sábado, 16 de maio de 2020

Bolsonaro desiste de pronunciamento e indica que vai participar de manifestação

Presidente cogitou usar rede nacional de rádio e televisão para defender fim de medidas de isolamento social

O presidente Jair Bolsonaro desistiu do pronunciamento que faria em rede nacional de rádio e televisão neste sábado, 16, para defender mais uma vez o fim de medidas de isolamento social, informou a Secretaria de Comunicação Social da Presidência. Segundo o Estadão/Broadcast apurou, a ideia é aguardar até que haja uma definição no Ministério da Saúde, depois de Nelson Teich ter deixado, nesta sexta, o comando da pasta em meio à pandemia do novo coronavírus.

Ainda não há previsão para a substituição definitiva do ministro. Com a saída de Teich, o secretário executivo do ministério, general Eduardo Pazuello, assume interinamente a pasta.

No fim da tarde de hoje, Bolsonaro saiu rapidamente para cumprimentar cerca de 50 apoiadores que o aguardavam na portaria do Palácio da Alvorada, uma das residências oficiais da Presidência, e indicou que deve participar de novas manifestações favoráveis ao governo amanhã. "Onze horas na rampa", comentou, em referência à rampa do Palácio do Planalto, de onde costuma acompanhar os protestos.
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O presidente Jair Bolsonaro olha o relógio na tarde deste sábado, 16, no Palácio da Alvorada  Foto: GABRIELA BILO/ ESTADÃO

No passeio deste sábado na frente do Alvorada, Bolsonaro disse que não falaria com jornalistas. Indagado por profissionais da imprensa sobre a escolha do novo ministro da Saúde, o presidente permaneceu em silêncio.

Bolsonaro também assistiu à cerimônia de descendimento da Bandeira Nacional no Alvorada. A alguns metros, dezenas de apoiadores aglomeravam-se para tirar fotos e acompanhar a cena. Pouco antes, quando algumas pessoas pediram para fazer um registro mais próximo, Bolsonaro negou. "Se eu chegar perto, vocês vão ver a festa que vai fazer", disse o presidente em referência aos jornalistas.

A intenção de fazer o novo pronunciamento – o sexto desde o início da crise – foi revelada pelo presidente na última quinta, 14, durante videoconferência com empresários no Palácio do Planalto. "Nós temos que ter mais do que comercial de esperança, transmitir a confiança. Tanto é que vamos ter um pronunciamento gravado para sábado à noite nessa linha", disse na ocasião.

O presidente defende uma abertura geral de estabelecimentos comerciais e o chamado "isolamento vertical" - que vale apenas para idosos e doentes.

Cloroquina

Pelo Twitter, Bolsonaro voltou a defender, neste sábado, o uso da cloroquina, que ainda não tem eficácia comprovada para o tratamento da covid-19. Na rede social, Bolsonaro compartilhou uma frase que diz que "um dos efeitos colaterais da cloroquina, remédio baratíssimo, é prevenir a corrupção". A cloroquina tem sido indicada com precaução por médicos principalmente devido aos riscos cardíacos.

Um dos motivos que ocasionou a saída do ex-ministro Nelson Teich do governo foi justamente a pressão de Bolsonaro para que a Saúde recomendasse formalmente o uso da cloroquina até mesmo em pacientes com sintomas leves de covid-19.

Como mostrou o Estadão, após a exoneração de Teich, Bolsonaro determinou que o ministro interino, general Eduardo Pazuello, assine uma medida com a ampliação do uso da cloroquina. Atualmente, a pasta orienta profissionais do sistema público de saúde a prescrever a substância apenas em casos moderados ou graves.

Julia Lindner, O Estado de S.Paulo
16 de maio de 2020 | 19h03

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