É melhor que os
que acham que foram mesmo eleitos para os cargos executivos e parlamentares, e
ainda se refestelam pela aí, se descolem logo desse delírio.
No sistema
eleitoral brasileiro é raríssimo alguém emergir das urnas como mandatário da
vontade popular para exercer algum cargo sem que tenha cedido antes a algum
acordo espúrio.
Para vencer uma
eleição hoje seja para Vereador ou para Presidente não é preciso demonstrar
formação técnica ou humanista, firmeza de caráter, espirito público e
honestidade.
É cair nas
graças dos grandes, empreiteiros ou agiotas, contratar marqueteiros, comprar de
partidos nanicos horários de rádio e televisão e soltar mentiras a favor e
contra.
A dinheirama
que escorre frouxa, e agora já se sabe com certeza de onde ela vem, financia
não só a usina de mentiras a soldo do marqueteiro, como alicia os formadores de
opinião ou os seus donos nos quadrantes mais remotos.
Tudo mais
consiste em saber onde está faltando algum dinheiro e providenciá-lo o quanto
antes. Aquele chefe ou chefete indeciso pode pender para o outro lado e é
preciso segura-lo.
O resto é
espetáculo. Ninguém conhece ninguém. Os chamados debates são formatados apenas
para fins demonstrativos. Não há discussão séria sobre questões essenciais de
interesse coletivo.
Com o comício
em desuso, prevalece a mentira no rádio e na televisão. Aquela figura
aparentemente simpática passando seriedade e confiança não é, na maioria das
vezes, nada daquilo. É pura obra de marqueteiro.
No dia da
eleição já está tudo engendrado. Os partidos, que hoje em dia no Brasil nem
chegam a sê-los verdadeiramente, sendo apenas balcões de negócios dos seus
feirantes, registram na justiça eleitoral uma lista enorme de candidatos.
Os possíveis
eleitos foram escolhidos antes entre os chefes partidários. Quer dizer, os lá
de fora escolhem e nós ali dentro da cabine, querendo acertar no menos pior,
votamos.
É um jogo
totalmente desequilibrado no qual as regras legais não ultrapassam as
formalidades a serem conferidas apenas no final. Para a grande maioria é
impossível votar no melhor!
Os candidatos
em sua essência humana - se é que todos a têm - transitam incólumes pelo tempo
da campanha sem que o eleitor possa aferi-los de forma segura e
conscientemente.
Um ano antes
das eleições presidenciais nos Estados Unidos, os pretendentes à candidatura
tanto pelo Partido Democrata quanto pelo Partido Republicano percorrem o País
em campanha primária quando, como numa procissão, visitam os Governadores para
lhes pedir o apoio.
Na Geórgia,
James Carter Earl Junior, um oficial da Marinha na reserva e prospero
fazendeiro de amendoim, estava em seu primeiro mandato de Governador, depois de
ter servido por dois mandatos como Senador estadual.
Terminada a
desobriga dos pretendentes à candidatura presidencial democrata, o pai de
Carter, o senhor James, quis saber que conclusão tirara daqueles encontros.
- São pessoas
comuns bem dispostas a servirem ao País. Mas não vi em nenhum deles algo mais
que eu também não tenha.
Aconselhado
pelo pai, Jimmy Carter se candidatou. Com a bandeira dos Direitos Humanos influenciou
a derrocada das ditaduras na América do Sul, começando pelo Brasil. Foi o único
Presidente a merecer o Premio Nobel da Paz depois de ter deixado o cargo.
Como eu conheço
de perto todos os artistas deste atual picadeiro federal não sou muito otimista
no que isso vai dar...
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