Como lembrou
Churchill, a democracia é o pior regime, mas ainda não inventaram outro que
testado fosse melhor.
Péssimo é que a própria democracia não produz
anticorpos para se safar dos que ao se aboletarem no poder logo ficam de mal
com o Povo e inimigos das suas liberdades.
Suprimidas as liberdades democráticas, o poder político
censura a imprensa, tutela os partidos,
domina os tribunais, inclusive os de contas – verdadeiras câmaras de torturas e
perseguições aos que não se dobram e seguem desobedecendo ou ignorando as
vontades dos poderosos que se acham donos de tudo, até mesmo da consciência
popular e das opiniões coletivas.
Rui Barbosa, político de integridade moral e
espírito público que em muito contribuiu para formatar o Brasil nos primórdios
da República, escreveu que “os políticos incapazes de ter princípios, ou
habituados a não conhecê-los, senão para os violar, são precisamente os que não
tem mãos a medir no luxo de invoca-los, para os deturpar à mercê dos interesses
de ocasião”.
Defender a democracia é dever pessoal de cada um de
nós todo santo dia. Até porque as liberdades democráticas não são concessões do
poder político, mas uma vitória nas lutas diárias da cidadania.
Trabalhar para que a democracia não seja confundida
com as ervas daninhas que vicejam à sombra das suas liberdades é atitude de
legitima defesa da nossa honra coletiva e do legado das conquistas com as quais
a história da civilização nos guia e nos ensina melhor.
A República democrática existe principalmente para
impedir que as mesmas pessoas ou os mesmos grupos se mantenham indefinidamente
no poder, sangrando para si os cofres públicos, manipulando sempre para si os
direitos e as vantagens da democracia, usurpando a boa fé dos incautos e acomodados.
Essa omissão da maioria não querendo saber de nada
do que se passa na política tem causado muito mal a todos.
Não esqueçamos nunca e vamos sempre difundir a
advertência de Bertold Brecht sobre o analfabetismo político ainda predominante
entre a maioria dos eleitores.
São eles, os analfabetos políticos, os que não se
interessam por política, mas que vendem o voto em troca de migalhas, os que
involuntariamente porque não têm vontade própria, resolvem as eleições,
notadamente nas regiões mais pobres, em favor dos causadores do mesmo atraso
social e da mesma pobreza econômica em que vivem.
Aspas aqui para Bertold Brecht:
“O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos
acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão,
do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões
políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e
estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua
ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos
os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das
empresas nacionais e multinacionais.”
Não sabem os omissos que a dominação vigente se
legitima, ainda que falsamente, nas urnas que só proclamam majoritariamente
quase sempre a vitória da mediocridade, da mentira, do estelionato. Esses
eleitos entre aspas é que irão fazer obras e leis em beneficio próprio.
A alternância no poder é indispensável. É impossível
fazer alternância sem oposição. E oposição não é estar sempre contra.
A oposição é legitima quando se apresenta para a
alternância no poder político com propostas que não sejam apenas peças de
retórica, coisas bonitas de se ouvir, umas impossíveis e outras até
inalcançáveis em curto prazo ou mesmo a prazo médio.
Pensar diferente é pensar na contramão das
correntes predominantes, o que ajuda a enxergar as realidades de forma menos
preconceituosa, possibilitando assim vislumbrar, ainda que visionariamente, as
soluções mais simples, por conseguinte, as soluções mais viáveis.
As pessoas já não confiam tanto na proteção e
defesa dos seus direitos pela administração pública. Os cidadãos estão cansados
de tantos impostos, de tantos regulamentos, de tantas promessas e soluções de
meia sola. Ninguém suporta mais essa mesmice generalizada.
Muito da baixa credibilidade popular com o poder
público no geral e com os políticos em particular tem a ver com a fadiga. Se
até os metais fatigam, quanto mais as pessoas.
Os cidadãos estão cansados de tantas promessas, de
tantas mentiras, de só pagarem impostos sem a contrapartida do mínimo
necessário em serviços públicos – como segurança, transportes, educação, saúde,
infraestrutura - e investimentos que ensejando o crescimento econômico
propiciem empregos de bons salários fazendo crescer as oportunidades a que
todos têm direito numa sociedade efetivamente democrática.
Todos que neste Estado de coisas imaginam que já
passa da hora da remoção dos entulhos resultantes da inépcia e das malversações
de décadas falam coisas parecidas e até parecendo que compartilham das mesmas
aspirações coletivas por liberdades republicanas e democráticas.
Onde está o imbróglio? Onde as coisas não se
ajustam? No egoísmo dos projetos pessoais dos do que até por suas atitudes
políticas em nada se diferenciam daqueles que dizem combater.
Vamos pensar diferente! Arquipélago das oposições,
uni-vos em torno de ideias e projetos alternativos com os quais seja possível
mudar para melhor as condições de vida de todo o Povo. Uni-vos ou sereis todos,
mais uma vez, derrotados.
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