terça-feira, 30 de junho de 2020

Decotelli entrega carta de demissão e deixa o MEC sem tomar posse

Após a indicação ao Ministério da Educação, Decotelli teve diversos dados do currículo contestados por instituições de ensino. Reitor do ITA deve ser o substituto.

Não durou nem uma semana a passagem de Carlos Alberto Decotelli da Silva como ministro da Educação. Com várias inconsistências no currículo, o economista e professor foi pressionado pelo governo federal a pedir demissão cinco dias após a nomeação dele. O presidente Jair Bolsonaro queria evitar a exoneração pelo receio da repercussão por se tratar do primeiro ministro negro da gestão dele.

Decotelli esteve no Palácio do Planalto, na tarde desta terça-feira (30/6), para entregar a carta de demissão do comando do Ministério da Educação (MEC). O presidente Bolsonaro aceitou a demissão, exatamente no mesmo dia em que havia sido agendada inicialmente a cerimônia de posse dele na pasta.

Durante a passagem relâmpago de Decotelli como ministro foram reveladas fraudes sobre os títulos descritos no currículo disponibilizado na plataforma Lattes. A situação, no entanto, ficou insustentável após a Fundação Getulio Vargas (FGV) informar que Decotelli não foi pesquisador ou professor efetivo da instituição, mas sim professor colaborador.

Após a saída de Decotelli, Anderson Ribeiro Correia, reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), é o nome mais cotado para ser o próximo a comandar o Ministério da Educação. Com perfil técnico e currículo robusto e checado, ele já teria o aval de militares e da ala ideológica do governo Bolsonaro.

Passagem relâmpago de Decotelli pelo MEC

Nomeação no Diário Oficial - quinta-feira (25/6)

O presidente da República, Jair Bolsonaro, anunciou Carlos Decotelli como ministro da Educação e, no mesmo dia, publicou a nomeação no Diário Oficial da União (DOU).

Doutorado desmentido - sexta, 26/6

O reitor da Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, Franco Bartolacci, afirmou que Decotelli não concluiu o doutorado em administração na instituição e, portanto, não tem o título de doutor.

Esclarecimentos do MEC - sábado, 27/6

O ministério afirmou que a tese de doutorado de Decotelli, na universidade argentina, "após avaliação preliminar pela banca designada, não teve sua defesa autorizada". Seria necessário, então, alterar a tese e submetê-la novamente à banca.

Suspeita de plágio - sábado, 27/6

Levantamento apontou suspeita de plágio da dissertação de mestrado de Decotelli, apresentada em 2008, na Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro. A instituição informou que vai apurar o problema.

Pós-doutorado desmentido - segunda-feira, 29/6

pós-doutorado na Universidade Wuppertal, na Alemanha, que Decotelli informou ter realizado no currículo Lattes também foi desmentido pela instituição: "Ele não obteve nenhum título em nossa universidade", diz nota da instituição.

Posse suspensa - segunda-feira, 29/6

O presidente Jair Bolsonaro optou por adiar a posse de Decotelli, marcada para esta terça-feira (30/6), e exigiu checagem de currículo do ministro.

Maíra Nunes e Renato Souza, do Correio Braziliense.

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