terça-feira, 19 de maio de 2020

Brasil tem mais de 1.000 mortes em 24h

País supera barreira em registros de covid-19 que apenas outras quatro nações do mundo atingiram      

O Brasil superou, pela primeira vez, mais de mil mortes decorrentes do novo coronavírus nos registros que divulga diariamente, segundo atualização feita pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira, 19. O número de 1.179 é a maior marca de novos óbitos contabilizados no País em apenas 24 horas.

O recorde anterior havia ocorrido na terça-feira, 12, quando 881 novas mortes confirmadas para covid-19 foram registradas. Com a nova atualização, o Brasil se junta ao grupo de quatro países no mundo que, no decorrer da pandemia, chegaram a superar a marca de mil óbitos atestados para a doença em um dia. Segundo a plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford, apenas Estados Unidos, Reino Unido, França e China chegaram a ter mais de mil mortes confirmadas para o novo coronavírus em 24 horas.

É importante ressaltar que na China essa marca foi superada por causa de uma ação do governo que, no dia 17 de abril, revisou os números oficiais e anunciou 1.290 mortes adicionais na cidade de Wuhan, marco zero do novo coronavírus. A cidade chinesa afirmou que, no pico da epidemia, alguns pacientes morreram em casa porque não tinham condições de ser atendidos em hospitais e, portanto, não haviam sido contabilizados. Esses dados foram inseridos quando a pandemia já estava bem controlada no país, diferente de um crescimento exponencial de casos e óbitos nos outros países mencionados.

Além dos cinco países que superaram a marca de mil mortes em 24 horas, Itália e Espanha, que estão entre as nações mais afetadas pela doença no mundo, chegaram a registrar, respectivamente, 971 e 950 óbitos confirmados para a covid-19 em apenas um dia e ficaram perto de atingir esse pico. Vale ressaltar que, entre os países que superaram ou se aproximaram dessa marca, Itália, Espanha e França já apresentam, na atualidade, números bem menores de novos registros diários de óbitos, e a China não apresenta registros recentes. Enquanto isso, no Brasil, os números vêm numa crescente e ainda não se consegue definir quando atingirá o pico da pandemia.

Sem contar a China, pelo que já foi explicado, o Brasil é o país que levou mais tempo entre todos para chegar à marca de mil óbitos contabilizados em 24 horas, como mostra o gráfico abaixo. No 30º dia a partir da primeira morte pelo novo coronavírus, o Reino Unido superou a barreira dos mil mortos em um dia. Já os Estados Unidos alcançaram o fatídico recorde em 33 dias. A França, por sua vez, atingiu a marca dos mil óbitos em 50 dias após o primeiro registro no país. Já o Brasil chegou aos mil mortos em 24 horas no 64º dia.

Entre os dez países com mais casos confirmados da doença, o Brasil é o que, proporcionalmente, menos testa sua população, segundo dados do site Worldometer. Além disso, conforme mostrou reportagem do Estadão, a contagem do óbito nas estatísticas oficiais pode ocorrer depois de semanas da data real de falecimento. Conforme ressalta o Ministério da Saúde, os novos registros em 24 horas não indicam efetivamente quantas pessoas morreram ou se infectaram de um dia para o outro, mas, sim, o número de registros que tiveram o diagnóstico do novo coronavírus confirmados nesse intervalo. Ou seja, essa marca que superou a barreira das mil mortes registradas em 24 horas considera os dados oficiais, divulgados pelo Ministério da Saúde, sobre óbitos de pessoas que realmente foram testadas e deram positivo para a covid-19. Não estão no cálculo as mortes que não chegaram a ser testadas ou cujo resultado do exame ainda não saiu, por exemplo.

Reportagem e Dados: Fernanda Boldrin, Ludimila Honorato, Paulo Favero e Sandy Oliveira / O Estado de São Paulo

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