quinta-feira, 14 de junho de 2018

Trump tira chuteiras do time do Irã

A Nike anunciou na segunda-feira que, devido às sanções comerciais impostas por Trump, não pode fornecer as chuteiras à seleção iraniana.

O treinador da seleção do Irã, o português Carlos Queiroz, exige um pedido de desculpas da marca desportiva americana Nike por esta ter anunciado que não pode fornecer as chuteiras para os jogadores iranianos.

Esta tomada de posição da Nike segue-se ao anúncio, no início de maio, por parte do presidente Donald Trump, de que os EUA iriam suspender o acordo com o Irã e voltariam a impor sanções comerciais ao país. "As sanções significam que, enquanto empresa americana, não podemos fornecer chuteiras aos jogadores da seleção iraniana", anunciou a empresa em comunicado.

De acordo com o canal desportivo ESPN, para resolver esta situação alguns jogadores do Irão estão a pedir chuteiras emprestadas a colegas de outros clubes e outros foram a lojas comprar as suas próprias chuteiras. Que até podem ser da Nike.

No entanto, o treinador do Irã critica o facto de a Nike ter deixado passar um mês desde para anunciar o embargo: "Os jogadores habituam-se ao seu equipamento desportivo e não é correto terem de mudar de chuteiras uma semana antes de jogos tão importantes", disse Queiroz na segunda-feira. "Somos apenas treinadores e jogadores e não nos deveríamos envolver em assuntos deste tipo [políticos]. Mas estamos a pedir à Fifa que nos ajude."

Na opinião do treinador, a Nike deveria pedir desculpa: "Esta atitude arrogante contra 23 rapazes é absolutamente ridícula e desnecessária". Além disso, os iranianos recordam que a Nike forneceu a equipa no Mundial de 2014, no Brasil, apesar de nessa altura estarem vigor sanções comerciais semelhantes.

Os equipamentos do Irã são fornecidos pela Adidas, no entanto a marca alemã não é patrocinadora da seleção, limita-se apenas a vender os equipamentos à federação iraniana. Na verdade, o Irã chega ao campeonato do mundo sem ter qualquer patrocinador - o que foi bastante criticado pelos adeptos iranianos. A equipa foi a segunda a ser apurada para o Mundial, logo a seguir ao Brasil, tendo ganho todas as 12 partidas de qualificação sem sofrer um único gol. A Federação teve, por isso tempo suficiente para procurar um patrocinador.

O Irã é o país do Médio Oriente onde o futebol tem mais adeptos mas é também o único país do mundo onde as mulheres estão proibidas de entrar nos estádios - a Arábia Saudita, vizinha e rival, que também estará no Mundial, levantou recentemente essa proibição.

O primeiro jogo do Irão no Mundial é já na sexta-feira, frente à seleção de Marrocos. Os iranianos vão ainda jogar com Espanha e Portugal. (Do Diário de Notícias, de Lisboa, Portugal.)

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