quarta-feira, 22 de julho de 2020

Sabez avec quem tu parles, monsieur? O TJ-SP sabe

Ao lado do caso repulsivo, há uma instituição repulsiva que lhe hospeda. 

O desembargador que sabia francês andava sem máscara pelo calçadão. Exercia sua “liberdade” de infectar, a liberdade teorizada por Paulo Guedes e praticada pelo presidente. Abordado por guarda municipal que, com base em lei e decreto, solicitou uso da proteção, o desembargador recitou as virtudes do perfeito idiota brasileiro, um idiota com distinção.

Chamou o guarda de analfabeto e rasgou a multa. O guarda mais tarde replicou: “O sr. é muito mais esclarecido do que todos nós”. O desembargador empoderado assentiu: “Óbvio!” E passou a expelir grunhidos para iniciados.

Escutei um “je donne des ‘aula’” e “Sorbonne”. Luiz Felipe de Alencastro, ex-professor da Universidade de Paris-Sorbonne, também não soube traduzir. Classificou o ruído de “javanês-francês”, língua arcaica que analfabetos não compreendemos.

Essa caricatura da persona odiosa, porém, ainda diz pouco sobre a magistocracia, fração do sistema de justiça que rejeita o Estado de Direito (aquele regime que tenta submeter autoridades públicas à lei). Para além do caso repulsivo, devemos enxergar a instituição repulsiva que lhe hospeda —o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

O TJ publicou comunicado em seu francês particular, um dialeto menos grosseiro. Disse que “não compactua com atitudes de desrespeito às leis” e “segue com rigor as orientações técnicas voltadas à preservação da saúde de todos”.

Meses atrás, o dialeto foi empregado pelo presidente do TJ numa resposta a essa coluna. O título exalava poesia: “Juiz paulista vive a virtude como dever legal”. Explicava que o Judiciário é “função que procura reduzir as diferenças”, Poder “mais próximo ao necessitado”.

Argumentava que a “magistratura bandeirante”, na sua “trincheira diuturna”, é “serva da Constituição e da lei”; que sua matéria-prima é “a fragilidade da espécie humana”, que “igualdade de tratamento é sempre de rigor”. Não admitia a “aniquilação moral de um Poder legítimo e de profissionais sérios, probos, dignos”.

A vida real, contudo, ignora abstrações. Por trás da jurispoética, o TJ é um monumento de desrespeito à lei (não só contra vulneráveis, mas também contra juízes “sérios, probos e dignos”).

O TJ precisa se fazer respeitar pelo que faz, não pelo que fala de si. Porque o que fala, nesse linguajar cafona, faz corar até as fechaduras do tribunal. Listo alguns exemplos, mas há material para um tratado da infâmia judicial.

Começo pelo massacre do Carandiru. Já se passaram 28 anos, 10 anos só de atrasos deliberados na tramitação do caso. Houve duas anulações de julgamento. Não violou só a Constituição e a lei, mas a sua própria jurisprudência. 111 mortes, nenhum condenado.

Em casos de tráfico de drogas, o TJ despreza literatura sociológica, ignora o STF e mantém classificação de crime hediondo para aprofundar o rigor da pena. É responsável pela maior taxa de encarceramento no terceiro país que mais encarcera no mundo.

A “perpetuação da espécie pode estar em risco”, disse desembargador citando “Walking Dead”. O TJ afirma que só quer “proteger a sociedade e os cidadãos de bem”. O crime organizado agradece a ajuda logística.

Por falar em ignorar órgãos do Estado, o TJ não gostou da recomendação 62 do Conselho Nacional de Justiça, que tenta mitigar impacto do coronavírus nas prisões. Rejeitou quase 90% dos habeas corpus de presos pertencentes a grupos de risco (idosos com hipertensão, portadores de HIV, tuberculose etc.), em sistema prisional com taxa de ocupação de 150%. “Só astronautas estão livres do coronavírus”, ponderou outro desembargador.

Podemos falar em parceria com a violência policial (e anulação de protocolos sobre bala de borracha). Podemos falar em encarceramento de mães e gestantes e da resistência a outra decisão do STF. Podemos falar em racismo e seletividade. E mal começamos.

Isso se chama corrupção magistocrática. A essa corrupção se responde com atos concretos e honestidade. Ou então com o francês grandiloquente da “corruption magistocratique”.

Conrado Hübner Mendes, o autor deste artigo, publicado originalmente na edição de hoje da Folha de São Paulo, é Professor de direito constitucional da USP; Doutor em direito e ciência política e Embaixador científico da Fundação Alexander von Humboldt.

"Seu" Corona segue vencendo "Dona" Cloroquina e não larga o pé do "seu" Jair

O presidente Jair Bolsonaro testou positivo para a covid-19 no teste realizado na terça-feira, 21, segundo a Secretaria Especial de Comunicação Social do Ministério das Comunicações. O presidente contava com um resultado negativo para "voltar à normalidade" e fazer viagens para o Nordeste.

"O presidente Jair Bolsonaro segue em boa evolução de saúde, sendo acompanhado pela equipe médica da Presidência da República", diz a nota da Secom.

Ontem, o presidente disse que tinha feito um novo exame e que a expectativa era que desse negativo. Ele tinha previsão de viajar para o Piauí e para a Bahia nos próximos dias. No Piauí, deveria visitar o Parque Nacional da Serra da Capivara. Também existia a possibilidade de ele participar da entrega de uma adutora do Ministério do Desenvolvimento Regional em Campo Alegre de Lourdes (BA).

O presidente anunciou em 7 de julho que testou positivo para covid-19. Desde então, Bolsonaro está em isolamento no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, de onde despacha por videoconferência com ministros e autoridades. Ele fez outro exame no dia 14, também positivo.

Dois ministros informaram nesta semana que receberam diagnóstico positivo para a covid-19: Onyx Lorenzoni (Cidadania) e Milton Ribeiro (Educação).

Após Bolsonaro afirmar ter sido diagnosticado com a covid-19, ao menos 13 ministros que se encontraram com o presidente também fizeram exames.

Paulo Guedes (Economia), Luiz Eduardo Ramos (Secretária de Governo), Braga Netto (Casa Civil), Levi Mello (AGU), Marcelo Alvaro Antonio (Turismo), Ricardo Salles (Meio Ambiente), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Roberto Campos Neto (Banco Central) realizaram testes, que deram negativo.

Os dados mais recentes da Secretaria-Geral da Presidência, de 10 de julho, indicam 128 casos de coronavírus no Planalto, onde trabalham 3.400 pessoas. No balanço anterior, com informações de 3 de julho, eram 108 infectados. Ou seja, no intervalo de uma semana foram confirmados mais 20 casos da doença, uma média de quase três novos por dia.

Segundo dados do consórcio de imprensa divulgados na terça-feira, o número total de mortos no País em virtude da pandemia chegou a 81.597. Mais de 2,1 milhões de brasileiros já foram infectados pelo novo coronavírus, conforme levantamento realizado pelo Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL junto às secretarias estaduais de Saúde.

O Brasil é a segunda nação do mundo com maior número de casos e mortes por covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos, que têm 3,8 milhões de infecções confirmadas e 141 mil óbitos, de acordo com a Universidade Johns Hopkins.

Tânia Monteiro e Julia Lindner, O Estado de S.Paulo
22 de julho de 2020 | 08h51


Obs. O título da matéria acima não é o do texto original. É da autoria do editor do blog.

Uma oportunidade histórica

Se nos unirmos podemos construir uma nação mais próspera, estável e menos desigual - propõe Luiz Felipe D'Avila, fundador do Centro de Liderança Pública (CLP) e autor do livro "10 Mandamentos - do País que Somos para o Brasil que queremos". Originalmente publicado n'O Estado de São Paulo hoje.

A crise da covid-19 obrigou-nos a encarar a dura realidade. Se o País continuar trilhando o caminho do sectarismo político, do capitalismo de Estado e do clientelismo social, vamos deixar para as próximas gerações um Brasil politicamente instável, fiscalmente falido e socialmente desigual. Os arroubos populistas contribuíram para aprofundar os males que já existiam antes da pandemia. A falta de coordenação política do governo desestabilizou a relação institucional entre os Poderes. O agravamento da tensão política com os governadores, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal colaborou para a formação da tempestade perfeita. Durante a pandemia nos tornamos um dos recordistas mundiais em número de mortes e sofremos uma das maiores quedas da atividade econômica entre os principais países.

A economia, que rastejava à beira da recessão antes da epidemia, voltou a mergulhar no crescimento negativo do PIB, estimado em torno de -6%. A dramática situação fiscal agravou-se com o aumento do gasto emergencial para enfrentar a crise, levando o País a uma dívida próxima de 100% do PIB. O desemprego, que já se encontrava num dos patamares mais elevados da História do Brasil, atingiu quase metade da população economicamente ativa. A extrema pobreza voltou a crescer, 15 milhões de brasileiros passaram a viver com menos de US$ 1,90 por dia. Mas momentos de impasse servem para repensarmos nossas ações, revermos nossos erros e mudarmos de atitude para corrigir a rota a ser trilhada.

Há sinais importantes de mudança de comportamento. O presidente da República trocou o tom belicoso por gestos conciliatórios com o Supremo e o Congresso. O vice-presidente reabriu o diálogo com empresários sobre as questões ambientais, buscando desanuviar a desconfiança dos investidores no País e reafirmar seu compromisso com o combate ao desmatamento na Amazônia. Os presidentes da Câmara e do Senado informaram que o Parlamento está pronto para retomar a votação das reformas e dos projetos de lei necessários para destravar o investimento e diminuir a insegurança jurídica no País. A sociedade civil também se mobilizou. O movimento Unidos pelo Brasil, lançado pelo CLP (www.clp.org.br), almeja unir a sociedade civil, o governo e o Congresso em torno de uma agenda vital para impulsionar a retomada da economia, do investimento privado e do emprego. O objetivo é aprovar um conjunto de medidas até dezembro para reavivar a confiança dos investidores e atacar o crescente problema da desigualdade social, sem clientelismo estatal.

A união da Nação em torno de uma agenda de prioridades demandará mudanças de atitude de todos nós. Se nossas preferências políticas, partidárias e ideológicas predominarem sobre a busca do diálogo e do entendimento com o Congresso e com o governo, as reformas não avançarão e a economia continuará oscilando entre a recessão e o baixo crescimento nos próximos dois anos. Para evitar a ruína do País precisamos deixar nossas preferências políticas e ideológicas para o embate eleitoral em 2022.

Se quisermos pavimentar o caminho da retomada do investimento privado e do emprego, será preciso enfrentar a pressão do corporativismo estatal e abandonar as reivindicações setoriais que buscam extrair benefícios do Estado. Teremos de dar prioridade à agenda nacional, como abertura econômica, privatização das estatais (que até agora não saiu do papel) e aprovação das reformas administrativa e tributária. Trata-se de medidas essenciais para aumentar a produtividade do governo e do setor privado. Ademais, é preciso transformar a educação na agenda prioritária do País. Não há futuro promissor numa nação onde 48% dos jovens abandonam a escola antes de concluir o ensino médio. Na era do conhecimento, a péssima qualidade da educação condenará uma geração de jovens ao desemprego e à dependência do Estado. Não se resolve a questão da desigualdade social criando dependentes do governo.

A igualdade de oportunidade continuará a ser um princípio inatingível num País em que o Estado é o principal criador de desigualdades sociais. Provedor de favores para o setor privado e de privilégios para o setor público, o Estado precisa abandonar suas políticas clientelistas e focar atenção e recursos para socorrer a população carente. O programa de renda básica precisa ser direcionado aos mais pobres e tem de ser financiado cortando os privilégios do corporativismo estatal e boa parte dos R$ 300 bilhões que o Estado confere em subsídios, isenção fiscal e benefícios para a classe média, empresas e setores da economia.

O impasse da covid-19 nos colocou numa encruzilhada. Se não mudarmos de atitude, vamos perpetuar a desigualdade, a injustiça social e a volatilidade política. Mas se nos unirmos em torno da agenda modernizadora do Estado, podemos dar ao Brasil o que a atual geração está devendo aos brasileiros: a criação das condições para construirmos uma nação mais próspera, mais estável e menos desigual.

E-MAIL: FELIPE@VIRTUNEWS.COM.BR

Cidadão, não! Militar!

Bolsonaro transforma militares em casta (ainda mais) privilegiada, analisa Vera Magalhães em artigo publicado hoje n'O Estado de São Paulo.

“É proibido militar estar na política? Não!” Jair Bolsonaro tem incontáveis defeitos, mas a dissimulação não é um deles. Poucos políticos são tão transparentes em suas intenções, seus propósitos e suas cismas. Não vou falar aqui em ideias, porque é uma categoria mais difícil de discernir na “obra” do presidente.

Bolsonaro não faz questão de disfarçar que quer pisar no acelerador do processo de militarização do seu governo. Começou a mover o barco nessa direção já no ano passado, e enfunou as velas de vez em 2020.

Levantamento do Tribunal de Contas da União apontou o espantoso contingente de 6.157 militares, da ativa e da reserva, em cargos civis no governo, sendo 2.643 em cargos comissionados. Trata-se de um aumento de 108,22% de 2016 para cá.

Diante dessa evidência incontestável não adianta os militares engrossarem a voz e baterem o coturno no chão quando são chamados a assumir responsabilidades pelas políticas de Estado determinadas pelo “capitão”.

A militarização do governo é um movimento combinado com outros que o bolsonarismo vem empreendendo nos últimos meses, como o aumento da influência política sobre as polícias militares – a ponto de, hoje, haver em muitos Estados comando paralelo ao dos governadores.

Também está em linha com a ideia do presidente, gritada em alto e bom som na dantesca reunião ministerial de 22 de abril, de “escancarar” a questão do armamento para a população, afrouxando limites, regras e fiscalização sobre a posse e o porte de armas e o acesso à munição.

Tudo isso coaduna com a visão de governabilidade na qual Bolsonaro de fato acredita, que é diversa dessa que ele vem tentando implementar ao chamar o Centrão para a festa antes restrita aos fardados e aos ideológicos.

Uma governabilidade em que o presidente é louvado por adoradores fanatizados pelas redes sociais, promove a guerra cultural permanente como forma de manter vivo o fantasma do “comunismo” contra o qual seria o único remédio e que é amparada, na retaguarda, por esse estafe militar cada vez mais numeroso e incumbido de funções primordiais.

Com um general da ativa à frente da Saúde os militares não poderão se queixar se forem corresponsabilizados pelas atitudes inconsequentes do presidente durante a pandemia, do lobby da cloroquina – transformado por pressão dele em protocolo da pasta! – à incitação ao descumprimento do isolamento social.

Da mesma maneira, ao colocar o vice-presidente (e general) Hamilton Mourão como tutor do ministro Ricardo Salles e responsável pelo pepino da situação da Amazônia, Bolsonaro joga no colo das Forças Armadas a cobrança internacional, que se dá por meio de países, organismos multilaterais e, cada vez mais, empresas e importadores dos produtos brasileiros, pela absoluta falta de uma política ambiental que atenda aos princípios mínimos do que a economia global exige.

Atraídos para a ribalta política por alguém que, em condições normais, seria considerado um pária, dada a sua passagem pífia pelo Exército, os militares também vão sendo seduzidos por concessões no plano financeiro, que os transformam numa casta privilegiada entre os já privilegiados servidores públicos.

Refestelados no poder, abrem mão até da discrição ao colocar parentes em cargos de confiança, se assemelhando cada vez mais aos políticos, como mostra o episódio do cargo dado à filha do ministro Braga Netto numa agência regulatória transformada em cabide para nepotismo.

Diante de tudo isso, os militares podem reclamar de Gilmar Mendes e de quem for, mas a constatação óbvia é que eles estão mergulhados até o último fio de cabelo no governo Bolsonaro. Serão cobrados pela História nessa condição, e não como “poder moderador” ou outro papel que queiram achar que têm.

Crimes contra a humanidade

Denúncias podem dar em nada juridicamente, mas terão alto custo político e econômico

Como já havia sido afirmado num evento acadêmico pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, no qual advertiu que o alto número de militares na cúpula do Ministério da Saúde em meio à pandemia de covid-19 está associando a imagem das Forças Armadas à ideia de “genocídio”, tornando o País vulnerável a processos em organismos multilaterais, o Tribunal Penal Internacional (TPI) anunciou que, recentemente, foram protocoladas três denúncias contra o presidente Jair Bolsonaro sob a acusação de crimes contra a humanidade.

Nos três processos, o presidente é acusado de negligência no combate ao novo coronavírus. As denúncias foram feitas pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), pelo grupo Engenheiros pela Democracia e por uma agremiação partidária – o Partido Democrático Trabalhista (PDT). Em 2019, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns já havia denunciado Bolsonaro por outro motivo, acusando-o de genocídio contra povos indígenas.

Planejado na década de 1950, quando a ONU criou uma comissão para elaborar seu estatuto, o TPI é uma Corte permanente e independente que julga crimes de genocídio, guerra, agressão e crimes contra a humanidade – tipificados pelo Estatuto de Roma, firmado em 1998. Sediada em Haia, a Corte iniciou suas atividades oficialmente em 2002 e não julga Estados, mas pessoas. Uma vez apresentadas, as denúncias são apreciadas pela procuradoria do TPI, que verifica se elas se inserem na jurisdição da Corte e se estão lastreadas em fatos que justifiquem a abertura de uma investigação. A etapa seguinte avalia a gravidade da denúncia e, se considerar que há base para a abertura de uma investigação oficial, a procuradoria pede autorização a uma câmara integrada por três juízes.

Apesar das denúncias, o risco de Bolsonaro sofrer uma investigação formal no TPI é pequeno. Como afirmam especialistas, dentre eles a juíza Sylvia Steiner, que integrou a Corte entre 2003 e 2016, é difícil diferenciar uma gestão desastrosa no combate à pandemia de covid-19 de uma atitude consciente e deliberada de promover um crime contra a população. Segundo Steiner, como o caso brasileiro se destaca basicamente pela incompetência do governo Bolsonaro, o foro mais adequado não seria o TPI, mas a Corte Interamericana de Direitos Humanos. “É uma questão de responsabilização de políticas de Estado, e não de responsabilidade individual”, afirma.

Se do ponto de vista jurídico as denúncias contra Bolsonaro pela prática de crime contra a humanidade não devem prosperar no TPI, do ponto de vista político elas podem macular ainda mais a imagem externa do País. Por causa de iniciativas desastrosas de Bolsonaro em matéria social, educacional e ambiental, sua administração é tão ruim que, no mês passado, por exemplo, cerca de 30 grandes instituições financeiras mundiais ameaçaram retirar seus investimentos do Brasil caso o governo não mude a política para a Amazônia. Além disso, nos Estados Unidos, Europa e Ásia os principais veículos de comunicação há muito tempo vêm publicando contundentes editoriais contra Bolsonaro, acusando-o de estar convertendo o Brasil numa espécie de pária internacional.

Desde a última década do século 20, um dos conceitos mais importantes na teoria das relações internacionais para descrever a capacidade de um Estado de se firmar no plano mundial é o de soft power. Contrapondo-se ao conceito de hard power, que envolve poderio militar e financeiro, o conceito de poder suave pressupõe valores, ideias, reputação, credibilidade, autoridade moral e respeito a conquistas civilizatórias. Por isso, mesmo que as denúncias contra Bolsonaro no TPI não deem em nada no plano jurídico, no plano político elas corroerão o pouco que o Brasil ainda tem de soft power, desde a ascensão de Bolsonaro ao governo, o que só dificulta a captação de investimentos e conquista de novos mercados num período de crise econômica e escassez de recursos.

Editorial / Notas & Informações, O Estado de S.Paulo
22 de julho de 2020 | 03h00

terça-feira, 21 de julho de 2020

Coronavírus no Brasil: país registra mais de 1,3 mil mortos e 41 mil novos casos em 24h 21 julho 2020

O Brasil chegou nesta terça-feira (21) à marca de 2.159.654 infectados pela covid-19, segundo dados do mais recente boletim do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). No total, 81.487 pessoas morreram pela doença desde o início da pandemia.

Nas últimas 24 horas, foram contabilizadas 1.367 novas mortes no país. Houve, também, mais 41.008 novos casos da doença registrados.

A taxa de letalidade (número de mortes por registros da doença) está em 3,8%.

São Paulo (422.669), Ceará (148.986), Rio de Janeiro (145.121) e Pará (140.388) seguem como os Estados com mais casos acumulados.

O Estado paulista tem também o maior número de mortes (20.171), seguido por Rio (12.293) e Ceará (7.284), segundo o boletim.

O Brasil continua como o segundo país do mundo com maior número de casos e mortes na pandemia do novo coronavírus, depois apenas dos Estados Unidos, que tem mais de 3,8 milhões de casos e 141,4 mil mortes pela covid-19, segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins.

Fonte: BBC News

domingo, 19 de julho de 2020

Você deseja voltar ao normal após o COVID-19?

Antes da pandemia, 734 milhões de pessoas viviam em extrema pobreza, 690 milhões de pessoas passavam fome e 79,5 milhões de pessoas foram deslocadas à força. 

Bill Gates ou Hans Rosling estariam certos se lhe dissessem que o mundo está em um estado melhor do que você poderia esperar, e que enormes progressos foram feitos. Contudo, para bilhões de pessoas, a vida normal - ou seja, antes do COVID-19 - não estava funcionando.

Pode até ser que, após o Covid-19, não consigamos voltar ao normal. Até, talvez, quem sabe, não devamos quere-lo mais. Com a crise climática pressionando, não podemos nos permitir.

O COVID-19 é uma catástrofe humana, mas que oferece à comunidade de saúde uma oportunidade para repensar o propósito da sociedade como um todo em um mundo fraturado e, assim, redefinir as coisas.

O que queremos que o novo normal signifique?

A pandemia tem duas lições salutares.

Primeiro, nos lembrou que quem realmente mantém a sociedade funcionando são os trabalhadores da saúde e de assistência, vendedores e assistentes sociais, motoristas de ônibus, professores, caixas de bancos, policiais, agricultores e faxineiros, os chamados trabalhadores-chaves. Sem eles, já estaríamos, ireeversivelmente, no caos.

A segunda é que a sociedade e seus sistemas são muito mais frágeis do que muitos de nós imaginamos. Até agora, alguns dos melhores sistemas de saúde evitam o colapso total apenas por meio de medidas extremas de emergência e esforços pessoais heróicos, como no caso da falta de ventiladores. Crises no sistema de saúde são, quase sempre, devastadoras.

Sem outros meios de apoio, muitos são alcançados e, assim, negativamente afetados pelas restrições decorrentes do COVID-19.

Estima-se hoje que pelo menos 70 milhões de pessoas serão empurradas para a pobreza por causa da pandemia.

John Alston, o Relator Especial da ONU sobre Pobreza Extrema e Direitos Humanos, argumenta que a pobreza extrema foi negligenciada e que precisamos reconceber a relação entre crescimento e eliminação da pobreza.

Diminuir o coeficiente de Gini, uma medida de igualdade em cada país em 1% ao ano, pode ter um impacto maior na pobreza global do que aumentar o crescimento anual em 1 ponto percentual. A redistribuição da riqueza, não o crescimento por si só, é essencial. Para lidar com a fragilidade em nossos sistemas, precisamos de resiliência: capacidade de lidar com tensões, choques e mudanças.
Um sistema de saúde resiliente tem respostas efetivas a emergências de saúde. Tem capacidade de sobretensão.

O ensino escolar e universitário parou. As empresas fecharam e 1,6 bilhão de trabalhadores na economia informal, muitos sem outros meios de apoio, são afetados pelas restrições do COVID-19. Pelo menos 70 milhões de pessoas serão empurradas para a pobreza por causa da pandemia.

Nenhuma ação, hoje na pandemia e depois dela, pode prescindir do um sério compromisso com a melhoria da qualidade. O sistema de saúde é  flexível e pode se adaptar. Um sistema de saúde resiliente não planejaria uma pandemia de influenza e seguiria esse plano quando ocorresse um surto de coronavírus.

Os sistemas econômicos também precisam ser resilientes. O foco da economia ortodoxa na eficiência precisa ser reconsiderado. Pandemias, desastres climáticos e colapsos financeiros podem parecer excepcionais, mas não são inesperados. Devemos recalibrar nossas prioridades em relação à resiliência para ter uma chance de lidar com elas.

Precisamos focar na sustentabilidade para a saúde, a sociedade e o planeta. A idéia de um Novo Acordo Verde, que vincula a agenda climática à justiça e redistribuição econômica, e a uma recuperação verde e saudável da pandemia, vem ganhando apoio político, pelo menos na retórica, mas apenas arranhará a superfície do que é necessário. A oportunidade de acelerar drasticamente a política climática deve ser abraçada vigorosamente. Com determinação e muita força de vontade.

A necessidade de desafiar as obsessões normais da sociedade - eficiência, consumo e crescimento - não é uma idéia nova, nem mesmo para economistas. Mas a comunidade da saúde tem uma autoridade moral renovada para exigir esse desafio. Isso exigirá uma mudança de cultura, bem como uma mudança de métricas. As pessoas, as instituições, as organizações e as sociedades que têm essas obsessões no coração precisam pensar novamente.

Esse normal a que nos acostumamos não funcionará mais.

Fonte: The Lancet, UK

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Brasil supera a marca de 2 milhões de contaminados por coronavírus

País atinge 2.014.738 de casos registrados e tem média móvel de 1.081 mortes por covid-19 nos últimos sete dias


O Brasil ultrapassou nesta quinta-feira, 16, a marca de 2 milhões de casos confirmados de covid-19, após menos de cinco meses desde o início da pandemia no País. Ao todo, são exatamente 2.014.738 contaminações registradas - 43.829 nas últimas 24 horas - e 1.299 mortes, segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa formado por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL junto às secretarias estaduais de Saúde. Nos últimos sete dias, o Brasil registrou uma média diária de 1.081 óbitos por covid-19.

A evolução da doença tem sido acelerada no Brasil, que chegou à marca de 500 mil casos registrados em 31 de maio, 95 dias após o primeiro caso, em 26 de fevereiro. O número de infectados dobrou depois em apenas 19 dias, quando o País chegou a 1 milhão de contaminados. A marca de 1,5 milhão veio apenas 13 dias depois e agora ultrapassa a barreira dos 2 milhões de casos em 14 dias. Se o País demorou 114 dias desde o primeiro caso para atingir a marca de 1 milhão de contaminados em 19 de junho, 27 dias foram suficientes para o número dobrar e chegar a dois milhões de casos. Isso sem contar que o Brasil é um país que testa pouco a sua população, ou seja, os números podem ser muito maiores que os registrados.

Segundo especialistas ouvidos pelo Estadão, o aumento se deve principalmente à curva de crescimento exponencial da pandemia e à interiorização da covid-19 no País: o novo coronavírus já está hoje em 95% dos municípios brasileiros (5.316), que respondem por 99% de toda a população, de acordo com levantamento do projeto de transparência de dados Brasil.io. Os números estão em alta no País em um momento que a pandemia cresce no mundo, com recorde de casos.

Só para se ter uma ideia, o Brasil o segundo país com mais casos de covid-19 no mundo. Só perde para os Estados Unidos, que somam 3.556.403 contaminações confirmadas, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins. O terceiro país mais afetado é a Índia, com 968.876 casos. Os três juntos são responsáveis por quase metade de todos os casos registrados no mundo. Outro dado alarmante é que dois terços de todos os 230 mil casos registrados na quarta-feira são dessas três nações e da África do Sul, que vê a pandemia acelerar.

Para Alberto Chebabo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), apesar de o Brasil ter mantido neste último mês uma taxa de crescimento de cerca de 1.000 mortes por dia, isso não significa que a pandemia esteja controlada. “O número está mantido em um patamar alto, que deve ser ainda maior dada a subnotificação. Estacionamos em um pico, o que é grave. A pandemia continua em expansão com alta transmissão e mortalidade. Temos um controle pouco eficaz: testa-se muito pouco e isola-se muito pouco”, afirma. “Enquanto não houver redução da velocidade de crescimento, bateremos novas marcas rapidamente.”

Disseminação da covid-19 pelo Brasil

Especialista em geografia da saúde da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Raul Borges Guimarães afirma que a covid-19 chegou praticamente a todos os cantos do País. “Ao longo da pandemia vimos um modelo de difusão hierárquica, ou seja, uma rota do coronavírus das cidades maiores para as menores. Nesse último mês esse processo se completou chegando a todas as regiões e a todos os tipos de cidade, inclusive a municípios tipicamente rurais de menos de 15 mil habitantes”, afirma Guimarães, que é um dos pesquisadores envolvidos no Radar Covid-19, projeto da universidade que busca rastrear a difusão do vírus.

Com a interiorização da doença, médicos chamam atenção para possíveis impactos no sistema de saúde. “Cidades no interior costumam ter piores estruturas de hospitais, que podem não dar o suporte adequado à internação”, diz Chebabo, da SBI. Esse é um problema para os próximos meses. Jean Gorinchteyn, infectologista do hospital Emílio Ribas e do hospital Albert Einstein, também pontua que esse movimento pode sobrecarregar as UTIs de capitais, já que a população das cidades menores tende a buscar atendimento nas cidades maiores.

O avanço do novo coronavírus pelos Estados também mudou no último mês: principalmente as regiões Sul e Centro-oeste passaram a registrar um crescimento acelerado da pandemia, enquanto os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, epicentros impactados desde o início, passaram por semanas de ligeira desaceleração.

 “Temos várias epidemias dentro de um único País. Algumas regiões ainda estão se elevando em termos de número de casos”, diz Gorinchteyn. “Por causa dessas flutuações diferentes, vamos demorar mais para atingir um platô da doença no Brasil como um todo. Por enquanto não há previsão de quando esses números totais vão começar a cair.”

Para os especialistas, a reabertura em diversas cidades também é um ponto de atenção neste momento. Deveria ser repensada nos municípios onde a doença cresce e onde não há capacidade de UTIs. “A reabertura tende a elevar os casos. Corremos o risco de ter uma segunda onda ou mesmo uma elevação de número de casos ainda na primeira”, afirma Gorinchteyn. “Nessas próximas semanas esses processos precisarão ser milimetricamente monitorados. Também teremos de aprender a recuar, quando preciso, a despeito de interesses econômicos.”

Enquanto o Brasil atinge dois milhões de casos, o Ministério da Saúde completa mais de dois meses sem ministro. Em nota ao Estadão, a pasta afirmou que mantém esforço contínuo para garantir o atendimento em saúde à população desde o início da pandemia, e que já enviou R$ 9,9 bilhões a Estados e municípios voltados exclusivamente para combate ao coronavírus.

“Não temos uma coordenação centralizada para dar um rumo aos Estados e municípios nesse combate. Sem articulação, o controle fica muito mais difícil”, diz o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Consórcio de veículos de imprensa

O balanço de óbitos e casos é resultado da parceria entre os seis meios de comunicação, que uniram forças para coletar junto às secretarias estaduais de Saúde e divulgar os números totais de mortos e contaminados. A iniciativa inédita é uma resposta à decisão do governo Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia.

O órgão informou, no início da noite desta quinta-feira, que o Brasil contabilizou 1.322 óbitos e mais 45.403 pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Com isso, segundo o Ministério da Saúde, no total são 76.688 mortes e 2.012.151 casos confirmados pelo coronavírus. O número é diferente do compilado pelo consórcio de veículos de imprensa principalmente por causa do horário de coleta dos dados.
     
Giovanna Wolf e Sandy Oliveira, O Estado de S.Paulo
16 de julho de 2020 | 20h05

Pensando o futuro

No vácuo de liderança governamental, tranquiliza ver a ação de setores da sociedade civil
 
Um programa sério e abrangente para o enfrentamento da pandemia de covid-19 não se limita ao atendimento das necessidades imediatas de cidadãos e empresas, como o suporte médico aos doentes, o pagamento do auxílio emergencial àqueles que perderam sua renda de uma hora para outra e a ajuda financeira a empresários com dificuldade para manter seus negócios, sobretudo os micros e pequenos. Estas são apenas as ações mais urgentes. Há muito mais do que isso a ser feito pelo bem do País.

Para poder dizer que lidou minimamente bem com os desafios impostos pela pandemia, o governo do presidente Jair Bolsonaro também precisaria mostrar capacidade de antever os impactos vindouros da covid-19 em diversas áreas, definir objetivos claros e alinhados ao interesse nacional para cada uma delas e mobilizar as forças da sociedade, em constante diálogo com o Congresso Nacional, em torno de projetos que preparem o Brasil para um futuro de desenvolvimento econômico e social sustentável. E isto, claro, sem descuidar de outras pautas igualmente importantes para o País. O que se vê, no entanto, é o oposto, a quase inação, como se a covid-19 fosse desaparecer num passe de mágica e com ela seus efeitos.

Diante do vácuo de liderança governamental, é tranquilizador ver a mobilização de setores da sociedade civil em torno de uma agenda voltada para a reorganização do Estado, pois a pandemia há de passar, mais cedo ou mais tarde, e a Nação não pode perder de vista a tramitação de projetos que são absolutamente vitais para o País.

Coordenadas pelo Centro de Liderança Pública (CLP), organização suprapartidária de mobilização social e formação de líderes públicos, dezenas de instituições se engajaram em uma ação conjunta de diálogo com o governo federal e o Poder Legislativo a fim de aprovar, até o final deste ano, 28 projetos de lei que estão em tramitação no Congresso Nacional. O CLP classifica como “vital” essa união de esforços para que as propostas sejam aprovadas e o País, enfim, possa voltar a trilhar o caminho do crescimento econômico e do desenvolvimento social.

O grupo, que tem entre os seus membros os economistas Ricardo Paes de Barros e Ana Carla Abrão, a ex-presidente do BNDES Maria Silvia Bastos Marques, o empresário Pedro Passos, o executivo Fábio Barbosa, o professor Carlos Ari Sundfeld, da FGV Direito-SP, além do fundador do CLP, o cientista político Luiz Felipe D’Avila, organizou a pauta de diálogo com o Legislativo em três pilares: reformas estruturais, combate à desigualdade e crescimento sustentável.

No pilar das reformas estruturais estão as reformas administrativa e tributária, ambas há muito necessárias para dar fim a uma série de distorções que fazem do Estado brasileiro ineficiente e refém de privilégios corporativos, além de pouco atrativo aos investimentos na produção e na geração de riquezas. No pilar de projetos de combate à desigualdade, o CLP destaca a criação de um programa de renda básica – cuja necessidade foi ressaltada pela eclosão da pandemia – e o desenvolvimento da educação pública, sobretudo do ensino básico, por meio da articulação entre União, Estados e municípios, uma frente que tem o apoio da organização Todos Pela Educação. Por fim, o pilar de crescimento sustentável tem foco nos projetos nas áreas de saneamento básico, meio ambiente e segurança.

Não será missão das mais fáceis fazer avançar uma agenda tão abrangente. Mas é de destacar a coragem e o engajamento do grupo coordenado pelo CLP a fim de mobilizar o Congresso Nacional e a sociedade para a aprovação de projetos tão necessários para o País.

É certo que haverá resistências ao avanço de alguns desses projetos, mas assim é em uma democracia. Com diálogo e contraposição de ideias, se os parlamentares estiverem imbuídos pelo mais elevado espírito público, serão capazes de entender que acima de suas divisões pontuais há o Brasil, que há tempo demais espera por um futuro mais vibrante.

Editorial / Notas & Informações, O Estado de S.Paulo
16 de julho de 2020 | 03h00

O custo da evasão escolar

Levantamento estima que o prejuízo total causado pela evasão escolar seja de R$ 214 bilhões por ano, o que equivale a 3% do Produto Interno Bruto

Depois de ter lançado em 2019 uma campanha de mobilização de institutos, empresas, ONGs e entes públicos para definir pautas para a produção de conteúdo de 81 programas sobre educação no Canal Futura, reunindo mais de 92 parceiros, a Fundação Roberto Marinho (FRM) concentrou-se nos problemas que prejudicam a permanência de crianças e jovens no ensino básico e, agora, está divulgando os resultados de sua iniciativa.

Com o objetivo de identificar os fatores responsáveis pelas altas taxas de defasagem e, principalmente, de evasão escolar, ela atribuiu a um grupo de especialistas a responsabilidade de elaborar um estudo intitulado Consequências da Violação do Direito à Educação, que foi lançado nesta semana. E, para coordenar o trabalho, convidou o economista Ricardo Paes de Barros, Ph.D. pela Universidade de Chicago, professor do Insper e consultor do Instituto Ayrton Senna. Depois de cruzar os dados do Censo Escolar de 2018 e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), segundo os quais 25% dos estudantes do ensino fundamental estão atrasados em sua formação e 1 em cada 4 alunos do ensino médio abandona o curso, os pesquisadores chegaram a uma constatação trágica. Se esse ritmo não for detido, 17,5% dos jovens que hoje estão na faixa etária dos 16 anos não conseguirão concluir a educação básica até os 25 anos.

Na prática, isso representa o ingresso no mercado de trabalho de 575 mil pessoas sem escolaridade completa a cada ano, justamente num período em que o avanço da tecnologia vem obrigando as empresas a exigir mão de obra cada vez mais qualificada. Com base em análises e simulações, o levantamento estima que o prejuízo causado pela evasão escolar seja de R$ 372 mil ao ano, por estudante que abandonou a escola. No total, a perda é de R$ 214 bilhões por ano, o que equivale a 3% do Produto Interno Bruto.

Esses números atestam a baixa qualidade dos gastos do governo numa área estratégica para o futuro das novas gerações e, por consequência, do País. “Isso mostra que a máquina pública é ineficiente. Na educação, há problemas diversos, como formação inadequada dos professores e indicação política de diretores. É difícil quebrar isso, mas não se pode perder R$ 214 bilhões todos os anos em um sistema que não funciona”, diz Wilson Risolia, diretor da FRM.

“É como uma obra inacabada, que, se tivesse sido concluída, teria um tremendo impacto positivo na sociedade”, afirma Barros. Para ter ideia do alcance dessa afirmação, a evasão escolar influencia a expectativa de vida – quem conclui o ensino básico, por exemplo, tem, em média, quatro anos a mais de vida do que quem abandonou a sala de aula. A defasagem e a evasão escolar também têm reflexos no aumento dos índices de violência urbana. Segundo o estudo da FRM, cada ponto porcentual de redução nos índices de evasão escolar equivale a 550 homicídios a menos por ano.

O mais alarmante, contudo, é que os problemas da defasagem e da evasão escolar devem aumentar ainda mais. Entre outros motivos, porque as pesquisas em andamento sobre o impacto da pandemia de covid-19 sobre crianças e jovens já detectaram que 28% pensam em não voltar para a escola quando acabar o confinamento e 49% dos estudantes que planejam fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) cogitam desistir da prova. Além disso, desde o início do governo Bolsonaro a área de ensino básico está praticamente abandonada pelo Ministério da Educação (MEC).

Estudos como esse, que envolvem a colaboração de diferentes setores da sociedade, são fundamentais para subsidiar políticas públicas de qualidade. Mas, para que produzam efeitos concretos, é preciso que os dirigentes governamentais da área da educação tenham não só um mínimo de seriedade, mas, igualmente, competência para compreender a importância das colaborações que estão recebendo. Infelizmente, nos últimos 18 meses o MEC não foi chefiado por quem tivesse essas qualidades.
 
Editorial / Notas & Informações, O Estado de S.Paulo
16 de julho de 2020 | 03h00

Desmatamento da Amazônia e do Cerrado está concentrado em 2% das fazendas

Segundo estudo publicado na revista "Science", tais fazendas de gado são "laranjas podres" do agronegócio brasileiro. Dados de 2008 a 2019 identificam 2,4 milhões de hectares desmatados ilegalmente nessas duas regiões.

Sessenta e dois por cento do desmatamento ilegal ocorrido nas regiões de Amazônia e Cerrado, no Brasil, ocorrem em apenas 2% das propriedades rurais dessas áreas, em fazendas onde há produção de soja e de gado bovino, concluiu um estudo coordenado por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e publicado na edição desta semana da revista científica Science.

No total, considerando dados de 2008 a 2019, foram identificados 2,4 milhões de hectares desmatados irregularmente na Amazônia e no Cerrado – 16 vezes o tamanho do município de São Paulo ou um pouco mais do que a área da Eslovênia.

Além dos cientistas da UFMG, o estudo contou ainda com pesquisadores da Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade, de Nazaré Paulista; da Universidade de Bonn, na Alemanha; da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos; e do Instituto Ambiental de Estocolmo, na Suécia.

Conforme declarou à DW Brasil o biólogo Felipe Nunes, diretor do Centro de Inteligência Territorial e pesquisador da UFMG, a pesquisa "evidencia que poucas e grandes propriedades rurais são responsáveis por grande parte do desmatamento que ocorre à margem da lei".

Ele lembra que isso, por causar "imenso impacto socioambiental em uma das regiões mais biodiversas do planeta, está afetando a imagem de todo um setor econômico". Para os pesquisadores, o cenário mostra as "laranjas podres" que estragam o agronegócio brasileiro – ou "maçãs podres", na tradução literal do texto da Science.

"Isso nos permite inferir que, caso haja uma fiscalização direcionada a essa minoria – e que resulte em punições efetivas –, o Brasil atacará grande parte do problema", ressalta Nunes. "E, o mais importante, passará uma mensagem importante à sociedade: de que os poucos que insistem em cometer ilegalidades estão sendo vistos e serão punidos conforme prevê a legislação ambiental brasileira."

Economista especializado em agricultura, o professor Jan Börner, da Universidade de Bonn, destacou à DW Brasil que o estudo demonstra que são poucos os grandes culpados pelo desmatamento no país – e, ao mesmo tempo, a concentração de terras nas mãos de um grupo reduzido é fato notório.

"Ambas as questões estão relacionadas", afirma. "Quando você tem uma alta concentração de terra [com poucos donos], a possibilidade de observar desmatamento em poucas propriedades aumenta."

Amazônia brasileira: uma história de destruição

O estudo indica que de 18% a 22% dos produtos brasileiros exportados para a União Europeia estão ligados ao desmatamento. E aponta que, no total, 15% das propriedades rurais da região foram desmatadas desde 2008. Metade obedecendo a legislação, e a outra metade de forma ilegal – desrespeitando reservas ou áreas de mananciais.

Para realizar o trabalho, os pesquisadores cruzaram informações do Cadastro Ambiental Rural com mapas e outras bases de dados. Foram analisadas, no total, 815 mil propriedades rurais brasileiras.

"Foi feito um amplo trabalho de coleta, processamento, análise e modelagem de dados econômicos e ambientais. Para isso criamos um banco de dados reunindo diversas informações sobre uso da terra, malha fundiária, legislação ambiental, produção agrícola e exportações para então analisar e conectar a legislação ambiental à produção e exportação de commodities", diz à DW Brasil o geólogo Britaldo Soares Filho, professor da UFMG. "Para isso, nos apoiamos em ferramentas de ponta para desenvolver modelos computacionais capazes de lidar com a quantidade de dados que um estudo deste porte requer."

O trabalho considerou desmatamento ilegal todo aquele que foi realizado sem a emissão de licença para o desmate – mesmo que, em tese, pudesse estar em conformidade com a legislação. "Sendo assim, alguns que potencialmente seriam legais podem ser também ilegais", esclarece o cientista da computação Raoni Rajão, também professor da UFMG.

Pressão internacional

Em um cenário em que o Brasil sofre pressões internacionais para que tenha políticas públicas claras de preservação ambiental, com organizações não governamentais e redes varejistas da Europa propondo boicotes a produtos agroalimentares brasileiros, o estudo deixa claro que as commodities são as grandes vilãs.

Börner tem ressalvas a discursos de boicotes a produtos não sustentáveis. Para ele, quando o objetivo passa a ser "comprar uma carne não associada ao desmatamento" e não simplesmente "reduzir o desmatamento", o resultado final fica comprometido.

Gado e desmatamento na Amazônia

"Porque qualquer consumidor de carne do mundo contribui para o preço de mercado do produto, e isto é o sinal, o incentivo ao produtor rural para que ele expanda ou não expanda sua área", argumenta. "Então, só por comprar uma carne limpa você não se livra da responsabilidade frente ao problema."

O diretor da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) e presidente do Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte, fruticultor Luiz Roberto Maldonado Barcelos, relata que exportadores de limão já deixaram de vender para países europeus, sobretudo a Alemanha, e o cenário preocupa todo o setor.

"Temos feito contatos com órgãos ligados ao meio ambiente para melhorar a questão da comunicação. Temos de deixar claro que não são os produtores do agronegócio que estão prejudicando a Amazônia. São os grileiros, as pessoas que estão explorando de forma irregular", diz. "Principalmente, as culpadas não são as frutas."

Grilagem de terras

Estudiosos da questão consultados pela DW Brasil lembram que é importante atentar para a grilagem da terra. "Há que se registrar que, por cerca de três décadas, mais de 80% do desmatamento inicial em todos os biomas do país foi ilegal. Mudanças do marco legal é que tornaram 'legais' áreas desmatadas originalmente de forma ilegal, inclusive grilagem de terras públicas na Amazônia", aponta o climatologista Carlos Nobre, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP).

"Um dos principais fatores que incentiva o crime ambiental de grilagem de terras e desmatamentos ilegais é a percepção dos criminosos ambientais que aquele crime será perdoado um dia, e a terra grilada e o desmatamento serão 'legalizados'", acrescenta.

Para o pesquisador Tiago Reis, que estuda ações de combate ao desmatamento na Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, o fato de a maior responsabilidade estar concentrada em apenas 2% das propriedades comprova que desmatar é um empreendimento caro.

"Os grandes desmatadores são pouquíssimas propriedades, muito capitalizadas, ligadas a investidores e, em muitos casos, até fundos de pensão internacionais", afirma. "Ainda mais esses desmatamentos que ocorrem em velocidade muito rápida. O ribeirinho, o agricultor familiar, esses não têm capacidade de desmatar áreas tão grandes como as que vemos por satélite."

Publicado por Deutsche Welle, a emissora internacional da Alemanha. Jornalismo independente em 30 idiomas.

Coronavírus: mortes no Brasil passam de 75 mil; país registrou quase 40 mil casos em 24h

O Brasil atingiu nesta quarta-feira (14/07) a marca de 1.966.748 infectados pela covid-19, segundo dados do mais recente boletim do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). No total, são 75.366 mortos pela doença.

Nas últimas 24 horas, foram registradas as mortes de 1.233 mil pessoas. Houve, também, mais 39.924 novos casos registrados.

São Paulo (393.176), Ceará (141.248), Rio de Janeiro (134.449) e Pará (130.834) seguem como os Estados com mais casos acumulados.

O Estado paulista tem também o maior número de mortes (18.640), seguido por Rio (11.757) e Ceará (7.030), segundo o boletim.

O conselho criou uma plataforma para registrar os dados sobre o novo coronavírus no país após o Ministério da Saúde ter passado a divulgar, no início do mês passado, os números de forma menos detalhada.

Após a controvérsia causada pela mudança e uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o assunto, a pasta recuou e voltou a divulgar os números completos.

O Brasil continua como o segundo país do mundo com maior número de casos e mortes na pandemia do novo coronavírus, depois apenas dos Estados Unidos, com mais de 3,3 milhões de casos e 135,4 mil mortes pela covid-19, segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins.

Mudanças e atraso na divulgação de dados

O painel covid-19, do governo, que costumava trazer diversos dados e gráficos sobre a doença, ficou fora do ar por algumas horas entre os dias 5 e 6 de junho. Quando voltou ao ar, trazia apenas os dados das últimas 24 horas e não fazia referência ao total de mortes.

Diversos dados detalhados deixaram de ser exibidos.

Três dias antes, o horário de divulgação do material havia passado do início da noite para as 22h, inicialmente por "problemas técnicos", de acordo com a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde, e, dois dias depois, porque os dados informados pelas secretarias estaduais de saúde precisariam "de checagem junto aos gestores locais".

Perguntado na ocasião sobre alterações no horário de divulgação, Bolsonaro brincou com o horário do Jornal Nacional, da TV Globo, normalmente exibido por volta de 20h30.

"Acabou matéria no Jornal Nacional?", disse, rindo.

"Mas é para pegar o dado mais consolidado, e tem que divulgar os mortos no dia. Por exemplo, ontem, praticamente dois terços dos mortos eram de dias anteriores, os mais variados possíveis. Tem que divulgar o do dia. O resto consolida para trás. Se quiser fazer um programa do Fantástico todinho sobre mortos nas últimas semanas, tudo bem."

Total de casos

Novos casos
0
10
100
Mil
5 mil
**
Estados Unidos 137.237 42,0 3.488.356
24 DE JAN
15 DE JUL
Brasil 75.366 36,0 1.966.748
Reino Unido 45.053 67,1 291.911
México 36.906 29,2 317.635
Itália 34.997 57,7 243.506
França 30.029 46,2 172.377
Espanha 28.413 60,9 257.494
Índia 24.914 1,8 968.857
Irã 13.410 16,4 264.561
Peru 12.417 38,8 337.751
Rússia 11.753 8,1 745.197
Bélgica 9.788 85,2 62.872
Alemanha 9.080 10,9 200.890
Canadá 8.857 23,9 110.693
Chile 7.186 38,4 321.205
Holanda 6.136 36,0 51.261
Colômbia 5.969 12,0 159.898
Suécia 5.572 55,9 76.492
Paquistão 5.426 2,6 257.914
Turquia 5.419 6,6 215.940
Equador 5.158 30,2 70.329
China 4.644 0,3 85.246
África do Sul 4.453 7,7 311.049
Egito 4.067 4,1 84.843
Indonésia 3.797 1,4 80.094
Iraque 3.432 8,9 83.867
Bangladesh 2.457 1,5 193.590
Arábia Saudita 2.325 6,9 240.474
Argentina 2.050 4,6 111.146
Suíça 1.968 23,1 33.148
Romênia 1.952 10,0 34.226
Bolívia 1.942 17,1 52.218
Irlanda 1.748 36,3 25.683
Portugal 1.676 16,3 47.426
Filipinas 1.614 1,5 58.850
Polônia 1.594 4,2 38.721
Ucrânia 1.462 3,3 57.627
Guatemala 1.350 7,8 32.074
Afeganistão 1.094 2,9 34.994
Argélia 1.040 2,5 20.770
Japão 984 0,8 23.188
Panamá 982 23,5 49.243
República Dominicana 929 8,7 47.671
Honduras 825 8,6 30.036
Nigéria 760 0,4 34.259
Áustria 710 8,0 19.154
Sudão 668 1,6 10.527
Moldávia 659 16,3 20.040
Dinamarca 610 10,6 13.092
Hungria 595 6,1 4.263
Armênia 592 20,1 33.005
Bielorússia 480 5,1 65.443
Iêmen 433 1,5 1.526
Sérvia 429 6,1 19.334
Kuwait 399 9,6 56.877
Macedônia do Norte 393 18,9 8.530
Israel 376 4,5 44.188
Cazaquistão 375 2,0 65.188
Camarões 359 1,4 15.173
República Tcheca 355 3,3 13.475
Emirados Árabes Unidos 335 3,5 55.848
Finlândia 328 5,9 7.296
Azerbaijão 326 3,3 25.672
Coreia do Sul 291 0,6 13.612
Bulgária 289 4,1 7.877
El Salvador 286 4,5 10.645
Omã 281 5,8 61.247
Marrocos 259 0,7 16.262
Noruega 253 4,7 9.011
Bósnia-Herzegóvina 235 7,1 7.411
Quênia 209 0,4 11.252
Grécia 193 1,8 3.910
República Democrática do Congo 192 0,2 8.163
Quirguistão 167 2,6 12.498
Senegal 153 1,0 8.369
Catar 151 5,4 104.983
Mauritânia 149 3,4 5.564
Etiópia 146 0,1 8.181
Haiti 145 1,3 6.902
Gana 139 0,5 25.430
Malásia 122 0,4 8.734
Mali 121 0,6 2.433
Croácia 120 2,9 3.953
Bahrein 117 7,5 34.560
Austrália 113 0,5 10.810
Kosovo 112 6,1 5.237
Luxemburgo 111 18,4 5.122
Eslovênia 111 5,3 1.878
Albânia 101 3,5 3.752
Venezuela 100 0,3 10.428
Nicarágua 99 1,5 3.147
Somália 93 0,6 3.083
Costa do Marfim 87 0,3 13.403
Cuba 87 0,8 2.438
Lituânia 79 2,8 1.882
Chade 75 0,5 885
Uzbequistão 72 0,2 14.787
Estônia 69 5,2 2.016
Níger 69 0,3 1.100
Serra Leoa 64 0,8 1.668
Tailândia 58 0,1 3.236
Tadjiquistão 56 0,6 6.695
Djibuti 56 5,8 4.985
República Centro-Africana 53 1,1 4.362
Burkina Fasso 53 0,3 1.038
Andorra 52 67,5 862
Guiné Equatorial 51 3,9 3.071
Libéria 51 1,1 1.056
Tunísia 50 0,4 1.319
Congo 47 0,9 2.222
Ilhas do Canal da Mancha 47 27,6 581
Gabão 46 2,2 6.121
Territórios Palestinos 44 0,9 7.064
Madagascar 43 0,2 5.605
Malauí 43 0,2 2.614
Líbia 43 0,6 1.589
Zâmbia 42 0,2 1.895
San Marino 42 124,3 699
Sudão do Sul 41 0,4 2.153
Costa Rica 40 0,8 8.986
Nepal 39 0,1 17.177
Guiné 38 0,3 6.276
Líbano 38 0,6 2.542
Mayotte 37 14,3 2.743
Guiana Francesa 33 11,7 6.299
Letônia 31 1,6 1.178
Uruguai 31 0,9 1.009
Eslováquia 28 0,5 1.927
Cingapura 27 0,5 46.878
Angola 27 0,1 576
Guiné-Bissau 26 1,4 1.842
Benin 26 0,2 1.378
Paraguai 25 0,4 3.198
Montenegro 24 3,8 1.287
Ilha de Man 24 28,5 336
Nova Zelândia 22 0,5 1.548
Síria 22 0,1 458
Tanzânia 21 0,0 509
Eswatini 20 1,8 1.489
Zimbábue 20 0,1 1.089
Cabo Verde 19 3,5 1.780
Chipre 19 1,6 1.025
Suriname 18 3,1 837
Guiana 18 2,3 313
Geórgia 15 0,4 1.004
Togo 15 0,2 740
Martinica 15 4,0 255
Ilha de São Martinho (parte francesa) 15 40,3 78
Maldivas 14 2,7 2.831
São Tomé e Príncipe 14 6,6 737
Guadalupe 14 3,5 190
Cruzeiro Diamond Princess 13 712
Sri Lanka 11 0,1 2.671
Bahamas 11 2,9 119
Islândia 10 3,0 1.911
Jordânia 10 0,1 1.201
Jamaica 10 0,3 763
Maurício 10 0,8 343
Moçambique 9 0,0 1.330
Malta 9 2,0 674
Bermuda 9 14,3 150
Trinidade e Tobago 8 0,6 133
Taiwan 7 0,0 451
Comores 7 0,8 321
Barbados 7 2,4 104
Mianmar 6 0,0 337
Ruanda 4 0,0 1.435
Mônaco 4 10,3 109
Ilha Reunião 3 0,3 608
Lesoto 3 0,1 256
Brunei 3 0,7 141
Aruba 3 2,8 106
Antigua e Barbuda 3 3,1 74
Gâmbia 3 0,1 64
Namíbia 2 0,1 960
Ilhas Turks e Caicos 2 5,3 72
Belize 2 0,5 39
Cruzeiro MS Zaandam 2 9
Botsuana 1 0,0 399
Burundi 1 0,0 269
Ilhas Cayman 1 1,6 203
Liechtenstein 1 2,6 84
Curaçao 1 0,6 26
Montserrat 1 20,0 12
Saara Ocidental 1 0,2 10
Ilhas Virgens Britânicas 1 3,4 8
Uganda 0 0,0 1.043
Vietnã 0 0,0 381
Mongólia 0 0,0 261
Eritreia 0 0,0 232
Ilhas Faroe 0 0,0 188
Gibraltar 0 0,0 180
Camboja 0 0,0 166
Seicheles 0 0,0 100
Butão 0 0,0 84
Polinésia Francesa 0 0,0 62
São Vicente e Granadinas 0 0,0 35
Fiji 0 0,0 26
Timor Leste 0 0,0 24
Granada 0 0,0 23
Santa Lúcia 0 0,0 22
Nova Caledônia 0 0,0 22
Laos 0 0,0 19
Dominica 0 0,0 18
São Cristóvão e Nevis 0 0,0 17
Ilhas Malvinas ou Falkland 0 0,0 13
Groenlândia 0 0,0 13
Vaticano 0 0,0 12
Papua Nova Guiné 0 0,0 11
São Bartolomeu 0 0,0 6
Anguilla 0 0,0 3
Saint-Pierre e Miquelon 0 0,0 2
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A apresentação usa dados periódicos da Universidade Johns Hopkins e pode não refletir as informações mais atualizadas de cada país.

** Os dados históricos de novos casos são uma média de três dias seguidos. Devido à revisão do número de casos, a média não pode ser calculada nesta data.

Fonte: Universidade Johns Hopkins (Baltimore, EUA), autoridades locais

Dados atualizados pela última vez em: 16 de julho de 2020 08:00 GMT

Governo quer recontar dados, diz ex-futuro secretário

O empresário Carlos Wizard, que assumiria o posto de secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, mas desistiu da empreitada em 7/6, disse ao jornal O Globo em 5/6 que o ministério deve recontar o número de mortes causadas pelo novo coronavírus.

Ele disse, sem apresentar provas, que gestores locais estão inflando os dados para obter mais recursos.

"Tinha muita gente morrendo por outras causas e os gestores públicos, puramente por interesse de ter um orçamento maior nos seus municípios, nos seus estados, colocavam todo mundo como covid. Estamos revendo esses óbitos", disse Wizard.

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) negou as acusações.

"Ao afirmar que Secretários de Saúde falseiam dados sobre óbitos decorrentes da covid-19 em busca de mais 'orçamento', o secretário, além de revelar sua profunda ignorância sobre o tema, insulta a memória de todas aquelas vítimas indefesas desta terrível pandemia e suas famílias", diz nota publicada em seu site.

Pandemia

O primeiro registro do coronavírus no Brasil foi em 26 de fevereiro. Um empresário de 61 anos, que mora em São Paulo (SP), foi infectado após retornar de uma viagem, entre 9 e 21 de fevereiro, à região italiana da Lombardia, a mais afetada do país europeu que tem mais casos fora da China.

O novo coronavírus, que teve seus primeiros casos confirmados vindos da China no final de 2019, é tratado como pandemia pela OMS desde 11 de março.

As taxas de mortalidade pelo coronavírus têm variado consideravelmente de país para país, também segundo a Johns Hopkins. Enquanto locais como Bélgica, Reino Unido e Itália têm entre 14% e 16% de mortos entre os infectados, essa taxa tem sido de cerca de 6% em países como EUA e Brasil.

Estudos apontam que a grande maioria dos casos do novo coronavírus apresenta sintomas leves e pode ser tratado nos postos de saúde ou em casa. Mas, entre aqueles que são hospitalizados, o tempo de internação gira em torno de três semanas, o que gera um impacto sobre os sistemas de saúde, de acordo com a pasta, já que os leitos de unidades de tratamento intensivo (UTI) ficam ocupados por um longo tempo, gerando uma crise de escassez de leitos em diversos Estados e municípios brasileiros.

Números atualizados pela última vez em 16 de julho de 2020 08:00 GMT

BBC News