quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Algumas Coincidências

No poder há 30 anos, Mubarak, 82 anos, é pressionado por milhões de pessoas nas ruas para renunciar. 
 

Mesmo dizendo que não disputará mais eleições e que este é o seu último mandato, os protestos seguem num crescendo.

A revista Foreign Policy, de muita credibilidade nos Estados Unidos, analisando a crise no Egito, aponta os erros de Mubarak ao longo destas 3 décadas de domínio.

1 - Concentração de renda. A economia do Egito cresceu consideravelmente nos últimos anos, mas a população não sentiu a mudança no bolso. O povo, porém, afirma que empresários ligados ao Partido Democrático Nacional (a legenda de Mubarak) só enriqueceram.

2 – Corrupção. A corrupção é um dos fatores dos quais os egípcios mais reclamam. É difícil fazer qualquer coisa no país frente as autoridades sem pagar propina ou ter conexões com figurões. No governo, diz a população, não é diferente.

3 – Falta de visão. Gamal Abdel Nasser e Anwar Sadat, antecessores de Mubarak, sabiam onde queriam levar o Egito. O atual presidente, por sua vez, não oferece uma meta clara aos egípcios. O que ele oferece é uma infraestrutura em ruínas, condições socioeconômicas decadentes e lealdade ao Ocidente. (No caso do Maranhão, lealdade absoluta a quem estiver, seja quem for, na Presidência da República.)

4 – Falta de reformas. Mubarak promete reformas políticas há anos. O que ocorre, porém, são poucos esforços abandonados tão logo são iniciados. Candidatos independentes são proibidos de disputar as eleições e há inúmeras acusações de fraudes nas eleições.

5 – Campanha por Gamal. Mubarak já tem 82 anos e, especula-se, não está bem de saúde. Por isso, o presidente tem preparado seu filho, Gamal, para sucedê-lo. Gamal, atualmente dirigente do Partido Nacional Democrático, tem lutado por uma agenda econômica e política semelhante à de seu pai, o que não agrada a população.

6 – Despreparo para os protestos. As manifestações que comumente ocorrem no Egito não passam de pequenas marchas rapidamente dispersadas pelas forças de segurança. Desta vez, porém, os organizadores estão conectados uns aos outros e sabem como se comunicar com o público descontente com o governo – não são opositores partidários. A polícia claramente se viu incapaz de conter as marchas e os militares foram necessários.

7 – Trapaças. Durante a maioria das eleições parlamentares que ocorreram durante seu mandato, Mubarak deixou alguns assentos para os opositores. Em 2010, porém, a oposição foi drasticamente reduzida e a Irmandade Muçulmana, o maior partido opositor, ficou de fora do Parlamento. Quase toda a representação política do país é ligada ao Partido Democrático Nacional.

8 – "Capangas" nas ruas. Vários dos saqueadores detidos durante o vácuo de segurança causado pela ausência da polícia durante três dias de protestos carregavam identificações de funcionários do governo e da polícia, sugerindo que eles foram enviados pelo governo. Mubarak pode ter tentado levar o povo de volta para suas casas, mas o tiro saiu pela culatra – os protestos só cresceram desde então.

9 – Nomeação de aliados. Mubarak anunciou reformas políticas e constitucionais não especificadas e prometeu não disputar as eleições em setembro. O presidente, porém, nomeou dois militares e aliados próximos para os cargos de vice-presidente e primeiro-ministro, o que foi interpretado como estratégias para perpetuar seu partido e seus aliados no poder.


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