domingo, 2 de agosto de 2009

Frágil

O Senado, que muitos consideravam o céu, e alguns até diziam melhor que o céu porque nem era preciso morrer para usufruir suas benesses, vai estar amanhã em clima nada celestial quando Sarney ocupar a presidência da Mesa, no plenário, para fazer seu discurso reabrindo os trabalhos.

Enfraquecido, e muito, na legitimidade, não ficará por muito tempo à vista de todos pelos pontos mais públicos do prédio. Quando a legitimidade decai, desaparece o respeito, e se evapora a autoridade.

A sensação é que depois dessas tantas, e a ùltima foi a censura ao jornal O Estado de São Paulo, Sarney não terá mais condições reais de continuar presidindo o Senado.

Antes, já sentindo lhe escapulir poder político, delegou a administração da Casa ao Primeiro Secretário da Mesa porque nem mesmo o Diretor Geral, que é o executivo principal da Presidência, conseguiria indicar.

A expectativa amanhã é de uma cerimônia de adeus.

Sarney anunciará ambicioso plano de reformas na administração do Senado, tudo não passando de cortina de fumaça para confundir o plenário e as galerias.

Isto porque, segundo Dora Kramer, em sua coluna no O Estado de São Paulo hoje, ele "já teve tempo de sobra e já contou com ambiente politicamente favorável para fazer a reforma e não a fez".

"Agora que o tempo fechou definitivamente no Senado e as denúncias contra ele se acumularam ao ponto do indefensável, não haveria reforma no mundo capaz de alterar a situação.

"Portanto, o tal anúncio, ainda segundo Dora, é apenas uma maneira de Sarney ter um discurso para sair. Dirá que a crise é estrutural, lamentará as injustiças sofridas, apresentará uma série de medidas como legado de sua abreviada passagem pela terceira vez na presidência da Casa e anunciará a retirada em nome da paz, da harmonia e do zelo pela instituição e a democracia".

A porta, afinal encontrada. A da chamada saída honrosa.

Um comentário:

Anônimo disse...

Será que, a esta altura, a porta encontrada será a da frente?
Sarney sempre disse que, "se eu cair ou sair, não irei sozinho". Será que ele vai levar Renan, Lobão, Lobinho, Eros Grau, Gilmar, Mauro Fecury?
E Escórcio será que fica?
E Eli Sócrates?
Será que a "queda" de Sarney vai levá-lo ao hospital?