sexta-feira, 23 de março de 2012

João Claudio e Chico

Chico Anisio fez do humor uma arma. Ninguém mais que ele, no Brasil, levou tão a sério o brocardo latino - ridendo castigat mores, que o Millor traduziu propositadamente errado, assim - é rindo que se castiga os mouros.

Isso foi nos tempos da ultima ditadura militar, quando a censura perdendo sempre para a inteligencia nao conseguia tesourar as ideias que despontavam nitidas nas entrelinhas.

Foram as canções da musica popular brasileira com letras como as de Chico Buarque, Gil, Caetano, Roberto, Milton, Aldir Blanc, Torquato, Edu, Vinicius, dentre outros, e mais as tiradas de matar de rir do Chico Anisio que pelos personagens infindos que ele criava, sucessivamente, ajudaram o Brasil a não desesperar.

Mas o Chico Anisio nao só fez da sua arte uma militancia libertária. Também ajudou a muitas vocações que foi encontrando. Tom Cavalcanti, um deles. João Claudio Moreno, outro.

Abro espaço aqui para o João Claudio, que estava em Luis Correa, no litoral do Piaui, quando soube da morte do Chico, aos 80 anos.

"A minha vida se divide entre antes e depois que eu conheci o Chico. Não só pelas oportunidades que ele me deu, mas também por causa da convivência. Aprendi com ele muita coisa", conta.

"Vai ficar a história, a missão cumprida, o exemplo de uma pessoa generosa. A coisa mais importante era a sensibilidade dele", lembra João Cláudio, elogiando Chico Anysio por sempre se tocar com os problemas do próximo e ajudar as pessoas. "

Em 1994, João Cláudio se mudou para o Rio de Janeiro e foi apadrinhado por Chico Anysio, chegando até a TV Globo, onde trabalhou como redator e humorista. Participou de programas ao lado do cearense, como "A Escolinha do Professor Raimundo" e "Chico Total", no qual a dupla interpretava Caetano Veloso e Gilberto Gil.

O humorista piauiense teve ainda um livro prefaciado por Chico Anysio - "Hemorragia da Goiaba" - e um show dirigido por ele em 1998: "O Piauí é aqui ou não".

"Peço a Deus que ele seja recompensado pelas alegrias que ele deu ao Brasil", completa João Cláudio Moreno.

Um comentário:

Anônimo disse...

Edson, tu escreveste exatamente dez parágrafos. Acredito, contaste!
Com o conteúdo, por que não 20, 30, 50 ou até 100?
Fico aqui imaginando, por que temos essa nordestinidade de contar histórias e estórias; de ter saudade; de gostar do luar; de flores; da solidão no mar?
Pois, se somos assim, por que não somos, todos iguais uns aos outros? Iguais ao Chico?

Os cearenses sabem que Chico nasceu em Maranguape. Outros, séquitos, acreditam que Maranguape é que nasceu em Chico. Sim, antes, nós cearenses só sabíamos que Maranguape ficava numa serra. O município conhecido era Maracanaú, pela proximidade de Fortaleza e por ser o local onde ficavam internados alguns tuberculosos, antes de se encontrar um tratamento melhor para a doença.
Depois, quando Chico ficou "brasileiro", foi que Maranguape passou a existir no mapa.
Agora é Guaramiranga, uma serrinha de nada mas, em virtude da qualidade dos programas institucionais, municipais e não apenas programas para eleger esse ou aquele Prefeito, Guaramiranga deixou de ser apenas uma serrinha para ser um dos mais fortes roteiros culturais deste País. Não raro, pode-se ver em Guaramiranga, orquestras sinfônicas, recitais e festivais musicais dos mais variados e de excelente gosto. Foi Chico quem, mesmo sendo de Maranguape, botou Guaramiranga no mapa cultural do Brasil.