terça-feira, 18 de maio de 2010

Notícia


Assis Chateaubriand, às vezes excêntrico, quase sempre bem humorado, decretou nos seus jornais, rádios e televisões que jornalista só pode ser notícia quando casa ou quando morre.

Quando, um dia, destacou Joel Silveira para correspondente de guerra na Itália, adiantou-lhe uma grana para ele deixar com a família e exigiu:

- Seu Joel, o senhor, por favor, não me vá morrer.

O Cidadão Kane brasileiro achava que jornalista era só para produzir notícia e nunca para ser notícia.

Dois jornalistas amigos meus seriam notícias hoje em todos os jornais, rádios e televisões dos Diários Associados exatamente porque se encaixaram na segunda hipótese dessa doutrina de Chateaubriand.

Jurivê Macêdo, o repórter de maior faro para a notícia que eu conheci, foi interrompido no oficio por um acidente cardio-vascular e tirado da vida depois que os seus 80 anos de idade não resistiram mais.

Agora é o Walter Rodrigues, o criativo e polêmico editor do Colunão, por muitos anos um suplemento dominical do Jornal Pequeno e nos últimos anos um dos blogs mais acessados do Maranhão.

Walter caiu em casa, fulminado por um enfarte cardíaco.

A independência de caráter, o amor à notícia, o compromisso com a verdade, o respeito à inteligência dos leitores foram os ingredientes da credibilidade alcançada pelo que escreviam.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Vidigal:
O Jornalista sabe o que os do meio sentem quando perdem amigos por esse fato do destino. O WR aprendeu no livro, na sala de aula e na redação da vida, que a "notícia" é algo do domínio público, do leitor. Jornalista não é outra coisa senão um interlocutor entre o leitor e o veículo, que é quem acaba recebendo o feed-back, e não "dono" da notícia como alguns iniciantes ainda pensam.
Ultimamente - acredito que sem nenhum interesse a não ser a informação - WR esteve nos últimos dias muito ligado ao PCdoB.
Polêmico, sim. Mas muito competente. Raciocínio rápido, domínio correto da linguagem - graças, sempre, à boa leitura - e perspicácia aguçada graças ao meio de convivência. Perdemos todos.