Do que adianta reclamar da maioria do Congresso Nacional
indignando-se com o baixo nível de qualificação não só intelectual, mas também
moral, se a cada eleição os dessa turma mais se agigantam em poder ao ponto de
emparedarem a Presidente da República?
Assim vai continuar se não houver forte reação consciente da
sociedade até se impor sobre esses Senadores e esses Deputados uma reforma
politica que não só compatibilize as funções do Parlamento com os avanços deste
novo século, mas que também o submeta amplamente à força da vontade nacional.
A discussão parece perder força quando as respostas ao como
viabilizar essa reforma politica se defrontam com a mesma pergunta, a que nunca
quer calar – emendar a Constituição para
se alterar a lei dos partidos e as
leis eleitorais com esse Congresso que está aí?
Esperar que a reforma política se faça com esse Congresso
ou entrega-la ao próximo, eleito sob as mesmas regras, é tão ingênuo
quanto querer que o leão ou o tigre do zoológico aceitem alguma dieta
vegetariana ou no melhor dos mundos aquela da Dilma que tem nome de cidade
italiana – Ravena.
Reforma politica para adequar o Brasil a uma verdadeira
República Federativa e a um Estado realmente Democrático e incontestavelmente
de Direito, um Brasil harmônico com uma sociedade disposta a se livrar de
amarras que, lhe cerceando nas ações, lhe golpeiam como, por exemplo, o
patrimonialismo politico, o paternalismo politico, o clientelismo politico, o
corporativismo politico e o estelionato eleitoral que solapa a cada eleição a
legitimidade do voto. Uma reforma politica para resgatar a moral e a ética na
politica saída de um Congresso como este não se pode esperar para tão cedo.
Parece até que a Nação inteira, estando numa única rua sem
saída como aquela do Cutim ou algumas da região dos lagos de Brasília, assiste
a invasão de um estranho carnaval em que os políticos se divertem e nós, os
bestas aqui, pagamos a contas.
Não há mais moça feia debruçada na janela esperando a banda
passar, até porque – graças a Deus, que fazendo cair o Muro de Berlim e a
mentira ainda restante do paraíso comunista, acabou com aquela Guerra Fria, não
há mais no Brasil clima algum para golpes de qualquer natureza contra a
democracia.
Fica uma turma matraqueando como numa procissão do Senhor
Morto atrás de alguma Verônica que sobre algum tamborete altere o teor do seu
canto triste para dizer que o impeachment da Dilma é golpe.
Golpe mesmo foi o planejado pelo embaixador americano,
financiado com dólares da CIA, articulado por emissarios do Departamento de
Estado, sobretudo por Vernon Walters e também por Lincoln Gordon, que souberam
levar na conversa dois Presidentes, Kennedy e Johnson.
Golpe de verdade foi o que culminou com a declaração de
vacância da Presidência da República quando Jango Goulart, o Presidente
constitucional, estava em plena saúde física e mental e no exercício do cargo
em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, território nacional.
Àquelas alturas já haviam acertado no Pentágono que o amigo
de longas datas do Coronel Walters e Chefe do Estado Maior do Exercito do Governo
Jango, o General Castelo Branco, seria o novo Presidente da República a ser
nomeado pelo Congresso Nacional. E o foi.
Já naquele tempo o Congresso Nacional tinha os seus
marginais, no sentido de que, quando preciso, se colocavam à margem da Constituição.
Presidindo o Congresso Nacional, o Senador Moura Andrade
(PSD-SP) declarou vaga a Presidência da República. Não contava ele com a reação
de um homem sério como o então Deputado Tancredo Neves (PSD-MG) que, indignado,
de dedo em riste, rotulou-o em alto bom som – canalha!
Aquilo do Senador Moura Andrade era o máximo que um politico
em potencialidade de malfeitos se prestava a fazer. Não havia emendas
parlamentares, nem mensalão, nem petrolão, nem Lava Jato. E tal.
O País hoje está desgovernado. O Governo não consegue
governar. O Legislativo não consegue legislar para o bem e quando fiscaliza é
para o mal. O País está nas mãos dos Ministros do Supremo e sob a dependência
moral da Operação Lava Jato.
A Dilma já não preside. É uma Kerensky nas mãos do PT, onde
a maioria não a leva a sério. No contexto, porém, ainda ha uma fresta a
conduzi-la ao panteão da História - renunciar.
Isso tudo que estamos assistindo, as instituições
embaralhadas, o Estado sem rumos, a sociedade se desorganizando, a produção industrial
caindo, o desemprego grassando, a violência incontrolável nas ruas, a inflação
crescendo, os juros decolando para o planeta Marte, o dólar dominando, isso
tudo é o resultado de não ter havido, a tempo, uma reforma politica conduzida
por homens sérios, a reforma que o País necessita e a Nação exige. Será
possível faze-la com esses políticos? Vamos seguir discutindo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário