sábado, 22 de junho de 2013

Pegou

Em fins do ano passado, quando muita gente tentava adivinhar o que poderia nos acontecer de bom ou de ruim neste ano, o Gilbertinho avisou que depois de fevereiro o bicho ia pegar.

Porque depois de fevereiro ninguém entendeu. Talvez porque em fevereiro tem carnaval e quem é maluco de querer mexer uma pedra, mesmo que a de um simples jogo de damas, em detrimento do carnaval?

Mas aconteceu que logo na sequencia apareceu a Dilma zangada, num daqueles seus improvisos gritados, como não é raro ela aparecer à noite na sala da gente, pela televisão, e confirmando a antecipação da campanha eleitoral, enunciar um princípio, aliás, horrível, da moral vigente - para ganhar a eleição, lecionou a Presidenta, você faz o diabo.

Por que fazer mais diabo se já são incontáveis os que andam soltos por aí, crescidos e passados na casca do alho? Mas assim lembrado, o diabo evocado pela Dilma compareceu.

Vamos começar então, resolveu o diabo, eliminando os concorrentes mais perigosos. Quem está em segundo lugar? A Marina. Vamos deixa-la sem partido. Quem é a novidade? O Eduardo. Vamos asfixia-lo até ele desistir. E o Aecinho? Ah é pouco conhecido.

Você tem a caneta e o cofre, muié - instigou o diabo. É jogar de acordo com arquibancada.

E lá se foi a nossa Presidenta chutar bola em estádios vazios, rodeada de uns poucos áulicos, sendo sempre o maior deles o que se prestava ao papel de goleiro. Com a bola no pé o goleiro amarrado, quem não é campeão?

Tu lembras as cenas? Não passavam a ideia de um isolamento absoluto, de uma solidão de poder, de uma distancia enorme entre o Estado que ela encarna e a arquibancada, espaço do Povo, sem ninguém? A ciência política chama isso de dissenso.

O Governo diz que faz. Acha que faz. O Povo diz que não. O que se vê é muita propaganda nos jornais, nas revistas, no rádio, na televisão. Tem havido também muita desoneração tributária. Arrocha a cobrança de impostos por um lado e afrouxa largamente para o outro. Ou melhor, para uns outros.

A realidade mesmo é a que se traduz nestas agitações das ruas e no apoio quieto das maiorias silenciosas. Faltam médicos nos hospitais, professores nas universidades, segurança nas estradas e nas ruas. Não há infraestrutura para as demandas do País. Corrupção? Nem falar.

Qualquer que seja o placar, o Brasil já terá sido o campeão da Copa do Mundo. Em gastos. A Alemanha consumiu o equivalente a 10 bilhões de reais ao sediar a Copa do Mundo em 2006. A África do Sul, 7 bilhões e 300 milhões de reais em 2010. O Brasil fecha a conta de 2014 com 28 bilhões de reais. Por enquanto.

O Gilbertinho que é o especialista da Dilma em movimentos sociais fala que não está conseguindo entender essas coisas dos últimos dias pelo Brasil. Os movimentos que se concatenam entre si tem rumo, mas não tem direção. Ou seja, não tem um comando, um porta voz autorizado, uma pessoa com quem o Governo possa se entender.

O que está bem nítido mesmo é que o Brasil começa a compreender que o Estado no modelo vigente, desde a queda da ditadura militar, tem sido igualmente autoritário. Veste-se de democrata, mas é só fantasia. O cidadão não é ouvido, nem considerado.

O sistema representativo não representa nada. Os partidos políticos são mesmo de mentirinha. Está todo mundo entalado com o autoritarismo do Estado brasileiro. E como se não faltasse mais nada ainda temos a Dilma zangada e gritando quase toda noite na sala da gente.

Bem que o Gilbertinho avisou. O bicho ia pegar. E já pegou. Para ganhar as eleições tem muita gente fazendo o diabo. Não é só a Dilma, não.
 

Um comentário:

Anônimo disse...

Excepcional