domingo, 10 de janeiro de 2010

Ele e Ela

Instigante para os que ainda se mantém na indiferença e animadora para a platéia da social democracia brasileira a entrevista que Diego Escosteguy fez com o Presidente nacional do PSDB, Senador Sergio Guerra, publicada nas paginas amarelas da VEJA desta semana.

Seguem alguns trechos:

Sem Aécio na chapa, o PSDB não enfrentará ainda mais dificuldades para na disputa com a candidata governista, Dilma Rousseff, que terá no seu palanque o presidente mais popular da história?

Temos um candidato fortíssimo, que não está à frente nas pesquisas por mera sorte. Serra é um político inteligente, preparado, que sabe governar e já mostrou isso. Tem história e compromisso com o país. O governo vai de Dilma, que não tem nada disso. Ela nunca foi candidata, não tem história, hospedou-se por algum tempo no PDT e agora foi para o PT. Dilma não tem o que dizer nem o que mostrar. Qual o currículo dela? Dilma é candidata porque o presidente assim quis. Mas essa história de Lula de saias não funciona.

Ela será a candidata de um governo que beira a unanimidade. O PT irá comparar os números do governo Lula com os do governo tucano.

Isso não vai colar. Eles querem impor essa campanha plebiscitária,uma pauta artificial, mas o eleitor não é bobo. Na hora da campanha, quem vai disputar e eleição serão Dilma e Serra, cada um com sua biografia. A não ser que a Lula se esconda… (risos) Ato falho. Que a Dilma se esconda.

Como Serra poderá conquistar o eleitorado do Nordeste, que idolatra o presidente e foi largamente beneficiado por programas como o Bolsa-Família?

Ninguém terá os votos que Lula têm no Nordeste. Nem a Dilma. Fala-se muito em transferência de votos, mas isso acontece até certo ponto. Não acredito que haverá tanta transferência para Dilma. Tenho visto isso no interior do Nordeste: o povo não ama a ministra. Mas muita gente gosta do Serra. Não será como em 2006, quando os nordestinos votaram maciçamente em Lula. Naquele ano, só fizemos campanha em Sergipe. Nos outros estados não havia organização. Aliás, eu não podia nem falar no nome de Alckmin (então candidato do PSDB). Só queriam saber do Lula. Agora é diferente. Estamos mais organizados, temos um candidato fortíssimo.

Caso Serra vença, haverá mudanças substanciais na política econômica do país?

Sem dúvida nenhuma. Iremos mexer na taxa de juros, no câmbio e nas metas de inflação. Essas variáveis continuarão a reger nossa economia, mas terão pesos diferentes. Nós não estamos de acordo com a taxa de juros que está aí, com o câmbio que está aí. Estamos criando empregos no exterior. Os últimos resultados da balança comercial são negativos. Precisamos estabelecer mecanismos para criar empregos no Brasil. Espero que a sociedade nos compreenda. Será preciso fazer um rigoroso ajuste das contas públicas. Hoje, o governo gasta muito – e mal. Os gastos cresceram além da capacidade fiscal do país.

E como transcorreriam essas mudanças?

Se ganharmos, agiremos rápida e objetivamente. A forma de se fazer será discutida no momento adequado. Haverá um ministério do Planejamento que realmente planeje, e não o desastre que está aí hoje. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) não se realizou. Não há prioridades programáticas, só números inflacionados. Apenas os projetos eleitoreiros, os que têm padrinhos políticos, estão andando. As estradas estão esburacadas, os aeroportos estão na iminência de outro apagão, a infra-estrutura de transportes, como os portos, foram entregues a políticos e a grupos de pressão. Isso é o PAC na realidade – e nós vamos acabar com ele.

Falando assim, até parece que o PSDB está à esquerda do PT...

Nós estamos à esquerda mesmo. Se ganharmos, vamos acelerar os investimentos em Educação e na Saúde. Manteremos o Bolsa-Família, que é um mecanismo eficiente de erradicação da miséria e da fome. O PT não é de esquerda. Já foi; não é mais. O PT se transformou num partido populista. Antes, o PT tinha militância nas grandes cidades. Agora, tem cabos eleitorais nos grotões, pagos com dinheiro público, que escorre por meio de ONGs. Isso é esquerda? Não, é populismo. A verdade é que o PT só gosta de democracia quando lhe convém. Na eleição passada, quando estávamos atrás nas pesquisas, o PT introduziu o crime na campanha, com o dossiê fajuto dos aloprados e aquela pilha de dinheiro que ninguém sabe de onde surgiu. Agora que estamos na frente, imaginem o que eles vão fazer. Será uma campanha sangrenta. Eles vão fazer de tudo para impedir uma possível vitória nossa. O que está acontencendo agora só apenas ensaios.

Como assim?

Dilma e o PT estão fazendo campanha eleitoral sem a menor cerimônia. Isso é contra a lei. Estamos assistindo a um banho de propaganda, na linha "Pra frente, Brasil", do Médici (general Emílio Garrastazu, presidente entre, na ditadura militar). É uma estratégia bem articulada de propaganda, na qual as empresas públicas entraram fortemente. O incrível é que empresas privadas também participam disso. O filme sobre o Lula ("Lula, o Filho do Brasil", em cartaz), foi financiado assim. Isso é inconcebível numa democracia.

As empresas não são livres para apoiar o governo?

Apoiam para se aproximar do poder. Mas não é só isso. Em 2002, a máquina pública não foi usada na campanha do Serra a presidente. Agora, há comícios da Dilma e do Lula toda semana. É um espanto. Eu assisti isso no meu estado. No ano passado, a Dilma passou dois dias visitando as obras de transposição do rio São Franisco. Eu visitei em duas horas. O que justifica ficar tanto tempo lá? É claro que se trata de campanha, e ainda por cima paga com dinheiro do contribuinte. Isso é reflexo do trato do PT com a coisa pública. Nenhum governo até hoje tinha sido capaz de aparelhar a máquina pública de alto a baixo. Isso é péssimo para o país.

Um comentário:

Anônimo disse...

Boa noite Vidigal:

Engraçados esses jovens jornalistas de atualmente. O entrevistador, na segunda pergunta, já "responde" pelo entrevistado, anulando qualquer resposta que este possa dar. Estamos ferrados!