Sem
essa de antes que o amor acabe porque quando se pensa que em algum momento vai
acabar então não é amor. Talvez paixão, um incêndio que vai devastando,
devastando, até queimar tudo e aí só cinzas, cinzas e um poeta triste nem
conseguindo cantar - morena, olha eu aqui...
Amor
não é como incêndio que se acha algum vento aí então é que se dana queimando,
queimando, até segundo aviso, você prometeu me amar. Nada disso.
Amor
é fogo brando, é queimação lenta que vai pegando o ritmo da dança da vida e vai
queimando, vai queimando, e não acaba.
Estás
ouvindo o barulho invadindo o silencio no quarto pelas frestas da janela? O sol
ainda nem despertou. É marulho.
Quero
dizer, é esse amor lento e constante do vento de além mar tangendo as águas,
fazendo ondas alvas que se renovam nessa sequencia incansável, nessa energia
renovável, inesgotável, uma onda após outra, uma após outra e esse marulhar
fazendo fundo musical, ora garota, está na cara que isso é incitação de amor.
Não
é de hoje que os automóveis parecem voar.
E
nós, todo dia, temos é que mais aprender mais alguma coisa a mais. E quanto
mais achamos que aprendemos mais vemos que ainda nos faltam mais coisas e vamos
ter que aprender mais. Vivemos aprendendo, aprendendo.
No
minuto final do ultimo dia vamos querer mais tempo para aprender um pouco do
que ainda nos falta aprender. E há sempre um sabido solto pela aí achando que
sabe tudo, mas não querendo ensinar. Ainda bem.
Vejo
ali os navios em fila que nem os pacientes dos serviços públicos, dos hospitais
públicos, dos transportes públicos.
Para
tudo que tem Governo pelo meio há que se ter muita paciência, mas para cada
gota de paciência há que corresponder um megafone de indignação. Só assim nos
tornamos cidadãos.
A
vida é mesmo esse oceano aí em frente, inundado de duvidas, de surpresas, de
mistérios, de aprendizados.
Se
não cultivarmos o amor dentro de nós e na relação com os outros, não vai
adiantar muito, não. Portanto, haja boa vontade!
Imagina
então esse amor na exclusividade de nós dois. Esse direito aos silêncios no
amanhecer e à mansidão do sol se repartindo pelas frestas da janela em focos de
lanternas como se quisesse, ele também, o sol, repousar sobre os lençóis da
nossa paz.
É
quando a gente quer ter o poder que todos querem ter e ninguém nunca, por mais
poderoso que o seja, vai ter - o poder de parar o tempo, ainda que só um
pouquinho. Mas não pode.
Você
pode se iludir parando os relógios, atrasando-os em minutos ou horas, ou até
adiantando-os. Nos relógios você pode fazer o que quiser com o tempo. Mas com o
tempo, o tempo, o propriamente dito, você não pode fazer nada. Ele é ele, mais
que tudo. (Não tornarás branco ou negro
um só fio dos teus cabelos, antes que tudo seja cumprido...)
O
amor queima brando e lento, mas queima sempre, aquecendo. A paixão irrompe,
queima, mas devasta. Isso não quer dizer que de suas cinzas não escape uma
brasa, uma centelha para incensar um amor no futuro. Futuros amantes.
Estilhaços sobre Copacabana, o mundo em Copacabana. Aí de ti, Copacabana.
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