Agora, ela vai comandar Cinemateca, em São Paulo; nome do substituto ainda não foi confirmado mas expectativa é que o ator Mário Frias assuma
Após dias de "fritura", o presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quarta-feira, 20, a demissão da atriz Regina Duarte do cargo de secretária de Cultura. Segundo postagem nas redes sociais, ela vai assumir o comando da Cinemateca Brasileira, que fica em São Paulo. O nome do substituto ainda não foi confirmado. O nome do substituto ainda não foi confirmado. A expectativa é que o ator Mário Frias, apoiador de Bolsonaro, fique com o cargo.

Regina Duarte durante reunião no Palácio do Planalto, no último dia 6 de maio. Foto: Isac Nobrega/PR
A demissão pelo WathsApp
Jair M. Bolsonaro
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Regina Duarte relatou que sente falta de sua família, mas para que ela possa continuar contribuindo com o Governo e a Cultura Brasileira assumirá, em alguns dias, a Cinemateca em SP. Nos próximos dias, durante a transição, será mostrado o trabalho já realizado nos últimos 60 dias
“Olha, pessoal, eu vim aqui perguntar para o presidente se ele realmente está me fritando, que eu estou lendo na imprensa que eu não acredito mais. De qualquer forma, eu queria que ele me dissesse pessoalmente. O senhor está fritando, presidente?”, perguntou a atriz.
O presidente, por sua vez, acusou a imprensa de que querer desestabilizar o governo. “Regina, toda semana tem um ou dois ministros que, segundo a mídia, estão sendo fritados. O objetivo é sempre desestabilizar a gente e tentar jogar o governo no chão. Não vão conseguir. Jamais eu fritar você.”
Ao anunciar a mudança, pouco mais de dois meses após assumir a secretaria de Cultura, Regina diz que assumir a Cinemateca é um "sonho de qualquer pessoa de comunicação, audiovisual, cinema e teatro". Na prática, ela assumirá um posto em que será subordinada ao seu substituto na secretaria.
"Ficar ali secretariando o governo dentro da Cultura na Cinemateca. Tem presente melhor que esse? Pode ter um presente melhor que esse? Obrigado presidente", diz a atriz. O presidente afirma que quer o bem da atriz e que ela “vai ser mais feliz e produzir mais” trabalhando na Cinemateca perto de seu apartamento em São Paulo”. Ele diz ainda no vídeo querer que a agora ex-secretária o acompanhe em todas suas idas à capital paulista. “Então é um presente duplo. É a Cinemateca e estar próximo da minha família que algo que estou desejando muito”, disse Regina que termina o vídeo abraça a Bolsonaro.
O anúncio desta quarta-feira, 20, ocorreu um dia após o presidente compartilhar nas redes sociais um vídeo em que o ator Mário Frias fala sobre a possibilidade de assumir o cargo da colega de profissão.
O vídeo publicado nesta terça pelo presidente é uma entrevista de Frias à emissora CNN Brasil, exibida no dia 6 de maio, em que o ator diz torcer por Regina Duarte, mas que está à disposição de Bolsonaro. “Para o Jair, o que ele precisar estou aqui”, afirma o ator.
Na gravação, publicada com cortes, Frias defende o presidente e diz que Bolsonaro é “preocupado com o povo” e “defende os três Poderes”.
A entrevista com o ator ocorreu no mesmo dia em que Regina havia se reunido com Bolsonaro no Palácio do Planalto. Na ocasião, o presidente havia demonstrado insatisfação pública com a atuação da secretária e renomeado o maestro Dante Mantoavani no comando da Funarte. O maestro havia sido afastado do cargo logo após a posse da nova secretária. No fim do dia, a nomeação foi suspensa, mas o gesto foi visto no governo como um processo de “fritura” de Regina.
Depois do encontro, em outro gesto considerado como parte do processo de "fritura", o número 2 da pasta, o secretário especial adjunto, Pedro José Vilar Godoy Horta, foi exonerado do cargo. A demissão, publicada em edição extra do Diário Oficial de sexta-feira, 15, levou a assinatura do ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto.
Como revelou o Estadão, Bolsonaro estava incomodado com a ausência de Regina em Brasília e acredita que a secretária é suscetível ao setor “todo de esquerda”. Já a secretária se sente desprestigiada e pressionada pela “ala ideológica” do governo.
Jussara Soares e Emilly Behnke, O Estado de S. Paulo
20 de maio de 2020 | 10h08
Atualizado 20 de maio de 2020 | 11h32
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