Na quarta-feira (16), um grupo de oito países enviou uma carta ao governo brasileiro afirmando que o desmatamento pode prejudicar as compras de produtos brasileiros
O presidente Jair Bolsonaro Foto: Marcos Correa / Divulgação O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (17) que o “Brasil está de parabéns” pela forma como preserva o seu meio ambiente. A declaração foi dada durante a inauguração de uma usina fotovoltaica no interior da Paraíba e acontece em meio ao aumento recorde nas queimadas no Pantanal e um dia depois de um grupo de oito países enviar uma carta ao governo brasileiro afirmando que o desmatamento pode prejudicar as compras de produtos brasileiros.
— O Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente e, não entendo como, é o país que mais sofre ataques no tocante ao seu meio ambiente. O Brasil está de parabéns pela maneira como preserva o seu meio ambiente. — afirmou Bolsonaro durante a cerimônia.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam um aumento de 208% nas queimadas no Pantanal entre 1º de janeiro e 16 de setembro deste ano em relação ao mesmo período de 2019. Neste ano, foram registrados 15.756 focos de incêndio no bioma, o maior número desde que o monitoramento começou. Segundo o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pelo menos 2,9 milhões de hectares do Pantanal já foram destruídos pelo fogo, o equivalente a 19% de toda a sua área. Na Amazônia, o aumento das queimadas é de 12%.
PANTANAL EM CHAMAS: QUEIMADAS CRESCERAM 210% NESTE ANO, SEGUNDO DADOS DO INPI
Onça-pintada macho ferido pelo incêndio caminha à beira de um rio, no Parque Encontros das Águas, na região de Porto Jofre, no Pantanal mato-grossense Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
Jacaré morto ao lado da estrada do parque Transpantaneira, no Pantanal, no Mato Grosso, que enfrenta um dos piores incêndios em mais de 47 anos, destruindo vastas áreas de vegetação e causando a morte de animais pegos pelo fogo ou fumaça Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
Bombeiros do Mato Grosso trabalham para apagar um incêndio florestal na região de Porto Jofre, no Pantanal próximo à rodovia Parque da Transpantaneira Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
Funcionário de um fazenda tenta apagar um incêndio na propriedade em que trabalha no Pantanal, em Pocone, Mato Grosso Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS - 26/008/2020
Um jacaré morto é visto no Pantanal na estrada do parque Transpantaneira, no estado de Mato Grosso. O Pantanal está sofrendo seus piores incêndios em mais de 47 anos, destruindo vastas áreas de vegetação e causando a morte de animais pegos no fogo ou fumaça Foto: MAURO PIMENTEL / AFP - 12/09/2020
Um guia turístico caminha ao lado de uma carcaça de búfalo encontrada dentro de uma área queimada, enquanto busca sinais de uma onça-pintada ferida, na estrada do parque da Transpantaneira) Foto: MAURO PIMENTEL / AFP - 13/09/2020
Um carcará é visto pegando água de uma poça de lama no Pantanal, na estrada do parque da Transpantaneira. Queimadas na região cresceram 210% neste ano, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) Foto: MAURO PIMENTEL / AFP - 13/09/2020
Um voluntário joga água para controlar um incêndio usando um caminhão-pipa para proteger uma ponte de madeira – uma das 119 existentes na Estrada do Parque da Transpantaneira – no Pantanal Foto: MAURO PIMENTEL / AFP - 13/09/2020
Um voluntário joga água para controlar um incêndio usando um caminhão-pipa para proteger uma ponte de madeira – uma das 119 existentes na Estrada do Parque da Transpantaneira – no Pantanal Foto: MAURO PIMENTEL / AFP - 13/09/2020
Uma vista aérea mostra a fumaça subindo ao redor do rio Cuiabá, no Pantanal, em Pocone, Mato Grosso. Número de incêncios no bioma, em relação ao ano passado, saltou de 4.660 para 14.489 no período entre 1º de janeiro e 12 de setembro Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS - 28/08/2020
Um jacaré morto é visto na estrada do parque Transpantaneira. Pantanal é a área ambiental que tem registrado o maior crescimento de incêndios desde o primeiro do governo Bolsonaro Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
Vista aérea de uma casa cercada por vegetação queimada no Pantanal, em Pocone, no Mato Grosso. Dados do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) apontam que uma área equivalente a 2,2 milhões de hectares foi consumida pelas queimadas, o equivalente a 15% do bioma Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS - 28/08/2020
Imagem de folheto divulgada pelo Projeto Solos mostra um guaxinim morto durante um incêndio no Pantanal. Satélites do Inpe já detectaram 12.703 focos ativos de incêndio até meados de setembro Foto: IBERE PERISSE / AFP - 27/08/2020
Um voluntário resgata um porco-espinho na estrada do parque da Transpantaneira Foto: MAURO PIMENTEL / AFP - 13/09/2020
Uma onça-pintada caminha em meio à fumaça de um incêndio próximo, no Parque Estadual Encontro das Águas, no Pantanal, bioma que até então é um dos mais preservados do país, abrigando espécies ameaçadas de extinção Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS
Raposas são vistas comendo uma melancia deixada por protetores de animais no Parque Transpantaneira Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
Ariranha come peixe enquanto nada no rio Cuiabá, em meio à fumaça de um incêndio, dentro do Parque Estadual Encontro das Águas Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS
Gado caminha em uma área recentemente queimada do Pantanal na estrada do parque Transpantaneira Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
Uma cobra morta é encontrada morta em uma área queimada por um incêndio no Pantanal, maior planície alagada do mundo Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS
Funcionário de uma fazenda Um vê a fumaça de um incêndio subindo no ar no Pantanal. Incêndios que atingem a região há dois meses são os maiores da história Foto: AMANDA PEROBELLI / REUTERS
Em relação ao desmatamento na Amazônia, o Inpe detectou um aumento de 34,5% entre agosto de 2019 e julho de 2020 em comparação com o mesmo período dos anos de 2018 e 2019.
Na quarta-feira (16), um grupo composto por Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Itália, Noruega e Reino Unido enviou uma carta ao governo brasileiro dizendo que a alta no desmatamento dificultava investimentos e transações comerciais de empresas desses países com o Brasil.
“Enquanto os esforços europeus buscam cadeias de suprimentos não vinculadas ao desflorestamento, a atual tendência crescente de desflorestamento no Brasil está tornando cada vez mais difícil para empresas e investidores [da Europa] atender a seus critérios ambientais, sociais e de governança”, diz um trecho da carta.
O grupo, que faz parte da Parceria das Declarações de Amsterdã (com exceção da Bélgica), diz que a sociedade civil europeia está preocupada com as taxas de desmatamento registradas recentemente no Brasil.
“Os países que se reúnem através da Parceria das Declarações de Amsterdã compartilham da preocupação crescente demonstrada pelos consumidores, empresas, investidores e pela sociedade civil Europeia sobre as atuais taxas de desflorestamento no Brasil”, disse o grupo.
Na quarta-feira, ao chegar ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro já havia feito críticas aos comentários fora do país sobre o aumento das queimadas no país. Segundo ele, as críticas internacionais são “desproporcionais”.
“(Existem) críticas desproporcionais à Amazônia e ao Pantanal. A Califórnia está ardendo em fogo, a África tem mais foco que o Brasil”, afirmou o presidente.
Publicado originalmente por O Globo, em 17/09/2020 - 13:18 / Atualizado em 17/09/2020 - 15:5.hs
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