segunda-feira, 13 de abril de 2020

Coronavírus mata 10 vezes mais que o H1N1, adverte OMS

Autoridades da Organização Mundial da Saúde (OMS) pediram nesta segunda-feira, 13, que os países que vão flexibilizar a quarentena o façam de maneira lenta e cuidadosa. A entidade listou ainda seis critérios que os países devem seguir ao adotar essa medida, sob o risco de verem a pandemia do novo coronavírus avançar novamente. 

"As medidas de controle de circulação devem ser tiradas lentamente e com cuidado. Não pode acontecer de uma só vez", alertou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, indicando que isso só pode ocorrer se as medidas corretas de saúde pública estiverem em vigor, como a capacidade significativa de rastreamento de pessoas que entraram em contato com pacientes contaminados.
pode ocorrer se as medidas corretas de saúde pública estiverem em vigor, como a capacidade significativa de rastreamento de pessoas que entraram em contato com pacientes contaminados.

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Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde  ( Foto: REUTERS/Denis Balibouse/File)

Tedros alertou, no entanto, que a covid-19 avança muito rápido e desacelera lentamente. "Enquanto alguns países estão pensando em como aliviar as restrições, outros estão pensando em introduzi-las, especialmente países de baixa e média renda na África, Ásia e América Latina", ressaltou. Também foi citado que o coronavírus é 10 vezes mais mortal que o vírus responsável pela gripe H1N1 e que se propaga mais rápido.

O diretor-geral ponderou que em países com populações pobres, os pedidos para que as pessoas fiquem em casa e outras restrições de circulação usadas em países de alta renda são difíceis de serem implementadas. "Muitas pessoas pobres, migrantes e refugiados já estão vivendo em condições de superlotação, com poucos recursos e pouco acesso aos cuidados de saúde. Como você sobrevive a um lockdown quando depende de seu trabalho diário para comer?", questionou.

Ele afirmou que cada governo deve avaliar sua situação, protegendo todos os seus cidadãos, especialmente os mais vulneráveis. Segundo Tedros, é preciso encontrar um equilíbrio entre as medidas de restrição de circulação e os impactos socioeconômicos.

Critérios para flexibilizar a quarentena

Para os países que querem flexibilizar as regras de quarentena, a OMS listou alguns critérios. Dois deles são a necessidade de a transmissão local estar controlada e de haver capacidade no sistema de saúde para detectar, testar, isolar e tratar os infectados pela covid-19. A entidade afirma, com isso, que os riscos de surtos são minimizados.

Também pede que os países implementem medidas preventivas em locais de trabalho e escolas, e que tomem cuidado nas fronteiras para que não haja "casos importados". A OMS afirmou que a era da globalização significa o risco de a covid-19 ser reintroduzida e ressurgir. Daí a necessidade de desenvolver e distribuir uma vacina segura para impedir completamente sua disseminação no futuro.

Por fim, a instituição diz que a comunidade local deve estar completamente engajada e conscientizada para que se ajuste a essa nova forma de vida. A entidade publicará um documento completo com essas orientações na terça.

Máscaras

As autoridades da OMS também ressaltaram que o uso de máscaras não serve como uma alternativa à quarentena. "A OMS vai apoiar países que querem implementar uma estratégia mais ampla de usar máscaras ou de cobrir o rosto, desde que seja parte de uma estratégia mais abrangente", disse o chefe de emergências da OMS, Michael Ryan.

A estratégia mais ampla inclui medidas como testes em massa, isolamento e tratamento dos contaminados, além de higiene das mãos e engajamento das comunidades. "Você não pode substituir uma quarentena por 'nada'. Você precisa substituir a quarentena por (ter) uma comunidade profundamente educada, comprometida e engajada", recomendou. "Teremos de ter esses comportamentos adaptados em termos de higiene pessoal e distanciamento físico por um longo tempo".

Cloroquina

A entidade foi questionada sobre o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento ao coronavírus, mas voltou a afirmar que não há evidências científicas de que elas tratam o coronavírus. Indicações iniciais mostraram que o remédio teve efeitos positivos, mas ela está sendo testada em todo o mundo.

"A comunidade médica e científica está levando a sério o potencial da hidroxicloroquina e da cloroquina", disse Michael Ryan. "Mas não há evidências empíricas e nem evidências de testes. Os médicos estão sendo cautelosos ao olhar os efeitos colaterais e estamos aguardando os resultados dos testes".

Paulo Beraldo, O Estado de S.Paulo
13 de abril de 2020 | 13h26

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