quinta-feira, 14 de maio de 2020

Na reunião citada por Moro, Bolsonaro reclamou de não ter informações da PF e disse: 'Vou interferir'

Em outro trecho, Bolsonaro disse querer trocar a "nossa segurança" no Rio. “Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f. Minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar; se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”, declarou.

Trecho transcrito do vídeo foi entregue pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao Supremo Tribunal Federal

Na reunião ocorrida no Palácio do Planalto em 22 de abril, citada pelo ex-ministro Sergio Moro como prova de que o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir nas atividades da Polícia Federal, Bolsonaro reclamou da falta de informações obtidas pela PF. Em seguida, anunciou que iria interferir, sem dizer como faria isso. O trecho transcrito do vídeo foi entregue pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira.

“Eu não posso ser surpreendido com notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações; eu tenho as inteligências das Forçar Armadas que não têm informações, a ABIN tem os seus problemas, tem algumas informações, só não tem mais porque tá faltando realmente… temos problemas… aparcelamento, etc. A gente não pode viver sem informação. Quem é que nunca ficou atrás da… da… da… porta ouvindo o que o seu filho ou a sua filha tá comentando? Tem que ver pra depois… depois que ela engravida não adiante falar com ela mais. Tem que ver antes. Depois que o moleque encheu os cornos de droga, não adianta mais falar como ele: já era. E informação é assim”, disse Bolsonaro na reunião.

Em seguida, é feito um comentário sobre “nações amigas”, não transcrito pela AGU. Bolsonaro completa: “Então essa é a preocupação que temos que ter: a questão estratégia. E não estamos tendo. E me desculpe o serviço de informação nosso — todos — é uma vergonha, uma vergonha, que eu não sou informado, e não dá para trabalhar assim, fica difícil. Por isso, vou interferir. Ponto final. Não é ameaça,. Não é extrapolação da minha parte. É uma verdade”, concluiu.

Segundo a AGU, os dois trechos “não estão no mesmo contexto, muitíssimo pelo contrário: estão elas temporal e radicalmente afastadas na própria sequencia cronológica da reunião”. Portanto, não se poderia concluir que a interferência seria relativa à PF, na interpretação do advogado-geral da União, José Levi Mello do Amaral Junior.

Em outro trecho, Bolsonaro disse querer trocar a "nossa segurança" no Rio. “Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f. Minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar; se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”, declarou.

A AGU diz na petição que o termo "segurança nossa" se referia à segurança presidencial, a cargo do Gabinete de Segurança Institucional, e não à Polícia Federal. Fontes que assistiram o vídeo, porém, afirmam que o contexto da frase é no âmbito de investigações e que a referência a "troca de ministro" era claramente a Moro.

Ainda segundo A AGU, Bolsonaro não manifestou insatisfação com relatórios de inteligência da PF. O presidente teria demonstrado insatisfação “em contexto completamente diverso, de modo meramente exemplificativo, rigorosamente genérico”.

Carolina Brígido, de O GLOBO
14/05/2020 - 19:50 / Atualizado em 14/05/2020 - 20:22

Nenhum comentário: