segunda-feira, 18 de maio de 2020

Economia na UTI do mundo espera vacina contra coronavírus para se recuperar

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, o Banco Central norte-americano, diz que a plena recuperação da economia depende de vacina contra Covid-19.

Em entrevista a TV americana, ele afirmou que retomada deve ser lenta e que pode se estender 'até o fim de 2021'. "Levará mais tempo do que gostaríamos".

— Supondo que não haja uma segunda onda do coronavírus, acho que veremos a economia se recuperar de maneira constante ao longo do segundo semestre deste ano — afirmou Powell, em entrevista ao programa da CBS “60 Minutes”, na noite deste domingo, acrescentando, porém, que a recuperação dependerá da confiança dos americanos.

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O líder do Fed continuou:

— Para que a economia se recupere completamente, as pessoas terão que estar totalmente confiantes. E isso terá que aguardar a chegada de uma vacina.

Segundo Powell, a economia americana vai se recuperar, mas isso “pode levar tempo, pode se estender até o fim do próximo ano. Realmente, não sabemos”.

Na semana passada, o presidente americano, Donald Trump, se disse confiante na produção de uma vacina ainda neste ano, mas especialistas em saúde pública, incluindo Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, alertam que o processo deve demorar mais tempo.

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Na opinião de Fauci, um dos mais respeitados especialistas em imunologia, o desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus deve levar, pelo menos, de um ano a 18 meses. Rick Bright, demitido por Trump da direção da Autoridade Biomédica de Pesquisa e Desenvolvimento Avançado, afirmou recentemente ao Congresso americano considerar as previsões de Fauci muito otimistas.

As medidas de isolamento adotadas para conter o avanço do coronavírus estão sendo dolorosas à economia americana. Em poucas semanas, mais de 36 milhões de pessoas deram entrada no seguro desemprego. O Fed foi rápido na resposta, baixando as taxas de juros e oferecendo programas de empréstimo que deram liquidez ao mercado.

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Mas restam dúvidas se essas ações serão suficientes caso a reabertura econômica demore muito tempo. Com pouco ou nenhum faturamento, empresas afetadas talvez não se sustentem por um período prolongado, o que aumenta o risco de falências.

De acordo com a CBS, a entrevista foi gravada no dia 13 de maio, seguindo um discurso contundente feito por Powell no mesmo dia, no qual alertou que a economia pode precisar de mais apoio financeiro para evitar perdas permanentes de empregos e ondas de falências.

O Fed já cortou as taxas de juros para zero, comprou títulos do governo em ritmo recorde e lançou uma série de programas de empréstimos emergenciais em parceria com o Departamento do Tesouro. Mas esses programas podem ser insuficientes para companhias que enfrentam meses de seca.

— Acho que há uma sensação crescente de que a recuperação virá mais lentamente do que gostaríamos — afirmou Powell, no discurso feito no dia 13, no Instituto Peterson de Economia Internacional, no qual ressaltou que “a dimensão e a velocidade desta crise não têm precedentes modernos, significativamente pior do que qualquer recessão desde a Segunda Guerra Mundial”.

O Globo
17/05/2020 - 17:02 / Atualizado em 18/05/2020 - 10:22

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