Quem, negando a realidade das coisas, se disser satisfeito é
mais um dentre os milhares de oportunistas e aproveitadores das mazelas do
Poder ou um incurável doente mental.
Nesse cenário de novas revelações de superfaturamentos em
contratos de obras públicas e desvios bilionários de dinheiros dos
contribuintes para quase todos os partidos políticos e campanhas eleitorais de
seus candidatos, eis que desponta agora das aguas paradas de todos os quintais,
poças e até jardins, sua excelência o mosquito conhecido como aedes
aegiptis, o inimigo que faltava.
Todo Governo em dissenso com a sociedade, vendo se ampliar o
fosso entre o Estado e a Nação, para
reverter a apatia, o que no cenário atual a crise tem a ver também antipatia
mesmo, todo Governo que chegue a esse estado de coisas, precisa de um inimigo
comum. Quando não o tem, inventa-o. E daí as zelitis, a midia golpista e tal.
Por décadas o inimigo externo foi o imperialismo americano e no
campo interno os tubarões dos preços, culpados pela carestia.
Agora é o mosquito da dengue que está de volta armado para a sua
guerra com os seus bilhões de mísseis invencíveis chamados zika . Um
só desses misseis pode se apossar do futuro de uma pessoa que ainda está para
nascer, infectando - lhe o cérebro com microcefalia.
Ontem correu o mundo que a China já registrou o primeiro caso do
ataque do mais temido dos mosquitos. Governos do mundo inteiro examinam
estratégias para o enfrentamento desse poderoso inimigo.
Entre nós, a tal noticia parece ter chegado em boa hora para o
atual Governo que, aproveitando-se do pânico um tanto natural, tenta conseguir
passar para um segundo plano as outras más noticias do estoque de escândalos
governamentais.
A crise que nos faz sofrer todo dia de vergonha e de raiva não
se resume a uma unidade. É como a hidra que se alimenta ao mesmo tempo por seus
muitos tentáculos.
Então, a crise é politica, é econômica, é fiscal, é tributária,
mas é, sobretudo, moral e essa, sim, a pior de todas porque corrói os valores
básicos da civilidade e os princípios essenciais à sobrevivência da democracia.
Que fazer? Tudo desse Estado de coisas seguirá num crescendo
para pior se não mudarmos logo o Governo. Deixa-lo como está para ver como é
que fica, é querer tirar empurrando com a barriga a vaca atolada no brejo.
Então, detecta-se que as consequências nefastas são da gestão
incompetente, que já se provou inoperante e incapaz diante de outras questões,
e comprovando-se que ela, a gestora, não está à altura do cargo por ser bem
menor que ele, vai se permitir que o País continue desgovernado ladeira abaixo
até afundar-se ainda mais?
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