segunda-feira, 13 de abril de 2020

OMS reforça que países só devem suspender isolamento social quando transmissão de coronavírus estiver controlada

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, reforçou, em entrevista coletiva nesta segunda-feira que os países só devem abandonar a estratégia de isolamento social quando a transmissão do novo coronavírus já estiver sob controle (leia abaixo os seis critérios da OMS).

Ele anunciou ainda que o órgão vai lançar nesta terça um novo parecer estratégico para auxiliar as nações na tomada de decisões diante da pandemia da Covid-19.

— A nova estratégia resume o que aprendemos e traça o caminho a seguir. Inclui os seis critérios para os países que consideram o levantamento de restrições — declarou Tedros. — Todo país deve implementar um conjunto abrangente de medidas para diminuir a transmissão e salvar vidas, com o objetivo de alcançar um estado estável de transmissão de baixo nível ou sem transmissão.

O diretor-geral elencou ainda o que já se sabe sobre o vírus, como o fato de a Covid-19 ser dez vezes mais mortal que a pandemia de gripe H1N1 de 2009.

E que o novo coronavírus se espalha rapidamente e facilmente, principalmente em locais com alta densidade populacional, como casas de repouso. Além disso, pontuou que, em alguns países, os casos dobram a cada três ou quatro dias.

- Sabemos que encontrar precocemente casos, testar, isolar o cuidado de todos os casos e rastrear todos os contatos é essencial para interromper a transmissão - disse, ressaltando que a velocidade da curva ascendente de casos é bem maior do que a curva descendente: - A descida é muito mais lenta que a subida. Isso significa que as medidas de controle devem ser suspensas lentamente e com controle.

Também nesta segunda-feira, na mesma entrevista coletiva, o diretor-executivo do programa de emergências da OMS, Michael Ryan, declarou que o uso de máscaras como forma de proteção é eficaz apenas se fizer parte de uma estratégia abrangente, e que esta não substitui o isolamento social.

— Pode ser considerado (o uso de máscaras) como alternativa, mas, se não usar outras medidas, é uma política contra-produtiva - afirmou, acrescentando que apoiará ps Estados que queiram adotar esta política apenas se a compreenderem desta forma, como parte de uma estratégia. — Não pode ser utilizada de forma isolada.

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Ele acrescentou que teme que, diante de uma pressão para que as pessoas voltem ao trabalho e as aulas em escolas retornem, as máscaras sirvam como única proteção - inclusive para quem já estiver infectado -, que as rotinas retomem e que se ignore o isolamento como medida principal para interromper a cadeia de transmissão do vírus.

O uso de máscaras deve ser, lembrou Ryan, incorporado a estratégias de testagem, isolamento e tratamento de casos, higiene das mãos e educação de comunidades.

Os seis critérios da OMS que permitiriam países a flexibilizarem ou suspenderem o isolamento social:

1) que a transmissão esteja controlada;

2) que as capacidades do sistema de saúde possam detectar, testar, isolar e tratar todos os casos e rastrear todos os contatos;

3) que os riscos de surtos sejam minimizados em contextos específicos, como unidades de saúde e asilos;

4) que medidas preventivas existam em locais de trabalho, escolas e outros lugares onde é essencial que as pessoas sigam atuando;

5) que os riscos de importação possam ser gerenciados;

6) que as comunidades sejam totalmente educadas, engajadas e capacitadas para se ajustarem à "nova norma".

O Globo
13/04/2020 - 16:25 / Atualizado em 13/04/2020 - 16:43

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