmo período de 2019. Neste ano, foram registrados 15.756 focos de incêndio no bioma, o maior número desde que o monitoramento começou. Segundo o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pelo menos 2,9 milhões de hectares do Pantanal já foram destruídos pelo fogo, o equivalente a 19% de toda a sua área. Na Amazônia, o aumento das queimadas é de 12%.

PANTANAL EM CHAMAS: QUEIMADAS CRESCERAM 210% NESTE ANO, SEGUNDO DADOS DO INPI

Onça-pintada macho ferido pelo incêndio caminha à beira de um rio, no Parque Encontros das Águas, na região de Porto Jofre, no Pantanal mato-grossense Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Jacaré morto ao lado da estrada do parque Transpantaneira, no Pantanal, no Mato Grosso, que enfrenta um dos piores incêndios em mais de 47 anos, destruindo vastas áreas de vegetação e causando a morte de animais pegos pelo fogo ou fumaça Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Bombeiros do Mato Grosso trabalham para apagar um incêndio florestal na região de Porto Jofre, no Pantanal próximo à rodovia Parque da Transpantaneira Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Funcionário de um fazenda tenta apagar um incêndio na propriedade em que trabalha no Pantanal, em Pocone, Mato Grosso Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS - 26/008/2020

Um jacaré morto é visto no Pantanal na estrada do parque Transpantaneira, no estado de Mato Grosso. O Pantanal está sofrendo seus piores incêndios em mais de 47 anos, destruindo vastas áreas de vegetação e causando a morte de animais pegos no fogo ou fumaça Foto: MAURO PIMENTEL / AFP - 12/09/2020

Um guia turístico caminha ao lado de uma carcaça de búfalo encontrada dentro de uma área queimada, enquanto busca sinais de uma onça-pintada ferida, na estrada do parque da Transpantaneira) Foto: MAURO PIMENTEL / AFP - 13/09/2020

Um carcará é visto pegando água de uma poça de lama no Pantanal, na estrada do parque da Transpantaneira. Queimadas na região cresceram 210% neste ano, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) Foto: MAURO PIMENTEL / AFP - 13/09/2020

Um voluntário joga água para controlar um incêndio usando um caminhão-pipa para proteger uma ponte de madeira – uma das 119 existentes na Estrada do Parque da Transpantaneira – no Pantanal Foto: MAURO PIMENTEL / AFP - 13/09/2020

Um voluntário joga água para controlar um incêndio usando um caminhão-pipa para proteger uma ponte de madeira – uma das 119 existentes na Estrada do Parque da Transpantaneira – no Pantanal Foto: MAURO PIMENTEL / AFP - 13/09/2020

Uma vista aérea mostra a fumaça subindo ao redor do rio Cuiabá, no Pantanal, em Pocone, Mato Grosso. Número de incêncios no bioma, em relação ao ano passado, saltou de 4.660 para 14.489 no período entre 1º de janeiro e 12 de setembro Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS - 28/08/2020

Um jacaré morto é visto na estrada do parque Transpantaneira. Pantanal é a área ambiental que tem registrado o maior crescimento de incêndios desde o primeiro do governo Bolsonaro Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Vista aérea de uma casa cercada por vegetação queimada no Pantanal, em Pocone, no Mato Grosso. Dados do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) apontam que uma área equivalente a 2,2 milhões de hectares foi consumida pelas queimadas, o equivalente a 15% do bioma Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS - 28/08/2020

Imagem de folheto divulgada pelo Projeto Solos mostra um guaxinim morto durante um incêndio no Pantanal. Satélites do Inpe já detectaram 12.703 focos ativos de incêndio até meados de setembro Foto: IBERE PERISSE / AFP - 27/08/2020

Um voluntário resgata um porco-espinho na estrada do parque da Transpantaneira Foto: MAURO PIMENTEL / AFP - 13/09/2020

Uma onça-pintada caminha em meio à fumaça de um incêndio próximo, no Parque Estadual Encontro das Águas, no Pantanal, bioma que até então é um dos mais preservados do país, abrigando espécies ameaçadas de extinção Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS 

Raposas são vistas comendo uma melancia deixada por protetores de animais no Parque Transpantaneira Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Ariranha come peixe enquanto nada no rio Cuiabá, em meio à fumaça de um incêndio, dentro do Parque Estadual Encontro das Águas Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS

Gado caminha em uma área recentemente queimada do Pantanal na estrada do parque Transpantaneira Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Uma cobra morta é encontrada morta em uma área queimada por um incêndio no Pantanal, maior planície alagada do mundo Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS

Funcionário de uma fazenda Um vê a fumaça de um incêndio subindo no ar no Pantanal. Incêndios que atingem a região há dois meses são os maiores da história Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS

Em relação ao desmatamento na Amazônia, o Inpe detectou um aumento de 34,5% entre agosto de 2019 e julho de 2020 em comparação com o mesmo período dos anos de 2018 e 2019.

Na quarta-feira (16), um grupo composto por Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Itália, Noruega e Reino Unido enviou uma carta ao governo brasileiro dizendo que a alta no desmatamento dificultava investimentos e transações comerciais de empresas desses países com o Brasil.

“Enquanto os esforços europeus buscam cadeias de suprimentos não vinculadas ao desflorestamento, a atual tendência crescente de desflorestamento no Brasil está tornando cada vez mais difícil para empresas e investidores [da Europa] atender a seus critérios ambientais, sociais e de governança”, diz um trecho da carta.

O grupo, que faz parte da Parceria das Declarações de Amsterdã (com exceção da Bélgica), diz que a sociedade civil europeia está preocupada com as taxas de desmatamento registradas recentemente no Brasil.

“Os países que se reúnem através da Parceria das Declarações de Amsterdã compartilham da preocupação crescente demonstrada pelos consumidores, empresas, investidores e pela sociedade civil Europeia sobre as atuais taxas de desflorestamento no Brasil”, disse o grupo.

Na quarta-feira, ao chegar ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro já havia feito críticas aos comentários fora do país sobre o aumento das queimadas no país. Segundo ele, as críticas internacionais são “desproporcionais”.

“(Existem) críticas desproporcionais à Amazônia e ao Pantanal. A Califórnia está ardendo em fogo, a África tem mais foco que o Brasil”, afirmou o presidente.

Publicado originalmente por O Globo, em 17/09/2020 - 13:18 / Atualizado em 17/09/2020 - 15:5.hs

Darwinismo social

O algoz dos pobres não é o teto de gastos, mas a indiferença dos que só pensam em eleição

A cada nova ideia produzida no Ministério da Economia sob o comando de Paulo Guedes para encontrar meios de financiar os projetos encomendados pelo presidente Jair Bolsonaro, fica mais evidente a vocação darwinista social de um governo que se elegeu sob a bandeira do liberalismo.

Liberalismo nada tem a ver com darwinismo social. O verdadeiro liberal jamais consideraria empobrecer a população, reduzindo a capacidade dos mais vulneráveis de usufruir integralmente das liberdades prometidas pela democracia. Ao contrário: o liberalismo digno do nome entende que a interferência estatal se faz necessária justamente para criar condições para que todos e cada um dos cidadãos tenham chances de prosperar. Um Estado que, em vez disso, amplia os obstáculos para os mais pobres, seja qual for o pretexto, não é movido pela razão liberal, e sim pelo mais perverso espírito da lei da selva.

É assustadora a lista de propostas do governo Bolsonaro que castigam os pobres a pretexto de ajudá-los. A mais recente, para ajudar a financiar o Renda Brasil – substituto bolsonarista do petista Bolsa Família –, congelaria as aposentadorias por dois anos, sem a reposição nem mesmo da inflação. Outra ideia do mesmo naipe era taxar o seguro-desemprego com o objetivo de bancar um programa de geração de empregos para jovens. Quem formulou tais propostas ou “não tem um mínimo de coração”, como disse Bolsonaro, ou o fez com o objetivo de chocar a sociedade para demonstrar que afinal é impossível fazer o que exige o presidente: ampliar gastos sem cortar despesas nem mexer com privilégios.

Como se sabe, Bolsonaro quer tudo sem abrir mão de nada. Um exemplo é a reforma administrativa. Sob pressão diante do engessamento orçamentário causado em parte pelas despesas com salários de servidores, o presidente aceitou encaminhar enfim uma proposta de reforma do serviço público, mas exigiu que não valesse para os atuais funcionários. Ou seja, é uma reforma apenas para cumprir tabela.

O mesmo espírito presidiu a conturbada formulação do Renda Brasil. Bolsonaro queria um programa de transferência de renda melhor do que o Bolsa Família, mas, para bancá-lo, não aceitou que se reduzisse nenhum outro programa social nem avalizou discussões sobre corte de subsídios e isenções. Ao contrário, sempre que pode, como no caso da isenção fiscal para igrejas, defende esse tipo de benefício, herança patrimonialista que Bolsonaro não faz questão nenhuma de extinguir, malgrado suas promessas de modernização do País.

A hora da verdade, contudo, se aproxima: no final do ano, o auxílio emergencial para quem perdeu renda na pandemia de covid-19 vai se extinguir, e o presidente, que está em campanha pela reeleição desde que tomou posse, tem todo o interesse em continuar a distribuir dinheiro a esses eleitores, que de muito agradecidos tendem a ficar muito contrariados com o fim da ajuda. O problema é que o pagamento do auxílio emergencial só foi possível porque está enquadrado no chamado “orçamento de guerra”, que, a título de combater a pandemia, permite gastos acima do teto. No ano que vem, salvo alguma manobra irresponsável, essa despesa já não será mais permitida.

Bolsonaro vai criando assim a atmosfera apropriada para a desmoralização do teto de gastos e para a recriação da famigerada CPMF, oferecida pelo ministro Paulo Guedes como fórmula mágica para entregar os programas de emprego e renda bolsonaristas enquanto mantém outros benefícios sociais e desonera a folha de pagamentos.

Se isso prosperar, mais uma vez a conta será paga pelos pobres. A CPMF é eminentemente regressiva, pois afeta toda a cadeia produtiva nas duas pontas da transação financeira, elevando preços. Já a irresponsabilidade fiscal, como está mais do que provado, pode ser muito útil para os demagogos, mas é péssima para o País, pois pressiona a inflação e os juros e inibe investimentos, dificultando a geração de empregos e o crescimento da renda.

Que fique claro de uma vez por todas: o algoz dos pobres não é o teto de gastos, mas a indiferença cruel daqueles que só pensam em eleição.

Editorial / Notas & Informações, O Estado de S.Paulo
17 de setembro de 2020 | 03h00

Brasil tem 134.363 óbitos confirmados e 4.430.227 diagnósticos de Covid-19.

Brasil tem 134.363 mortes por coronavírus, diz consórcio de veículos de imprensa

O Brasil tem 134.363 mortes por coronavírus confirmadas até as 13h desta quinta-feira (17), segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde.

Desde o balanço das 20h de quarta-feira (16), 7 estados atualizaram seus dados: BA, CE GO, MG, MS, PE e RR.

Veja os números consolidados:

134.363 mortes confirmadas

4.430.227 casos confirmados

Às 8h, o consórcio publicou a primeira atualização do dia com 134.198 mortes e 4.422.025 casos

Na quarta-feira, às 20h, o balanço indicou: 134.174 mortes, 967 em 24 horas. Com isso, a média móvel de novas mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 789 óbitos, uma variação de -8% em relação aos dados registrados em 14 dias.

Em casos confirmados, o balanço da noite de quarta registrou 4.421.686 brasileiros com o novo coronavírus desde o começo da pandemia, 37.387 desses confirmados no último dia. A média móvel de casos foi de 31.765 por dia, uma variação de -21% em relação aos casos registrados em 14 dias.

No total, 2 estados apresentaram alta de mortes: RO e PE

Estados

Subindo (2 estados): RO e PE.

Em estabilidade, ou seja, o número de mortes não caiu nem subiu significativamente (13 estados e o DF): PR, RS, MG, RJ, SP, DF, GO, MS, MT, PA, TO, MA, PI e SE.

Em queda (11 estados): SC, ES, AC, AM, AP, RR, AL, BA, CE, PB e RN.

Essa comparação leva em conta a média de mortes nos últimos 7 dias até a publicação deste balanço em relação à média registrada duas semanas atrás (entenda os critérios usados pelo G1 para analisar as tendências da pandemia).

Estados com a média de mortes em alta — Foto: Arte G1



Estados com a média de mortes estável — Foto: Arte G1



Consórcio de veículos de imprensa

Os dados sobre casos e mortes de coronavírus no Brasil foram obtidos após uma parceria inédita entre G1, O Globo, Extra, O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e UOL, que passaram a trabalhar, desde o dia 8 de junho, de forma colaborativa para reunir as informações necessárias nos 26 estados e no Distrito Federal (saiba mais).

Fonte: G1 - 17/09/2020 08h00  Atualizado há 2 horas