quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Um civil na volta à ativa

Nas audiências a que sou levado por conta do meu exercício profissional de advogado costumo chegar bem antes da hora marcada. Às vezes, sou recebido imediatamente. Outras vezes há um compreensível atraso na agenda da autoridade e aproveito a folga e o sossego da sala de espera para revisitar na mente os fundamentos da causa de pedir. Quando não, retomo a leitura de algum livro no kindle ou vou me adiantando nas outras pendencias do meu oficio que ainda terei pela frente.

No Conselho Nacional de Justiça, em Brasília, onde fui para audiência com o Presidente Dias Toffoli, fui recebido à entrada da ante sala por um Assessor, o qual, ainda novato na praia do judiciário,  eu não o conhecia pessoalmente. Fernando Azevedo e Silva, 64 anos, General da Reserva, arquiteto da conciliação, praticante da tolerância, construtor de pontes entre os Três Poderes da República, à qual serviu como soldado e ainda serve agora no centro estratégico da chefia e da governabilidade do Judiciário nacional.

Tudo graças à sua ilibada reputação profissional.

Já agora conhecido nos meandros judiciários como o General do Toffoli, o Assessor Especial da Presidência do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça é um 4 (quatro) estrelas que até chegar a essa constelação galgou importantes postos, comandos e funções das quais se desincumbiu com o louvor dos superiores e a admiração e o respeito dos seus iguais e subordinados. Quem o vê num terno escuro, bem cortado, nó da gravata no capricho, modos simples, respeitoso e atento na interlocução, pode até ceder à dúvida - é ele mesmo? Mas não tem nada de milico...

Agora, os que por dever de oficio vão em audiencias ao gabinete do Ministro Dias Toffoli na Presidência do STF ou do CNJ, começam a perceber a grande lacuna a ser deixada pelo General Fernando Azevedo e Silva quando ele assumir o Ministério da Defesa do próximo Governo do Presidente Jair Bolsonaro.

À Folha de São Paulo de hoje, 15 de novembro, ele disse que a imagem do Exército brasileiro não está "colada" à de Bolsonaro, que é um Capitão reformado e tem um General da reserva (Mourão)  como Vice.

A Folha perguntou assim:

- O Alto Comando do Exército tem defendido descolar a imagem das Forças Armadas do governo Bolsonaro. Como fazer isso?

O General Fernando respondeu:

- Não existe descolar porque não está colado. As Forças Armadas estão vacinadas em relação à política. Estamos muito vocacionados para nossa atividade-fim, que é cumprir o Artigo 142 (defesa da Pátria, garantia dos podere constitucionais e da lei e da ordem).

A Folha de novo:

- Com um Capitão reformado na Presidência e um general da reserva na vice, há como os militares não se enxergarem no Planalto?

O General Fernando, futuro Ministro da Defesa, respondeu:

- Esse Governo foi eleito pelas regras democrátricas. Eles tem origem e formação militar, que é boa. Pregamos valores de companheirismo, disciplina, hierarquia. Estão aí legitimados pelo voto, não pela origem.

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