terça-feira, 1 de setembro de 2009

Direito, Mais Um

Em menos de 24 horas, depois da notícia da morte de José Guilherme, chega-me agora a pouco a notícia de que morreu nesta madrugada Carlos Alberto Direito, o Menezes Direito como preferia ser oficialmente chamado.

Um dia ele me contou que enfatizava o Menezes porque esse era o lado político da sua genealogia. Era sobrinho do Senador João Menezes, presidente do Partido Popular de Tancredo, no Pará.

Por essas influências, começou sua trajetória na Nova Republica como Presidente da Casa da Moeda.

Muito antes, ainda estudante, militou na JEC, a Juventude Estudantil Católica e por essas evidências se aproximou de Ney Braga, um dos chefes do Partido Democrata Cristão, ex Prefeito de Curitiba, ex Governador e Senador pelo Paraná e depois, já no regime militar, Ministro da Educação, de quem Direito seria um dos mais jovens e influentes assessores.

Wellington Moreira Franco, então Governador do Rio de Janeiro, chamou Direito para sua equipe e logo o indicou para Desembargador do TJ na cota de advogados. Nem esquentou a cadeira ou foi pouco o tempo para amassar a toga.

Um dia Waldemar Zveiter, rabino e maçom, também líder espírita, figura adorada por todos que o conheçam, ex Desembargador do TJ do Rio de Janeiro e já Ministro do STJ, pega Direito pelo braço levando-o a todos os Ministros pedindo voto para ele ser incluído na lista para a nova vaga de Ministro.

A sessão do STJ que incluiu Direito na lista terminou por volta das 10hs da manhã. Antes do meio dia, Fernando Henrique já havia encaminhado a indicação ao Senado.

Era assim o Direito, muito articulado e ligeiro.

Fino no trato, gentil com os jovens, respeitoso com as mulheres, algumas vezes ríspido quando, por exemplo, convidado a um jantar e demoravam a servir à mesa, ia embora ou se servia antes dos outros, formal e de idéias bastante conservadoras, pelo menos para o meu gosto, sempre nos demos bem.

Nos últimos anos, no STJ, quando se prenuncia uma vaga no Supremo, há um assanhaço danado. Direito venceu os concorrentes, sendo nomeado por Lula quando Pertence, às vésperas do julgamento do mensalão, renunciou.

Direito era muito tenso. Quando eu soube que ele sofria de dores no pâncreas, comecei a entende-lo melhor.

Quando se licenciou do Supremo por causa da cirurgia já havia a certeza de que não voltaria mais. Morreu esta madrugada aos 66 anos de idade.

Aberta novamente uma vaga no Supremo, ressurge agora o assanhaço entre os eternos pretendentes, mas pode ser que Lula acabe não indicando nenhum deles.

Talvez indique, José Antonio Dias Tóffoli, o respeitado e competente Advogado Geral da União. Talvez indique César Rocha, atual Presidente do STJ, candidato de José Sarney.

Eurídice e eu abraçamos daqui, em sentidas condolências, à Wanda, exemplo de mulher forte, e aos seus filhos. Oremos, irmãos! Menezes foi um rapaz Direito.

Um comentário:

Alex Gomes disse...

César Rocha é um bom nome!